Diarreias Flashcards

1
Q

Definição de diarreia

A

Sinal/sintoma caracterizado por mais de 3 evacuações pastosas ou líquidas (com a consistência reduzida) em 24 horas
* Até 3 dias sem evacuar é fisiológico desde que não esteja associado a nenhum outro sintoma de constipação (muita força, dor ao evacuar,..)

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2
Q

Classificação da diarreia em:
Tempo;
Etiologia;
Mecanismo fisiopatológico

A
  • Tempo:
    Aguda: até 2 semanas de duração
    Persistente: 2 a 4 semanas de duração
    Crônica: mais de 4 semanas de duração
  • Etiologia:
    Infecciosa
    Não infecciosa
  • Mecanismo fisiológico:
    Osmótica
    Secretiva
    Inflamatória
    Motora
    Funcional (alguns autores- Sd do intestino irritável)
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3
Q

Como se da o mecanismo fisiológico da diarreia osmótica?

A

Retenção de líquidos na luz intestinal devido a presença de substâncias osmoticamente ativas
Ex: intolerância a lactose, uso de laxantes
* Em quadros de infecção viral, é importante alertar os pacientes sobre evitar alimentos com lactose, pois nossas lactases ficam localizadas nas bordas das criptas do intestino delgado, dessa forma, serão eliminadas junto com o quadro diarreico, fazendo com que a gente não consiga digerir esses alimentos e piore a diarreia

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4
Q

Qual a fisiopatologia da diarreia secretiva?

A

Na diarreia secretiva, tem-se o aumento da eliminação de água, eletrólitos e sais para a luz intestinal
Ex: infecções virais e bacterianas (bacterias liberam toxinas que alteram os transportadores de água, sais e eletrólitos– cólera); tumores secretivos; medicamentos (metformina)

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5
Q

Qual a fisiopatologia da diarreia inflamatória?

A

A inflamação causará lesão do enterócito levando a diminuição da absorção de nutrientes
Ex: doenças inflamatórias intestinais (Doença de Crohn, Colite ulcerativa); infecções invasivas (Shigella, Salmonella, Campylobacter); Colite pseudomembranosa (Clostridium difficile)

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6
Q

Qual a fisiopatologia da diarreia motora?

A

Alteração na motilidade intestinal
Ex: gastrectomia, ressecção intestinal, hipertireodismo, café, nicotina, diabetes, transtornos psiquiátricos
* A liberação de protaglandias no período menstrual da mulher causa diarreia motora fisiológica

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7
Q

Qual a primeira e a segunda causa mais frequente de diarreia aguda?

A

1a: infecções virais
2a: infecções bacterianas

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8
Q

Quais os vírus e bactérias mais frequentes causadores da diarreia aguda?

A
  • Vírus:
    Em crianças: rotavírus
    Em adultos: norovírus
  • Bactérias:
    Clostridium dificille (gram +):
    Secundárias ao uso de ATB e causam a maioria das colites pseudomembranosas (inflamação do cólon com placas esbranquiçadas);
    Ingerida na forma de esporos;
    Produzem as toxinas A e B, as quais provocam aumento da permeabilidade intestinal e destruição das células epiteliais;
    Dx: pesquisa de toxina A e B nas fezes
    Tto: Vancomicina + Metranidozol.
    E. Coli (gram -) :
    Ingeridas de alimentos e água contaminados com fezes humanas ou de animais;
    Produzem enterotoxinas que agridem o epitélio, destruindo as células;
    Cepa 0157:H7 produz a toxina Shiga capaz de resultar a tríade: anemia hemolítica + IR + trombocitopenia
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9
Q

Qual a definição de doença celíaca?

A

É a inflamação do intestino delgado devido a ingestão de alimentos com glúten. Isso leva a atrofia das vilosidades intestinais, comprometendo a absorção de nutrientes essenciais

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10
Q

Qual a classificação das doenças relacionadas ao glúten de acordo com o mecanismo patogênico predominante?

A
  1. alergia ao glúten (normalmente, tem-se manifestações extra intestinais e as vezes intestinais; para diagnóstico: pictest ou IgE para trigo)
  2. autoimune: doença celíaca
  3. não alérgica e não imune: sensibilidade ao glúten não celíaca (“intolerância”)
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11
Q

Quais as manifestações clínicas da doença celíaca?

A

Formas típicas/clássica:
- Crianças (< 2 anos): perda do apetite, dor abdominal, vômitos, diarréia/constipação, irritabilidade, distensão abdominal, emagrecimento, déficit de crescimento e desenvolvimento, desnutrição
- Crianças ( > 2 anos): apetite podre, mal estar digestivo, cansaço, mudança de humor, diarréia/constipação, déficit de crescimento, menarca atrasada, anemia, defeito no esmalte dentário
- Adultos: sintomas gastrointestinais altos, emagrecimento, fadiga crônica, mudança de humor, depressão, diarréia/constipação, distensão abdominal, problemas gineco-obstétricos
Forma atípica:
- Tipo atípico digestivo: dispepsia e/ou sd do intestino irritável
- Tipo atípico extra digestivo: baixa estatura, anemia, tetania, cefaleia, osteoporose, hipotrofia do músculo glúteo, dermatite herpetiforme (pruriginosa, lesões vesiculares)

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12
Q

Quais são as possíveis complicações da doença celíaca?

