Gastro Clínica Flashcards
Quais são as alterações encontradas no esôfago de Barrett?
Células caliciformes mucossecretoras e que estão presentes principalmente no cólon, além disso, também temos a presença de metaplasia intestinal no esôfago.
Qual a estrutura que serve de referência histológica para se diferenciar um adenocarcinoma gástrico precoce de um avançado?
A camada muscular própria.
- O adenoma carcinoma precoce acomete até a camada submucosa (pT1b), sendo chamado também de “in situ”. Já o adenocarcinoma avançado já acomete a camada muscular própria (pT2).
Qual a melhor definição de “carcinoma in situ”?
É aquele que não ultrapassa a membrana basal. Eles também não podem fazer metástases nessa fase e, por isso, são curáveis.
Paciente de 35 anos, sexo feminino, apresentando dor abdominal em barra de forte intensidade e com irradiação para o dorso há 3 dias, evolui com queda do estado geral, febre, icterícia e ascite. Realizado paracentese diagnóstica que evidenciou amilase sérica > 1000 U/L. Qual o possível diagnóstico?
Pancreatite aguda biliar.
- A paciente apresenta 2 dos três sintomas da tríade clássica da pancreatite aguda, que são: dor de forte intensidade e aumento das enzimas pancreáticas (amilase). Sabemos que trata-se de uma pancreatite aguda biliar pela presença de icterícia.
Paciente deu entrada no PS com quadro de abdome agudo. Exame de US abdominal mostrou coleção líquida na fossa ilíaca direita. Qual o possível diagnóstico?
Apendicite aguda perfurada.
- A apendicite aguda é a principal causa de abdome agudo inflamatório, juntamente com a diverticulite (mais comum em idosos). Como na US temos uma coleção líquida, podemos pensar que essa apendicite perfurou, extravasando conteúdo para o peritônio, tornando-a complicada e com elevada mortalidade.
Paciente de 65 anos apresentando quadro de obstrução intestinal, caracterizada por distensão abdominal, parada de eliminação de gases e fezes com vômitos fecaloides. Qual é a causa mais comum de obstrução intestinal no idoso?
Câncer de cólon sigmoide.
- Nos idosos, as patologias intestinais mais comuns são câncer de cólon e doença diverticular. O abdome agudo obstrutivo pode ser causado por um câncer de cólon sigmoide, com o paciente apresentando os sintomas citados na questão, já a doença diverticular pode complicar para uma diverticulite, que iria causar um abdome agudo inflamatório, tendo um QC diferente.
Paciente de 35 anos procurou o PS por apresentar quadro intermitente de dor abdominal com irradiação para o dorso, de forte intensidade e associada a vômitos há 3 anos. Já foi internado 5 vezes nos últimos 6 meses por decorrência desse quadro. Há 3 dias apresentou piora dos sintomas com sudorese e astenia. Filha refere que paciente ingere bebida alcoólica todos os dias. Quais são os principais sintomas em um quadro de pancreatite crônica de etiologia alcoólica?
Dor epigástrica e emagrecimento são as manifestações clínicas mais comuns.
- A tríade clássica da pancreatite crônica é: dor abdominal em epigástrio, com irradiação para o dorso, má digestão (esteatorreia e emagrecimento) e DM.
Paciente do sexo masculino de 30 anos com queixa de pirose que ocorre frequentemente 30-60 minutos após as refeições com alívio com a ingestão de antiácidos, mas que reaparece e algumas vezes apresenta regurgitação sentindo gosto azedo na boca. Refere também dor epigástrica, de média intensidade. Realizou endoscopia, sendo diagnosticado esofagite erosiva grau C de Los Angeles. O que podemos afirmar sobre essa doença?
A esofagite erosiva geralmente tem um curso crônico e recidivante e dependendo da gravidade da lesão ela pode evoluir para estenose do esôfago.
- Na maioria das vezes ela tem como etiologia a DRGE, sendo então uma condição crônica que possui agudizações. 10% dos pacientes que apresentam uma estenose péptica do esôfago é devido à uma esofagite erosiva grave. A esofagite erosiva é uma complicação da DRGE, porém não é uma complicação comum.
- Classificação de LA (Los Angeles): verifica a presença de erosões da mucosa esofagiana
A: < 5 mm - 1 erosão;
B: 1 ou várias erosões > 5 mm - erosões não coalescentes;
C: erosões coalescentes, que pegam até 75% da circunferência esofagiana;
D: erosões coalescentes, que pegam mais de 75% da circunferência esofagiana.
