Embolia Pulmonar e Câncer de Pulmão Flashcards
Embolia Pulmonar
- Obstrução de vasos da circulação arterial pulmonar causada pela impactação de partículas (sólido, líquido, gás) c/ diâmetro > vaso acometido
- Maioria dos tromboembolismo venoso (TEV) tem como base a TVP e complicação aguda o TEP.
- Circulação pulmonar é um “filtro” e pode-se passar despercebida
- Manifestações variáveis e depende da “carga embólica” e da fç Cardiorrespiratória
Tromboembolismo Pulmonar: Quando pensar?
- Todo pcte c/ fatores de risco que apresente qualquer alteração cardiorrespiratória aguda
- Se probabilidade alta: diagnóstico imediato
- É a 2ª dça CDV mais comum
- TVP é 3x mais frequente que TEP
- TEP é a principal complicação pulmonar aguda em hospitalizados
TVP e TEP - Etiologia
- 90% dos êmbolos pulmonares se originam de trombos em veias profundas dos mmii
- Maior risco na bifurcação da iliofemoral (50%)
- TVP de panturrilha é a principal causa de TVP iliofemoral (propagação ascendente do trombo) e principal causa de embolia paradoxal (FO patente)
- TEV pode se originar de mmss como subclávia
Síndrome de Paget-Schoretter
- Causa rara de TVP do sistema subclávio-axilar, não associada à cateres
- Predomina em jovens hígidos
- Surge após esforço físico intenso (hiperextensão repetida do membro dominante = tênis)
- Microlesões endoteliais ativando coagulação
- Dor, empastamento muscular, edema
Troboembolismo Venoso (TEP e TVP) - Fatores de risco:
- Tríade de Virchow:
- Estase: gera hipóxia intravascular
- Lesão vascular: disfunção endotelial, c/ exposição do subendotélio
- Hipercoagulabilidade: trombofilias hereditárias (mais frequentes são o Fator V de Leiden e mutante do gene protrombina) ou adquiridas (pós-operatório, ACO, neoplasias e imbolização)
Trobofilias Hereditárias
- Fator V de Leiden: mutante não consegue se clivado pela ptna C ativada (resistência > em caucasianos) → mais comum
- Mutação G20210A no gene da protrombina: mutação na região indutora da transcrição gênica (promoter) c/ aumento de fator II (protrombina ↑em 25%)
- Deficiência de antitrombina, proteína C e proteína S (anticoagulantes) são mais raras, mas acarretam maiores risco de TEV
- Pesquisar se: TEV recorrente em <50 anos, sem fatores de risco, em locais inusitados (vasos cerebrais e viscerais) e hx familiar
Diagnóstico Diferencial das Trombofilias
- TVP iliofemoral esquerda recorrente: Síndrome de May-Thurner → compressão da veia ilíaca comum ESQUERDA (♀ jovem)
- TVP bilateral recorrente: anomalias congênitas da veia cava inferior (agenesia, hipoplasia, bandas fibróticas) causam estase venosa
Trombofilias Adquiridas
- TEV prévio: fator de risco mais importante → temporário (pós-op) ou idiopático (> risco)
- Mais velhos: mais fatores de risco associados (Câncer)
- Obesidade: IMC >40
- Tabagismo
- Trauma: TCE, fratura bacia, tibia e fêmur
- Cx nos últimos 3 meses: ortopédicas (artroplastias de quadril e joelho), oncológicas, vasculares e neurológicas
- Imobilização e viagens prolongadas
- Câncer: Secreção de pró-coagulantes, cateteres venosos implantáveis, Qt, compressão vascular pelo tumor, acamado, cx → maior associação c/ Ca de pulmão (depois pâncreas, cólon e rim)
- Gravidez: cesárea, estase por compressão da VCI pelo útero, trauma uteroplacentário no parto, hipercoagulabilidade (I,II,VII,VIII,IX, X e ↓ ptna S)