A
  • Anemia: devido a deficiência de ferro e/ou ácido fólico
  • Osteomalacia, osteoporose: devido a hipocalemia
  • Jejunite ulcerativa (rara)
  • Linfoma do instestino delgado
  • Carcinoma: principalmente do esôfago
  • Hipoesplenismo
  • Doença celíaca refratária: DC mesmo com a retirada de 100% do glúten, paciente continua com inflamação e com maiores os riscos de complicação (se 12 meses sem melhora após a retirada do glúten)
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13
Q

Qual a fisiopatologia da doença celíaca?

A

A enzima transglutaminase tecidual está presente no intestino delgado e tem como função “desmontar” as proteínas dos alimentos, como do glúten; quem é celíaco, reage de forma anormal aos substratos da quebra do glúten (gliandinas), assim, eles formam anticorpos (anti transaminase e anti gliandias – formam um complexo) que gerará alteração da mucosa, inflamação e inflitrados de linfócitos

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14
Q

Como se dá o diagnóstico da DC?

A
  • Clínica
  • Exame complementar:
    – Teste sorológico:
    Anti transaminase tecidual (tTG-IgA; alta especificidade e sensibilidade + pedir também dosagem sérica do IgA pois o pct pode ter alteração imune);
    Anti gliandina (AGA; baixa especificidade e sensibilidade);
    Anti endomísio (EMA-IgA)
    – Exames radiológicos (trânsito intestinal, idade óssea,…)
    – Exames de imagem (endoscopia digestiva alta)
    – Biópsia do intestino delgado
    – Avaliação genética (HLA DQ2; HLA DQ8; pode ter alteração e não ter a doença)
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15
Q

Como pedir e o que é sugestivo de DC na endoscopia digestiva alta?

A

Pedir: Endoscopia digestiva alta com biópsia duodenal (2 fragmentos do bulbo + 4 fragmentos da segunda porção duodenal)
Sugestivo de DC no macro: perda das pregas circulares, granulosidade, padrão mosáico, pregas mais espassadas, proeminentes e concêntricas, vasos sanguíneos visiveis (pois a mucosa está atrófica, sem vilosidades), enantema e erosões
No micro:
atrofia vilositária, hiperplasia das criptas intestinais e presença de linfocitose

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16
Q

Qual o tratamento da DC?

A
  • Dieta estritamente sem glúten (em 2 sem o pct pode ter melhora clínima e em 6 meses, melhora histológica)
  • Tto da DC refratária: imunossupressores , agentes biológicos
17
Q

O que são e como são divididas as doenças inflamatórias intestinais?

A

As doenças inflamatórias intestinais são patologias que cursam com a inflamação crônica do intestino, elas diferem quanto à localização, quanto ao comprometimento das camadas do intestino e quanto à fisiopatologia. Elas são divididas em Doença de Crohn e Retocolite ulcerativa

18
Q

O que é a doença de Crohn?

A

É uma inflamação transmural (ou seja, pode acometer todas as camadas do intestino, mas acomete principalmente o íleo distal e terminal) do TGI que pode causar ulcerações e complicações fibroestenóticas penetrantes, como fistulas e abcessos

19
Q

Qual a definição histológica da doença de Crohn e quais os possíveis padrões evolutivos?

A

Definição histológica: inflamação crônica granulomatosa não caseificante
Pode evoluir com dois padrões:
- FIbroestenótico-obstrutivo: espessamento da parede com edema e fibrose - estenose
- Penetrante-fistuloso: úlceras que podem evoluir com fístulas e abcessos
OBS: comum a presença de fístulas cólon-retais e pode ter o acometimento de pele, articulações, olhos, vasos sanguíneos, rins e vias biliares

20
Q

Qual o quadro clínico da doença de Crohn?

A
  • dor abdominal e cólicas (frequentes no quadrante inferior direito)
  • distensão abdominal
  • perda de peso e fadiga
  • febre e sensação de mal estar
  • anemia
  • se envolvimento anal –> fístulas, fissuras e abcessos
  • cutâneos: enantema nodoso e gangrenoso
    Se atingir o:
    – Ileocolite: dor em QID (alivia com a defecação); febre e abcessos intrabdominais; perda de peso; obstrução por edema/espamos - estreitamento fibroestenótico
    – Jejunocolite: perda da superfície digestiva e absortiva - má absorção e esteatorreia
    – Colite: pode ter hematoquezia
21
Q

Como se dá o diagnóstico da doença de Crohn e o que é possível encontrarmos e quais as principais regiões acometidas?