Homem de 30 anos que há 3 dias vem apresentando sangramento anal para evacuar, sem dor e sem alteração do ritmo intestinal. Com base nesses dados qual a primeira coisa que deve ser feita para iniciar a investigação diagnóstica?
Exame proctológico
- Diante do quadro, é um sangramento provavelmente decorrente de alguma lesão do ânus podendo ser uma fissura ou uma hemorróida. O exame proctológico é ideal para ser o exame inicial, uma vez que ele avalia a anatomia externa do ânus.
Paciente de 30 anos, sexo masculino, fumante, com queixa de dor epigástrica, que melhora com alimentação, acompanhada de náuseas. A dor tem despertado o paciente do sono, melhorando com a ingestão de leite. Nega ingestão de drogas anti-inflamatórias. Realizou endoscopia digestiva alta que mostrou lesão ulcerada na região bulbar. Realizou biópsia para pesquisa de H. pylori na região do antro gástrico. O que podemos afirmar em relação à úlcera péptica?
A úlcera gástrica péptica é diagnosticada após a EDA. A biópsia do antro é indicada para detectar os pacientes com H. pyllori, principal fator presente nos casos de úlcera. A síndrome de Zollinger-Ellison está associada a doença ulcerosa péptica, em que ocorre a formação de um gastrinoma, que faz com que seja aumentada a produção de gastrina e, consequentemente, da secreção ácida, favorecendo a fisiopatologia das úlceras pépticas. Vale ressaltar que a infecção pelo CMV não desecadeia um quadro de úlcera péptica.
Paciente 35 anos, apresenta dor epigástrica, tipo queimação, principalmente à noite que melhora com alimentação há 6 meses. EDA: lesão ulcerada medindo aproximadamente 5 mm, localização na pequena curvatura do estômago. O que deve ser feito neste caso?
A erradicação do H. pylori, que é indicada nos pacientes com DUP (Doença Ulcerosa Péptica), que com a sua erradicação tem taxas de recidivas muito menores. A erradicação pode ser feita com um esquema de 3 medicamentos por 7 dias:
- Omeprazol 20 mg, 12/12h
- Amoxicilina 1g, 12/12h
- Claritromicina 500 mg, 12/12h.
Paciente de 35 anos, sexo masculino, com queixa de dor em região epigástrica, tipo queimação, saciedade precoce, plenitude pós-prandial, acompanhada de náuseas e vômitos há 3 meses. Refere que vem recebendo medicação psicotrópica, foi despedido do emprego e separou-se da esposa. Refere também episódios de cefaleia, tomando analgésicos. Realizou endoscopia digestiva alta que resultou normal. Biópsia gástrica: gastrite crônica ativa, H. pylori positivo. Qual é o diagnóstico provável?
Dispepsia funcional.
- Trata-se de uma dispepsia funcional, uma vez que a EDA está normal. Dois fatores que estão associados a esse diagnóstico são: infecção pelo H. pylori e fatores psicossociais estressantes, ambos presentes no quadro.
Paciente de 35 anos, sexo feminino, multípara, em uso de contraceptivo oral apresenta dor abdominal. Realiza exame US que mostra imagem hiperecogênica, de bordo bem definido, medindo 2 cm, que sugere o diagnóstico de hemangioma cavernoso hepático. O que podemos dizer a respeito desse achado?
O hemangioma hepático é o nódulo sólido hepático mais frequente, sendo geralmente assintomático, apresenta um aspecto típico na RM e o contraste endovenoso é indispensável para o diagnóstico tomográfico. Além disso, vale ressaltar que o hemangioma é um tumor benigno.
Paciente com diagnóstico de cirrose e aparecimento súbito de ascite sanguinolenta. Exames laboratoriais: leucocitose, anemia, hematócrito elevado, fosfatase alcalina sérica elevada, HBsAg positivo e alfafetoproteína elevada. Ausência de células malignas no líquido da ascite. Exame de US do fígado mostra nódulo hipoecogênico, de limites parcialmente definidos, medindo 3,5 cm. Qual é o diagnóstico mais provável?
Hepatocarcinoma, uma vez que o paciente apresenta cirrose, que é um fator de risco elevado para esse tipo de câncer. Além disso, ele apresenta uma alfafetoproteína elevada, um marcador tumoral para esse tipo de câncer.
