CIR 1 - SÍNDROME DE HIPERTENSÃO PORTAL E INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA Flashcards

1
Q

1 - 2021 UNICAMP
Mulher, 63a, com diagnóstico de cirrose alcoólica, está internada por descompesação clínica há 3 dias, com piora da ascite, oligúria e início de encefalopatia hepática. Em uso diário de espironolactona 200mg,
furosemida 40mg e complexo vitamínico. Creatinina 1,7 mg/dL; (0,8 mg/dL na entrada); Líquido ascítico: hemácias= 1.300/mm³, leucócitos= 420/mm³ (62% de linfócitos, 31% neutrófilos e 7% de monócitos); proteína= 1,4 g/dL, albumina= 0,7 g/dL, O DIAGNÓSTICO E A CONDUTA SÃO:
A) Peritonite bacteriana espontânea com disfunção renal; prescrever ceftriaxona e albumina.
B) Lesão renal aguda estágio 1; reduzir diuréticos e prescrever ceftriaxona empírico.
C) Lesão renal aguda estágio 2; suspender diuréticos e prescrever albumina humana.
D) Síndrome hepatorrenal; prescrever albumina humana e terlipressina

A

C

Pessoal, vamos lá: em primeiro lugar, esta paciente não preenche critério para PBE (< 250
neutrófilos/mm3 no líquido ascítico). Existe uma piora significativa na função renal. Já podemos então
diagnosticar SHR neste caso? Não, pois ela não preenche os critérios diagnósticos vigentes, que são: -
Doença hepática aguda ou crônica com insuficiência hepática avançada e hipertensão portal.
- Creatinina sérica > 1,5 mg/dl (recentemente, a definição de aumento ≥ 0,3 mg/dl em 48h ou ≥ 50% em
sete dias passou a vigorar, em consonância com as recomendações das diretrizes das Sociedades de
Nefrologia).
- Ausência da melhora da creatinina sérica após pelo menos dois dias de retirada de diuréticos e
expansão volêmica com albumina (1 g/kg/dia até o limite de 100 g/dia).
- Ausência de causa aparente, entre elas: choque, infecção bacteriana, uso recente ou atual de drogas
nefrotóxicas e ausência de sinal ultrassonográfico sugestivo de obstrução ou doença parenquimatosa
renal.
- Hematúria < 50 hemácias por campo de maior aumento e proteinúria < 500 mg/dia. Atentem
particularmente ao terceiro critério. É necessário suspender os diuréticos, repor albumina e aguardar
dois dias, o que ainda não foi feito neste caso. Cabe ressaltar que apenas uma minoria dos pacientes
cirróticos que apresentam azotemia possui de fato a SHR, sendo a etiologia mais comum uma LRA pré-
renal. Logo, no momento não podemos fechar o diagnóstico de SHR! E lesão renal aguda? Podemos!
Segundo a classificação da AKIN, teríamos uma LRA estágio II (aumento da Creatinina em 2-3 vezes o
valor basal OU débito urinário < 0,5 ml/kg/h durante mais de 12h). A melhor abordagem para esta
paciente também está descrita na opção C.

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2
Q

2 - 2021 UNICAMP
Mulher, 42a, encaminhada do dermatologista por alteração de exames laboratoriais que realizou em
investigação de alergia de pele com prurido e uso eventual de loratadina. Antecedentes pessoais: nega
uso de outras medicações e ingere 4 latas de cerveja nos finais de semana. Exame físico: IMC= 31kg/m2.
AST= 51 U/L; ALT= 42 U/L; Fosfatase Alcalina= 369 U/L; GGT= 561 U/L; glicemia de jejum= 110 mg/dL. O
DIAGNÓSTICO E A CONDUTA SÃO:
A) Doença hepática gordurosa não alcoólica associada à síndrome metabólica; orientar hábitos
alimentares.
B) Toxicidade por álcool e/ou loratadina; suspender o uso e repetir exames após quatro semanas.
C) Não é possível definir o diagnóstico; prosseguir investigação com biópsia hepática percutânea.
D) Hepatopatia de padrão colestático, realizar exame de imagem e pesquisar anticorpo antimitocôndria.

A

D

Temos uma mulher de meia idade com prurido, aumento de enzimas canaliculares (FAL/GGT) e
transaminases discretamente tocadas. Devemos pensar numa hepatopatia de padrão colestático, neste
caso NECESSARIAMENTE em cirrose biliar primária (ou colangite biliar primária) inicial, pois: - 90% dos
pacientes acometidos são mulheres de meia idade; - A manifestação inicial é sempre o prurido (é uma
causa de prurido inexplicado); - Apenas depois de vários anos, o paciente vem a apresentar a famosa
tríade: prurido + icterícia + hiperpigmentação cutânea (melanose). - A CBP é caracterizada pelo aumento
precoce e acentuado da fosfatase alcalina, acompanhada da gama GT. A hiperbilirrubinemia (BD)
aparece tardiamente. Logo, o próximo passo é realização de USG (para avaliação de outras causas de
colestase) e a solicitação do anticorpo antimitocôndria. Os testes ELISA, por exemplo, têm 95% de
sensibilidade e 98% de especificidade para o diagnóstico de CBP. Resposta: letra D

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3
Q
3 - 2021 HSJC - SP
É causa de ascite com GASA menos que 1,1:
A) Cirrose
B) Tuberculose
C) ICC
D) Síndrome de Budd Chiari
A

B

Uma ascite qualquer pode pertencer a dois grandes grupos: ALTO gradiente de albumina ou BAIXO
gradiente de albumina. Para classificarmos a ascite, basta subtrairmos a quantidade de albumina do
plasma da albumina do líquido ascítico para obtermos o gradiente de albumina soro-ascite ou GASA! Um
GASA ≥ 1,1 é sinônimo de líquido transudativo e pobre em proteínas, formado por um mecanismo que
envolve aumento de pressão vascular, altamente sugestivo de hipertensão porta. Um gradiente < 1,1
ocorre em doenças exsudativas, isto é, ocorreu lesão peritoneal (seja ela inflamatória/infecciosa, seja ela
neoplásica) que gerou alteração de permeabilidade dos pequenos vasos, originando um líquido rico em
proteínas (estamos falando da carcinomatose peritoneal e da peritonite tuberculosa). Atenção, pois a
ascite da síndrome nefrótica possui uma peculiaridade: embora o mecanismo de formação envolve o
desiquilíbrio pressórico por uma baixa pressão oncótica e retenção hidrossalina, a hipoalbuminemia
reduz o GASA para valores < 1,1, classificando-a erroneamente como “exsudativa”. Com base no
discutido, vamos às alternativas: a ascite da hipertensão porta é a causa mais comum e 85% das vezes
esá associada à cirrose hepática, tendo assim, um gradiente superior a 1,1 (A INCORRETA). A ascite
cardiogênica também é tipicamente transudativa, geralmente associada a pericardite constritiva. Outras
condições incluem a cardiomiopatia restritiva, a insuficiência tricúspide grave e a falência ventricular
direita (C INCORRETA). A tuberculose peritoneal é a causa mais importante de ascite infecciosa, então
teremos um baixo gradiente de albumina pelo mecanismo inflamatório que a explica (B CORRETA). A
síndrome de Budd-Chiari surge da trombose parcial ou completa de qualquer um dos ramos da veia
hepática ou da combinação entre eles, causando ascite volumosa que se acumula de forma subaguda
(semanas a meses). É uma causa de hipertensão porta pós-hepática, ou seja, também temos um GASA
elevado (D INCORRETA). Resposta: letra B

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4
Q

4 - 2021 UNICAMP
Homem, 30a, hígido, realizou exames laboratoriais admissionais onde foi encontrado ALT= 60 UI/L (normal < 50 UI/L). Antecedente pessoal: ingesta de bebida alcoólica diária (2-3 cervejas/dia). Foi orientado a parar a ingestão de bebida alcoólica. Exames laboratoriais: AgHBs= reagente; Anti-HBs= não reagente; Anti-HBc= reagente; AgHBe= não reagente; Anti-HBe= reagente; sorologia Hepatite C= não reagente; sorologia Hepatite A: IgG =reagente; IgM= não reagente.

A CONDUTA INICIAL É:

A

SOLICITAR HBV DNA QUANTITATIVO

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5
Q
A respeito da encefalopatia hepática, são fatores precipitantes: I. Hemorragia digestiva. II. Peritonite
bacteriana espontânea. III. Constipação. IV. Hipervolemia. V. Trombose da veia porta. Está correto o que se
afirma em
A) I, II, III, IV e V.
B) I, IV e V, apenas.
C) I, II e III, apenas.
D) I, II, III e V, apenas.
E) II, IV e V, apenas.
A

d

Qualquer condição que contribua para a descompensação da doença hepática é um potencial fator precipitantes de encefalopatia hepática. Analisando cada um dos citados: I - Hemorragia: SIM. Aumenta a proliferação bacteriana na luz intestinal e, consequentemente, a translocação. II - PBE: SIM. Qualquer tipo de infecção aumenta o consumo proteico e a produção de amônia, que leva a encefalopatia. III -
Constipação: SIM. A estase no trânsito intestinal aumenta o risco de translocação bacteriana. Por esse
motivo, prescrevemos lactulose para os pacientes cirróticos. IV - Hipervolemia: NÃO. O que poderia descompensar o paciente seria a HIPOvolemia. V- Trombose de veia porta: SIM. Aumenta a pressão portal e intensifica todos os sintomas.
Portanto, gabarito letra D

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6
Q

6 - 2021 IAMSPE
Uma paciente de vinte anos de idade obteve os seguintes resultados de exames: anti-HBsAg reagente; HBsAg não reagente; e HBeAg não reagente. Com base nessa situação hipotética, assinale a alternativa que apresenta a interpretação CORRETA dos resultados.
A) A paciente foi imunizada para hepatite B.
B) A paciente tem hepatite B na fase crônica.
C) A paciente tem hepatite B e está na fase aguda.
D) A paciente tem hepatite C.
E) A paciente tem hepatite A.

A

A

Vamos avaliar o perfil sorológico apresentado. No enunciado, não há qualquer exame relativo aos vírus
A ou C da hepatite (letras D e E incorretas). Agora, vamos ao vírus B, único para o qual há informações no
enunciado… Pelo fato de a paciente ter HBsAg negativo, é possível dizer que ela não tem hepatite B
(letras B e C incorretas). Já o anti-HBs positivo sugere que a paciente tem imunidade contra o vírus B –
assim, já poderíamos, por exclusão, ficar com a letra A. Para saber se essa defesa é proveniente de
infecção ou vacinação, seria necessário checar o resultado do anti-HBc, que não está disponível no
enunciado. Mas, vamos relembrar: se tal marcador fosse positivo, pensaríamos em imunidade após
contato direito com o vírus; caso negativo, em imunidade provocada por vacinação. Resposta: letra A.

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7
Q

7 - 2021 IAMSPE
Uma paciente de dezoito anos de idade obteve os seguintes resultados de exames: anti-HBsAg não
reagente; HBsAg não reagente, e HBeAg não reagente. Com base nesse caso hipotético, assinale a
alternativa que apresenta a interpretação correta dos resultados.
A) A paciente tem hepatite B e está na fase aguda.
B) A paciente não teve contato com hepatite B.
C) A paciente tem hepatite B na fase crônica.
D) A paciente foi imunizada para hepatite B.
E) A paciente teve contato com hepatite B

A

B

Vamos avaliar o perfil sorológico. A paciente apresenta um HBsAg negativo, o que nos possibilita dizer
que ela não tem hepatite B (letras A e C incorretas). Já o anti-HBs negativo sugere que ela não tem
imunidade contra o vírus B (letra D incorreta). Para saber se ela já teve contato com aquele patógeno,
seria necessário checar o resultado do anti-HBc, que não está disponível no enunciado – assim, não é
possível afirmar que ela tenha feito contato com o agente (letra E incorreta). Assim, nos resta, por
exclusão, a letra B: ora, se ela não tem o vírus em si (HBsAg negativo) e não tem resposta imune contra
ele (anti-HBs negativo), é razoável assumir que ela jamais tivera contato com o patógeno em
tela. Resposta: letra B.

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8
Q
8 - 2021 HSL - SP
Paciente sexo masculino, 46 anos, etilista desde os 18 anos, procurou atendimento médico por queixar-se
de fraqueza, olhos amarelos, aumento do volume abdominal. O médico que o atendeu fez o diagnóstico de cirrose hepática. Das alterações abaixo, podem estar presentes nesse paciente: 
I. Varizes esofágicas. 
II. Atrofia testicular. 
III. Esplenomegalia. 
IV. Flapping. 
V. Trombocitopenia. 
Está correto o que se afirma em
A) I, II, III, IV e V.
B) I, III e IV, apenas.
C) I, II e V, apenas.
D) I, III, IV e V, apenas.
E) II e IV, apenas.
A

A

Todas as alterações citadas fazem parte das manifestações clínicas da cirrose. Varizes, esplenomegalia e
trombocitopenia são causadas pelo aumento da pressão portal e refluxo do sangue venoso por
colaterais. Flapping ainda não é bom compreendido, mas acredita-se fazer parte do acúmulo de amônia.
Atrofia testicular ocorre pelo deslocalmente da produção de testosterona em estrogênio por conta da
superatividade da aromatase. Gabarito letra A

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9
Q

9 - 2021 UNICAMP
Homem 43a, retorna à Unidade Básica de Saúde com resultados de exames. Antecedente pessoal: Nega
tabagismo e etilismo. Exame físico: IMC= 23 kg/m2 , circunferência abdominal= 115 cm, PA= 135x92 mmHg. Ultrassonografia abdominal: fígado hiperecogênico com contraste hepatorrenal moderado; triglicérides= 210 mg/dl, Colesterol HDL= 31 mg/dl, glicemia em jejum= 113 mg/dl, PCR ultrassensível = 4mg/dl, HOMA= 3,5.
A HIPÓTESE DIAGNÓSTICA É:
A) Doença do fígado gorduroso associado à disfunção metabólica.
B) Dislipidemia por triglicérides com diabete melito tipo 2 secundário.
C) Resistência periférica à insulina e dislipidemia mista.
D) Síndrome da resposta inflamatória associada à esteatose hepática.

