Diarreia crônica Flashcards

1
Q

O que são as parasitoses?

A

Processos infecciosos estabelecidos no tubo gastrointestinal resultantes de um parasitismo

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2
Q

Quem é afetado pelas parasitoses?

A

1/4 da população mundial, principalmente em países subdesenvolvidos

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3
Q

Quais são as parasitoses responsáveis pela diarreia crônica e quais seus agentes etiológicos?

A

Ascaridíase - Ascaris lumbricoides
Estrongiloidíase - Strongyloides stercoralis
Ancilostomíase - Ancylostoma duodenale e Necator americanus

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4
Q

Quais são os métodos de transmissão das parasitoses? E quais parasitoses ocorrem por esses métodos?

A

Via oral: ascaridíase

Via cutânea: ancilostomíase e estrongiloidíase

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5
Q

Como ocorre a transmissão dos parasitas pela via oral?

A

Ingestão de ovos - eclosão da larva no estômago pelo pH ácido - invasão da mucosa intestinal - entram na corrente sanguínea através dos vasos sanguíneos ou do sistema linfático

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6
Q

Como ocorre a transmissão dos parasitas pela via cutânea?

A

Penetração da larva na pele - atinge vênulas ou vasos linfáticos na derme - entra na corrente sanguínea

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7
Q

Sobre o estágio larval dos vermes: explique o ciclo pulmonar de Loss

A

Quando entram na corrente sanguínea, as larvas percorrem os capilares sistêmicos até chegam nos pulmonares e, pelo tropismo por oxigênio que apresentam, elas saem dos capilares alveolares e adentram os alvéolos. Em seguida, ascendem na árvore brônquica em sentido ao trato respiratório superior e são deglutidas pela glote, seguindo para o TGI.

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8
Q

O que é a síndrome de Loeffler? Quais são os seus achados principais e nos exames complementares?

A

Pneumonia eosinofílica resultante do ciclo pulmonar dos helmintos.
Achados principais: tosse seca, broncoespasmos, dispneia leve, febra baixa (38) e hemoptise
Hemograma: eosinofilia importante oscilante e transitória
Radiografia de tórax: focos de infiltrados intersticiais múltiplos e migratórios

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9
Q

Quais são os vermes que causam a síndrome de Loeffler?

A
Strongyloides stercoralis 
Ancylostoma duodenale 
Necator americanus
Toxocara canis 
Ascaris lumbricoides
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10
Q

No estágio adulto dos vermes, as larvas podem obter nutrientes de duas formas. Quais são elas, como ocorrem e qual é utilizada por cada agente?

A

Competição por nutrientes (AS e E) - literalmente uma briga pelos nutrientes, um tenta absorvê-los antes do outro
Espoliação por nutrientes (AN) - espera hospedeiro absorver nutrientes e se alimenta através do sangue dele, pois tem presas que lesam a mucosa intestinal e causam pequenas hemorragias. Pode resultar em anemia ferropriva e hipoalbuminemia.

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11
Q

O que é importante sabermos sobre a multiplicação dos helmintos?

A

Eles não se multiplicam no organismo, logo, o número de vermes é igual ao número de ovos/larvas durante a infecção.

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12
Q

Qual é a exceção na multiplicação dos helmintos?

A

A estrongiloidíase, pois ela pode causar uma autoinfecção. O embrião presente no ovo tem uma maturação muito rápida, então ele nasce e se torna uma larva no próprio intestino. Essa larva pode ser eliminada pelas fezes ou reinfectar um hospedeiro de forma interna (atravessa as camadas do intestino e cai na corrente sanguínea) ou externa (sai pelo ânus, porém penetra região adjacente.

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13
Q

Sobre a abordagem ao paciente com suspeita de parasitose: o que devemos atentar na identificação?

A

Idade - crianças
Naturalidade - interior ou bairro popular
Escolaridade - incompleta
Profissão - trabalhador rural

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14
Q

Sobre o quadro clínico das parasitoses: os pacientes sempre apresentam sintomas? Para o que devemos atentar?

A

Não, na maioria das vezes são assintomáticos
Atentar para o grau de infecção, pois maior o nº de vermes, maior a repercussão
Atentar para a frequência da infecção, pois quanto mais frequente, menor será a repercussão (o corpo se adapta)

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15
Q

Caracterize a diarreia séc. a parasitoses e cite quais são os outros sintomas que podem ser causados por ela (5).