O que significa um paciente com um quadro de diarréia secretora?
Trata-se de uma diarreia líquida que não melhora com o jejum. Ela ocorre através de um mecanismo infeccioso, tendo como fisiopatogenia a ação direta de um patógeno ou a ação de uma toxina bacteriana, que irá causar uma secreção ativa de água e eletrólitos, de forma que mesmo com o jejum o paciente continuará tendo um quadro de diarreia.
O termo doença inflamatória intestinal é utilizado para duas patologias: colite ulcerativa e doença de Crohn. Em cerca de 15% dos casos a colite é indeterminada, não sendo possível distinguir patológica e clinicamente uma doença da outra. Algumas diferenças, no entanto, são fundamentais. Cite as principais diferenças entre a Doença de Crohn e a colite ulcerativa.
A doença de Crohn pode acometer todo o TGI desde a boca ao ânus, sendo uma doença transmural e, por conta disso, pode evoluir com fístulas, úlceras e estenoses. Já a retocolite é uma doença que se inicia no reto e também pode acometer o colo, ficando restrita a ele, ocorrendo apenas na mucosa.
Os pólipos do cólon encontrados na síndrome de Peutz-Jeghers, quanto a histopatologia, como são classificados?
Hamartomas.
- A síndrome de Peutz-Jeghers é uma condição caracterizada pela presença de múltiplos pólipos hamartomatosos ao longo de todo o TGI, associados a manchas melanocíticas na pele e na mucosa. Esses pólipos apresentam tecido muscular liso envolvendo o glandular, em continuidade com a camada muscular da mucosa.
Qual a doença que está relacionada com a formação dos cálculos biliares pigmentares marrons?
Colangite bacteriana.
- A formação de cálculos marrons está mais associada a infecções bacterianas e a infecções no sistema biliar; a manipulação prévia do sistema biliar também pode ser um fator predisponente para a formação desses cálculos. Os cálculos pretos, por sua vez, são formados após um processo de hemólise
Qual é o melhor teste para diagnóstico diferencial de síndrome de má absorção?
Teste de d-xilose, que consiste na coleta de sangue após 1 hora da realização de uma refeição. Se ele for maior que 30, significa que estamos tendo uma boa absorção. A d-xilose está relacionada com a integridade das vilosidades.
Quais são as condições relacionadas ao câncer espinocelular do esôfago?
O CEC do esôfago está relacionado com a acalásia (não relaxamento, sendo o distúrbio motor primário do esôfago), câncer de cabeça e pescoço e tabagismo.
Vale ressaltar que o esôfago de Barrett não está relacionado ao CEC, mas sim ao adenocarcinoma esofágico.
Segundo as recomendações da literatura, quando deve ser realizada nova avaliação por colonoscopia em paciente de 87 anos com queixa de alteração de hábito intestinal e pólipo de 7mm no cólon ascendente anatomopatológico que mostrou adenoma tubular com atipia moderada?
Não há a necessidade de uma nova colonoscopia, uma vez que o rastreamento para o câncer colorretal é feito até os 85 anos de idade. Além disso, a presença de somente um pólipo não é um fator tão relevante para o desenvolvimento de neoplasia.
EDA de paciente com 58 anos, longa história de sintomas de refluxo, mostrou uma lesão ulcerada de 3 mm na margem proximal de um segmento de Barrett de 5 cm. Paciente não tem outras doenças. A biópsia mostrou adenocarcinoma bem diferenciado. Qual é próximo passo?
TC de tórax e abdome, pois isso ajudará a fazer o estadiamento TNM do adenocarcinoma.
Uma paciente de 62 anos queixa-se de cansaço nos últimos dois meses. Ela não tem dor abdominal ou outro sintoma gastrointestinal e não há história de câncer de cólon na família. Ela toma naproxeno 750 mg 2x ao dia devido a dor no joelho e não toma outras medicações. O exame físico é normal. Laboratório: HTC: 29%, VMC: 68, hemoglobina sérica baixa. Fezes tem aspecto normal e pesquisa de sangue oculto é negativa. Qual a melhor conduta diagnóstica?
EDA e colonoscopia.
- A paciente apresenta uma perda oculta de sangue (anêmica), que pode ser devido à uma úlcera gástrica, por exemplo (uso de AINE contínuo), ou por câncer colorretal (62 anos). Deve-se então realizar uma EDA para avaliar o TGI alta e uma colonoscopia para avaliar o TGI baixo.