A

Diagnóstico:
– exame principal: colonoscopia com biópsia; achados: lesões descontínuas, úlceras profundas e longitudinais; não há tendência a acometimento do reto (áreas mais acometidas: cólon, íleo terminal e íleocolônico)
– TC e RNM para extensão da doença
– Lab: PCR e VHS para inflamação

22
Q

Como se dá o tratamento e quais as possíveis complicações da Doença de Crohn?

A

Tratamento:
- Corticoesteroides e imunomoduladores (azatioprina e metrotrexato) e agentes biológicos como segunda opção (inflixamade e adalimumabe)
- Antibioticoterapia (para pacientes com a doença em hiperatividade)
- Cirurgias (se necessário para: obstrução intestinal; fístulas e abcessos; remoção de partes intestinais danificadas)
Complicações:
- obstrução intestinal
- neoplasias
- fístulas e abcessos
- aumento do risco de câncer de colorretal
- artrite, uveíte e doenças dermatológicas

23
Q

O que é a retocolite ulcerativa inespecífica?

A

É uma inflamação que atinge a camada mais superficial do cólon (mucosa e a submucosa), portanto, não faz fístulas. Inicia-se no reto, tem caráter ascendente e se estende de forma contínua pelo cólon. Formam-se úlceras que podem levar ao sangramento, a produção de muco e pus.

24
Q

Qual a fisiopatologia da RCUI?

A

Ainda não se sabe muito bem, logo, entende-se como uma doença idiopática

25
Q

Qual o quadro clínico da RCUI?

A
  • Diarreia sanguinolenta e com muco (anemia)
  • Dor abdominal e cólica (principalmente do lado esquerdo)
  • Fadiga, perda de apetite e peso
  • urgência fecal e tenesmo (sensação de evacuação incompleta)
  • deficiência de albumina mas não de vitaminas
  • artrite, uveíte, eritema nodoso
26
Q

Como se faz o diagnóstico da RCUI?

A

Melhor exame:
- Colonoscopia com intubação ileal e biópsias seriadas (do íleo ao reto); observa-se: enantema e edema da mucosa, com perda do padrão vascular, friabilidade, erosões ou ulcerações SUPERFICIAIS + presença de pseudopólipos (não é patognomônico mas é altamente sugestivo)
- Colonoscopia com biópsia
- Histologia (infiltrado inflamatório, criptite (inflamação nas criptas) com micro abcessos + pode ter atrofia da mucosa
- Calprotectina fecal (dosa a qnt de leucócitos nas fezes)
- Enterotomografia com contraste ou RNM
- Exames de sangue e fezes

27
Q

Como se dá o tratamento de RCUI e quais as possíveis complicações?

A

Tratamento:
- Corticoesteroides
- Anti inflamatórios (sem ser AINES) como aminossalicilatos - mesalazina e sulfassalazina
- Imunomoduladores (azatioprina) e agentes biológicos (infliximabe - como segunda opção)
- Colectomia (em casos refratários ou para prevenir câncer de colorretal)
Complicações:
- Megacólon tóxico (dilatação grave do cólon que pode levar a uma toxemia)
- Perfuração intestinal
- Câncer de colorretal
- Osteoporose, problemas de pele e olhos, doenças hepáticas
- CEP (colangite esclerosante primária)
- Sangramento maciço

28
Q

Como é definida a Síndrome do intestino irritável (SII)?

A

A SII é definida como uma dor abdominal associada a mudança na frequência ou na forma das fezes

29
Q

O que é usado para diagnóstico da SII?

A

Os critérios de Roma , que são critérios sintomáticos para ajudar no diagnóstico
- desconforto abdominal pelo menos 3 dias por mês, nos últimos três meses, com início no mínimo há 6 meses que cursa com:
alívio com evacuações; início associado ha mudança na frequência ou na forma das fezes +
- frequência de evacuação alterada a cada semana;
- anormalidade na passagem das fezes (esforço, urgência, tenesmo)
- eliminação de muco;
- meteorismo ou distensão abdominal

30
Q

Como se dá o diagnóstico da SII?

A

O diagnóstico da SII é clínico e exclusivo, ou seja, baseia-se nos sintomas do paciente e na exclusão de outras doenças mais graves (exames podem ser solicitados para isso, como laboratoriais, exames de imagem e endoscopia)

31
Q

Qual o tto da SII?

A

MEV e na alimentação (evitar alimentos que podem desencadear - cafeína ,álcool, gordura,…) +
Medicamentos para controle da dor, antiespasmódicos e laxantes para constipação ou antidiarréicos (a depender dos sintomas) –> trimebutina (diminui a motilidade intestinal) e antidiarréicos +
Terapias psicológicas (gerenciar estresse que pode estar influenciando)