- ACO, TRH
- SAF, ICC, DPOC, dças mieloproliferativas (policitemia), Hbnúria paroxística noturna e Sd. Nefrótica
- Vida sedentária
Trombose Venosa Profuda
- Dor na perna que vai aumentando ao longo dos dias
- Estase e edema
- Tem os mesmos FR do TEP
- Maioria são assintomáticos
- Pode ter dor à palpação, empastamento em mmii, eritema, palpação de cordão venoso endurecido (tromboflebite)
- Sinal de Hornam: dor na dorsiflexão do pé → ↓S e ↓E
- Quanto mais proximal, maior risco de desenvolver TEP (mais alta/ pélvica = iliofemora)
- Dx: Doppler ou duplex-scan de mmii c/ perda da compressibilidade vascular (lúmen colabado)
- Phlegmasia Alba Dolens: dor, edema, empastamento + palidez de membro (edema intersticial comprime vasos arteriais)
- Phlegmasia Cerulea Dolens: cianos (hipóxia de estase) associada a de cima
Fisiopatologia do TEP
- Trombo se desloca do local de origem indo p/ circulação pulmonar
- Trombo “em sela” ou “a cavaleiro”: grandes trombos que se impactam na bifurcação do tronco da artéria pulmonar
- Acomete mais lobos inferiores e geralmente são múltiplos
Fisiopatologia do TEP
- Oligoemia no parênquima pulmonar
- Região bem ventilada e mal perfundida: ↑ espaço morto fisiológico
- 1 Distúrbio V/Q = HIPOXEMIA
- Atelectasia, broncospasmo e ↓ surfactante em áreas não acometidas = hipoventilação
- TAQUIDISPNEIA: estimula receptores J alveolares (inflamatórios)
Fisiopatologia do TEP
- Principal alteração: ↑ resistência vascular pulmonar = Hipertensão Pulmonar Aguda
- VD que é acostumado a tem ↓ pressão não tolera ↑ súbito (IC): dilatação e risco de infarto agudo de VD
- Obstrução mecânica êmbolo impactado
- Vasoespasmo: mediadores inflamatórios
- Hipoxemia: PaO2 ↓
- Troponina e BNP ↑ devido dilatação das cavidades cardíacas
Embolia Maciça
- Colapso circulatório agudo (hipotensão + choque): DC (do VE) está ↓ com instabilidade hemodinâmica
- Choque obstrutivo: hipotensão
- Cor pulmonale agudo: insuficiência de VD por alteração da artéria pulmonar
- Impactação do êmbolo no começo do pulmão
- PAS <90 mmHg ou queda ≥ 40 mmHg por >15 minutos
- Uso de trombolíticos deve ser imediato
Infarto Pulmonar
- Só ocorre em 5-7% dos TEP
- Circulação pulmonar dupla suprida pelas artérias pulmonares e artérias brônquicas (ramos da aorta)
- Infarto pulmonar no TEP é sempre hemorrágico e com formato de cone
QC do TEP
- “Doença Coringa”
- Sempre desconfiar se dispneia súbita que tem “pulmões limpos” na ausculta do tórax
- Principal sinal: TAQUIPNEIA (54%)
- Outros sintomas: taquicardia, estertores, ↓ MV, ↑ P2, turgência jugular e choque (8%)
- Principal sintoma: DISPNEIA (73%)
- 1 Outros sintomas: dispneia, dor pleurítica, dor na perna, edema de MMII, tosse, ortopneia, chiado no peito
TEP
- Moderado a grande: PA normal c/ dilatação e hipocinesia do VD, 30% do pulmão não está sendo perfundido. TTO c/ trombolíticos.
- Pequeno a moderado: PA normal, s/ disfunção do VD. TTO é satisfatório apenas c/ anticoagulação.
Diagnósticos Diferenciais de TVP
“Dor na perna”
*AngioRM tem alta acurácia
- Ruptura de cisto de Baker
- Celulite
- Sd pós-flebítica (TVP prévia)
- Insuf. venosa crônica
- Linfedema
- Lesão muscular
- Dças articulares do joelho
- Induzida por droga
- Tromboflebite superficial
Diagnósticos Diferenciais de TEP
*Suspeita MUITO elevada: tratar sempre como TEP (exceto se contraindicações)
