Fibrose cística Flashcards
O que é a fibrose cística?
Fibrose cística é uma doença multissistêmica que envolve o comprometimento generalizado das glândulas exócrinas, afetando os sistemas respiratório, digestório (com insuficiência pancreática e hepatopatia), reprodutor (atresia e estenose de ductos deferentes), e glândulas sudoríparas.
Qual é o padrão de herança genética da fibrose cística?
A fibrose cística tem herança autossômica recessiva.
Onde está localizada a mutação genética responsável pela fibrose cística?
A mutação ocorre no gene CFTR, localizado no braço longo do cromossomo 7, responsável por codificar a proteína reguladora de condutância transmembrana.
Qual é a mutação mais comum no gene CFTR relacionada à fibrose cística?
A mutação mais comum é a F508del, uma deleção de três pares de bases, resultando na ausência do aminoácido fenilalanina na posição 508 da proteína CFTR. Essa mutação ocorre em cerca de 70% dos casos de fibrose cística.
Qual é a função da proteína CFTR?
CFTR é um canal de cloreto e bicarbonato na superfície apical das células epiteliais, que transporta ativamente substratos pelas membranas. Defeitos em sua função levam a manifestações como insuficiência pancreática, má absorção, doença pulmonar crônica e desidratação.
Quantas mutações do gene CFTR foram identificadas?
Existem mais de 2.000 mutações identificadas no gene CFTR, conforme registrado na Cystic Fibrosis Mutation Database.
Quais são as seis classes de mutações do gene CFTR na fibrose cística?
Classe I: Ausência da proteína ou proteína truncada.
Classe II: Processamento defeituoso, com pouca ou nenhuma proteína na membrana (ex.: mutação Phe508del).
Classe III: Defeito de regulação, impedindo a ativação da CFTR.
Classe IV: Condução reduzida de cloreto, com função residual.
Classe V: Síntese parcialmente reduzida, levando a menor quantidade de CFTR.
Classe VI: Degradação acelerada da proteína, com instabilidade na membrana apical.
Qual é o impacto de um defeito na proteína CFTR?
Defeitos na CFTR resultam em insuficiência pancreática, má absorção de nutrientes, doença pulmonar crônica progressiva, desidratação e distúrbios metabólicos variáveis.
Manifestações Gastrointestinais e Nutricionais - Íleo Meconial
Primeira manifestação em 15-20% dos casos. Caracterizada por ausência de eliminação de fezes ao nascer, distensão abdominal e vômitos.
Manifestações de Perda Salina
Perda de cloreto de sódio pelo suor. Pode causar hiponatremia, hipocloremia, hipocalemia, alcalose metabólica e desidratação.
Manifestações Pancreáticas - Frequência
Ocorrem em 85% dos pacientes. Iniciam desde a vida uterina, com obstrução de canalículos e destruição do parênquima, elevando o tripsinogênio no sangue.
Manifestações Pancreáticas - Sintomas
Má absorção de nutrientes, diarreia crônica com fezes volumosas e gordurosas. Endocrinopatia pode levar a diabetes em 20% dos adolescentes e 40% dos adultos.
Manifestações Hepáticas
Doença hepática associada é rara, mas pode ocorrer barro biliar assintomático e litíase biliar. Predominam lesões de colangiócitos, mantendo a arquitetura hepática.
manifestações pulmonares
Principal causa de morbidade e mortalidade. Obstrução dos bronquíolos leva a bronquiectasias e exacerbações recorrentes. Infeções crônicas comuns: Staphylococcus aureus, Haemophilus influenzae, Pseudomonas aeruginosa e Burkholderia cepacia.
Manifestações Nasossinusais e Reprodutivas
Polipose nasal e rinossinusite crônica. Infertilidade feminina por muco cervical espesso e masculina por ausência congênita de ductos deferentes.
Diagnóstico - Triagem Neonatal
Teste do pezinho com quantificação de tripsinogênio imunorreativo em duas dosagens até 30 dias de vida. A triagem negativa não exclui diagnóstico.
Diagnóstico - Teste do Suor
Estímulo da sudorese com pilocarpina. Positivo se cloreto ≥ 60 mmol/L, negativo se < 30 mmol/L. Entre 30-59 mmol/L, resultado é inconclusivo.
Tratamento - Fisioterapia
Uso de dispositivo de pressão positiva oscilatória (Shaker/flutter) 2x ao dia para mobilização de secreção pulmonar. Objetivo é a higiene brônquica.
Tratamento Medicamentoso - Insuficiência Pancreática
Pancreatina: 500-1.000 U de lipase/kg por refeição. Dose ajustada com base na resposta terapêutica e limitações de 2.500 U/kg/refeição e 10.000 U/kg/dia.
Tratamento Pulmonar - Alfadornase
Alfadornase inalatória (4 mL, 2x ao dia). Reduz a viscosidade do muco, facilita fisioterapia e remoção de secreções pulmonares.
nalação DNA recombinante humana alfa-dornase: degrada o DNA livre que se
acumula dentro das secreções brônquicas e reduz a viscoelasticidade no escarro.
Tratamento de Infecções - Tobramicina
Usada para infecções crônicas por P. aeruginosa em pacientes acima de 6 anos. Terapia inalatória de supressão em meses alternados (28 dias com, 28 dias sem).
Tratamento Genético - Ivacaftor
Potencializador de CFTR que facilita o transporte de cloreto, aumentando a abertura do canal. Indicada para certas classes de mutações do gene CFTR.
Tratamento Genético - Elexacaftor/Tezacaftor/Ivacaftor
Combinado para mutação F508del e outras variantes. Elexacaftor e Tezacaftor agem como corretores, enquanto Ivacaftor potencializa CFTR.