A

Diarreia de origem súbita ou insidiosa, alta, pode ter esteatorreia e contínua.
Anorexia, náuseas e vômitos, flatulência, dor abdominal (epigastralgia) e constipação (obstrução intestinal por bolo de áscaris).

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16
Q

Quais são os sintomas extra-gastrointestinais consequentes das parasitoses?

A

Síndrome de Loeffler - tosse seca, broncoespasmos, dispneia leve, febre baixa e hemoptise
Astenia e fadiga (características da AN - séc. a anemia ferropriva)
Erupções eritematosas e prurido (características da AN + E)

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17
Q

Sobre a abordagem ao paciente com suspeita de parasitose: o que devemos atentar nos antecedentes pessoais e familiares?

A

AP - infecções prévias, uso de corticoide e doenças imunossupressoras
AF - HF de infecção recente por helmintos

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18
Q

Porque devemos nos atentar para uso de corticoide e doenças imunossupressoras no AP de pacientes com suspeita de parasitoses?

A

Pelo risco de adquirir uma estrongiloidíase disseminada (hiperinfecção) séc. a imunossupressão.

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19
Q

Sobre a abordagem ao paciente com suspeita de parasitose: o que devemos atentar nos hábitos de vida?

A

Viagens para locais rurais
Falta de saneamento básico
Andar sem calçados

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20
Q

Sobre a abordagem ao paciente com suspeita de parasitose: o que devemos avaliar no exame físico geral?

A

Perda de peso, mucosas hipocrômicas (AN), edema generalizado (AN) e retardo no desenvolvimento

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21
Q

Sobre a abordagem ao paciente com suspeita de parasitose: o que devemos avaliar no exame físico da pele?

A

Erupções maculopapulares eritematosas, geralmente nos pés ou pernas - larva migrans
Lesões urticantes ou maculopapulares em aspecto linear ou serpentiforme, geralmente nas nádegas, períneo, virilha, coxas e tronco

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22
Q

Sobre a abordagem ao paciente com suspeita de parasitose: o que devemos avaliar no exame físico do abdome e do AP respiratório?

A

Se há distensão abdominal (ocorre pela obstrução intestinal causada pela AS)
Sibilos e/ou estertores crepitantes difusos (síndrome de Loeffler)

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23
Q

Quais são os métodos do parasitológico de fezes utilizados para procura de ovos? Especificar o agente etiológico e como é feito.

A

Método de Lutz/Hoffmann (AS e AN) - sedimentação de ovos inférteis
Método de Faust (AS e AN) - suspensão e centrifugação de ovos férteis de densidade moderada ou alta
Método de Willis (AN) - flutuação de ovos de densidade moderada ou leves
Método de Kato-Katz (AS e AN) - método qualitativo e quantitativo

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24
Q

Quais são os métodos do parasitológico de fezes utilizados para procura de larvas? Especificar o agente etiológico.

A

Método de Baermann-Moraes (E)

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25
Q

Como é feito o controle de cura das parasitoses após o tratamento?

A

Parasitológico de fezes com amostras colhidas no 7º, 14º e 21º dia após o tratamento

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26
Q

Quando devemos solicitar os testes sorológicos para parasitoses? E quais são os métodos?

A

Solicitar quando o método Baermann-Moraes der negativo e a suspeita de estrongiloidíase permaneça ou quando for necessário continuar um tratamento crônico com corticoides no paciente
ELISA, hemoglutinação indireta e imunofluorescência indireta

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27
Q

Quais são as etapas da conduta terapêutica para as parasitoses?

A

Etapa 1: visa resolver a infecção por helmintos através do uso de anti-helmínticos
Etapa 2: visa prevenir possível infecção através de medidas profiláticas, como medidas de educação sanitária, hábitos de higiene pessoal, saneamento básico, tratamento dos doentes, usar calçados e lavar bem os alimentos.

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28
Q

Quais são os anti-helmínticos utilizados para ascaridíase?

A

Albendazol (1ª escolha) - 400mg, dose única
Mebendazol (100mg, 2x/dia por 3 dias)
Ivermectina (150-200mcg/kg, dose única)
Levamizol (100 mg, dose única)
Pamoato de pirantel (11mg/kg, dose máxima de 1g, dose única)

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29
Q

Qual é o anti-helmíntico utilizado para ascaridíase complicada?