A

A

O paciente da questão, apesar de ter IMC normal, apresenta aumento da circunferência abdominal, o
que configura um critério para a síndrome metabólica. Além disso, tem mais todos os outros critérios da
mesma síndrome: níveis de PA elevados, hipertrigliceridemia, HDL diminuído e glicemia de jejum
alterada (sem configurar ainda diabetes). Se ainda havia alguma dúvida, o HOMA (índice de resistência à
insulina: é feito um cálculo derivado de um modelo matemático utilizando insulinemia e glicemia de
jejum com o objetivo de avaliar os indivíduos que têm resistência insulínica; trata-se de um parâmetro
mais preciso que a insulinemia isoladamente; seus níveis de referência variam na literatura, mas,
geralmente, níveis < 2,15-2,70 podem ser vistos na literatura) também está aumentado!!! Nesse caso, a
presença de um fígado hiperecogênico à ultrassonografia nos aponta para o quadro de esteatose
hepática, classificada pela presença de contraste hepatorrenal como moderada. Uma vez que a questão
já foi clara ao dizer que ele não é etilista, o diagnóstico mais provável é o de Doença Hepática Gordurosa
Não Alcoólica (DHGNA) relacionada à síndrome metabólica. A dislipidemia mista, citada na alternativa C,
se refere à hipertrigliceridemia associada ao aumento dos níveis de LDL, dado que não foi apresentado
no enunciado. Até poderíamos calculá-lo através da fórmula de Friedewald (LDL = CT - HDL - [Tg/5]), mas
também não temos o valor do colesterol total (CT). Resposta: letra A

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10
Q

10 - 2021 SUS - SP
Paciente portador de cirrose hepática por vírus C evolui com distensão abdominal e encefalopatia hepática grau 2. Submetido a paracentese diagnóstica com análise do líquido ascítico revelando presença de polimorfo-nucleares = 380/mm3, bacterioscopia negativa e cultura em andamento. A conduta mais indicada é:
A) repetir a paracentese em 24 horas.
B) iniciar com ceftriaxone.
C) aguardar as culturas e repetir a paracentese caso haja piora do grau da encefalopatia hepática.
D) iniciar com caspofungina.
E) realizar controle ultrassonográfico somente.

A

B

Diante de um paciente com cirrose e ascite, a deteriorização do quadro clínico deve nos chamar atenção para a hipótese de peritonite bacteriana espontânea (PBE), principalmente se houver febre ou dor abdominal associada. Assim sendo, torna-se imperativa a realização de uma paracentese para análise do líquido ascítico. O diagnóstico de PBE, nestes casos, fica definido quando houver uma contagem de polimorfonucleares (PMN) no líquido ascítico > 250/mm³, com cultura positiva monobacteriana. Como a cultura demora 48h para revelar o resultado e o tratamento não pode esperar, o diagnóstico já pode ser considerado apenas pelo critério dos leucócitos! Logo, está errado repetir a paracentese, aguardar as culcutas ou apenas acompanhar com ultrassonografia. Por isso, as letras A, C e E são incorretas.E se a cultura fechar negativa? Nestes casos, teremos o diagnóstico de ascite neutrofílica. Porém, como esses pacientes costumam ter achados clínicos e mortalidade semelhantes aos da PBE, eles devem sempre receber antibioticoterapia.O tratamento de escolha para PBE é com uma cefalosporina de terceira geração intravenosa: cefotaxime 2g IV, 8/8h. Mas o ceftriaxone é uma alternativa muito utilizada em nosso meio. A cobertura para fungos não é recomendada de rotina e, por isso, a letra D está incorreta. Resposta: letra B

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11
Q

11 - 2021 SUS - SP
A avaliação imunológica compatível com critérios de cura da hepatite B é encontrada na alternativa:
A) anti-HBsAg = positivo, anti-HBc = positivo, HBsAg = negativo, HBeAg = negativo.
B) anti-HBsAg = negativo, anti-HBc = negativo, HBsAg = negativo, HBeAg = negativo.
C) HBsAg = positivo, HBeAg = negativo.
D) anti-HCV = negativo, anti-HAV = negativo, HBsAg = negativo, HBeAg = negativo.
E) anti-HBsAg = negativo, anti-HBc = negativo.

A

A

Primeiramente, vamos relembrar o significado clínico de cada um destes marcadores:- HBsAg (antígeno Austrália): é o primeiro marcador da doença, presente no soro do paciente poucas semanas após o contágio.- Anti-HBc total: marcador que representa contato prévio com o vírus. Está presente nas infecções agudas pela presença de IgM e crônicas pela presença de IgG.- HBeAg: marcador de replicação viral; sua positividade indica alta infecciosidade.- Anti-HBe: surge após o desaparecimento do HBeAg, indicando o fim da fase replicativa.- Anti-HBs: é o único anticorpo que confere imunidade contra o vírus da hepatite B. Está presente no soro após o desaparecimento do HBsAg, sendo indicador de cura e imunidade e, isoladamente, em pessoas vacinadas.Sendo assim, como acabamos de ver, a cura depende da positividade do anti-HBs e do anti-HBc, o que está presente apenas na letra A. Se apenas o anti-HBs estiver positivo, pensaremos em vacinação.A letra C é compatível com a presença de infecção ativa e as letras B, D e E possuem todos os marcadores negativos, sugerindo que nunca houve contato com o vírus (logo, não podemos falar em critérios de cura).
Resposta: letra A

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12
Q

12 - 2021 USP - SP
Em relação à infecção pelo vírus da hepatite B, assinale a alternativa CORRETA:
A) A infecção confere imunidade duradoura por toda a vida.
B) A infecção perinatal apresenta maior risco de cronificação.
C) Anti-HBe reagente é indicador de menor risco de transmissão.
D) Anti-HBs reagente é indicador de maior risco de transmissão

A

B

Nem sempre a infecção pelo vírus da hepatite B confere imunidade duradoura por toda a vida: isso
geralmente acontece com os pacientes que conseguem se curar espontaneamente (em geral adultos, após infecção adquirida nesta idade) e que, posteriormente, não apresentam imunodepressão (por
doença ou tratamento - p. ex.: quimioterapia). Logo, a letra A não está correta, apesar de ter confundido muita gente. Quanto à letra B, não há dúvida: o risco de cronificação é inversamente proporcional à idade. Logo, este risco é máximo quando a infecção é adquirida pela via vertical! O anti-HBe+ indica que
o paciente “soroconverteu” contra o HBeAg, o antígeno produzido durante alta atividade replicativa viral. Contudo, não podemos esquecer que existe o mutante pré-core, que continua se replicando em altos níveis a despeito da presença do anti-HBe e negatividade do HBeAg (C, incorreta). O anti-HBs+ é considerado marcador de cura da infecção, logo, risco nulo de transmissão (D, incorreta).
Resposta: letra B

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13
Q

13 - 2021 USP - RP
Homem, 62 anos, com cirrose hepática associada ao álcool, refere ganho ponderal de 8 Kg nos últimos 3
meses. Na última semana, apresentou redução do volume urinário e dor abdominal difusa, que associa ao aumento do volume do abdome. Evacuação uma vez ao dia. Ao exame, abdome globoso, com sinal do
piparote positivo. Edema de membros inferiores ++/4+. Exames laboratoriais: creatinina: 1,1 mg/dl (VR: 0,7-1,5); sódio: 136 mEq/L (VR: 135-145); potássio: 4,8 mEq/L (VR: 3,5-5,0); albumina: 3,1 g/dl (VR: 3,5-4,8);
bilirrubina total: 4,5 mg/dl (VR: 0,8-1,2 mg/dL); bilirrubina direta: 3,2 mg/dl (VR: até 0,4 mg/dL); INR: 1,4 (VR: até 1,3). Paracentese diagnóstica: glóbulos brancos: 530/mm³, com 85% de neutrófilos. Além do
tratamento com antibiótico, qual a conduta mais adequada neste momento?
A) Furosemida.
B) Espironolactona.
C) Albumina.
D) Lactulose.

A

C

A presença de pelo menos 250 polimorfonucleares à paracentese já nos permite iniciar o tratamento
para PBE (embora seja necessária a cultura do líquido ascítico para que o diagnóstico seja confirmado)
com cefalosporina de terceira geração. Não podemos esquecer que todo paciente com PBE deve ser
submetido à profilaxia da síndrome hepatorrenal com albumina no D1 (1,5 g/kg) e no D3 (1,0 g/kg) de
terapia, independentemente do volume retirado na paracentese. Agora, um detalhe importante: perceba
que o paciente apresenta oligúria, o que pode configurar uma SHR já instalada! É preciso checar se o
paciente preenche os critérios diagnósticos: - Hepatopatia aguda ou crônica com insuficiência hepática e
hipertensão porta; - Injúria renal aguda (alguns autores usam o ponto de corte de 1,5 mg/dl de
creatinina, mas esse é um conceito que vem caindo em desuso – a definição clássica de IRA é a que vem
sendo mais aplicada); - Sedimento urinário inocente (hematúria < 50 células por campo de grande
aumento, proteinúria < 500 mg/dia) e ultrassonografia de rins e vias urinárias normal; - Ausência de
melhora da creatinina após dois dias de retirada de diuréticos (se o paciente fazia uso) e expansão
volêmica com albumina (1 g/kg/dia) – diferenciação com IRA de etiologia pré-renal (hipovolemia). Repare
que, embora não seja possível confirmar o diagnóstico, a infusão de albumina (profilática ou para
diagnóstico diferencial com IRA pré-renal) é necessária. Em relação às outras alternativas… Diante de um
paciente oligúrico, com suspeita de SHR, é preciso suspender os diuréticos, como vimos. Mesmo que o
paciente tenha ascite, isso não costuma causar grandes repercussões clínicas. Caso a ascite se agrave ou
seja de grande monta, podemos considerar a paracentese de alívio. A lactulose é uma ferramenta
terapêutica importante no manejo da encefalopatia hepática. Nessa condição, o paciente deve evacuar
fezes amolecidas 2–3 vezes por dia. Entretanto, como ele não possui qualquer sinal desta complicação,
sua prescrição não é obrigatória. Resposta: letra C.

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14
Q

14 - 2021 UNIFESP
Homem, 62 anos de idade, é admitido no PS com história de vômitos com sangue há 20 minutos. Exame físico: FC = 120 bpm, PA = 90/60 mmHg, icterícia ++/4+, descorado ++/4+, ascite leve e rebaixamento do nível de consciência. Qual é a hipótese diagnóstica mais provável?

A) Hemorragia de úlcera gástrica.
B) Sangramento de varizes isoladas de fundo gástrico.
C) Sangramento de varizes esofágicas.
D) Sangramento de tumor estenosante de esôfago

A

C

A principal causa de hemorragia digestiva alta é a DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA (80%) dos casos no geral.
No entanto, quando estamos diante de um paciente que apresenta claros estigmas periféricos de cirrose
hepática e hipertensão porta (icterícia e ascite), a causa mais provável passa a ser a rotura de varizes de
esôfago. Resposta: C. Obs.: varizes isoladas de fundo gástrico estão mais relacionadas à hipertensão
portal pré-hepática (sem cirrose) bem como condições como a pancreatite crônica com trombose da veia
esplênica

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15
Q
15 - 2021 FJG
A deficiência de ALFA1-antitripsina, que resulta de mutações hereditárias, é um inibidor de serina protease, impede sua exportação de determinadas células onde pode ocasionar seu acúmulo, resultando em inflamação e fibrose, assim como outros achados. Essa deficiência está mais correlacionada ao
desenvolvimento precoce de:
A) Insuficiência renal.
B) Cirrose hepática.
C) Atrofia cerebral.
D) Miocardite.
A

B

A deficiência de alfa-1-antitripsina é uma doença autossômica recessiva que se caracteriza pela
deficiência parcial desta enzima. Tal enzima é uma inibidora sérica das proteases e protege o tecido
alveolar pulmonar da destruição pela elastase dos neutrófilos. Na prova, geralmente deve ser lembrada
quando encontramos uma criança com cirrose/enfisema pulmonar na presença de história familiar positiva. O enfisema pulmonar é resultante da degradação do tecido conjuntivo pelas proteases. A lesão hepática, por sua vez, é resultado da polimerização e acúmulo das moléculas de alfa-1-antitripsina no interior dos hepatócitos, sendo que os mecanismos de lesão permanecem desconhecidos. O curso da doença hepática é bastante variado, sendo que o diagnóstico pode ser suspeitado através da
eletroforese de proteínas (mostrando redução da fração alfa-1-globulina), dosagem sérica de alfa-1-
antitripsina (< 85 mg/dl) ou mesmo por achados histológicos sugestivos. Não há tratamento específico
para a doença. A reposição enzimática tem sido usada para retardar a progressão do enfisema pulmonar, mas não há indícios de que possa produzir qualquer benefício para a hepatopatia que se
instala. Resposta: letra B.