- Pneumonia
- DPOC e asma
- ICC
- Pericardite
- Pleurite aguda, pneumotórax
- Sds osteoarticulares
- SCA
- Ataque de pânico
Escores de Wells: probabilidade pré-teste de TVP
- Todos valem 1 ponto (Exceto último que é -2)
- Moderado/alta: >0
- Baixa: ≤0
- Câncer atuar ou tto c/ <6m
- Paralisia, paresia, imbobilização mmii
- Restrição ao leito >3d ou cx em <12sem
- Dor no sist. venoso profundo (cordão doloroos)
- Edema c/ cacifo
- Edema em todo mi
- Assimetria >3 cm entre uma perna e outra
- Circulação colateral não varicosa
- Outro dx mais provável que TVP: -2 ptos
Escore de Wells: Probabilidade de TEP
- Moderada/alta: >4 ou Baixa: ≤4
- 0-1: baixa probabilidade
- 2-6 : intermediária
- > 7: alta probabilidade
- Clínica de TVP (dor, edema, palpação cordão venoso): 3 ptos
- Sem outro dx mais provavél: 3 ptos
- FC >100 bpm: 1,5
- Imobilização >3 dias ou cx c/ <4sem: 1,5
- Episódio prévio de TVP/TEP: 1,5
- Hemoptise: 1
- Câncer (atual ou tto <6 meses): 1 ponto
Baixa probabilidade pré-teste de TEP ou TVP:
- 0-1 pontos ou ≤4 no TEP
- OBS: D-dímero tem ↑ valor predidito negativo em pctes com baixa probabilidade pré-teste de TEP
- Escore de Wells: <4 (TEP) ou ≤ 0 (TVP) → ↓ probabilidade/ improvável
- Solicitar D-Dímero: se <500 ng/dl → excluir a possibilidade de TEV (TEP/ TVP)
- 1 Não solicitar mais exames e identificar outra causa
- Se D-dímero > 500 ng/dl
- Suspeita de TVP: duplex-scan
- 2 Suspeita de TEP: Solicitar Angio-TC tórax (primeiro exame) ou se não disponível solicitar Cintilografia, doppler de mmii e arteriografia (último)
Alta probabilidade pré-teste de TEP
- Escore de Wells >4 → provável ser TEP
- Solicitar diretamente: Solicitar Angio-TC tórax (padrão-ouro) ou se não disponível solicitar Cintilografia, doppler de mmii e arteriografia (último exame)
- Não pedir d-dímero
Exames Complementares no TEP - Rx
- Nenhum fecha o diagnóstico (inespecíficos)
- Angio-TC é o padrão-ouro
- Rx: sinais clássicos mas raramente encontrados → pouco sensíveis
- Westermark (“dark”): oligoemia focal
- Corcova de Hampton: infiltrado em forma de cunha, base apoiada sobre diafragma (infarto pulmonar) → hipotransparência triangular periférica
- Palla: dilatação da artéria pulmonar direita
Exames Complementares no TEP - ECG
- Útil p/ afastar possibilidade de IAM
- Arritmia mais COMUM do TEP: TAQUICARDIA SINUSAL
- Padrão de sobrecarga de VD: S1Q3T3 (sinal + sugestivo, mas pouco sensível, por estar ausente na maioria dos casos, mais comum no maciço)
- Onda S em D1 e aVL >1,5 mm
- Onda QS em D3 e aVL, mas não em DII
- Inversão da onda T em D3 e aVF ou em V1 a V4
- BRD, eixo QRS >90º, zona de transição até V5 e baixa voltagem em derivação dos embros
Exames Complementares no TEP
*Não é obrigatório solicitar o d-dímero
- Gasometria: hipoxemia/ hipocapnia (alcalose respiratória pela taquipneia)
- Ecocardiograma: disfunção do VD (marcador de pior prognóstico e > mortalidade) → dilatação da cavidade (paredes finas), hipocinesia e regurgitação tricúspide. Trombo no VD é sugestivo de TEP.
- Troponinas e BNP são ↓ S e E, mas estratifica risco, indicando microlesões miocárdicas em VD 2ª à sobrecarga → indica mau prognóstico
- D-dimero: degradação da fibrina que se eleva quando tem trombo no organismo (VPN), sendo que se <500 exclui presença de trombo.