A

Citrato de piperazina (50-100mg/kg/dia, dose máxima de 3,5g, durante 2 dias)

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30
Q

Quais são os anti-helmínticos utilizados para ancilostomíase?

A

Mebendazol (1ª escolha)- 100mg, 2x/dia durante 3 dias
Albendazol (2ª escolha) - 400mg, dose única
Pamoato de pirantel (3ª escolha) - 11mg/kg, dose máxima de 1g, dose única

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31
Q

Quais são os anti-helmínticos utilizados para estrongiloidíase?

A

Ivermectina (1ª escolha) - 200mcg/kg, dose única, pode repetir após 1 semana
Albendazol - 400mg/dia, durante 3 dias
Cambendazol - 5mg/kg, dose única
Tiabendazol (25-50mg/kg/dia, máximo de 3g/dia, em 3 tomadas, durante 3-7 dias ou 50mg/kg, dose única a noite)

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32
Q

Qual antiparasitário podemos utilizar para as parasitoses? Qual sua principal característica?

A

Nitazoxanida na dose de 500mg, 2x/dia por 3 dias consecutivos
Antiparasitário de amplo espectro

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33
Q

Quais drogas para parasitoses estão disponíveis no SUS?

A

Albendazol, mebendazol, ivermectina e nitazoxanida

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34
Q

Qual droga devemos utilizar em gestantes com parasitoses? E quais são contraindicadas (4)?

A

Pamoato de pirantel

Albendazol, mebendazol, ivermectina e tiabendazol

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35
Q

O que é a doença celíaca?

A

É uma enteropatia inflamatória imunomediada induzida pelo consumo de glúten em indivíduos geneticamente susceptíveis.

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36
Q

Quais são os principais mecanismos que aumentam a absorção dos nutrientes no intestino delgado?

A

Vilosidades intestinais
Células com borda em escova
Criptas de Lieberkuhn

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37
Q

O que é o glúten e a prolamina?

A

Um reservatório de prolamina, sendo essa uma proteína que está presente nos cereais e que recebe um nome específico a depender do cereal em que está presente

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38
Q

Quais são os nomes para prolamina que está presente no trigo, cevada e centeio?

A

Trigo - gliadina
Cevada - hordeína
Centeio - secalina

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39
Q

Explique a fisiopatologia da reação imune que ocorre na doença celíaca

A

A união dos fatores ambientais (consumo de glúten) e genéticos levam a reação imune - os linfócitos TCD4 reconhecem os antígenos da prolamina e desencadeiam uma reação inflamatória (responsável pela atrofia vilositária e hiperplasia de criptas). Além disso, os linfócitos TCD4 ativam os linfócitos B, que produzem imunoglobulinas, levando a um aumento da reação inflamatória

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40
Q

Qual a principal imunoglobulina produzida pelos linfócitos B na doença celíaca?

A

Antiglutaminase tecidual

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41
Q

Qual o padrão de acometimento da doença celíaca?

A

Atinge o intestino delgado de forma descendente - inicia no duodeno, passa para o jejuno e para o íleo depois

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42
Q

Porque há um grande espectro clínico nos pacientes com doença celíaca?

A

Porque o corpo tenta se adaptar a reação autoimune, ou seja, se o duodeno está lesado, o jejuno e o íleo trabalham mais para compensar.

43
Q

Sobre a abordagem ao paciente com doença celíaca: o que devemos nos atentar na identificação?

A

Idade: início dos sintomas no 2º semestre de vida caso paciente apresente a forma típica da doença
Sexo: feminino
Etnia: caucasianos (não se sabe mais)

44
Q

Quais são os tipos de doença celíaca e quais são os tipos que causam diarreia?

A

Típica e oligossintomática - causam diarreia

Atípica e latente ou potencial

45
Q

Sobre a abordagem ao paciente com doença celíaca: o que devemos nos atentar na HMA?

A

Características de diarreia alta - grande volume, baixa frequência, sem tenesmo e restos alimentares como achados
Origem: insidiosa;
Paliação: melhora com o jejum;
Qualidade: alta, apresenta esteatorreia (bem clara na forma típica)
Sintomas associados: distensão abdominal, vômitos, anorexia e flatulência excessiva.
Tempo: contínua e crônica

46
Q

Sobre a abordagem ao paciente com doença celíaca: o que devemos nos atentar no interrogatório sistemático? (6)

A

Geral - perda ponderal, adinamia (pode ser séc. a anemia)
Peles e fâneros - unhas quebradiças, alopecia e dermatite herpetiforme (lesão papulovesicular pruriginosa)
Gastrointestinal - dispepsia
Endócrino - amenorreia, atraso na puberdade e infertilidade
Neurológico - atraso no desenvolvimento (falta de vit. B12)
Osteomuscular - fragilidade óssea (falta de vit. D e ferro)

47
Q

Sobre a abordagem ao paciente com doença celíaca: o que devemos nos atentar nos antecedentes pessoais?