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16
Q

16 - 2021 UFF

Paciente, 38 anos, assintomático e sem história prévia de icterícia, hepatites, hemotransfusões, cirurgias ou uso de drogas ilícitas. Apresenta os seguintes exames: HBsAg positivo, AntiHBc total positivo, AntiHBc IgM negativo, HBeAg negativo, AntiHBe positivo, AntiHBs negativo, ALT 29 UI/ml (LSN 40UI/ml), AST 33 UI/ml (LSN 40UI/ml). Com base somente nesses exames, podemos afirmar que se trata de

A) hepatite B aguda.
B) hepatite B resolvida.
C) HBsAg falso-positivo.
D) hepatite crônica B replicativa.
E) hepatite B crônica.
A

E

O HBsAg positivo indica que o vírus B circula pelo sangue do paciente (nessa situação, é de se esperar
que o anti-HBs, marcador de imunidade, seja negativo). O anti-HBc IgM negativo sugere que a infecção
não é aguda; a positividade do anti-HBc total se deve à fração IgG, que marca infecção mais antiga. O
anti-HBe positivo nos informa que a doença não está em fase replicativa, fato que também é sugerido
pela normalidade das aminotransferases. Dessa forma, podemos concluir que a opção correta é a
alternativa (E)

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17
Q
17 - 2021 UERJ
O uso de TIPS para tratamento da hipertensão portal é uma excelente opção nos pacientes com hemorragia varicosa de difícil controle. Uma complicação relacionada a esse tratamento é:
A) Sepse.
B) Síndrome hepatorrenal.
C) Encefalopatia hepática.
D) Trombose de veia cava inferior
A

C

O TIPS (derivação portosistêmica transjugular intra-hepática) é um procedimento percutâneo que forma
uma comunicação artificial (por um stent) entre o sistema porta e a circulação venosa sistêmica, usualmente no ramo direito da veia porta, realizada no espaço intra-hepático, após a punção da veia jugular interna. Ele consegue diminuir a pressão no sistema porta, o que acaba controlando o sangramento. Seu maior entrave, no entanto, é sua disponibilidade. As principais complicações são a encefalopatia hepática e a estenose do stent. A encefalopatia ocorre em cerca de 30% dos casos, 2-3 semanas após a implantação da TIPS e está associada ao shunt de diâmetro > 10 mm. Como desvia praticamente todo o sangue do sistema porta para o sistema cava, o sangue originário dos capilares mesentéricos chega à circulação sistêmica passando diretamente pela TIPS, sem sofrer a primeira passagem pelo fígado (detoxicação hepática). Como consequência, substâncias tóxicas, como a amônia, chegam mais facilmente ao sistema nervoso central. Resposta: letra C
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18
Q

18 - 2021 UNIRIO
Escolar com 7 anos, masculino, é trazido à emergência com história de hematêmese volumosa, iniciada vinte minutos antes de sua chegada. Não ocorreu febre ou outros sintomas, não há história prévia de doenças, porém ficou internado nas duas primeiras semanas de vida com infecção. Ao exame físico: hipocorado (+/+++), fígado sem alterações e esplenomegalia volumosa. Exames laboratoriais: leucopenia, trombocitopenia; enzimas hepáticas, atividade da protrombina e tempo de tromboplastina parcial ativado, normais. A mais provável causa desse sangramento é:
A) úlcera péptica gástrica ou duodenal.
B) hipertensão portal com varizes esofagianas.
C) epistaxe ou sangramento respiratório alto.
D) malformação vascular esofágica ou gástrica.
E) distúrbio de coagulação como a hemofilia.

A

B

A questão traz um paciente de sete anos com história de hematêmese recente. Por definição, a presença
de vômitos com sangue caracteriza hemorragia digestiva alta (HDA) -letra C incorreta. Em relação à
etiologia da HDA, a questão nos dá algumas pistas para pensar em HIPERTENSÃO PORTAL - a presença
de esplenomegalia volumosa, trombocitopenia e leucopenia. Neste contexto, a esplenomegalia ocorre
por congestão retrógrada e as alterações hematológicas por fagocitose no parênquima do baço. A principal causa de hipertensão portal intra-hepática nesta idade é a cirrose hepática, que deve ser
pesquisada ainda que as enzimas hepáticas e o coagulograma estejam normais, por doenças como
atresia das vias biliares, hepatite autoimune, hepatite viral crônica e doenças metabólicas, como
deficiência de alfa1-antitripsina e doença de Wilson. Outra causa importante de hipertensão portal extrahepática é a TROMBOSE DE VEIA PORTA, que tem como fator de risco as infecções que ocorrem no
período neonatal, como infecção do cordão umbilical, com ou sem cateterização do cordão umbilical, e
sepse neonatal. Notem que nosso paciente possui justamente este achado em sua história patológica
pregressa, o que torna a trombose de veia porta nossa principal hipótese! A hemorragia digestiva alta é
a apresentação mais comum da hipertensão portal na infância, com dois terços das crianças
apresentando-se com hematêmese ou melena, geralmente por ruptura de varizes esofagianas (B
correta). Não há dados específicos na história que nos apontem para o diagnóstico etiológico de doença
ulcerosa péptica, como pirose, epigastralgia ou dor abdominal (A incorreta). As malformações vasculares
(ex.: lesão de Dieulafoy) são causas menos comuns de hemorragia digestiva alta (D incorreta) e a
hemofilia cursa com tempo de tromboplastina parcial ativado (PTTa) alargado (E incorreta). Resposta: B.

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19
Q

19 - 2021 SUS - BA
Homem, 56 anos de idade, dá entrada no pronto-socorro com quadro de aumento do volume abdominal, acompanhado de dor. Relata etilismo de destilados diariamente, há muitos anos. Não faz uso de medicações. Ao exame físico, apresenta-se em regular estado geral, lentificado, com asterix, ictérico 2+/4, com PA: 110x70 mmHg, T: 37,8ºC, FC: 90 bpm. Presença de telangiectasias em tronco, rarefação de pelos e ginecomastia. Ausculta sem alterações. Abdome globoso, com piparote presente e dor à palpação difusa. Em relação ao quadro clínico, é CORRETO afirmar:
A) A presença de ≥ 250 polimorfonucleares por mm3 no líquido ascítico indica o diagnóstico de
bacterascite.
B) A ascite neutrofílica só deve ser tratada como peritonite bacteriana espontânea na presença de febre.
C) A cultura do líquido ascítico positiva, isoladamente, exige o tratamento como peritonite bacteriana
espontânea.
D) O diagnóstico de peritonite bacteriana espontânea exige a positividade da cultura do líquido ascítico.

A

D

Devemos pensar em peritonite bacteriana espontânea (PBE) sempre que houver deterioração do quadro
clínico em um paciente com ascite, principalmente na presença de febre ou dor abdominal. Cabe
ressaltar que pela presença de ascite, os sinais de peritonite estão praticamente inexistentes (aliás,
muitos se apresentam completamente assintomáticos), mas de uma forma ou de outra, os principais
achados clínicos costumam ser febre, dor abdominal, alteração do estado mental e dor à palpação.
Diante de um paciente com ascite (aumento do volume abdominal com piparote presente), história de
etilismo, diversos estigmas de hepatopatia crônica (telangiectasias em tronco, rarefação de pelos e
ginecomastia) e febre com dor abdominal, PBE é o diagnóstico que se impõe. O diagnóstico é DEFINIDO
pela contagem de polimorfonucleares no líquido ascítico > 250/mm³, com cultura positiva
monobacteriana (D CORRETA). No entanto, como a cultura demora para revelar o resultado e o
tratamento não pode esperar, o diagnóstico já pode ser considerado apenas pelo critério dos leucócitos.
A PBE pode se apresentar por duas variantes: (1) Bacterascite não neutrofílica: definida pela cultura
positiva monobacteriana com polimorfonucleares < 250/mm³. Seria uma fase muito precoce na
patogênese da PBE, sendo que em 60% dos casos, resolve espontaneamente! Assim, o tratamento pode
ser individualizado, principalmente para os sintomáticos. Para casos assintomáticos, poderíamos
repuncionar e tratar APENAS se a PBE for confirmada em nova paracentese. Como tudo isso em mente,
não é verdade que a cultura positiva isolada exige o tratamento de PBE (A e C INCORRETAS). (2) Ascite
neutrofílica: é quando a cultura vem negativa, mas com contagem de polimorfonucleares > 250/mm³.
Aqui, o pensamento é diferente! Como nesse caso os pacientes costumam ter achados clínicos e
mortalidade semelhantes aos da PBE, eles devem SEMPRE receber antibioticoterapia (B INCORRETA).
Resposta: letra D.

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20
Q

20 - 2021 UFSC
Considere uma paciente feminina, 63 anos, com antecedentes de diabetes tipo 2 em uso de metformina, hipertensão arterial em uso de losartana e dislipidemia em uso de sinvastatina. Foi trazida ao hospital pelos familiares pois há 1 semana tem ficado mais sonolenta durante o dia e apresentando episódios de desorientação têmporo-espacial. Além disso, a própria paciente relata aumento do volume abdominal e edema de membros inferiores nos últimos 2 meses. Nega uso de medicações psicotrópicas. Ao exame físico apresenta-se vigil, escala de coma de Glasgow com 15 pontos; pupilas médias e fotorreagentes; sem rigidez de nuca; presença de asterixis (++/4) e de aranhas vasculares em região torácica anterior; ausculta cárdiopulmonar sem alterações; abdômen globoso, sem vísceras palpáveis, com macicez móvel positiva em ambos os flancos. Na avaliação laboratorial apresentava: concentração de hemoglobina de 12,1 g/dl; contagem de plaquetas de 99.000/mm3; tempo de protrombina de 24 segundos (índice normatizado internacional de 1,9); creatinina sérica de 0,9 mg/dl; ureia sérica de 16 mg/dl; potássio sérico de 4,1 mEq/dl; sódio sérico de 131 mEq/dl; TGO = 202 U/dl; TGP = 154 U/dl; e albumina sérica de 2,6 g/dl. Assinale a alternativa CORRETA em relação à condução do caso descrito acima.
A) A paracentese diagnóstica está indicada apenas se houver suspeita clínica de peritonite bacteriana
espontânea. Uma contagem de neutrófilos acima de 250/ mm3 confirma o diagnóstico de peritonite
bacteriana espontânea e fala a favor de hipertensão portal como causa da ascite.
B) A paracentese diagnóstica está indicada para avaliação da causa provável da ascite e para descartar
peritonite bacteriana espontânea. Uma concentração de albumina no líquido ascítico menor do que 1,5
g/dl fala a favor de hipertensão portal como fator envolvido na ascite.
C) A paracentese diagnóstica não está indicada antes que esteja completa a investigação diagnóstica com
tomografia computadorizada abdominal, endoscopia digestiva alta e alfa-feto-proteína sérica. A ascite
deve ser manejada com diuréticos até lá.
D) A paracentese diagnóstica está indicada para a avaliação da causa provável da ascite e para descartar
peritonite bacteriana espontânea. Um gradiente entre a concentração da albumina sérica e do líquido
ascítico menor do que 1,1 g/dl fala a favor de hipertensão portal como fator envolvido na ascite.
E) A paracentese diagnóstica está indicada para a avaliação da causa provável da ascite, mas não para
descartar peritonite bacteriana espontânea. Uma concentração de albumina no líquido ascítico de 1,6 g/dl
ou mais fala a favor de hipertensão portal como fator envolvido na ascite

A

B

Paciente com vários fatores de risco cardiovasculares é admitida com estigmas de doença hepática
crônica: ascite e telangiectasias no tórax. Outra manifestação que chama atenção é a existência de
asterixis que, no contexto apresentado, sugere encefalopatia hepática. Vamos avaliar as alternativas: -
Letra A: incorreta. Todo hepatopata admitido ao hospital com quadro de cirrose hepática
descompensada — a possível encefalopatia traduz isso — deve ter seu líquido ascítico avaliado para a
possibilidade de peritonite bacteriana espontânea (PBE). O encontro de neutrófilos acima de 250/mm3
favorece o diagnóstico, o qual é confirmado mediante a associação desse último critério à cultura
positiva e monobacteriana. - Letra B: correta. Com a avaliação do líquido ascítico, além de checar a
possibilidade de PBE, é possível traçar hipóteses diagnósticas para seu surgimento. Classicamente, o
gradiente de albumina soroascite (GASA) maior ou igual a 1,1 g/dl sugere hipertensão portal como causa
do acúmulo líquido no abdome. Valores inferiores a essa marca traduzem possível doença peritoneal. A
paciente do caso tem albumina sérica de 2,6 g/dl; assim, se a albumina do líquido for de 1,5 g/dl ou
menos, o GASA resultará valores a partir de 1,1 g/dl, sugestivos de hipertensão portal. - Letra C:
incorreta. A paracentese diagnóstica pode ser feita com segurança utilizando a ultrassonografia point of
care, sem necessidade de se tomografar o abdome antes. Da mesma forma, não é necessário fazer
pesquisa de hepatocarcinoma previamente ao procedimento, com marcadores como a alfafetoproteína.
- Letra D: incorreta. Como vimos, o GASA maior ou igual a 1,1 g/dl sugere hipertensão portal. - Letra E:
incorreta. Como vimos, a avaliação do líquido possibilita o diagnóstico de PBE… A paciente do caso tem
albumina sérica de 2,6 g/dl; assim, se a albumina do líquido for de 1,6 g/dl ou mais, o GASA resultará
valores menores que 1,1 g/dl, sugestivos de doença peritoneal. Resposta: letra B.