Exames Complementares no TEP
- Cintilografia de perfusão evidencia áreas segmentares c/ defeito de perfusão
- Cintilografia de ventilação demonstra ambos os campos pulmonares bem ventilados
- Este exame é considerado de alta probabilidade
- Arteriografia pulmonar
Exame Padrao-Ouro para TEP
- Arteriografia Pulmonar
- Faz o cateterismo da artéria pulmonar c/ injeção de contraste
- Evidencia falha de enchimento no leito da artéria ou interrupção abrupta de um vaso
- Principal indicação: confirmação nos que farão tto intervencionista endovascular (embolectomia)
TEP na gestante
- Não há contraindicação absoluta p/ realizar exames radiográficos, por ser fatal
- Pode ser feito proteção abdominal ou reduzir dose de radiofármaco na cintilografia
- Pior período p/ exames é o 3ºT: compressão venosa dificulta interpreção
- 1º exame solicitado deve ser o duplex-scan pois confirmação de TVP já basta p/ iniciar anticoagulação c/ enoxaparina de baixo peso molecular
Tratamento da TEP - Anticoagulação
- Base do tto p/ TEV
- TVP pode ser tratado ambulatorialmente por 3 meses c/ anticoagulação e o TEP hospitalar
- Anticoagulação por 3-6 meses: ↓ mortalidade e recorrências (prevenção 2ª)
- Não tem ação direta sobre o trombo, apena inibe a continuidade do processo trombócito, se dissolve pela fibrinólise endógena
- Iniciar nas 1as horas de terapia: Heparina+ Warfarin 5 mg/d OU fazer apenas Rivaroxabana 15 mg 2x/d (inibidor direto Xa de ação rápida)
- Heparina tem início de ação mais rápido e a Warfarina tem ação em 3-7 dias
- Suspender heparina com dois valores de INR entre 2-3
- Evitar deambulação no TEP até estar plenamente coagulado (no TVP não)
Heparinas
*Antídoto das heparinas: Sulfato de protamina (neutraliza a HNF c/ mais eficácia do que a HBPM)
- Indicações de dosar antifator Xa após HBPM: obesidade mórbida, baixo peso, gestates e DRC/A (excreção renal)
- HBPM: indicada se estabilidade hemodinâmica (pode ser feito SC e de escolha nas grávidas) → maior meia-vida que a HNF
- HNF: indicado na instabilidade hemodinâmica (feito EV em BI avaliando PTTa) → iniciar 5.000-10.000 UI em bolus
- HNF tem risco de trombocitopenia induzida por heparina* (autoanticorpos contra fator IV plaquetário → ↓ plaquetas) e risco de osteoporose em gestantes
- Fondaparinux: alternativa à HNF c/ inativação Xa, não causa trombocitopenia induzida por heparina e não faz monitorização - uso SC, mas NÃO tem antídoto
Necrose Cutânea induzida pelo Warfarin
- Heterozigose p/ deficiência de ptna C levando ao estado de hipercoagulabilidade
- Placas eritematosas em mamas, coxas e abdome
- Progressão p/ bolhas e necrose cutânea (biópsia c/ trombose dos vasos da pele)
Tratamento da TEP
- Anticoagulação: sempre (heparina + Warfarin OU rivaroxabana)
- Trombolíticos (uroquinase, estreptoquinase e t-PA): ativam plasminogênio tecidual podem ser usadas ATÉ 14 dias após início e confirmação do TEP
- Única indicação absoluta é a instabilidade hemodinâmica/ VD no TEP maciço
- Outras indicações: TVP extensa, envolvimento extenso, hipoxemia grave, disfunção VD
- Suspender heparina até término da infusão do trombolítico e reiniciar se PTT <2x LSN
- Embolectomia: se contraindicação / falha da trombólise
- Filtro de VCI: se problema na anticoagulação
Tratamento da TEP - Filtro de Veia Cava Inferior
*Problema na anticoagulação
- Impede recidiva do TEP em curto prazo, mas ↑ risco de TVP em longo prazo
- São posicionados abaixo das renais
- Indicações: contraindicação à anticoagulação (sg TGI ativo, pós-op craniotomia, complicações do uso de heparina, Qt), falha na anticoagulação (continua tendo TEP), profilaxia em pctes de alto risco (TV extensa e progressiva), dça tromboembólica pulmonar crônica e tromboflebite séptica
Embolia Pulmonar Maciça
- Insuf. respiratória, choque, dissociação eletromecânica ou assitolia
- Conduta: administração de salina, aminas p/ suporte da pressão (dopamina e noradrenalina) e dobutamina p/ “estimular” VD (falência)
Prevenção do TEP - Pacientes Cirúrgicos: Escore de Caprini
**TEP é principal causa prevenível de morte intra-hospitalar
- Alto risco: cx ortopédica recente (artroplastia quadril/ joelho), cx p/ CA em abdome ou pelve, trauma raquimedular ou politrauma recente (<90d), ≥3 fatores intermediários
- Risco intermediários: não deambulação (imobilização >72h no pré-ope), CA atual, infecção, grande cx não ortopédica, hx TEV, AVC, DII, IMC >30, TRH/ACO, Sd. nefrótica, grande queimado, celulite, ICC, DPOC descompensada
- Risco baixo: pequenas cx e <40 anos, pcte que deambula c/ expectativa de internação <24h
Prevenção do TEP - Pacientes Cirúrgicos:
*Se ausência de contraindicação (Ex: hematoma)
- Todos pcte c/ risco moderado ou alto devem receber profilaxia farmacológica (exceto se Contraindicação)
- Enoxaparina 40 mg SC 1x/d (1ª escolha profilática)
- Duração depende dos fatores de risco, no alto risco manter por 1 mês (artroplastia quadril, osteossíntese de fratura de quadril e ressecção de CA abdominal ou pélvico)