A

Doenças autoimunes - DM tipo 1 e tireoidopatias autoimunes

Síndromes genéticas - Down e Turner

48
Q

Sobre a abordagem ao paciente com doença celíaca: o que devemos nos atentar nos antecedentes familiares?

A

Doenças autoimunes

HF de doença celíaca em parentes de 1º ou 2º grau

49
Q

Sobre a abordagem ao paciente com doença celíaca: o que devemos nos atentar nos hábitos de vida e na HPS?

A

HV - consumo de glúten pelo paciente

HPS - impacto na vida do paciente, depressão

50
Q

Sobre a abordagem ao paciente com doença celíaca: o que devemos avaliar no exame físico?

A

Normalmente está normal
Geral - pode ter desnutrição, mucosas hipocrômicas e estatura inadequada
Abdominal - RHA aumentados, hipertimpanismo e dor abdominal a palpação
Pele - dermatite herpetiforme

51
Q

O paciente chegou com queixa de diarreia crônica sem febre e queremos descobrir se ele apresenta esteatorreia. Como prosseguir?

A

Pacientes típicos - relatam características evidentes de esteatorreia, não precisa de teste de gordura fecal pra confirmar
Pacientes oligossintomáticos - realizar teste de gordura fecal

52
Q

Caso o teste qualitativo de gordura fecal confirme ou não a presença de gordura nas fezes, como devemos prosseguir?

A

Confirmou - realizar teste quantitativo de gordura fecal

Não confirmou - buscar outros mecanismos.

53
Q

Após confirmação de esteatorreia, quais testes diagnósticos devemos realizar para doença celíaca?

A

IgA anti-TTG (positivo - biópsia, negativo - IgA total)

IgG anti-DGP caso haja deficiência de IgA total (positivo - biópsia)

54
Q

Porque é importante que o paciente esteja comendo glúten quando for realizar a biópsia duodeno-jejunal?

A

Pelo risco de falso-negativo, já que as alterações na mucosa pela doença celíaca são reversíveis

55
Q

Como fechar o diagnóstico de doença celíaca?

A

O paciente tem que parar de comer glúten e, se houver melhora nos sintomas, podemos fechar o diagnóstico.

56
Q

Quais outros exames, além dos testes diagnósticos para doença celíaca, devemos realizar?

A

Hemograma - investigar anemia
Bioquímica sérica - perfil bioquímico do ferro, vitaminas (K, E, D, A e B12), função renal (ureia e creatinina) eletrólitos (Na, K, Ca), folato sérico e albumina sérica

57
Q

Como é feito o tratamento para doença celíaca?

A

Cortar toda e qualquer forma de glúten da dieta
Nos primeiros 15-30 dias, cortar laticínios (intolerância transitória a lactose)
Tratar condições associadas - repor água, vitaminas, cálcio, bifosfonados, ácido fólico e ferro

58
Q

Porque não utilizamos imunossupressores nos pacientes com doença celíaca?

A

Porque eles possuem vários efeitos adversos, sendo que o paciente pode reverter o quadro apenas com a retirada do glúten da dieta. Logo, utilizamos imunossupressor apenas em pacientes refratários

59
Q

Quais são os tipos de DII?

A

Retocolite ulcerativa
Doença de Crohn
Colite indeterminada (15% dos casos)

60
Q

Explique a fisiopatologia da DII

A

A etiologia não é bem definida; ocorre em indivíduos com predisposição genética que sofrem um ataque crônico ao TGI por fatores ambientais ou genéticos - o corpo gera uma resposta imune desregulada - inflamação crônica

61
Q

Quais são as principais características da fisiopatologia da DII?

A

É uma doença sistêmica e idiopática.

62
Q

O intestino é subdividido em 4 camadas histológicas, quais são elas?