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21
Q

21 - 2021 SUS - BA
Homem, 56 anos de idade, dá entrada no Pronto Socorro com quadro de aumento do volume abdominal, acompanhado de dor. Relata etilismo de destilados diariamente, há muitos anos. Não faz uso de medicações. Ao exame físico, apresenta-se em regular estado geral, lentificado, com asterix, ictérico 2+/4, com PA: 110x70mmHg, T: 37,8ºC, FC: 90bpm. Presença de telangiectasias em tronco, rarefação de pelos e ginecomastia. Ausculta sem alterações. Abdome globoso, com piparote presente e dor à palpação difusa. Em relação aos achados do exame físico, é correto afirmar.

A) A presença de telangiectasias indica o aumento da pressão na veia porta acima de 10mmHg.

B) A ginecomastia é decorrente do hipoandrogenismo associado a hiperestrogenismo.

C) A manobra do piparote é a mais sensível para avaliar se o paciente apresenta ascite.

D) A graduação da icterícia em cruzes tem uma boa acurácia em definir a faixa de nível sérico das bilirrubinas.

A

B

Nosso paciente apresenta diversos estigmas de hepatopatia crônica! As telangiectasias do tipo “aranha vascular” são caracterizadas por uma dilatação arteriolar central que se liga a capilares dilatados com disposição radial. São encontradas especialmente no pescoço, na porção superior do tronco e dos membros superiores. Trata-se, no entanto, de um achado associado ao hiperestrogenismo, alteração presente na hepatopatia crônica por mecanismos pouco compreendidos (A INCORRETA). O hipoandrogenismo é responsável pela queda de libido, impotência sexual, atrofia testicular, redução importante da massa muscular e rarefação de pelos, cuja distribuição passa a respeitar o padrão

feminino. A ginecomastia é decorrente do hipoandrogenismo associado ao hiperestrogenismo (B CORRETA). O sinal de piparote deve ser pesquisado com o paciente em decúbito dorsal - o médico dá um “peteleco” em um dos flancos do paciente e tenta sentir a propagação da força no outro flanco. Para evitar a propagação de uma onda superficial da parede abdominal que confundiria o diagnóstico, o médico deve colocar a borda cubital da mão na região mediana ou pedir para que o próprio paciente o
ajude. Trata-se de um sinal com péssima sensibilidade, sendo positivo apenas quando a ascite é muito grande, geralmente superior a cinco litros (C INCORRETA). O grau de hiperbilirrubinemia até pode ser estimado pelo exame físico: o primeiro local em que a icterícia aparece é na esclera, devido à afinidade da bilirrubina pela elastina, o que ocorre quando a bilirrubina é de 2,5-3 mg/dl. O segundo local é abaixo da língua, e só depois é que se deposita na pele (5 mg/dl). Podemos ainda fazer essa avaliação quantitativa através de uma escala que utiliza cruzes (variando de uma a quatro), mas trata-se de um método de BAIXA acurácia para definir a faixa de nível sérico de bilirrubinas (D INCORRETA). Resposta: letra B.

22
Q

22 - 2021 SUS - BA
Homem, 56 anos de idade, dá entrada no Pronto Socorro com quadro de aumento do volume abdominal, acompanhado de dor. Relata etilismo de destilados diariamente, há muitos anos. Não faz uso de medicações. Ao exame físico, apresenta-se em regular estado geral, lentificado, com asterix, ictérico 2+/4,
com PA: 110x70mmHg, T: 37,8ºC, FC: 90bpm. Presença de telangiectasias em tronco, rarefação de pelos e ginecomastia. Ausculta sem alterações. Abdome globoso, com piparote presente e dor à palpação difusa. Considerando a hipótese diagnóstica principal, indique o item que deve constar na prescrição desse paciente.
A) Espironolactona via oral.
B) Furosemida intravenosa.
C) Albumina intravenosa.
D) Vancomicina intravenosa

A

C

Como discutido nos itens anteriores desta mesma questão, estamos diante de um paciente com
estigmas de hepatopatia crônica e quadro clínico compatível com peritonite bacteriana espontânea
(PBE). É fundamental que o tratamento seja iniciado de forma precoce, antes mesmo dos resultados
microbiológicos do líquido ascítico, o que reduz consideravelmente a mortalidade. A terapia de escolha é
uma cefalosporina de terceira geração venosa, preferencialmente o cefotaxime (embora a ceftriaxone
seja uma alternativa mais disponível em nosso meio). Sabemos ainda que a PBE pode levar à disfunção
renal em 33% dos pacientes pela diminuição do fluxo sanguíneo renal após vasodilatação esplâncnica
mediada por óxido nítrico. Em um grande ensaio clínico, a albumina se mostrou eficaz na redução da
disfunção renal e no aumento da sobrevida, graças aos seus efeitos benéficos sobre o volume
intravascular. Assim, de um modo geral, está indicada a expansão plasmática com albumina como
terapia adjuvante no seguinte esquema: albumina 1,5 g/kg nas primeiras 6 horas de detecção e 1g/kg
no terceiro dia de tratamento (a dose empírica não deve passar de 100 g/dose). Diuréticos, tão
importantes no manejo crônico da ascite, podem causar redução do volume intravascular neste
momento, justamente o que não queremos! A vancomicina não seria o antibiótico de escolha para o
caso em questão. Resposta: letra C.

23
Q

23 - 2021 SES - PE
Um jovem de 18 anos foi diagnosticado como portador do vírus da hepatite B, de aquisição provavelmente via transmissão materno-fetal. Seus exames mostram HBsAg positivo, HBeAg positivo, enzimas hepáticas normais e carga viral de 2.000.000 UI/ml. Assinale a alternativa CORRETA com relação ao caso.

A) O paciente é portador de hepatite crônica B replicativa e, por ser jovem, deve ser tratado com interferon
peguilado, pelo fato de ser um tratamento com duração finita.

B) O paciente é portador de hepatite crônica B replicativa e, por apresentar carga viral elevada, o que reduz a chance de resposta ao interferon, deve ser tratado com tenofovir até a negativação da carga viral.

C) O paciente está na fase de imunotolerância e não deve ser tratado no momento, devendo ser reavaliado
periodicamente.

D) O paciente é portador de hepatite crônica B replicativa e, por apresentar carga viral elevada, o que reduz a chance de resposta ao interferon, deve ser tratado com tenofovir até a soroconversão de HBeAg para anti-HBe.

E) O paciente está na fase de imunotolerância e deve ser tratado com tenofovir para reduzir o risco de carcinoma hepatocelular.

A

C

Como o enunciado indica que a transmissão do vírus B foi, provavelmente, materno-fetal e o paciente
tem 18 anos, podemos dizer que estamos diante de uma infecção crônica por esse patógeno. Bom, a
hepatite B crônica possui três principais fases evolutivas principais (imunotolerância, imunoeliminação e
soroconversão). Por vezes, outra fase (reativação) também pode aparecer. Lembrando alguns detalhes: -
IMUNOTOLERÂNCIA: nesta fase, o sistema imune ainda não reconheceu o vírus, que se multiplica de
forma intensa. Seu padrão laboratorial clássico é: HBeAg positivo, anti-HBe negativo, DNA viral > 20.000
com aminotransferases normais! Lembre-se de que é a própria resposta imune que “machuca” os
hepatócitos… Perceba que é exatamente nessa fase que o paciente se encaixa! E veja que interessante:
no adulto, a imunotolerância dura o tempo do período de incubação (4-24 semanas) e, na criança,
(transmissão materno-fetal) pode durar décadas (10-30 anos)! -IMUNOELIMINAÇÃO: o sistema imune
passa a reconhecer o vírus e ocorre elevação das aminotransferases. Ainda não é o caso… -
SOROCONVERSÃO: o HBeAg fica negativo, assim como a carga viral, embora o HBsAg possa permanecer
positivo. -REATIVAÇÃO: representado por novo “ataque imune” aos hepatócitos devido à reativação viral.
Tudo bem, já entendemos, então, que o nosso paciente está na fase de imunotolerância… Será que ele
tem que tratar? A princípio, NÃO! Ele não se encaixa em nenhuma indicação de tratamento proposta
pelo Ministério da Saúde! Relembre algumas das principais: (1) paciente com HBeAg reagente e ALT > 2x
limite superior da normalidade (LSN); (2) adulto maior de 30 anos com HBeAg reagente; (3) paciente com
HBeAg não reagente, HBV-DNA > 2.000 UI/ml e ALT > 2x LSN; (4) história familiar de CHC; (5)
manifestações extra-hepáticas como glomerulonefrite membranosa. A princípio, iremos observar o
indivíduo e repetir os exames para checar se ele se enquadrará em algumas dessas indicações.
Resposta: letra C.

24
Q

24 - 2021 SURCE
Paciente do sexo masculino, de 57 anos, portador de cirrose hepática por vírus C, aguardando transplante
de fígado, foi transferido a um serviço de emergência de hospital terciário com quadro de hematêmese
volumosa com instabilidade hemodinâmica. Realizou endoscopia digestiva alta com ligadura elástica de
varizes de esôfago, com bom resultado imediato, e ficou em uso de terlipressina, no entanto, voltou a
sangrar em 24 horas, sem sucesso em parar o sangramento na segunda endoscopia. Qual a melhor opção
terapêutica?
A) Shunt cirúrgico portocava.
B) Uso do Balão de Sengstaken Blakemore.
C) Shunt parcial esplenorenal seletivo distal.
D) Shunt transjugular intra-hepático portossistêmico

A

D

Como sabemos, o manejo inicial do sangramento por varizes de esôfago consiste em: estabilização
hemodinâmica com o uso de soluções cristaloides, ceftriaxone (profilaxia para PBE e também possui
benefícios relacionados à redução do ressangramento) e vasoconstritores esplâncnicos, como a
terlipressina. A EDA deve ser feita em até 12 horas para ligadura elástica das varizes sangrantes.
Acontece que 10-20% dos casos cursam com ressangramento após essa estratégia – justamente o que
aconteceu com esse paciente! E o que fazer nesse momento? Há algumas possibilidades... Sem dúvida, a
que mais gerou dúvida entre os alunos foi o balão de Sengstaken-Blakemore. De fato, esse e outros
balões podem ser usados para o tamponamento das varizes sangrantes refratárias à terapia padrão.
Entretanto, é preciso frisar dois problemas: eles só podem ser mantidos por, no máximo, 24 horas, e o
índice de ressangramento após a desinflação é elevado. É por isso que dizemos que o tamponamento
por balão é uma espécie de “terapia-ponte” para alguma conduta “mais definitiva”. Como terapias
definitivas, podemos citar o TIPS e as cirurgias. Geralmente, opta-se pelo TIPS. Além de apresentar
eficácia altíssima (90-100%), os procedimentos cirúrgicos, no contexto agudo de hemorragia, possuem
elevada mortalidade (cerca de 50%). Outro ponto que vale ser ressaltado é que o TIPS preserva a
anatomia para um eventual transplante futuro. Agora, vamos voltar ao enunciado... Repare que o autor
nos pede a MELHOR opção terapêutica. Vimos que os balões e as cirurgias podem ser preconizados, mas
o TIPS é um método mais eficaz e seguro. Claro que em um contexto de franca instabilidade
hemodinâmica, devemos considerar o uso do balão com “mais força”, mas repare que o enunciado não
deixa claro se há, novamente, instabilidade a partir desse segundo sangramento. Resposta: (D).
25
Q

25 - 2021 HC - UFPR
Paciente de 59 anos de idade, sexo masculino, com histórico de etilismo pesado durante cerca de 30 anos,
iniciou com quadro de edema de membros inferiores, icterícia e ascite. Durante investigação diagnóstica,
uma ultrassonografia de abdome demonstrou esplenomegalia, hipotrofia de lobo direito do fígado e
hipertrofia de lobo caudado. Exames laboratoriais demonstraram bilirrubina total de 3,5 mg\dL; albumina
sérica de 2,0 mg\dL; creatinina de 1,8 mg\dL e RNI (índice de normatização do tempo de protrombina) de
1,8. Após passar por exames de protocolo para transplante e de observar 6 meses de abstinência alcoólica
(com acompanhamento psiquiátrico), esse paciente foi colocado na lista de espera para um transplante
ortotópico de fígado cadavérico. Em relação a esse caso, assinale a alternativa correta.
A) A descoberta da droga ciclosporina no final da década de 70 foi responsável pela manutenção
hemodinâmica durante o término da hepatectomia e o implante do novo fígado, levando os índices de
sobrevida de pacientes pós-transplante para cerca de 70% em um ano.
B) O MELD (sigla para Model for Endstage Liver Disease) é o critério atual no Brasil para alocação de
enxertos hepáticos na população adulta e se calcula a partir de uma fórmula logarítmica utilizando valores
de bilirrubina total, creatinina, albumina e RNI.
C) São algumas das indicações para transplante hepático: cirrose biliar primária, hepatite fulminante
induzida por medicamentos, cirrose por hepatite viral crônica B ou C, doença de Wilson.
D) A rejeição crônica (ductopênica) é muito comum, ocorrendo em cerca de 80% dos pacientes submetidos
ao transplante hepático, e o seu tratamento consiste em corticosteroides em altas doses e apresenta um
excelente prognóstico.
E) O transplante de fígado por cirrose alcoólica não é realizado no Brasil

