Hemorragia Digestiva Flashcards
Hemorragia digestiva alta
A hemorragia digestiva alta (HDA) é definida como sendo qualquer
sangramento que ocorra proximalmente ao ligamento de Treitz
Quais as manifestações de hemorragia digestiva alta
•hematêmese,
• melena,
• hematoquezia e;
• sangue oculto nas fezes
Sangramento oculto
- É resultante de uma hemorragia insuficiente para alterar a coloração fecal, sendo detectado através da
pesquisa laboratorial. - Clinicamente o paciente pode apresentar se com ou sem anemia e nunca se manifesta com sinais de
repercussão hemodinâmica aguda.
Hematoquezia
- Significa a eliminação de sangue vivo pelo ânus.
- Indica, comumente, sangramentos maciços normalmente superiores a 1.000 ml, acompanhados de trânsito
intestinal rápido, com duração de quatro horas ou menos. - Quando presente, torna se necessário diferenciá-la da hemorragia digestiva baixa ou mesmo do sangramento
colorretal que, na maioria das vezes, tende a ser lento e de caráter intermitente.
Melena
- Descreve a eliminação de fezes negras, semelhantes a borra de café ou piche, resultantes da decomposição
bacteriana sofrida pela hemoglobina na luz intestinal, podendo permanecer por vários dias após a interrupção
de um sangramento. - Cerca de 60 ml já são suficientes para escurecer as fezes, enquanto que, para surgir melena propriamente dita,
são necessários cerca de 400 ml.
Hematêmese
- Caracteriza se por vômito de sangue, com coloração variando de vermelho vivo e rutilante a uma tonalidade
escura, semelhante a borra de café ou piche, resultante da conversão do sangue em hematina ácida pelo ácido
clorídrico. - Vômitos com a presença de sangue vivo com ou sem coágulo, indicam hemorragia recente e/ou em atividade.
- Hematêmese significativa é quase sempre seguida de melena.
Causas de hemorragia digestiva alta
As causas mais frequentes de HDA resultam de doenças intrínsecas do esôfago, estômago e duodeno:
1. Úlcera péptica duodenal
2. Lesão aguda da mucosa gastroduodenal
3. Úlcera gástrica
4. Varizes esofagianas
5. Síndrome de Mallory Weiss
6. Esofagites
7. Câncer gástrico
Úlcera Péptica Duodenal e HDA
- Causa mais comum de HDA, ocorrendo em 40 a 50% dos casos.
- Observa se uma grande tendência para sangramento no primeiro ano de evolução da doença, especialmente
nas úlceras localizadas na parede posterior do bulbo duodenal (menos sintomatica pela menor enervação)e após os 50 anos de idade. - A maioria dos pacientes é do sexo masculino, com história típica de 1 a 10 anos de evolução, entretanto, em
10% dos casos a HDA pode ser a primeira manifestação de doença. - A queimação é a principal característica, e a ingestão de alimentos melhora essa dor.
Melhora C alimentação e piora C o jejum
Lesão Aguda da Mucosa Gastroduodenal (LAMGD) e HDA
- Tal denominação engloba uma série de lesões descritas como:
• gastrite erosiva aguda
• gastrite hemorrágica aguda
• úlcera gástrica aguda
• úlcera de Cushing (úlceras de pacientes com lesões no SNC)
• úlcera de Curling (úlceras de pacientes com queimaduras extensas)
• duodenite hemorrágica
• duodenite erosiva aguda
• úlcera de estresse - Estima se que aproximadamente 25% dos sangramentos digestivos altos ocorram por LAMGD.
- Independente do fator etiológico precipitante, a resultante final será o aparecimento de erosões superficiais da
mucosa gástrica, acometendo inicialmente a região proximal do estômago, secretora de ácido e pepsina. - Por serem superficiais, não atravessando a muscularis mucosae, as lesões cicatrizam se rapidamente, sem
deixar sequelas. - Fatores de risco:
Exógenos:
Álcool,
Aspirina,
Anti-inflamatórios (AINES).