A

Mucosa
Submucosa
Muscular
Adventícia

63
Q

Quais são as principais características da RCU? (6)

A

Atinge apenas o intestino grosso
Contínua e ascendente
Demarcação entre a mucosa inflamada e normal
Restrita a mucosa
Achados: mucosa eritematosa, ulcerada e com aspecto hemorrágico
Formação de pseudopólipos nos períodos de remissão pela regeneração teciduaL

64
Q

Quais são as principais características da DC? (5)

A

Pode acometer qualquer porção do TGI
Saltatória
Mucosa inflamada e normal estão misturadas, formando as pedras de calçamento
Transmural
Achados: úlceras aftoides e granulomas não caseosos

65
Q

Quais são as características da extensão da RCU?

A

50% - acomete reto e sigmoide
30% - acomete até flexura esquerda
20% - pancolite (pode ser grave e causar uma ileíte de refluxo)
Acomete o reto, mas preserva o canal anal

66
Q

Quais são as características da extensão da DC?

A
30% - acomete apenas delgado 
40% - acomete delgado e grosso
25% - acomete apenas grosso
5% - acomete outras regiões do TGI
Preserva o reto, mas acomete o canal anal
67
Q

Sobre a abordagem da DII: o que devemos atentar na identificação?

A

Idade: apresentam 2 picos de incidência - 20 aos 29 anos (principal) e 60 aos 80 anos
Sexo: não tem diferença

68
Q

Sobre a abordagem da DII: o que devemos atentar na HMA?

A

Origem - insidiosa
Paliação - não cessa com jejum, paciente pode apresentar diarreia noturna
Qualidade - pode ser alta ou baixa
Sintomas associados - dor abdominal tipo cólica (QID em casos de ileocolite ou no abdome inferior), febre, náuseas e vômitos.
Tempo - intermitente (períodos de remissão e exacerbação).

69
Q

Quais são as características do quadro clínico da RCU e da DC?

A

RCU - disenteria, tenesmo, sangramento intestinal, urgência e incontinência fecal, síndrome disabsortiva em casos de ileíte de refluxo
DC - esteatorreia se for alta, ileocolite, 1/3 dos casos apresenta doença perianal

70
Q

Sobre a abordagem da DII: o que devemos atentar no interrogatório sistemático geral?

A

Perda de peso, anorexia e fadiga - mais característicos de DC, mas podem se apresentar na RCU em casos de ileíte de refluxo

71
Q

Sobre a abordagem da DII: o que devemos atentar no interrogatório sistemático dos olhos?

A

Uveíte (RCU e DC) - paciente apresenta dor ocular, fotofobia e visão turva
Epiesclerite (DC) - queimação ocular

72
Q

Sobre a abordagem da DII: o que devemos atentar no interrogatório sistemático da pele?

A
Eritema nodoso (DC) - nódulos vermelhos, quentes e dolorosos, costumam se localizar na face anterior da pele
Pioderma gangrenoso (RCU) - lesão ulcerada com centro necrótico
73
Q

Sobre a abordagem da DII: o que devemos atentar no interrogatório sistemático osteoarticular?

A
Artrite periférica (DC) - artralgia de grandes articulações dos MMSS e MMII, assimétrica, poliarticular e migratória 
Espondilite anquilosante (DC) - rigidez matinal, lombalgia, dor em nádegas, postura curvada
74
Q

Sobre a abordagem da DII: o que devemos atentar no interrogatório sistemático hepatobiliar e genitourinário?

A
Hepatobiliar:
Colangite esclerosante primária (RCU) - fator de mal prognóstico, paciente apresenta icterícia, fadiga e dor em QSD 
Litíase biliar (DC)
Genitourinário:
Nefrolitíase (DC)
75
Q

Quais são as manifestações extra-intestinais da DII que dependem ou independem da manifestação inflamatória da doença?

A

Dependem - artrite periférica, eritema nodoso e epiesclerite
Independem - espondilite anquilosante, pioderma gangrenoso e uveíte

76
Q

Sobre a abordagem da DII: o que devemos atentar nos antecedentes pessoais e familiares? E nos hábitos de vida?

A

AP - Questionar se paciente já teve um evento tromboembólico (TEP ou TVP), porque as DII levam a um estado de hipercoagulabilidade
AF - histórico familiar de DII em parente de primeiro grau (principal fator de risco)
HV - tabagismo está relacionado com DC

77
Q

Sobre a abordagem da DII: o que devemos avaliar no exame físico?

