Caso 7: Hemorragia pós parto Flashcards

1
Q

a hemorragia pós parto é definida como? pela OMS e pela American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG

A

Esse tipo de hemorragia é definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a perda de sangue ≥ 500 mℓ; a perda ≥ 1.000 mℓ é classificada como grave

já o American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG) define a hemorragia pós-parto como a perda de sangue ≥ 1.000 mℓ qualquer que seja a via do parto, ou a perda de sangue acompanhada de sinais e sintomas de hipovolemia.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
2
Q

O que é a hemorragia pós parto primária (precoce) e secundária (tardia)

A
  • Primária (precoce): É primária quando a hemorragia ocorre dentro de 24 horas do puerpério
  • Secundária (tardia): quando o sangramento excessivo incide entre 24 horas e 12 semanas.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
3
Q

epidemiologia

A

é a causa principal de mortalidade materna em todo o mundo, responsável por cerca de 25% dos óbitos maternos.

Anualmente cerca de 14 milhões de mulheres apresentam hemorragia pós-parto, das quais 70 mil perecem.

É a segunda causa de morte materna no Brasil

Sua prevalência é variável, a depender da definição utilizada e da adesão à profilaxia, podendo chegar até a 20%; no entanto, perdas ≥ 1.000 mℓ acometem 1 a 5% das mulheres.

Estima-se que para cada caso de óbito materno por hemorragia pós-parto ocorram entre 50 e 100 casos de morbidade materna grave decorrente de complicações da hemorragia.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
4
Q

fatores de risco associadas a condições clínicas e gestacionais

A

idade materna avançada
multiparidade
gestação múltipla
fertilização in vitro
cirurgia uterina previa
antecedente de HPP
obesidade
miomatose uterina
doença hipertensiva
placenta previa
anemia materna
uso de anticoagulante
coagulopatia
macrossomia
polidramnia
coriomnionite
acretismo placentario

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
5
Q

fatores de risco associados a condições do nascimento

A

descolamento prematuro de placenta
uso de fármacos relaxantes uterinos
trabalho de parto prolongado
parto taquitócico
parto induzido
laceração de canal de parto
retenção placentária
parto vaginal operatório ( forceps ou vácuo extrator)
cesariana
inversão uterina
anestesia geral

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
6
Q

a anemia antenatal deve ser investigada e tratada apropriadamente (hemoglobina < Xg/dℓ), uma vez que pode reduzir a morbidade associada à hemorragia pós-parto

A

11 a 10,5

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
7
Q

PREVENÇÃO
Desse modo, a OMS recomenda a profilaxia medicamentosa universal em todas as situações, seja parto vaginal, seja cesariana.

A conduta ativa no secundamento é a maneira efetiva de evitar a hemorragia pós-parto: 4

A
  • administração de ocitocina (10 UI) por via intramuscular (IM) após o desprendimento do ombro anterior
  • clampeamento do cordão: o clampeamento oportuno do cordão (entre 1 e 3 minutos pós-parto) com benefícios para o recém-nascido.
  • tração controlada do cordão: Em relação à tração controlada do cordão, quando realizada, há diminuição do tempo de dequitação; no entanto, esse procedimento deverá ser realizado apenas por profissional treinado
  • massagem uterina: mesmo sem influenciar o volume sanguíneo perdido após o parto, a OMS recomenda que a massagem uterina seja realizada a cada 15 minutos nas primeiras 2 horas após o parto, pois auxilia no diagnóstico precoce da atonia uterina.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
8
Q

PREVENÇÃO
Quanto à via de administração da ocitocina, a OMS recomenda que

e na cesariana qual regime ideal

A

uma vez que haja acesso venoso, dá-se preferência à via intravenosa (IV), 10 UI em administração lenta de solução (3 a 5 minutos), pois esta reduz a incidência de hemorragia pós-parto grave e de transfusão sanguínea

Na cesariana, não há regime ideal pré-definido. Há recomendações de se fazerem 5 UI em bolus, que podem ser seguidas de infusão contínua de 20 a 40 UI por 4 a 8 horas.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
9
Q

PREVENÇÃO
Outros medicamentos, além da ocitocina, também são efetivos na prevenção da hemorragia pós-parto
quais são?

