Fármaco usados np tratamento de intoxicações Flashcards
6 Mecanismos de ação dos fármacos usados em intoxicações
- Neutralização imunológica do agente tóxico
- Adsorção do agente tóxico, diminuindo a sua absorção
- Inibição da formação de metabolitos tóxicos
- Promoção da redistribuição ou facilitação da excreção renal
- Competição pelos locais de ação
- Antagonistas funcionais
Ação dos anti-soros
Neutralização imunológica do agente tóxico
Ação do carvão ativado
Adsorção do agente tóxico, diminuindo a sua absorção
Ação da N-acetilcisteína
Inibição da formação de metabolitos tóxicos
Ação da deferoxamina
Promoção da redistribuição ou facilitação da excreção renal
Ação da Naloxona
Competição pelos locais de ação
Ação da adrenalina
Antagonistas funcionais
Mecanismo de ação dos glicosídeos cardiotónios / digitálicos
- Inibição da bomba Na+/K+ ATPase, levando a um aumento dos níveis intracelulares de Na+, ativando o trocador Na+/Ca2+, aumentando os níveis intracelulares de Ca2+:
- A nível cardíaco, tem um efeito inotrópico positivo, aumentando o débito cardíaco, o qual é seguido por uma diminuição do tónus simpático, levando à vasodilatação.
- A nível vascular, leva à vasoconstrição.
- Podem ainda atuar através da sensibilização dos barorrecetores e recetores cardíacos, aumentando a estimulação vagal, diminuindo a velocidade da condução auriculoventricular.
Qual a aplicação clínica dos digitálicos?
Insuficiência cardíaca (ex.: digoxina)
Manifestações clínicas da intoxicação por digitálicos
- bradicardia e taquicardia
- arritmias
- cefaleias
- tonturas
- desorientação e confusão
- náuseas e vómitos
Tratamento para intoxicação por digitálicos
- lavagem gástrica com carvão ativado
- Administração de fragmentos Fab anti-digoxina
- Administração de K+
Em que consiste o carvão ativado e quais as suas aplicações clínicas?
- carvão vegetal ativado por gás oxidante e altas temperaturas;
- descontaminação gastrointestinal na maioria das intoxicações
- eficaz até 1h após intoxicação
- não é eficaz em casos de ácidos ou bases fortes, ferro, lítio, arsénio, metanol.
- contraindicado para pacientes com obstrução intestinal ou depressão neurológica ou respiratória
Em que consiste a Terra de Fuller e quando é utilizada?
- argila de cálcio montmorilonita
- intoxicações pelo herbicida paraquat
Amido
- amilose + amilopecina
- intoxicações por iodo
Quais os agentes que impedem a absorção da toxina?
- carvão ativado
- terra de fuller
- amido
Dois exemplos de agentes que impedem a formação de metabolitos tóxicos e em que casos são utilizados?
- N-acetilcisteína –> intoxicação por paracetamol
- Etanol e fomepizol –> intoxicação por metanol e etilenoglicol
A que se deve a toxicidade do paracetamol?
- 95% d paracetamol é metabolizado pela glicuronidação e sulfatação, enquanto que os restantes 5% são conjugados com a glutationa.
- Em casos de intoxicação as vias de glicuronidação e sulfatação ficam saturadas , desviando o fármaco para a via da GSH.
- Com o passar do tempo, devido ao seu consumo ser mais rápido que a sua regeneração, a GSH esgota-se, conduzindo à acumulação de um composto intermediário tóxico (N-acetilbenzoiminoquinona) que, na ausência de GSH reage com s grupos nucleofílicos de proteínas, contribuindo também para a formação de ROS, causando stress.
Tratamento de intoxicações por paracetamol
- Administração de N-acetilcisteína a qual reage com a N-acetilbenzoiminoquinona, evitando a sua acumulação
Intoxicação por metanol e etilenoglicol
- Não é o metanol em si que é tóxico, mas sim os seus metabolitos: aldeído fórmico e ácido fórmico.
- Distribuiem-se para tecidos com alto teor de lípidos e água como coração, olhos e músculo.
- caracterizada por: náuseas e vómitos, dores de cabeça, cegueira e morte
Tratamento de Intoxicação por metanol e etilenoglicol
- Inibição da formação de metabolitos:
–> etanol, compete com a ADH
–> fomepizol, inibe a ADH - administração de bicarbonato para correção da acidose (ác. fórmico)
- diálise para eliminação do metanol intacto
Tratamento da intoxicação por chumbo
Agentes quelantes como:
- CaNaEDTA
- Dimercaprol
- N-acetil-penicilinamina
Como atuam os agentes quelantes?
- possuem 1 ou + grupos que se ligam covalentemente ao catião metálico, prevenindo a sua ligação a proteínas e permitindo a sua excreção urinária
De que depende a eficácia dos agentes quelantes?
- afinidade pelo metal causador da intoxicação
- características toxicocinéticas
- capacidade de excreção do complexo quelado
Intoxicação por cianetos
- os cianetos têm elevada afinidade por metais, podendo inativar inúmeras enzimas através da ligação a cofatores metálicos;
- uma das enzimas inibidas é a citocromo oxidase mitocondrial, tornando a célula dependente do metabolismo anaeróbio, diminuindo a produção de ATP e aumentando a produção de lactato.