A

Geral: perda de peso e sinais de desnutrição (DC), febre (RCU e DC)
Boca: úlceras aftoides (DC)
Pele: eritema nodoso (DC) e pioderma gangrenoso (RCU)
Abdome: dor à palpação abdominal (DC e RCU), massa palpável (DC, ocorre por espessamento de alça ou abscesso)
Retal: sangue em dedo de luva (RCU), doença perianal (DC)

78
Q

Quais são as principais complicações da DC?

A

Fístulas, estenose de alça, abscessos e doença perianal

79
Q

Quais são as características das fístulas séc. a DC?

A

Ocorrem pela inflamação transmural
Acometem 20-40% dos pacientes
Mais comuns: perianais, enteroentéricas e enterocutâneas

80
Q

Quais são as características da estenose de alça séc. a DC?

A

O corpo tenta regenerar o tecido após a inflamação transmural, gerando fibrose da parede intestinal
40% dos pacientes tem obstrução intestinal
Quadro clínico: cólicas, distensão abdominal pós-prandial, constipação e massa palpável dolorosa

81
Q

Quais são as características dos abscessos séc. a DC?

A

Ocorrem quando o conteúdo intestinal vaza pela parede e fica contido em uma estrutura
Mais comum no íleo terminal
Quadro clínico: cólicas, febre, leucocitose
Diagnóstico pode TC

82
Q

Quais são as características da doença perianal séc. a DC?

A

Acomete 1/3 dos pacientes com DC
Pode levar a destruição do esfíncter fecal - incontinência fecal
Pode se manifestar de diversas formas - fístulas, úlceras no canal anal, abscessos, hemorroidas e estenoses

83
Q

Quais são as principais complicações da RCU? Caracterize-as

A

Megacólon tóxico - ocorre em casos de RCU grave:
Inflamação até a camada muscular por contiguidade, levando a uma perda do tônus muscular e dilatação do cólon transverso ou direito > ou = 6cm
Quadro clínico: febre, taquicardia, distensão e dor
Diagnóstico: radiografia de abdome
CA colorretal - associada a ambas DII, mas principalmente a RCU
Fatores de risco: tempo de doença > 8 anos, extensão grande de acometimento, CEP associada
8-10 anos de DII - realizar rastreio anual através de ileocolonoscopia com biópsia

84
Q

Quais são os exames gerais utilizados no diagnóstico das DII?

A

Hemograma, função renal (ureia e creatinina), eletrólitos, perfil do ferro, vitamina B12, albumina sérica, folato sérico, transaminases, fosfatase alcalina e VHS e PCR

85
Q

O que devemos buscar no hemograma de um paciente com suspeita de DII?

A

Hemoglobina - buscar por anemia
Leucócitos - buscar por leucocitose
Plaquetas - buscar por trombocitose - indica quadro de hipercoagulabilidade

86
Q

Quais são os exames específicos utilizados no diagnóstico das DII? Caracterize-os

A

Biomarcadores fecais - calprotectina e lactoferrina: indicam presença de inflamação intestinal, mas não são específicos para DII nem necessários para o diagnóstico, sendo utilizados para afastar o diagnóstico diferencial de síndrome do intestino irritável
Autoanticorpos: P-ANCA (positivo na RCU) ASCA (positivo na DC)
Exames endoscópicos:
DC - ileocolonoscopia + biópsia, cápsula endoscópica quando acomete o delgado e EDA quando acomete o TGI alto
RCU - retossigmoidoscopia + biópsia

87
Q

Sobre a gravidade da RCU: caracterize a doença leve.

A
Evacuações por dia: até 4; 
Pulso: <60bpm;
Temperatura: < 37°C
HB: > 11,5 g/dl 
VHS ou PCR: normal
88
Q

Sobre a gravidade da RCU: caracterize a doença moderada.

A

Evacuações por dia: > 4
Pulso: < ou = 90bpm Temperatura: < ou = 37,8 °C
HB: > ou = 10,5g/dl
VHS ou PCR: normal ou pouco aumentado.

89
Q

Sobre a gravidade da RCU: caracterize a doença grave.

A
Evacuações por dia: > ou = 6
Pulso: > 90bpm 
Temperatura: > 37,8 °C
HB: < 10,5 g/dl
VHS ou PCR: aumentado.
90
Q

Sobre a gravidade da DC: caracterize a doença leve a moderada.