Homem de 57 anos realizou EDA para dispepsia recorrente na qual é identificada úlcera gástrica pré-pilórica com base limpa de 1 cm de diâmetro. Seis biópsias e escovado para citologia da base e borda da úlcera não encontrou malignidade, pesquisa de HP positiva. Após tratamento com anti-secretores e antibióticos para HP, paciente evoluiu bem. Qual deve ser o próximo passo?
Pedir teste respiratório para confirmar a erradicação do HP.
- Não existe indicação para a realização da EDA, pois ela é indicada aos casos em que houve falha terapêutica e hemorragia digestiva. Assim, devemos analisar se realmente o H. pylori foi erradicado, sendo feito o reste respiratório, que não é invasivo.
Qual é o tipo de paciente que deveria submeter-se a exames para busca de diagnóstico de infecção por H. pilory, mesmo não apresentando nenhuma sintomatologia dispéptica atual?
Mulher/homem com pai/mãe que tenha falecido de adenocarcinoma gástrico.
- Um paciente com parente próximo é considerada como um fator de risco para o desenvolvimento do adenocarcinoma (história familiar), além disso, a infecção pelo H. pylori também aumenta o risco de adenocarcinoma, então é importante avaliar se o paciente tem ou não, pois assim fazemos o rastreio precocemente.
Em relação ao diagnóstico das icterícias, o que podemos afirmar?
As icterícias podem ser caracterizadas, anatomicamente, como lesões pré-hepáticas ou hepáticas. Do ponto de vista fisiopatogênico elas podem ser caracterizadas pelo acúmulo de BD ou acúmulo de BI.
- A síndrome de Gilbert, por exemplo, é um distúrbio genético que faz com que o metabolismo da bilirrubina não ocorra corretamente, havendo uma hiperbilirrubinemia indireta;
- A síndrome colestática está associada com prurido e, nela, não temos a presença de hemólise;
- Na cirrose biliar primária a icterícia pode acometer 10% dos indivíduos, enquanto o prurido é um sintoma clássico (devido à colestase) e, normalmente, ele antecede a icterícia;
- A maioria dos casos de hepatite A são assintomáticos, porém quando sintomática, a icterícia é um sintoma comum.
Quais são os sintomas mais compatíveis com o diagnóstico de intolerância a lactose?
Flatulência, diarreia e dor abdominal.
- Pacientes com intolerância podem apresentar flatulência e dor abdominal devido ao aumento da fermentação da lactose dentro do TGI, causando uma distensão abdominal. A diarreia ocorre por um processo osmótico, de forma que mais água é absorvida devido à presença da lactose não digerida.
Qual a causa mais comum de Síndrome de má absorção por erro de digestão?
Doença celíaca.
- Na doença celíaca o intestino apresenta perda das vilosidades, prejudicando a absorção.
O que são o CEA antígeno carcino-embrionário e a AFP (alfafetoproteína)?
Marcadores tumorais úteis no acompanhamento do câncer colorretal e hepatocarcinoma, respectivamente.
Como a lesão ulcerada gástrica se diferencia da duodenal?
Elas são diferenciadas pela biópsia da lesão, pois ela avalia a mucosa intestinal. Se temos uma mucosa com a presença de inúmeras vilosidades sabemos que trata-se do duodeno, já quando vemos uma mucosa formada por muitas glândulas sabemos que trata-se do estômago.
Os adenocarcinomas são mais comuns em que órgãos do aparelho digestivo?
Colorretal e estômago.
- Fígado: tumor mais comum é o hemangioma e maligno são as metástases;
- Esôfago: tumor mais comum é o carcinoma das células escamosas, seguido do adenocarcinoma;
- Estômago e colorretal: o adenocarcinoma está presente em mais de 90% dos casos.
Quais são as causas da úlcera péptica?
Infecção por H. pylori e o uso de AINE.
Qual é a conduta para uma cardiopata em uso de AAS, com antecedente de hemorragia digestiva alta por úlcera péptica?
Suspender o uso do AAS. O AAS é um AINE e, por isso, piora a formação de úlcera péptica, além de causar maior sangramento. Como a paciente já possui um histórico de HDA, devemos suspender o AAS e pedir para o cardiologista trocar o medicamento.