Caso 7: Hemorragia pós parto Flashcards
a hemorragia pós parto é definida como? pela OMS e pela American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG
Esse tipo de hemorragia é definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a perda de sangue ≥ 500 mℓ; a perda ≥ 1.000 mℓ é classificada como grave
já o American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG) define a hemorragia pós-parto como a perda de sangue ≥ 1.000 mℓ qualquer que seja a via do parto, ou a perda de sangue acompanhada de sinais e sintomas de hipovolemia.
O que é a hemorragia pós parto primária (precoce) e secundária (tardia)
- Primária (precoce): É primária quando a hemorragia ocorre dentro de 24 horas do puerpério
- Secundária (tardia): quando o sangramento excessivo incide entre 24 horas e 12 semanas.
epidemiologia
é a causa principal de mortalidade materna em todo o mundo, responsável por cerca de 25% dos óbitos maternos.
Anualmente cerca de 14 milhões de mulheres apresentam hemorragia pós-parto, das quais 70 mil perecem.
É a segunda causa de morte materna no Brasil
Sua prevalência é variável, a depender da definição utilizada e da adesão à profilaxia, podendo chegar até a 20%; no entanto, perdas ≥ 1.000 mℓ acometem 1 a 5% das mulheres.
Estima-se que para cada caso de óbito materno por hemorragia pós-parto ocorram entre 50 e 100 casos de morbidade materna grave decorrente de complicações da hemorragia.
fatores de risco associadas a condições clínicas e gestacionais
idade materna avançada
multiparidade
gestação múltipla
fertilização in vitro
cirurgia uterina previa
antecedente de HPP
obesidade
miomatose uterina
doença hipertensiva
placenta previa
anemia materna
uso de anticoagulante
coagulopatia
macrossomia
polidramnia
coriomnionite
acretismo placentario
fatores de risco associados a condições do nascimento
descolamento prematuro de placenta
uso de fármacos relaxantes uterinos
trabalho de parto prolongado
parto taquitócico
parto induzido
laceração de canal de parto
retenção placentária
parto vaginal operatório ( forceps ou vácuo extrator)
cesariana
inversão uterina
anestesia geral
a anemia antenatal deve ser investigada e tratada apropriadamente (hemoglobina < Xg/dℓ), uma vez que pode reduzir a morbidade associada à hemorragia pós-parto
11 a 10,5
PREVENÇÃO
Desse modo, a OMS recomenda a profilaxia medicamentosa universal em todas as situações, seja parto vaginal, seja cesariana.
A conduta ativa no secundamento é a maneira efetiva de evitar a hemorragia pós-parto: 4
- administração de ocitocina (10 UI) por via intramuscular (IM) após o desprendimento do ombro anterior
- clampeamento do cordão: o clampeamento oportuno do cordão (entre 1 e 3 minutos pós-parto) com benefícios para o recém-nascido.
- tração controlada do cordão: Em relação à tração controlada do cordão, quando realizada, há diminuição do tempo de dequitação; no entanto, esse procedimento deverá ser realizado apenas por profissional treinado
- massagem uterina: mesmo sem influenciar o volume sanguíneo perdido após o parto, a OMS recomenda que a massagem uterina seja realizada a cada 15 minutos nas primeiras 2 horas após o parto, pois auxilia no diagnóstico precoce da atonia uterina.
PREVENÇÃO
Quanto à via de administração da ocitocina, a OMS recomenda que
e na cesariana qual regime ideal
uma vez que haja acesso venoso, dá-se preferência à via intravenosa (IV), 10 UI em administração lenta de solução (3 a 5 minutos), pois esta reduz a incidência de hemorragia pós-parto grave e de transfusão sanguínea
Na cesariana, não há regime ideal pré-definido. Há recomendações de se fazerem 5 UI em bolus, que podem ser seguidas de infusão contínua de 20 a 40 UI por 4 a 8 horas.
PREVENÇÃO
Outros medicamentos, além da ocitocina, também são efetivos na prevenção da hemorragia pós-parto
quais são?