A

C

Vamos avaliar as alternativas: A- Incorreta: a ciclosporina de fato ajudou muito no desenvolvimento do
transplante hepático, mas como uma droga imunossupressora e não em relação a estabilidade
hemodinâmica após a hepatectomia. B- Incorreta: a fila de espera do transplante hepático leva em
primeiro lugar os pacientes em urgência absoluta (anepáticos por trauma e rejeição de transplante por
exemplo) e em segundo os critérios de MELD: bilirrubina, INR e creatinina. Não utiliza-se a albumina.
C- Correta e E incorreta: As principais indicações de transplante hepático são: cirrose por hepatite
infecciosa, alcoólica, câncer primário hepático, hepatite fulminante,
síndrome hepatopulmonar, atresia de vias biliares, doença de wilson, hemocromatose, doença de Caroli,
Budd-Chiari, NASH, cirroses biliares 1a e 2a, colangite esclerosante primária, hepatite autoimune e
metástases hepáticas de tumor neuroendócrino irressecáveis com tumor primário já tratado . DIncorreta: De acordo com o Sabiston, embora até hoje os processos de rejeição crônica permaneçam
essencialmente intratáveis uma vez identificados, vários fatores foram identificados que predispõem ao
desenvolvimento de rejeição crônica, sendo o principal os episódios prévios de rejeição aguda. E o
prognóstico não é excelente. Gabarito letra C

26
Q

26 - 2021 AMP
Em pacientes com aumento do volume abdominal progressivo e diagnóstico confirmado de ascite é
fundamental a definição etiológica da doença de base. A respeito da investigação e diagnósticos
etiológicos diferenciais da ascite, assinale a alternativa correta.
A) A ascite evidenciada em pacientes cirróticos decorre especialmente da hipertensão portal e retenção de
água e sódio pelos rins, secundário a vasoconstrição da circulação esplâncnica.
B) A peritonite tuberculose causa ascite por um mecanismo fisiopatológico semelhante ao da ascite
pancreática.
C) A ascite quilosa é representada por líquido esbranquiçado com dosagem de triglicerídeos de até
200mg/dL.
D) Após paracentese diagnóstica é fundamental o cálculo do GASA subtraindo-se a concentração de
albumina sérica do nível de albumina do líquido ascítico (GASA = albumina líquido ascítico – albumina
sérica).
E) Identificação de líquido ascítico de coloração enegrecida pode indicar necrose pancreática ou melanoma
metastático.

A

E

Questão que aborda alguns conceitos à fisiopatologia e avaliação da ascite. Vamos analisar cada
alternativa: A) ERRADA. A ascite em pacientes cirróticos de fato decorre da hipertensão portal e da
retenção hidrossalina pelos rins, porém esta é secundária à VASODILTAÇÃO esplâncnica. A cirrose
associa-se ao aumento dos níveis sistêmicos circulantes de óxido nítrico, assim como de VEGF e TNF, o
que resulta em uma vasodilatação esplâncnica. Há o represamento de sangue na circulação esplâncnica
e redução do volume circulante efetivo (hipovolemia relativa), com vasoconstrição compensatória pela
liberação de hormônio antidiurético. Consequentemente, ocorre retenção de água livre e ativação do
sistema nervoso simpático e do sistema renina-angiotensina-aldosterona, que por sua vez leva á
retenção de água e sódio. B) ERRADA. Na tuberculose, a ascite resulta do exsudato proteináceo de
tubérculos depositados no peritônio. Já na pancreatite, resulta do extravasamento de enzimas
pancreáticas para o peritônio. C) ERRADA. A ascite quilosa é de fato representada por líquido
esbranquiçado de aspecto leitoso, porém com dosagem de triglicerídeos MAIOR do que 200 mg/dl. D)
ERRADA. GASA = albumina sérica – albumina do líquido ascítico. E) CORRETA. Liquido ascítico enegrecido
pode realmente indicar necrose pancreática ou melanoma metastático.

27
Q

27 - 2021 SCMBH
Paciente de 45 anos de idade, sexo feminino, etilista pesada, com interrupção do hábito há seis meses, é
admitida no pronto-socorro com quadro de confusão mental, ascite e icterícia. Segundo relato dos
familiares, a paciente é portadora de cirrose hepática alcoólica e iniciou com diarreia e dor abdominal
difusa há três dias, evoluindo, posteriormente, com confusão mental e rebaixamento do nível de
consciência. De acordo com esse caso clínico, assinale a alternativa incorreta.
A) A ascite da paciente é secundária à hipertensão portal, cujo gradiente entre a albumina sérica e a do
líquido ascítico é inferior a 1,1 g/dL.
B) A paciente encontra-se em encefalopatia hepática, provavelmente desencadeada por distúrbio
hidroeletrolítico subjacente, devendo-se considerar a possibilidade de peritonite bacteriana espontânea
(PBE).
C) Para o cálculo do escore de MELD (modelo de disfunção hepática em estágio final) da paciente, utilizamse as seguintes variáveis: creatinina, bilirrubina e RNI séricos.
D) O diagnóstico de PBE é obtido quando a contagem de polimorfonucleares, no líquido ascítico, for
superior a 250 células/mm³.

A

A

A questão descreve um quadro compatível com peritonite bacteriana espontânea (PBE), que evoluiu com
encefalopatia hepática. Vamos aproveitar para relembrar quais são os sinais e sintomas mais comuns de
PBE: febre (70%), dor abdominal (60%), alteração do estado mental por encefalopatia hepática (55%), dor
à palpação do abdome (50%) e outros sintomas como diarreia, íleo paralítico, hipotensão arterial… Veja
que a paciente da questão apresenta muitos destes sintomas, não é mesmo? Dito isso, vamos analisar
cada uma das alternativas: Letra A: Incorreta. É verdade que a ascite da paciente é secundária à
hipertensão portal, sendo formada por um mecanismo que envolve apenas o aumento da pressão
vascular, resultando em um transudato (líquido pobre em proteínas). Dessa forma, esperamos que o
gradiente entre a albumina sérica e a do líquido ascítico seja ≥ 1,1. Letra B: Correta. Como vimos
anteriormente, a principal hipótese diagnóstica para o caso é a PBE e, nessas situações, a alteração do
estado mental costuma ocorrer pela encefalopatia hepática. Letra C: Correta. O MELD é um escore de
muita importância no contexto do transplante hepático e ele leva em consideração os seguintes
parâmetros: bilirrubina, INR e creatinina. Existe até um mnemônico para facilitar a lembrar dessas
variáveis: é o BIC. Letra D: Polêmica, porém correta! Parafraseando a nossa apostila, é tão simples
quanto arbitrário: o diagnóstico de PBE é definido pela contagem de polimorfonucleares no líquido
ascítico > 250/mm3, com cultura positiva monobacteriana. Como a cultura demora 48h para revelar o
resultado e o tratamento não pode esperar, o diagnóstico já pode ser considerado apenas pelo critério
dos leucócitos. Isso também está no Harrison, edição de número 20, capítulo 337, página 5.901 da
versão digital: “The diagnosis of SBP is made when the fluid sample has an absolute neutrophil count >
250/μL. Bedside cultures should be obtained when ascitic fluid is tapped.” Ou seja, apesar da cultura ser
extremamente importante, ela não deve ser aguardada para dar o diagnóstico de PBE. Resposta: letra A.

28
Q

28 - 2021 HCG
Leia o caso clínico a seguir. Paciente com 30 anos, teve diagnóstico de hepatite C crônica com grau 1 de fibrose, sem qualquer comorbidade. Submetido a tratamento com Sofosbuvir e Ledipasvir por 12 semanas, apresenta HCV-RNA não detectado três meses após o fim do tratamento. De acordo com o “Protocolo Clínico e diretrizes terapêuticas para hepatite C” do Ministério da Saúde de 2019, qual deve ser a conduta?

A) Receber alta ambulatorial com aconselhamento para evitar reinfecção.

B) Realizar HCV-RNA anualmente durante três anos.

C) Monitorizar com anti-HCV anualmente, devido ao alto custo e pouca disponibilidade do exame HCVRNA.

D) Acompanhar ambulatorialmente por tempo indefinido devido ao alto risco de recidiva viral e desenvolvimento de cirrose.

A

A

O quadro clínico é de um paciente inicialmente com hepatite C crônica, sem outra comorbidade e sem
fibrose hepática significativa (F1). Foi tratado com novos agentes virais diretos e obteve critério de cura,
ou seja, exame de PCR para HCV-RNA não detectável após três meses do término do tratamento -
parâmetro conhecido como resposta virológica sustentada. O que fazer agora? Vida que segue, pessoal!
Segundo o Ministério da Saúde, só é necessário manter acompanhamento ambulatorial nos pacientes
com fibrose moderada a grave (grau F3 ou F4). Neste grupo de pacientes, também é necessário realizar
rastreamento periódico para carcinoma hepatocelular (ex.: ultrassom abdominal a cada seis meses).
Pacientes com fibrose F0-F2, na ausência de outras contraindicações para alta, podem ser liberados, com
aconselhamento. Resposta: A

29
Q
29 - 2021 HUBFS/HUJBB
Homem de 38 anos foi internado para a investigação de ascite. O paciente relata que vem ocorrendo aumento progressivo do volume abdominal há 3 meses, acompanhado de perda de peso (habitual: 70 kg; atual: 60 kg) e episódios febris há 2 meses, geralmente no final da tarde, com temperatura entre 37,8° C e
38,5° C. Os exames iniciais demonstram anemia ferropriva, albumina sérica de 4 g/dL (referência 3,5 a 4,7g/dL), albumina no líquido ascítico de 3,4g/dL. A hipótese diagnóstica a ser considerada é
A) hepatopatia crônica.
B) insuficiência cardíaca congestiva.
C) tumor de Wilms.
D) insuficiência renal crônica.
E) tuberculose.
A

E

Estamos diante de um indivíduo com febre vespertina e perda ponderal que se apresenta com ascite de
GASA baixo (4,0 – 3,4 = 0,6). Só com o valor deste parâmetro, já excluímos hepatopatia crônica (cirrose) e
insuficiência cardíaca, que cursam com GASA elevado. Obviamente, a DRC não justifica os sintomas do
paciente, além de não ser causa de ascite. O tumor de Wilms, embora possa cursar com ascite, é uma
neoplasia típica da faixa etária pediátrica (é difícil encontrar na literatura o padrão dessa ascite, se seria
de GASA elevado ou baixo, como a maioria das neoplasias intra-abdominais). Só nos resta a tuberculose,
doença capaz de justificar a clínica e o GASA! Só uma última observação: a anemia ferropriva ficou “meio
sem sentido” no caso. Seria preciso uma investigação mais detalhada desta alteração… Resposta: (E).

30
Q

30 - 2021 HUBFS/HUJBB
Homem de 40 anos, hígido, recebeu os resultados abaixo após doação de sangue. A interpretação correta
dos resultados e a conduta a ser adotada são

HBSAG NEGATIVO
ANTI-HBC TOTAL POSITIVO
ANTI-HBS POSITIVO
ANTI-HCV NEGATIVO

A) suscetibilidade ao vírus da hepatite C; indicar vacinação.
B) hepatite B aguda; iniciar interferon alfa peguilhado.
C) hepatite B curada; não há indicação de tratamento.
D) hepatite B crônica; indicar biopsia hepática.
E) cicatriz vacinal de hepatite B; não há indicação de tratamento.

A

C

A negatividade do anticorpo anti-HCV, de fato, indica que que o paciente nunca foi exposto ao vírus C e, portanto, está exposto. No entanto, não há vacina disponível para hepatite C, não é mesmo? (A incorreta). Como o anti-HBs é positivo, sabemos que há imunidade ao vírus B. Às custas de vacina ou de infecção curada? O que vai nos responder a essa pergunta é o anti-HBc total. A única forma de adquirir
este anticorpo, é o contato com o vírus nativo… É justamente o caso deste paciente! Portanto, trata-se de hepatite B curada (B, D e E incorretas). O HBsAg negativo apenas reforça isso… Como não há vírus, não
há também indicação de tratar. Resposta: C.

31
Q

33 - 2021 SURCE
Homem de 74 anos, portador de cirrose por vírus B, comparece à consulta de rotina no serviço de
transplante hepático. Familiar relata que o paciente não evacua há 3 dias. Desde ontem encontra-se
confuso, sonolento durante o dia e insone à noite, e apresentando episódios intermitentes de agitação
psicomotora. Nega febre, dor abdominal ou queixas urinárias. Ao exame: afebril, pulso cheio, PA 130 x 70
mmHg, palidez cutâneo-mucosa 1+/4+, icterícia 2+/4+, auscultas cardíaca e pulmonar normais, abdome
ascítico e indolor. Flapping presente. Ausência de lesões cutâneas. O que está recomendado no
tratamento inicial da provável causa básica do quadro descrito?
A) Lactulose.
B) Risperidona.
C) Clonazepam.
D) Norfloxacino.

