GOIS FILHO, Cap. IX: Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madri. Flashcards
retrospectiva
- Séc XVI - Ocupação de pontos isolados no litoral e as entradas pioneiras
- Século XVII - grandes bandeiras paulistas; primeiras missões de religiosos portugueses no Amazonas e fundação de Belém em 1616 e do Sacramento em 1680.
- 1ª metade do séc XVIII - tempo das Minas Gerais; monções cuiabanas ligando são paulo a Cuiabá; monções do norte e presença portuguesa na Amazônia; lutas pela posse de Sacramento e tentativas de ocupação do território que hoje é parte RS e parte Uruguai.
Qual a importância do período histórico em torno do ano 1750 para o Brasil? (pag. 196)
- Despotismo esclarecido em Portugal: Morte de D.João V; Ascensão de D. José I e seu primeiro-ministro, o Marquês de Pombal.
- Findam as bandeiras paulistas
- Assinatura do Tratado de Madri
A grandeza do Tratado de Madri e sua curta existência.
- Assinado em 1750, anulado pelo Tratado de El Pardo em 1761
- Retomado quase que integralmente (à exceção de Sacramento) pelo Tratado de Santo Ildefonso de 1777
- De novo anulado em 1801 com o fim das guerras peninsulares.
- Apesar de sua curta duração, seu texto é fundamental para a fixação dos contornos do nosso território
Importância do Tratado de Madri
- Legalizou a posse do Rio Grande do Sul, do Mato Grosso e da Amazônia (situadas a ocidente da linha de Tordesilhas)
- Definiu os limites da colônia portuguesa na américa, que antes era território amorfo e cheio de divergências entre os que tentavam reproduzí-lo cartograficamente.
O que é a “compensação global”.
O tratado demonstra que a Espanha violou o tratado de Tordesilhas na Ásia, e, assim sendo, o compensou cedendo os territórios que Portugal havia violado nas Américas.
A superioridade relativa das posições portuguesas nas zonas litigiosas.
Diz que, apenas a compensação global não seria suficiente para explicar a divisão territorial estabelecida pelo tratado de Madri, tendo a ocupação efetiva do território, legitimado no direito como o princípio uti possidetis prevalecido.
Fora a maior presença portuguesa nas áreas próximas à área de número populacional decadente que era o Paraguai.
Quem foi Alexandre de Gusmão?
Foi o homem que estava no comando das negociações do tratado na corte portuguesa. Em 1916, o Embaixador Araújo Jorge o considera como “o avô dos diplomatas brasileiros”.
Português, nascido e criado na colônia americana, que, pôs seus conhecimentos específicos e qualidades de estadista, revelou-se um articulado e bem sucedido defensor dos interesses territoriais daquela parte do império luso que mais tarde seria o Brasil.
Por quê foram os portugueses e não os espanhóis a colonizar a Amazônia?
- Boa parte dos espanhóis se fixaram nas montanhas com a descoberta da mina de Potosí.
- Já os Portugueses tiveram que explorar muito para encontrarem um “outro Peru”.
- Não havia motivo para os espanhóis se aventurarem na hostil floresta amazônica se já haviam encontrado tantas riquezas. - A portugal teve vantagens na geografia fluvial. Se apossaram das melhores entradas da planície, o rio Cuiabá, Guaporé, foz do Amazonas com a fundação de Belém. Já o acesso a partir do pacífico para os espanhóis era muito difícil.
O Centro-Oeste era importante para os espanhóis?
- Houve alguma resistência, estavam no Paraguai já que Assunção foi um poderoso núcleo de expansão no início do processo colonizador.
- Parte de Santa Catarina era do Paraguai, mas o grande Paraguai murchou junto com o esvaziamento da colonização espanhola nessa região ao descobrirem que a rota que ligava Peru à Buenos Aires passava por Tucumán e não por Assunção.
- Já Buenos Aires despontava…
- E as minas ali descobertas também não foram tão valorizadas pelos espanhóis que já possuíam imensas riquezas nos Andes e um império espalhado pelo mundo inteiro.
A relação entre Sacramento e Buenos Aires e o objetivo português de estender seus limites até o Prata
- Buenos Aires era a única possessão espanhola do lado Atlântico da América do Sul e possuía boa autonomia (apesar de ser subordinada ao Vice-Reinado do Peru).
- Colônia estava isolada. Embora portugal houvesse ocupado o Rio Grande, a área intermediária estava ocupada por espanhóis a partir de sua base de expansão em Montevidéu.
- Importância: ponta de lança para uma possível ocupação portuguesa do uruguai e quiçá de Buenos Aires; quanto por ser porto de contrabando da prata andina.
Quais foram os documentos importantes para os negociadores lusos utilizarem em sua argumentação em Madri?
- Direitos lusos ao setentrião amazônico: A capitania do cabo norte (estado do Amapá ampliado) havia sido criada para os portugueses em 1637, pelo rei único que, por ser Belém já de posse portuguesa, eram dos portugueses que iria provir a proteção contra franceses e holandeses.
- Os tratados de Utrecht: de 1713 com a França, que definia a fronteira no Oiapoque, da qual o Brasil recebeu apoio inglês nas negociações; e o de 1715, que devolvia Sacramento aos lusos.
Outras vantagens de Portugal na negociação: o ouro do Brasil e Alexandre de Gusmão!
- Prosperidade econômica brasileira; ápice da produção aurífera brasileira (1735 - 1755)
- Grande negociador, formado em direito e com amplos conhecimentos de história e geografia. Foi o grande advogado dos interesses brasileiros no século XVIII.
Listemos as proposições sobre as quais se assenta o tratado assinado em 1750:
- Portugal ocupou terras na América, mas a Espanha se beneficiou no Oriente;
- as fronteiras não mais seriam abstratas linhas geodésicas, como a de Tordesilhas, mas, sim, sempre que possível, acidentes geográficos facilmente identificáveis;
- a origem do direito de propriedade seria a ocupação efetiva do território; e, em casos excepcionais, poderia haver troca de territórios.
Porque o uti possidetis é atribuído a Alexandre de Gusmão?
Embora se apoiasse em diretrizes já presentes no pensamento oficial português, Alexandre de Gusmão foi o primeiro governante português a expressar com clareza e sofisticação os princípios do uti possidetis e das fronteiras naturais.
O clima político favorável para as negociações.
Ascensão ao trono espanhol de Fernando VI, genro de D. João V, o então soberano de Portugal. .