Carbetocina 100ug
Misoprostol 400 a 600ug oral/retal
Ergometrina/metilergometrina 0,2mg IM/IV
Com exceção da carbetocina, a ocitocina é superior e/ou tem menos efeitos colaterais que as demais.
DIAGNÓSTICO
inicia-se com
inicia-se com o reconhecimento do sangramento excessivo e o exame pormenorizado da paciente para identificar sua causa
Em geral, a perda é estimada por meio visual, porém há uma tendência a subestimar a perda em até 50%, que é ainda maior quanto maior a perda de sangue
Se há poça de sangue restrita ao leito da puérpera, provavelmente a hemorragia não excede 1.000 mℓ; contudo, se sangue extravasa e cai no chão, a hemorragia provavelmente excede 1.000 mℓ.
Estratégias como a pesagem de compressas e o uso de bolsas coletoras calibradas procuram mitigar esse problema e facilitar o pronto reconhecimento da hemorragia para lançar mão do tratamento:
DIAGNÓSTICO
Recentemente, tem-se observado que alterações do índice de choque (IC) – têm associação com desfecho materno grave decorrente da hemorragia pós-parto.
como é calculado?
qual momento ideal de avaliação
– calculado pela divisão da frequência cardíaca (FC) pela pressão arterial sistólica
Investigações sugerem que o melhor momento de avaliação do IC e da FC é 40 minutos após o parto, quando a “regra dos 1” deve indicar as mulheres que devem receber vigilância rigorosa e/ou tratamento: FC > 100 bpm ou IC ≥ 1 ou perda sanguínea estimada > 1.000 mℓ.
DIAGNÓSTICO
hemorragia pós-parto apresenta, basicamente, quatro causas principais que são resumidas por meio do método mnemônico “4 Ts”:
- Tônus: A causa principal e mais comum é a atonia uterina (tônus), responsável por aproximadamente 70% dos casos de hemorragia
- Tecido: O segundo “T” (tecido) engloba os casos de retenção placentária ou de restos placentários.
- Trauma: O terceiro “T” (trauma) representa as lacerações de trajeto do canal de nascimento, de colo uterino, perineais e ainda inclui os casos de ruptura e inversão uterina.
- Trombina: o quarto “T” (trombina) descreve os casos de alterações hematológicas que diminuem a capacidade de coagulação do sangue
TRATAMENTO
Com tratamento de início precoce e agressivo no escalonamento das medidas, é possível evitar a tríade letal do choque hemorrágico
(acidose, hipotermia e coagulopatia)
TRATAMENTO INICIAL - ABORDAGEM INICIAL
Uma vez identificada a hemorragia, preconiza-se como medidas gerais que, após chamar por ajuda, protejam-se as vias respiratórias da paciente e ofereça-se oxigênio (O2) por meio do uso de máscara de O2
É muito importante também assegurar dois acessos venosos calibrosos, esvaziar a bexiga e manter a paciente aquecida.
Deve-se aproveitar o momento para coletar exames de sangue, que incluem: tipagem sanguínea com prova cruzada, coagulograma, dosagem de fibrinogênio, concentração de hemoglobina, hematócrito e plaquetas.
Caso haja sinais hemodinâmicos de baixo débito ou choque, também deve ser iniciada reanimação volêmica com solução cristaloide.
seguir, outras medidas, como retirada de coágulos, avaliação para verificar se houve dequitação completa da placenta e presença de lacerações do trajeto do parto, podem ser instituídas.
TRATAMENTO INICIAL - ABORDAGEM INICIAL
qual causa mais comum? e como é tratada
A atonia uterina é a causa mais comum de hemorragia pós-parto. Como a hemostasia associada à separação da placenta depende da contração miometrial, a atonia é tratada com massagem (ou compressão bimanual do útero), agentes uterotônicos e ácido tranexâmico, que devem ser iniciados concomitantemente às medidas gerais anteriormente descritas
TRATAMENTO - ABORDAGEM INICIAL
O mnemônico De-MOTIVO:
Detecção precoce, Massagem, Ocitocina, Tranexâmico, reposição volêmica IV, Outras medidas
TRATAMENTO - ABORDAGEM INICIAL - Agentes uterotônicos
como a ocitocina ajuda?