A

A

Observem o contexto do quadro: um paciente com cirrose por vírus B, já em acompanhamento com o serviço de transplante. Ou seja, estamos diante de um paciente com cirrose avançada, provavelmente com sinais insuficiência hepática. Neste contexto, a encefalopatia hepática é uma potencial complicação
que ocorre pelo acúmulo de toxinas (sobretudo a amônia) na circulação, em decorrência da ausência de depuração hepática. Dentre os fatores que podem precipitar esse quadro estão: hemorragia
gastrointestinal (principal causa), constipação (aumento de bactérias produtoras de amônia), peritonite bacteriana espontânea, alcalose metabólica (o pH mais alcalino estimula a conversão do amônio em amônia) e hipocalemia (aumenta a produção renal de amônia, por reduzir o pH intracelular das células tubulares proximais). O diagnóstico é clínico e marcado pela presença de letargia, sonolência ou confusão mental e flapping. O tratamento é baseado na identificação e na remoção de fatores
precipitantes, além do uso de lactulose com o objetivo de atingir 2–3 fezes amolecidas por dia. Esta medicação é capaz de reduzir o pH do lúmen intestinal e, consequentemente, aumenta a conversão de amônia em amônio (que não é absorvido pela mucosa intestinal e acaba sendo eliminado pelas fezes). O aumento na frequência das evacuações também é importante para evitar a proliferação bacteriana local. Outras drogas que poderiam ser utilizadas são: rifaximina, neomicina e metronidazol. Não existem
evidências de que o norfloxacino é capaz de controlar a proliferação de bactérias produtoras de amônia e o seu uso não está recomendado. Da mesma forma, não se recomenda o uso de antipsicóticos ou de benzodiazepínicos - as manifestações neuropsiquiátricas devem ser tratadas com a redução dos níveis séricos de amônia, conforme mencionado anteriormente. Resposta: letra A.

32
Q

34 - 2021 UFSC
Assinale a alternativa correta sobre as contraindicações absolutas do transplante hepático.
A) Sepse não controlada
B) Disfunção renal severa
C) Idade acima de 65 anos
D) Neoplasia maligna do fígado
E) Condição social que dificulte o pós-operatório

A

A

Hepatopatas são avaliados de forma ampla para avaliar se são candidatos ao transplante ou não. Além de uma avaliação clínica completa, é preciso checar condições sociais e a saúde mental desses indivíduos. Embora haja algumas divergências na literatura, a maioria delas concorda que as seguintes situações configuram contraindicações ao procedimento: risco cirúrgico proibitivo; Aids (algumas referências a citam como contraindicação relativa, e não absoluta); neoplasia extra-hepática que não é mais passível de cura; carcinoma hepatocelular metastático; colangiocarcinoma intra-hepático; hemangiossarcoma; doença sistêmica ameaçadora à vida, incluindo a sepse não controlada; má aderência ao tratamento médico prescrito; falta de suporte social adequado. Agora, vamos discutir cada alternativa: (A) Correta. Vimos acima que a sepse não controlada é contraindicação absoluta, embora infecções sistêmicas que não ameaçam a vida sejam consideradas contraindicações relativas. (B) Incorreta. A falência de outros órgãos é considerada contraindicação apenas se esta não for passível de cura. No caso da disfunção renal severa, uma possibilidade é o transplante conjunto de fígado e de rim. (C) Incorreta. A princípio, a idade, isoladamente, não é um parâmetro que contraindica o procedimento. (D) Incorreta. Depende da neoplasia… O CHC sem metástases não é contraindicação! (E) Polêmica, mas é “mais incorreta” do que correta. De fato, a falta de suporte social é uma contraindicação. Lembre-se que
é preciso que o paciente seja capaz de ter acesso às medicações imunossupressoras, por exemplo. Entretanto, repare o que foi escrito na alternativa: “condição social que DIFICULTE o pós-operatório”. Ficou um pouco vago, não concorda? O termo mais adequado para configurar contraindicação seria uma condição social que IMPEDE o manejo pós-operatório adequado. Pensando de forma prática: imagine um paciente que precisa pegar 3 ônibus para chegar à unidade em que retira os medicamentos que precisa. A logística dificulta o pós-operatório, mas não podemos configurar isso uma contraindicação absoluta. Dessa forma, a melhor resposta realmente é a letra (A).

33
Q

35 - 2021 SES - PE
No tratamento do paciente cirrótico, o TIPS possibilita redução significativa do gradiente de pressão
portohepático, uma vez que funciona como um ““shunt””, promovendo, dessa forma, descompressão
eficiente. Qual das assertivas abaixo NÃO é uma contraindicação a esse tratamento?
A) Encefalopatia
B) INR >2,5
C) Síndrome hepatorrenal
D) Insuficiência cardíaca
E) Obstrução biliar

A

B ou C

Pessoal, cabe recurso nessa questão! Essa é uma questão que deveria ter sido ANULADA! O alargamento
do INR e a obstrução biliar não constam nos principais livros-textos de Cirurgia como uma
contraindicação formal para o TIPS. As contraindicações citadas no Blumgart são: - Encefalopatia
hepática; - Transformação cavernomatosa; - Doença hepática policística; - PBE ativa (outras referências
citam sepse ou “infecção sistêmica” também); - Insuficiência cardíaca direita com hipertensão póshepática. Alguns livros-texto indicam que a obstrução biliar também é considerada contraindicação
absoluta ao procedimento. Portanto, as letra B e C poderiam responder a questão.

34
Q

36 - 2021 SES - DF
Uma paciente de 54 anos de idade, usuária de mirtazapina 30 mg por dia, vem apresentando importante
aumento de peso. Durante a evolução do seu peso, tem sentido dor abdominal em hipocôndrio direito,
mal-estar, náuseas e vômitos. Realizou exames que identificaram transaminases hepáticas quatro vezes
acima do limite da normalidade, além de uma glicemia de jejum = 116 mg/dL. Levantou-se a hipótese de
esteato-hepatite não alcoólica. Considerando esse caso clínico e os conhecimentos médicos correlatos,
julgue o item a seguir. Essa patologia não cursa com cirrose hepática.
A) CERTO
B) ERRADO

A

B

Assertiva errada. A paciente descrita tem, provavelmente, esteato-hepatite não alcoólica (NASH): há dor
em hipocôndrio direito, topografia do fígado, associada a aumento de transaminases e dois importantes
indicadores de resistência periférica à insulina, fator etiológico central da NASH: glicemia de jejum
alterada e ganho ponderal. Note que não há outras etiologias clássicas de elevação de transaminases no
enunciado, como hepatites virais, o que facilita o diagnóstico. Como se sabe, a NASH faz parte do
espectro da doença gordurosa não alcoólica do fígado, etiologia muito frequente de cirrose hepática.
Resposta: letra B

35
Q

37 - 2021 UFMA
Homem de 48 anos chega ao pronto-socorro inconsciente, com hemorragia digestiva alta. Mantém pressão arterial normal e taquicardia (110 batimentos por minuto). Detectada presença de ascite e
esplenomegalia. Além da reposição volêmica, as duas classes de medicamentos que devem ser utilizados
nessa situação são:
A) Inibidor de bomba de prótons e vasoconstritor sistêmico.
B) Inibidor de bomba de prótons e betabloqueador não seletivo.
C) Vasoconstritor esplâncnico e antibiótico.
D) Vasoconstritor sistêmico e betabloqueador não seletivo.

A

C

Estamos diante de um paciente com hemorragia digestiva alta de provável causa varizes esofagogástricas. Nessa situação, a conduta inicial seria a ESTABILIZAÇÃO HEMODINÂMICA associada a utilização de vasocontritor esplâncnico (terlipressina) e EDA. Como o paciente é cirrótico e possui ascite, também devemos realizar a profilaxia de PBE com antibióticos (ceftriaxone). Gabarito letra C

36
Q

Paciente, sexo masculino, 25 anos, realizou ultrassonografia de abdômen, sendo identificados cálculos em sua vesícula biliar. Entretanto, não apresenta nenhum sintoma relacionado à cólica biliar. Sobre colecistectomia em pacientes assintomáticos, assinale a alternativa CORRETA.

A. A ancestralidade do paciente não é uma informação que ajuda a definir a necessidade de cirurgia.

B. A ocupação do paciente pode ser levada em consideração nessa decisão.

C. O risco cumulativo de esse paciente vir a apresentar sintomas graves ao longo da vida é maior que 70%.

D. No caso de o paciente ter doenças hemolíticas, isso não influencia na decisão cirúrgica.

E. O tamanho dos cálculos não é uma informação importante.

A

B

Solução em texto
Questão sobre a indicação de colecistectomia no paciente que apresenta litiase vesicular e é assintomático. Veja as indicações:
- Pacientes com ANEMIA FALCIFORME
- Paciente com VESÍCULA EM PORCELANA
- Cálculo > 25 mm (2,5 cm)
- Microcálculos (pelo risco aumentado de pancreatite biliar)
- Pacientes que serão submetidos a by-pass gástrico ou gastrectomias (Bilroth II ou Y-de-Roux, em que a via biliar fica na alça exclusa)
- Paciente que será submetido a transplante

37
Q

Uma mulher de 45 anos de idade, obesa e diabética, fez ultrassonografia de rotina, que mostrou um cálculo de 1 cm na vesícula biliar. É totalmente assintomática. Com base nesse caso hipotético, assinale a alternativa que apresenta a melhor conduta para a paciente.

A. repetir a ultrassonografia em seis meses
B. tomografia computadorizada de abdome
C. ressonância nuclear magnética de abdome
D. colecistectomia
E. observação clínica e procurar o cirurgião caso se torne sintomática

A

D

Este foi o gabarito liberado pela banca, talvez por considerar que pacientes com diabetes mellitus podem estar em risco aumentado para o desenvolvimento de colecistite gangrenosa grave. Mas é controverso, pois proporção de pacientes diabéticos que desenvolvem cólica biliar e outras complicações do cálculo biliar é semelhante à da população geral.

Questão controversa que fizemos recurso. No entanto, não foi aceito pela banca

Vamos falar sobre indicação de colecistectomia em pacientes assintomáticas.
INDICAÇÃO DE COLECISTECTOMIA PROFILÁTICA:
* Pacientes com ANEMIA FALCIFORME (ou outras doenças hemolíticas): maior risco de formação de cálculos pigmentares e uma colecistite pode precipitar uma crise
* Pacientes com VESÍCULA EM PORCELANA: fator de risco para câncer de vesícula
* Cálculo > 25 mm (2,5 cm): fator de risco para câncer de vesícula
* Microcálculos (pelo risco aumentado de pancreatite biliar)
* Pacientes que serão submetidos a by-pass gástrico ou gastrectomias (Billroth II ou Y-de-Roux, em que a via biliar fica na alça exclusa): a rápida perda de peso favorece a formação de cálculos e o acesso à CPRE, muitas vezes, não é possível, sendo difícil o tratamento da coledocolitíase
* Paciente que será submetido a TRANSPLANTE: por conta da imunossupressão e do risco de complicações mais graves da colelitíase
* Pacientes que irão para áreas isoladas, sem atendimento médico por períodos longos: nesses pacientes, a colecistectomia profilática é aconselhável (Schwartz, 10ªedição)
* Pacientes idosos com diabetes podem se beneficiar de colecistectomia profilática (Schwartz, 10ªedição)

38
Q

Durante a realização de uma colecistectomia há significativo risco de lesão iatrogênica da via biliar principal. Buscando minimizar essa situação, a Visão Crítica de Segurança (proposta por Strasberg) deve ser adotada. Quais as duas estruturas que devem ser bem visualizadas nessa técnica?
A. Artéria cística e colédoco.
B. Artéria cística e colédoco.
C. Ducto cístico e artéria cística.
D. Colédoco e primeira porção duodenal.
E. Ducto cístico e primeira porção duodenal.

A

C

Solução em texto
Para garantir uma cirurgia segura e a clipagem correta das estruturas, evitando assim uma lesão inadvertida da via biliar, Strasberg propôs a “VISÃO CRÍTICA DA SEGURANÇA” ou “critical view of safety” , que consiste na exposição adequada do triângulo hepatocístico através da liberação da borda inferior da vesícula por meio de tração cranial do fundo da vesícula e ínfero-lateral direita do infundíbulo (exposição da placa cística,) dissecando e deixando o trígono livre de todos os tecidos, exceto o ducto cístico e a artéria cística que devem ser identificadas “entrando” na vesícula antes da secção. A dificuldade na identificação da visão crítica deve levar o cirurgião a considerar a realização de colangiografia ou a conversão da colecistectomia laparoscópica em cirurgia aberta.

39
Q

Em relação aos tipos de laparotomia, a incisão de Kocher é:
A. muito utilizada em apendicectomias com poucos dias de evolução.
B. localizada em região subcostal direita.
C. utilizada em partos cesáreos.
D. preferível em apendicites complicadas, com peritonite.

A

B

COMENTÁRIOS

A. A incisão de McBurney e de Davis são incisões localizadas na fossa ilíaca direita, muito utilizadas nas apendicites agudas em fases iniciais.

B. A incisão de Kocher é uma incisão oblíqua, feita paralelamente ao rebordo costal direito, começando abaixo do xifoide e estendendo-se lateralmente. A incisão passa por toda a bainha do reto e músculo reto abdominal, oblíquo interno e transverso do abdome, antes de passar pela fáscia transversal e pelo peritônio para, então, entrar na cavidade abdominal. É a via de acesso preferencial para colecistectomias abertas.