Endógenos:
Septicemia,
Peritonite,
Choque,
Insuficiência renal,
Icterícia,
Politraumatismo,
Grandes cirurgias,
Queimaduras extensas,
Lesões neurológicas.
Úlcera Gástrica e HDA
- A incidência de sangramento por úlcera gástrica tem aumentado nos últimos anos, especialmente em pacientes
de grupos etários de mais idade talvez devido à disseminação do uso de AINEs. - O sangramento é secundário à erosão de um vaso subjacente e tende a ser mais intenso do que nas úlceras
duodenais, provavelmente pela erosão de artérias de maior calibre, ou seja, dos troncos principais das artérias
gástricas direita e esquerda. - Sintoma: queimação epigástrica, porém piora com a alimentação e melhor com jejum.
Varizes Esofagianas e HDA
- Terceira causa mais frequente de HDA, com incidência em torno de 20% e causa mais
comum do segmento esofágico. - A hipertensão portal é um pré requisito para o desenvolvimento das varizes e não se
conhece o mecanismo exato e pelo qual as varizes sangram (erosão da parede do
vaso? ruptura primária do mesmo?) - Geralmente, quanto maior for o calibre das varizes, mais comumente elas sangram,
especialmente se forem proeminentes e estiverem localizadas no fundo gástrico - Responde por 20% das HDAs
- Variável conforme a região
- Grandes perdas
- Imediata abordagem endoscópica
- Opção de tratamento: Balão de S. Blackmore
Síndrome de Mallory Weiss HDA
- Tal entidade adquiriu importância após a sistematização da endoscopia digestiva
precoce no estudo dos pacientes com HDA. - Responsável por 5 a 15% dos sangramentos digestivos altos.
- Admite-se que as lacerações resultem de gradientes transitórios entre as pressões
intragástrica e intratorácica na junção esofagogástrica. - Embora vômitos repetidos e a ingestão de álcool sejam os principais fatores
precipitantes, sabe se hoje que pode ser causada por acessos vigorosos de tosse,
crise convulsiva, crise de soluços, trabalho de parto, exercícios físicos extenuantes,
gastroscopia e crise de asma. - Síndrome autolimitada em mais de 90% dos casos, mais frequente em homens (4:1)
e raramente é necessária a abordagem cirúrgica para seu tratamento. - Responde por 5-15% das HDA
Esofagite e HDA
- Distúrbio que pode ser agudo ou crônico, comumente devido ao refluxo
de conteúdo gástrico secundário à incompetência do esfíncter inferior do
esôfago ou à intubação nasogástrica prolongada. - Apesar da DRGE ser muito frequente, poucos são os pacientes que
apresentam sangramento como complicação da esofagite. - De maneira geral a HDA é de pequena a moderada intensidade,
podendo, ocasionalmente ser vigorosa. - Responde por 3% das HDAs
- Sangramento discreto
- Tratamento com IBP (inibidor de bomba de
prótons) e medidas anti-refluxo - Poucas opções endoscópicas de tratamento
Câncer gástrico e HDA
- Os tumores gástricos representam cerca de 6% dos casos de sangramento digestivo
alto. - O mais comum é o adenocarcinoma, encontrado em qualquer região anatômica do
estômago e se apresenta sob a forma de pólipo, úlcera, tumoração ou infiltração difusa
(Linite Blástica). - Perdas sanguíneas menores sob a forma oculta são extremamente comuns, sendo que
a hematêmese ou melena é reconhecida em aproximadamente 10% dos pacientes.
Diagnóstico de HDA
As condutas básicas imediatas perante uma suspeita de HDA incluem,
obrigatoriamente, confirmar a presença do sangramento, estimar a intensidade da
perda e detectar a sua causa.
- A confirmação da presença de HDA é algumas vezes necessária, já que cerca de 20%
dos pacientes se queixam equivocadamente de sangramento (ingestão prévia de alguns alimentos, epistaxe,
etc).
- A estimativa da perda sanguínea e da atividade do sangramento por ocasião da avaliação inicial do paciente é
fator prognóstico chave.