* ver se precisa das doses
- A ocitocina estimula o útero a contrair-se ritmicamente, constringindo as artérias espiraladas e diminuindo o sangramento da ferida placentária.
- A ocitocina é o tratamento de primeira linha
Os demais uterotônicos são utilizados apenas na falha da abordagem inicial.
- A ocitocina é o tratamento de primeira linha
TRATAMENTO - ABORDAGEM INICIAL - Agentes uterotônicos
derivados do ergot
modo de ação
contraindicação
metilergometrina causa contração uterina generalizada, tetânica, na dose de 0,2 mg, IM ou IV, e pode ser repetida a cada 2 a 4 horas. É medicamento de segunda linha, contraindicado para mulheres hipertensas.
TRATAMENTO - ABORDAGEM INICIAL - Agentes uterotônicos
prostaglandinas
O misoprostol é outro agente uterotônico utilizado, na dose de até 800 μg, por via retal (VR), oral (VO) ou sublingual (SL).
A VR parece ser inferior às demais, e há dúvidas quanto à eficácia do misoprostol como adjuvante em mulheres que receberam tratamento com ocitocina.
TRATAMENTO - ABORDAGEM INICIAL - Ácido tranexâmico
Deve ser administrado na dose de 1 g em 10 minutos para hemorragia pós-parto de qualquer etiologia. Após 30 minutos, caso o sangramento se mantenha, essa dose poderá ser repetida.
TRATAMENTO - ABORDAGEM INICIAL - reposição volêmica
Objetivo da PAS e PAM
Estudos mais recentes têm apontado para a reposição volêmica controlada, ou seja, em bolus de 500 mℓ de solução cristaloide (preferencialmente Ringer com lactato aquecido), para manter a pressão arterial estável, com sistólica ≥ 80 mmHg (pressão arterial média de 50 a 60 mmHg).
vita-se reposição volêmica mais agressiva para não gerar coagulopatia dilucional, aumentar a pressão hidrostática e piorar o quadro de hemorragia, além de induzir à hipotermia.
Ao fim da infusão de cada solução de 500 mℓ, devem-se reavaliar os sinais vitais e avaliar se é necessário infundir mais volume. Alguns protocolos sugerem limitar a infusão a 2 ℓ de solução cristaloide. Infusão de > 4 ℓ está associada a mais sangramento e desfechos maternos adversos.
TRATAMENTO - ABORDAGEM INICIAL - outras medidas
pós a realização do primeiro pacote ou bundle para tratamento da hemorragia pós-parto, deve-se pesquisar a possível causa do sangramento para iniciar seu tratamento específico.
Dessa maneira, deve-se, a critério clínico, avaliar Dessa maneira, deve-se, a critério clínico, avaliar se o tratamento foi causado por atonia uterina e fazer sua correção (frequentemente é preciso remover coágulos)
qual conduta se foi retenção dos produtos da concepção
Caso seja por retenção de produtos da concepção intraútero, indica-se a extração manual da placenta ou, se já ocorrida a dequitação, deve ser considerada também a possibilidade de retenção de restos placentários (p. ex., lobo sucenturiado), que pode ser diagnosticada por meio da ultrassonografia.
TRATAMENTO - ABORDAGEM INICIAL - outras medidas
placenta acreta
a possibilidade de placenta acreta, deve-se recorrer à histerectomia.
TRATAMENTO - ABORDAGEM INICIAL - outras medidas
Da mesma maneira, deve-se avaliar se há lacerações que devam ser suturadas, ou ainda inversão uterina, a qual deve ser corrigida por meio da
Em especial, nos casos em que ocorreu parto vaginal após cesariana, também deve-se pensar na possibilidade de ruptura uterina.
manobra de Taxe.