- a depleção de ATP afeta principalmente o coração e o cérebro, levando à morte por paragem cardiorrespiratória
Tratamento da intoxicação por cianetos
3 possíveis abordagens:
- Kit de NITRITO DE AMILA (inalação, oxida a hg a metemoglobina, que se liga ao cianeto e forma um complexo estável não tóxico), NITRITO DE SÓDIO (intravenosa, e igual à amila) e TIOSSULFATO DE SÓDIO (intravenoso, dador de enxofre, convertendo cianetos em tiocianetos, compostos menos tóxicos)
- hidroxocobalamina –> liga-se ao cianeto formando cianocobalamina/vit.B12, eliminada pelos rins/pulmões
- edetato de dicobalto –> agente quelante
Manipulação do pH urinário em caso de intoxicação por anfetaminas
Intoxicação por anfetaminas –> acidificação da urina com ác. ascórbico ou cloreto de amónio –> excreção de bases fracas
Manipulação do pH urinário em caso de intoxicação por salicilatos e fenobarbital
intoxicação por salicilatos e fenobarbital –> alcalinização da urina com bicarbonato de sódio –> excreção de ácidos fracos
Intoxicação por anfetaminas
- compostos simpaticomiméticos sintéticos, atuando como estimuladores do sistema nervoso central através da inibição da recaptação de dopamina, noradrenalina e serotonina para o neurónio pré-sináptico através dos seguintes mecanismos:
- inibição competitiva do DAT
- Transporte para o interior de vesículas por troca com a dopamina
- transporte reverso de doplamina pelo DAT
- diminuição da atividade da mao
Tratamento em caso de Intoxicação por anfetaminas
- Acidificação da urina com cloreto de amónio
- Descontaminação gastrointestinal através da lavagem gástrica e administração de carvão ativado
- Tratamento sintomático de suporte:
- Oxigénio
- Aspirina
- Benzodiazepínicos de classe IIa
- Nitroglicerina de classe IIa
Intoxicação por salicilatos
- fármacos anti-inflamatórios e antipiréticos –> aspirina
- os seus efeitos tóxicos resultam de 4 fenómenos:
- desacoplamento da fosforilação oxidativa mitocondrial
- aceleração do metabolismo, com aumento da demanda periférica de glicose
- produção, acumulação e excreção de ácidos orgânicos –> desiquilíbrio ácido-base
- estimulação do centro respiratório
Sinais e sintomas de Intoxicação por salicilatos
- estado hipermetabólico –> sudorese e vasodilatação
- coagulação sanguínea
- desiquilibrio ácido-base
- cefaleias
- náuseas e vómitos
Tratamento de Intoxicação por salicilatos
- alcalinização do sangue e urina através da administração de bicarbonato de sódio
- descontaminação GI –> lavagem gástrica + carvão ativado
- Tratamento de suporte:
- administração de fluídos e eletrólitos para a desidratação
- compressas fria –> redução da temperatura
- administração de glicose para a hipoglicemia
- administração de diazepam para as convulsões
- administração de vit K, sangue fresco ou plaquetas para prevenir hemorragias
- hemodiálise ou hemoperfusão –> quando salicilémia>120mg/dL após 6h de ingestão
Intoxicação por opióides
(heroína)
- por ser mais lipofílica que a morfina, atravessa facilmente a BHE
- Injetada –> não sofre efeito de 1ª passagem –> rápida permeação da BHE
- via oral –> efeito de 1ª passagem –> limitando os seus efeitos a nível central
- no SNC, a heroína atua sobre os recetores u dos neurónios GABAérgicos, diminuindo a ação do GABA sobre os neurónios dopaminérgicos, resultando num aumento da libertação de dopamina
Tratamento em casos de intoxicação por opioídes
Naloxona –> inibidor competitivo dos recetores u
Intoxicação por benzodiazepinas
(ansiolíticos, sedativos e relaxantes musculares)
- efeito depressor sobre o SNC e o centro respiratório:
- ligam-se ao recetor GABA, tornando-o mais sensível à ação do GABA –> aumento do influxo da Cl-, resultando numa hiperpolarização do neurónio, inibindo a formação de um potencial de ação
Tratamento de Intoxicação por benzodiazepinas
- Flumazenil –> antagonista competitivo dos recetores de benzodiazepinas
- dopamina e adrenalina para a hipotensão
- atropina para bradicardia
Intoxicação por colinérgicos
- inibidores de colinesterases (inseticidas organofosfados e carbamatos)
- inibidores irreversíveis da acetilcolinesterase (sarin e tabun)
- agonistas muscarínicos (cogumelos e betanecol)
Tratamento de Intoxicação por colinérgicos
- Atropina –> antagonista competitivos dos recetores muscarínicos
- controlo eletrolítico para reposição de perdas
- benzodiazepinas para convulsões
- entubação e/ou ventilação mecânica
anticolinérgicos
- anti-histamínicos
- anti-parkinsónicos
- antipsicóticos
- anti-espamódicos
- antidepressivos
- relaxantes musculares
tratamento de intoxicação por anticolinérgicos
fisostigmina –> inibidor reversível da acetilcolinesterase
Intoxicação por monóxido de carbono
- apresenta maior afinidade pela hemoglobina e mioglobina do que o O2
- complexo de carboxi-hemoglobina –> diminui a capacidade do transporte de 2, provocando hipoxia tecidular
- complexo de carboxi-mioglobina –> diminuição do DC
- pode-se ligar também à citocromo C oxidase, resultando numa diminuição de ATP –> célula dependente do metabolismo anaeróbio –> acidose láctica e anoxia.
Tratamento em casos de Intoxicação por monóxido de carbono
- administração de O2
- Câmara hiperbárica
Fármacos usados no antagonismo funcional
- adrenalina –> choque anafilático
- paralidoxina (em conjunto com a atropina) –> intox. por organofosfados
- Gluconato de Ca2+ –> intox. por fluoretos
- dantrolene –> hipertremia maligna (resposta à anestesia)