C. A incisão muito utilizada em partos cesáreos é a de Pfannestiel, uma incisão suprapúbica transversa.

D. Nas apendicites complicadas, com peritonite, a via de acesso cirúrgico preferencial é a laparotomia (mediana ou paramediana direita), devido ao amplo acesso à cavidade.

40
Q

Mulher, 31 anos de idade, com obesidade grau 1 está internada devido a pancreatite aguda leve. Evoluiu com melhora da dor, 2 dias após o início dos sintomas. Tem diabete melito tipo 2 e hipotireoidismo. Foi submetida a ultrassonografia de abdome que evidenciou vesícula biliar de paredes finas, sem cálculos e com via biliar de 0,4 cm. Nega uso abusivo de álcool. Qual é o próximo passo?
A. Realizar ecoendoscopia.
B. Colecistectomia com colangiografia.
C. Tratamento com ácido ursodesoxicólico.
D. Realizar tomografia de abdome.

A

A

Solução em texto
Estamos diante de uma paciente com diagnóstico de pancreatite aguda leve, tratada clinicamente e com melhora da dor. A principal causa da pancreatite aguda é a litíase vesicular. Mas a ultrassonografia não visualizou nenhum cálculo na vesícula. Como não há histórico de etilismo, afastamos o álcool como etiologia da pancreatite aguda. Qual o próximo passo? Vamos discutir as alternativas!

A. O ultrassom endoscópico ou ecoendoscopia tem sua utilidade para o diagnóstico de microcálculos de vesícula biliar (que não foram visualizados na ultrassonografia) ou em paciente nos quais não é possível outros exames de imagem, como superobesos. Por não ter a interferência do tecido subcutâneo e o transdutor ficar junto do antro gástrico/2ª porção duodenal, o exame sofre menor interferência externa, possibilitando o diagnóstico em casos mais difíceis.

B. Se a ultrassonografia confirmasse o diagnóstico de colelitíase, esta seria a melhor conduta.

C. O ácido ursodesoxicólico (ursodiol) é uma opção medicamentosa para o tratamento da colelitíase . Ele age solubilizando o colesterol presente na superfície e no centro do cálculo. Além disso, o ursodiol age diminuindo a absorção intestinal de colesterol e melhorando o esvaziamento da vesícula biliar, dois fatores envolvidos na gênese do cálculo de colesterol. Um dado importante é que, para ser efetivo, é necessário que o ducto cístico esteja patente, permitindo que o ursodiol se concentre dentro da vesícula biliar. A taxa de sucesso varia de 30 a 50%. As terapias não cirúrgicas para a colelitíase sintomática só devem ser indicadas para pacientes que não tenham condições cirúrgicas para serem submetidos a uma colecistectomia ou pacientes que terminantemente recusem tratamento cirúrgico.

Nós ainda não temos o diagnóstico de colelitíase. Além disso, o uso do ácido ursodesoxicólico é conduta de exceção.

D. A tomografia é menos sensível que a ultrassonografia para visualização de cálculos biliares. Se nenhum cálculo foi visualizado na ultrassonografia, certamente também não será na tomografia!

41
Q

A terminologia “colecistectomia insegura” refere-se:
A. ao risco cirúrgico elevado, de acordo com a classificação de ASA, com altas taxas de morbimortalidade.
B. à presença de, pelo menos, 3 comorbidades sistêmicas no paciente, que indicam colecistostomia prévia à colecistectomia.
C. à presença de subversão anatômica da região, que dificulta ou impede a correta identificação de estruturas anatômicas.
D. à presença de aderências perivesiculares, que dificultam o descolamento da vesícula do leito hep
E. à colecistectomia por videolaparoscopia, sem a realização prévia da colangiopancreatografia endoscópica.

A

C

Solução em texto
Esse termo “colecistectomia insegura” não é muito utilizado. O que sempre usamos e que cai em prova é o conceito de “VISÃO CRÍTICA DA SEGURANÇA” ou “critical view of safety” que seria o oposto à “colecistectomia insegura”. Sabendo isso, você acerta a questão! Para garantir uma cirurgia segura e a clipagem correta das estruturas, evitando assim uma lesão inadvertida da via biliar, Strasberg propôs a “VISÃO CRÍTICA DA SEGURANÇA” ou “critical view of safety” , que consiste na exposição adequada do triângulo hepatocístico através da liberação da borda inferior da vesícula por meio de tração cranial do fundo da vesícula e ínfero-lateral direita do infundíbulo (exposição da placa cística,) dissecando e deixando o trígono livre de todos os tecidos, exceto o ducto cístico e a artéria cística que devem ser identificadas “entrando” na vesícula antes da secção. A dificuldade na identificação da visão crítica deve levar o cirurgião a considerar a realização de colangiografia ou a conversão da colecistectomia laparoscópica em cirurgia aberta.

42
Q

A técnica da colecistectomia videolaparoscópica segura, descrita por Strasberg em 2010 e adotada mundialmente, descreve a chamada “critical view of safety” ou visão crítica de segurança. Nesse passo, três critérios são necessários. Indique-os:
A. (1) O triângulo hepatocístico está dissecado e limpo de tecido gorduroso/fibroso • (2)o colédoco está inteiramente dissecado • (3) somente 2 estruturas devem ser visualizadas, chegando até a vesícula.
B. (1) O triângulo hepatocístico está dissecado e limpo de tecido gorduroso/fibroso • (2) o terço inferior da vesícula é separado do fígado para exposição da placa cística • (3) somente 3 estruturas devem ser visualizadas, chegando até a vesícula.
C. (1) O triângulo hepatocístico está dissecado e limpo de tecido gorduroso/fibroso • (2) o terço inferior da vesícula é separado do fígado para exposição da placa cística • (3) somente 2 estruturas devem ser visualizadas, chegando até a vesícula.
D. (1) O triângulo hepatocístico é mantido intacto • (2) o colédoco está inteiramente dissecado • (3) somente 2 estruturas devem ser visualizadas, chegando até a vesícula.
E. (1) O triângulo hepatocístico está dissecado e limpo de tecido gorduroso/fibroso • (2) a placa cística deve permanecer intacta e não exposta • (3) somente 2 estruturas devem ser visualizadas, chegando até a vesícula.

A

C

Solução em texto
Para garantir uma cirurgia segura e a clipagem correta das estruturas, evitando assim uma lesão inadvertida da via biliar, Strasberg propôs a “VISÃO CRÍTICA DA SEGURANÇA” ou “critical view of safety” , que consiste na exposição adequada do triângulo hepatocístico através da liberação da borda inferior da vesícula por meio de tração cranial do fundo da vesícula e ínfero-lateral direita do infundíbulo (exposição da placa cística,) dissecando e deixando o trígono livre de todos os tecidos, exceto o ducto cístico e a artéria cística que devem ser identificadas “entrando” na vesícula antes da secção. A dificuldade na identificação da visão crítica deve levar o cirurgião a considerar a realização de colangiografia ou a conversão da colecistectomia laparoscópica em cirurgia aberta.

43
Q

Homem de 56 anos portador de hepatopatia crônica devido ao consumo diário de bebidas alcoólicas é acompanhado no ambulatório de gastroenterologia por ascite recorrente. O paciente apresenta sintomas relacionados a “má digestão” e em certas ocasiões apresenta dor abdominal e vômitos. Ultrassonografia abdominal de rotina revela cálculos na vesícula biliar de aproximadamente 0,5 a 1 cm e fígado de aspecto cirrótico. O gastroenterologista encaminha o paciente para avaliação do cirurgião. Qual deve ser a conduta em relação ao cálculo da vesícula biliar?
A. Classificar o paciente para transplante e então indicar a colecistectomia.
B. Observar o desenvolvimento de uma colecistite, para indicar a cirurgia.
C. Indicar a colecistectomia aberta, para melhor controle de hemorragia.
D. Indicar a colecistectomia por videolaparoscopia, para prevenir hérnias.

A

D

Solução em texto
Estamos diante de um paciente cirrótico com colelitíase sintomática, indicação absoluta de colecistectomia.
A via de acesso cirúrgico preferencial, mesmo no paciente cirrótico, é a laparoscopia, por apresentar inúmeras vantagens em relação à cirurgia aberta convencional, por exemplo: menor dor pós-operatória, retorno mais precoce às atividades habituais, menor tempo de internação hospitalar, menor probabilidade de obstrução por bridas e formação de hérnia incisional (isto é importante em um paciente com ascite recorrente).

44
Q

Uma mulher com 61 anos de idade, acompanhada pela filha, foi atendida em ambulatório de hospital secundário referindo ter apresentado dor no hipocôndrio direito e vômitos por 3 dias, há 30 dias. Relatava fazer uso de metformina 500 mg, 2 vezes por dia e atenolol 50 mg por dia. Trouxe ultrassonografia que descrevia vesícula biliar com paredes discretamente espessadas e presença de colelitíase. Os exames laboratoriais evidenciaram glicemia de 120 mg/dL (referência: 75 a 99), creatinina 0,99 mg/dL (referência: 0,6 a 1,1), leucócitos 6 200/mm3 (referência: 3 500 a 10 500), não apresentava alteração na contagem diferencial dos leucócitos. Ao exame físico, o abdome estava flácido, não relatava dor à palpação, PA = 140/80 mmHg, temperatura axilar = 36,5 °C.

Com base nos dados apresentados, qual alternativa apresenta a orientação correta à paciente e à filha sobre a conduta a ser seguida?

A. Indicar tratamento operatório se apresentar dor novamente.
B. Tratar as doenças clínicas e realizar controle com ultrassonografia anual.
C. Encaminhar ao pronto-socorro para tratamento operatório.
D. Compensar melhor a glicemia e indicar tratamento operatório eletivo.

A

D

Solução em texto
Estamos diante de uma paciente que apresentou dor em hipocôndrio direito há 30 dias, e desde então, está assintomática. O exame físico e o laboratório não apresentam sinais infecciosos sugestivos de colecistite aguda. E a ultrassonografia apresenta colelitíase. Logo, a paciente tem o diagnóstico de litíase vesicular, que apresentou cólica biliar há 30 dias. Sempre que estivermos diante de uma paciente com colelitíase sintomática, a conduta é colecistectomia em caráter eletivo. Como ela apresenta glicemia alterada, e não se trata de uma cirurgia de urgência, o correto é compensar clinicamente o diabetes primeiro, e depois programar a cirurgia.

C. A indicação de tratamento cirúrgico de urgência (colecistectomia) seria na presença de colecistite aguda. O quadro clínico típico da colecistite aguda é dor constante (> 4-6 hs) em hipocôndrio direito, associada à febre, náuseas e vômitos. No exame físico, encontramos o clássico sinal de Murphy, ou seja, parada abrupta da inspiração durante a palpação profunda do hipocôndrio direito. Geralmente há leucocitose com desvio e aumento da PCR. O diagnóstico deve ser confirmado pela ultrassonografia e as principais alterações ultrassonográficas encontradas na colecistite aguda litiásica são:
• Espessamento da parede vesicular (≥ 4mm) ou edema (sinal da dupla parede)
• Cálculo impactado e imóvel no infundíbulo
• Aumento da vesícula biliar - hidropsia (eixo longo ≥8 cm, eixo curto ≥4 cm)
• Líquido perivesicular (halo hipoecoico)
• Sinal de Murphy ultrassonográfico: hipersensibilidade na topografia da vesícula notada durante a palpação com o transdutor do ultrassom

45
Q

Paciente feminina de 50 anos inicia com quadro de dor abdominal súbita com 12 horas de evolução. Durante avaliação em pronto atendimento, o médico assistente formula a hipótese diagnóstica de pancreatite aguda. Em relação ao diagnóstico e tratamento dessa paciente, analise as assertivas abaixo:

I) A base do diagnóstico dessa patologia são os achados clínicos associados a uma elevação dos níveis das enzimas pancreáticas no plasma.

II) A lipase é um marcador mais específico que a amilase, pois esta pode estar elevada em inúmeras condições, como na úlcera péptica perfurada e na salpingite.

III) A base do tratamento dessa patologia é a reposição agressiva de líquidos e eletrólitos.

IV) Os cálculos biliares e o uso abusivo de álcool representam entre 70% e 80% dos casos dessa patologia, que pode ser causada também por trauma fechado ou ser induzida por medicamentos.

 Estão corretas as assertiva
II apenas.
I e II apenas.
III e IV apenas.
II, III e IV apenas.
todas assertivas estão corretas.
A

E

Solução em texto
GABARITO: ALTERNATIVA E

Caro (a) aluno (a), estamos diante de uma clássica questão sobre pancreatite aguda. Nessa questão, o autor “passeia” pelos critérios diagnósticos, etiologia e conduta dessa importante doença pancreática. Ele questiona quais dessas assertivas estão corretas. Que tal avaliarmos cada uma delas?

Assertiva I: CORRETA. Para diagnóstico de pancreatite aguda, o doente deverá preencher dois dos três seguintes critérios:

  • Critério clínico: dor abdominal no quadrante superior associada a náuseas e vômitos.
  • Critério laboratorial: aumento de amilase e/ou lipase acima de 3 vezes o limite superior da normalidade.
  • Critério radiológico: alterações típicas de pancreatite aguda nos exames de imagem.

Se o paciente preencher critério clínico e laboratorial, ele já deve ser considerado portador de pancreatite aguda, sem que nenhum exame de imagem precise ser feito com finalidade diagnóstica.