A

Tolera dieta oral, não apresenta desidratação, sem sinais de inflamação sistêmica, hipersensibilidade abdominal, massas, obstrução intestinal ou perda de peso > 10%

91
Q

Sobre a gravidade da DC: caracterize a doença moderada a grave.

A

Sinais de inflamação sistêmica (febre), náuseas/vômitos, dor/hipersensibilidade abdominal, perda ponderal > 10% e/ou anemia + ausência de resposta ao tratamento inicial

92
Q

Sobre a gravidade da DC: caracterize a doença grave a fulminante.

A

Toxêmico (febre alta, prostração), vômitos persistentes, obstrução intestinal, sinais de irritação peritoneal e síndrome consumptiva + ausência de resposta aos agentes anti-inflamatórios

93
Q

Sobre o tratamento das DII: quais os componentes do suporte global que deve ser oferecido ao paciente?

A

Acompanhamento nutricional, psicológico, vacinação, cessar tabagismo e rastreio de CA de cólon

94
Q

Quais as estratégias adotadas no tratamento clínico das DII?

A

STEP UP - inicia com medicamentos de menor complexidade e vai aumentando, indicado para doença leve
TOP DOWN - inicia com medicamentos potentes e vai diminuindo a complexidade na medida que o paciente for respondendo, indicado para doença grave

95
Q

Qual são os medicamentos utilizados para o tratamento da DII?

A

Derivados do ácido 5-aminosalicílico
Glicocorticoides
Imunomoduladores
Agentes biológicos

96
Q

Caracterize o tratamento da DII com derivados do ácido 5-aminosalicílico

A

Utilizados para remissão e manutenção
Medicamentos anti-inflamatórios de ação tópica
Menor potência e menor complexidade
Mesalazina - administrado por via retal, age melhor na colite distal e na ileíte, indicado em casos de RCU e DC leve
Sulfassalazina - administrado por via oral, atravessam o intestino sem sofrer metabolização e absorção, são ativados pela microbiota colônica (agem apenas no intestino grosso), deve-se realizar reposição de ácido fólico

97
Q

Caracterize o tratamento da DII com glicocorticoides

A

Utilizado apenas para remissão (risco benefício desfavorável no uso prolongado)
Via intravenosa - hidrocortisona, indicada para casos graves com inflamação intensa
Via oral - budesonida, método mais indicado
Via retal - enema de hidrocortisona, utilizado principalmente na RCU
Iniciar com dose alta - redução dos sintomas - reduzir lentamente

98
Q

Caracterize o tratamento da DII com imunomoduladores

A

Utiliza-se as tiopurinas - azatioprina (mais utilizada, é uma pró-droga) e mercaptopurina
Indicada para pacientes que não conseguem reduzir a dose de glicocorticoide e/ou para DII moderada a grave

99
Q

Caracterize o tratamento da DII com agentes biológicos

A

Representados pelos agentes anti-TNF, sendo que o TNF-alfa é uma citocina pró-inflamatória
Infliximab - administrado pela via intravenosa
Adalimumab - administrado pela via subcutânea
Aumentam a chance de infecções oportunistas por patógenos intracelulares

100
Q

Quando podemos utilizar antidiarreicos e anticolinérgicos para tratar DII?

A

Casos selecionados de doença leve, pois podem predispor a um megacólon tóxico

101
Q

Qual deve ser a conduta do tratamento clínico de acordo com a gravidade da doença?

A

Doença leve a moderada - STEP UP - iniciar pelos aminossalicilatos
Doença moderada a grave - TOP DOWN - iniciar pelos agentes biológicos e imunomoduladores
Doença grave a fulminante - internar paciente e investigar complicações

102
Q

Sobre o tratamento cirúrgico da DC:
Qual a porcentagem de pacientes com DC que necessitam?
Quais são as indicações? (7)

A

50% dos pacientes vão ter pelo menos uma cirurgia ao longo da vida - podem desenvolver síndrome do intestino curto
Indicações: obstrução intestinal, abscessos, fístulas refratárias, hemorragia maciça, refratário ao tratamento clínico, displasia de alto grau (cólon) ou CA

103
Q

Sobre o tratamento cirúrgico da RCU:
Quais são as indicações? (7)
Qual cirurgia possibilita a cura?

A

Indicações: megacólon tóxico refratário ao tratamento clínico, hemorragia grave, perfuração, refratariedade ao tratamento clínico, retardo do crescimento em crianças, displasia de alto grau ou CA
Proctocolectomia total