Assertiva II: CORRETA. A lipase é, de fato, mais específica do que a amilase. Esta, por sua vez, pode estar aumentada em várias outras condições clínicas, como parotidide, alcoolismo crônico, artrite reumatoide, infecção pelo HIV, linfoma, carcinomas de pulmão, gestação, infecções pulmonares, trauma pancreático, uso de certas medicações, cetoacidose diabética, transplante renal, algumas doenças das vias biliares e intra-abdominais, etc.

Assertiva III: CORRETA. O tratamento da pancreatite aguda envolve três pilares: manejo dietético, controle álgico e ressuscitação volêmica. Dentre os três, destaca-se a importância da ressuscitação volêmica com cristaloides, que deve ser instituída mesmo na ausência de sinais de instabilidade hemodinâmica.

Assertiva IV: CORRETA. A principal causa de pancreatite aguda é a litíase biliar, correspondendo a 40% dos casos. Em segundo lugar, temos a etiologia alcoólica, que responde por 30-35% dos episódios de pancreatite aguda. Outras causas possíveis são: hipercalcemia, medicamentos, trauma, hipertrigliceridemia, etc.

Como todas as assertivas estão corretas, o gabarito a ser assinalado deve ser a alternativa E.

Correta a alternativa E.

46
Q

Paciente de 62 anos é encaminhado ao ambulatório de cirurgia com história de icterícia progressiva associada a dor epigástrica irradiada para o dorso há 2 meses. Ele refere ainda que no período apresentou emagrecimento de 10 kg. De antecedentes refere ser hipertenso e tabagista há 40 anos. Nega etilismo. Ao exame físico o paciente está ictérico 2+/4, corado, afebril e orientado. O exame cardiorrespiratório não apresenta anormalidades. No exame abdominal, nota-se um abdome escavado, com uma vesícula biliar palpável e indolor.

O quadro clínico deste paciente é sugestivo de:
A. Hepatocarcinoma.
B. Adenocarcinoma de colo.
C. Adenocarcinoma gástrico.
D. Adenocarcinoma pancreático.
A

D

Solução em texto
Dor abdominal, icterícia progressiva e emagrecimento são sintomas típicos de neoplasia periampular. Além disso, o paciente apresenta vesícula biliar palpável e indolor, sinal conhecido como “sinal de Courvosier Terrier”.

A. Hepatocarcinoma não apresenta vesícula biliar palpável.

47
Q

A doença calculosa biliar é a principal patologia da vesícula biliar. É importante o conhecimento sobre sua fisiopatologia, epidemiologia e quadro clínico.

Analise as assertivas abaixo:

I. O principal tipo de cálculo é o cálculo puro de colesterol.

II. Os principais fatores de risco para a formação dos cálculos pigmentares pretos são as doenças hemolíticas, como a anemia falciforme e a cirrose hepática.

III. A maioria dos cálculos da vesícula biliar é assintomática, com uma taxa de progressão para doença sintomática em torno de 10% ao ano.

IV. A febre é um achado comum durante a cólica biliar típica.

V. Paciente com anemia falciforme e colelitíase assintomática tem indicação de colecistectomia profilática.

São verdadeiras:
A. Todas são verdadeiras.
B. Apenas I, II e V são verdadeiras.
C. Apenas I e III são verdadeiras.
D. Apenas I, II e IV são verdadeiras
E. Apenas II e V são verdadeiras.
A

E

Solução em texto
GABARITO: ALTERNATIVA E

Vamos analisar cada uma das assertivas:

I) FALSA: O principal tipo de cálculo é o cálculo misto, formado por colesterol e cálcio, que representa 70% dos cálculos; o cálculo puro de colesterol representa menos de 10% de todos os cálculos.

III) FALSA: A prevalência da colelitíase na população mundial é em torno de 10-20%, sendo que 80-85% dos casos são ASSINTOMÁTICOS. No entanto, diferente do que está presente na alternativa, a taxa de conversão para doença sintomática é em torno de 2-3% ao ano, e não 10% ao ano.

IV) FALSA: A cólica biliar típica é causada pela obstrução ao fluxo da bile pelo ducto cístico por cálculo ou lama biliar. Suas principais características são uma dor em hipocôndrio direito, que se inicia após uma alimentação copiosa ou rica em gordura, podendo estar ou não associada a náuseas e/ou vômitos, que não costuma durar mais que 6 horas. Olhe a imagem abaixo para ajudá-lo a fixar essas características:

48
Q

Paciente do sexo feminino, 45 anos, com história de cólica biliar e colelitíase de longa data, refere início há duas semanas de icterícia associada à colúria. Refere náuseas, sem vômitos e nega febre. Ao exame, apresenta dor em hipocôndrio direito à palpação profunda, sem descompressão brusca, sinal de Murphy ausente. Realizada ultrassonografia abdominal, que descreve cálculo impactado no infundíbulo e dilatação das vias biliares intra-hepáticas, sem dilatação extra-hepática.

Frente ao provável diagnóstico, assinale a alternativa correta.
A. Frente a esse quadro clínico-radiológico, a hipótese provável é de colangiocarcinoma
B. O tratamento dessa patologia é clínico, não tendo indicação cirúrgica.
C. O achado intraoperatório dessa patologia está associado a aumento da morbidade cirúrgica.
D. A patologia não é fator de risco para câncer de vesícula biliar.
E. A obstrução crônica e a inflamação podem levar à formação de fístula colecistoentérica, sendo o local mais cometido o ângulo hepático do cólon.

A

C

Solução em texto
GABARITO: ALTERNATIVA C

Temos uma paciente com história de colelitíase de longa data evoluindo com icterícia de padrão obstrutivo por apresentar colúria (escurecimento da urina decorrente do excesso de bilirrubina direta). Nesta situação, nossa principal hipótese é de coledocolitíase No entanto, a ultrassonografia mostra um cálculo impactado no infundíbulo e dilatação apenas da árvore biliar intra-hepática. Nesta situação, a principal hipótese diagnóstica é de síndrome de Mirizzi. A síndrome de Mirizzi é definida como obstrução do ducto hepático comum causada por compressão extrínseca de um cálculo impactado no ducto cístico ou infundíbulo da vesícula biliar.

E. A síndrome de Mirizzi pode levar à fístula colecistoentérica, sendo que o local mais comumente afetado é o DUODENO; aproximadamente 15% das fístulas colecistoentéricas são para o ângulo hepático colônico.

49
Q

Em relação às doenças e lesões relacionadas à via biliar, assinale a alternativa INCORRETA.

A. Lesão parcial, única, pequena e lateral do ducto biliar pode ser tratada com a colocação de tubo em T (Kehr).

B. A cirrose é um fator de risco para o desenvolvimento da colangite esclerosante primária.

C. O cisto de colédoco é uma condição incomum que geralmente necessita de tratamento cirúrgico.

D. As estenoses biliares, após transplante hepático, podem ser tratadas com stents transepáticos.

E. O colangiocarcinoma que se estende somente para o ducto intra-hepático direito é do tipo IIIA, conforme a classificação de Bismuth.

A

B

COMENTÁRIOS

A. Correta. Lesão do ducto biliar que não for causada por eletrocautério e envolver menos de 50% da sua circunferência, pode ser tratada com a passagem de um dreno de Kehr pela lesão.

B. Incorreta. A colangite esclerosante primária é uma doença inflamatória da árvore biliar, de etiologia desconhecida, que leva a fibrose e estenose dos ductos biliares intra e extra-hepáticos.

C. Correta. O cisto de colédoco é bastante raro, com incidência menor que 1 em cada 100000 pessoas. Pelo risco de malignização e pelos riscos relacionados à inflamação crônica do parênquima hepático, tem sempre indicação cirúrgica

D. Correta. Estenoses da anastomose ducto-ducto são, atualmente, preferencialmente tratadas com a colocação de stents transepáticos, seja por CPRE, seja por drenagem transparieto-hepática. Podemos realizar dilatação da estenose com balão hidrostático ou dilatadores de passagem, e seguir com a colocação de uma ou mais próteses plásticas, ou ainda, de uma prótese metálica autoexpansível totalmente coberta (PMAEC).

E. Correta. Os tumores peri-hilares, ou de Klatskin, são classificados conforme o acometimento dos ductos hepáticos. Quando se estendem apenas para o ducto hepático direito, são classificados com IIIa. Relembre abaixo.

50
Q
Durante uma colecistectomia qual das opções abaixo NÃO representa indicação para colangiografia per-operatória?
A. Suspeita de coledocolitíase.
B. Painel funcional hepático anormal.
C. Anatomia biliar anômala ou confusa.
D. Árvore biliar dilatada.
E. Microcálculos.
A

E

Solução em texto
No passado, a colangiografia per-operatória era rotina nas colecistectomias, porém, essa prática caiu em desuso por não aumentar o diagnóstico de coledocolitíase e aumentar o tempo operatório.
A Sociedade Americana de Gastroenterologia Endoscópica (ASGE) classifica os pacientes com suspeita de coledocolitíase em alto risco, risco intermediário e baixo risco, a partir de preditores da presença de cálculos no colédoco, e esta classificação que irá definir a necessidade da colangiografia per-operatória.

B. A alteração bioquímica hepática é um fator preditor de coledocolitíase moderado.

E. A presença de microcálculos não é indicativo de colangiografia intraoperatória, dificilmente um cálculo menor que 5 mm irá impactar no colédoco.

51
Q

Mulher, 50 anos de idade, que apresentava litíase biliar sintomática, foi submetida a colecistectomia videolaparoscópica eletiva que transcorreu sem problemas e recebeu alta no 2º dia de pós-operatório. Uma semana depois, o cirurgião a chamou para avisá-la de que, ao exame, a peça cirúrgica revelou a presença de adenocarcinoma de parede da vesícula biliar. O câncer é limitado à camada muscular da vesícula biliar e, no ducto cístico, a margem é negativa. Na subsequente conversa com a paciente, o que deveria ser recomendado como plano de tratamento?
A. Ressecção da fossa hepática da vesícula biliar e linfadenectomia portal.

B. Ressecção dos locais de punção dos trocartes da laparoscopia e quimioterapia com 5-fluoracil.

C. Radioterapia e quimioterapia com 5-fluoracil.

D. Hepatectomia dos segmentos IVa e V, linfadenectomia portal e ressecção com reconstrução da via biliar extra-hepática.

E. Nenhum tratamento adicional é necessário.

A

A

Considerando paciente com estadiamento T1b, qual o próximo passo?

A. Ressecção da fossa hepática da vesícula biliar e linfadenectomia portal.
Nos tumores T1b (tumor que invade a camada muscular),é recomendado a ampliação das margens, ou seja, é necessário ressecar parte do leito hepático da vesícula biliar, a fim de se atingir margens livres; além disso, a linfadenectomia do ducto
cístico, pericoledocociana, hepatoduodenal, celíaca direita e pancreaticoduodenal posterior deve ser realizada.

B. Ressecção dos locais de punção dos trocartes da laparoscopia e quimioterapia com 5-fluoracil.
A ressecção dos ports laparoscópicos não é mais indicada, visto que a disseminação para esses locais indica doença avançada (é igual à carcinomatose peritoneal).

C. Radioterapia e quimioterapia com 5-fluoracil. O tratamento radioterápico não é usado no câncer de vesícula, sendo indicada a quimioterapia em casos paliativos.

D. Hepatectomia dos segmentos IVa e V, linfadenectomia portal e ressecção com reconstrução da via biliar extra-hepática. A hepatectomia e ressecção da via biliar fica reservada para pacientes com estadiamento T2 cuja margem no ducto cístico está comprometida.

E. Nenhum tratamento adicional é necessário.
Conduta em pacientes com estadiamento T1a.

52
Q

Paciente portadora de coledocolitíase e que foi submetida eletivamente a colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) com papilotomia evolui com dor abdominal e vômitos. O exame radiológico simples de abdome mostra pneumorretroperitônio à direita. O diagnóstico provável é:

A. perfuração de colédoco.
B. desinserção da papila menor.
C. pancreatite aguda.
D. papilite.
E. perfuração da parede posterior do duodeno.
A

E

Solução em texto
Paciente submetida a CPRE evoluindo com dor abdominal e vômitos, ao exame de raio-x há presença de pneumoperitônio. A colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) apresenta complicações graves, que podem levar o paciente ao óbito. Algumas das complicações importantes da CPRE são:

  • Pancreatite: ocorre em torno de 10% dos casos;
  • Infecção da via biliar/colangite: ocorre na maioria das vezes por conta da manipulação da via biliar. Para evitar essa complicação, está indicado o uso de antibioticoprofilaxia;
  • Perfuração: A perfuração pós-CPRE é uma das mais temidas complicações relacionadas ao procedimento, com incidência em torno de 0,5-2% dos casos;

Há uma classificação para este tipo de complicação:
CLASSIFICAÇÃO DE STAPFER

A. A perfuração do colédoco não iria cursar com quadro de retropneumoperitônio, e sim coleperitônio.

B. A desinserção da papila menor também não cursa com retropneumoperitônio, é considerada uma lesão de via biliar.

C. O quadro de dor abdominal e vômitos pode inicialmente levantar a dúvida sobre um quadro de pancreatite aguda pós CPRE, mas quando realizado o raio-x notamos um achado não característico da pancreatite.

D. A papilite irá cursar com icterícia e quadro clínico característico da colangite com a tríade de Charcot.