A

Carbetocina 100ug
Misoprostol 400 a 600ug oral/retal
Ergometrina/metilergometrina 0,2mg IM/IV

Com exceção da carbetocina, a ocitocina é superior e/ou tem menos efeitos colaterais que as demais.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
10
Q

DIAGNÓSTICO
inicia-se com

A

inicia-se com o reconhecimento do sangramento excessivo e o exame pormenorizado da paciente para identificar sua causa
Em geral, a perda é estimada por meio visual, porém há uma tendência a subestimar a perda em até 50%, que é ainda maior quanto maior a perda de sangue

Se há poça de sangue restrita ao leito da puérpera, provavelmente a hemorragia não excede 1.000 mℓ; contudo, se sangue extravasa e cai no chão, a hemorragia provavelmente excede 1.000 mℓ.
Estratégias como a pesagem de compressas e o uso de bolsas coletoras calibradas procuram mitigar esse problema e facilitar o pronto reconhecimento da hemorragia para lançar mão do tratamento:

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
11
Q

DIAGNÓSTICO
Recentemente, tem-se observado que alterações do índice de choque (IC) – têm associação com desfecho materno grave decorrente da hemorragia pós-parto.
como é calculado?
qual momento ideal de avaliação

A

– calculado pela divisão da frequência cardíaca (FC) pela pressão arterial sistólica

Investigações sugerem que o melhor momento de avaliação do IC e da FC é 40 minutos após o parto, quando a “regra dos 1” deve indicar as mulheres que devem receber vigilância rigorosa e/ou tratamento: FC > 100 bpm ou IC ≥ 1 ou perda sanguínea estimada > 1.000 mℓ.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
12
Q

DIAGNÓSTICO
hemorragia pós-parto apresenta, basicamente, quatro causas principais que são resumidas por meio do método mnemônico “4 Ts”:

A
  • Tônus: A causa principal e mais comum é a atonia uterina (tônus), responsável por aproximadamente 70% dos casos de hemorragia
  • Tecido: O segundo “T” (tecido) engloba os casos de retenção placentária ou de restos placentários.
  • Trauma: O terceiro “T” (trauma) representa as lacerações de trajeto do canal de nascimento, de colo uterino, perineais e ainda inclui os casos de ruptura e inversão uterina.
  • Trombina: o quarto “T” (trombina) descreve os casos de alterações hematológicas que diminuem a capacidade de coagulação do sangue
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
13
Q

TRATAMENTO
Com tratamento de início precoce e agressivo no escalonamento das medidas, é possível evitar a tríade letal do choque hemorrágico

A

(acidose, hipotermia e coagulopatia)

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
14
Q

TRATAMENTO INICIAL - ABORDAGEM INICIAL

A

Uma vez identificada a hemorragia, preconiza-se como medidas gerais que, após chamar por ajuda, protejam-se as vias respiratórias da paciente e ofereça-se oxigênio (O2) por meio do uso de máscara de O2

É muito importante também assegurar dois acessos venosos calibrosos, esvaziar a bexiga e manter a paciente aquecida.

Deve-se aproveitar o momento para coletar exames de sangue, que incluem: tipagem sanguínea com prova cruzada, coagulograma, dosagem de fibrinogênio, concentração de hemoglobina, hematócrito e plaquetas.

Caso haja sinais hemodinâmicos de baixo débito ou choque, também deve ser iniciada reanimação volêmica com solução cristaloide.

seguir, outras medidas, como retirada de coágulos, avaliação para verificar se houve dequitação completa da placenta e presença de lacerações do trajeto do parto, podem ser instituídas.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
15
Q

TRATAMENTO INICIAL - ABORDAGEM INICIAL
qual causa mais comum? e como é tratada

A

A atonia uterina é a causa mais comum de hemorragia pós-parto. Como a hemostasia associada à separação da placenta depende da contração miometrial, a atonia é tratada com massagem (ou compressão bimanual do útero), agentes uterotônicos e ácido tranexâmico, que devem ser iniciados concomitantemente às medidas gerais anteriormente descritas

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
16
Q

TRATAMENTO - ABORDAGEM INICIAL
O mnemônico De-MOTIVO:

A

Detecção precoce, Massagem, Ocitocina, Tranexâmico, reposição volêmica IV, Outras medidas

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
17
Q

TRATAMENTO - ABORDAGEM INICIAL - Agentes uterotônicos
como a ocitocina ajuda?
* ver se precisa das doses

A
  • A ocitocina estimula o útero a contrair-se ritmicamente, constringindo as artérias espiraladas e diminuindo o sangramento da ferida placentária.
    • A ocitocina é o tratamento de primeira linha
      Os demais uterotônicos são utilizados apenas na falha da abordagem inicial.
18
Q

TRATAMENTO - ABORDAGEM INICIAL - Agentes uterotônicos
derivados do ergot
modo de ação
contraindicação

A

metilergometrina causa contração uterina generalizada, tetânica, na dose de 0,2 mg, IM ou IV, e pode ser repetida a cada 2 a 4 horas. É medicamento de segunda linha, contraindicado para mulheres hipertensas.

19
Q

TRATAMENTO - ABORDAGEM INICIAL - Agentes uterotônicos
prostaglandinas

A

O misoprostol é outro agente uterotônico utilizado, na dose de até 800 μg, por via retal (VR), oral (VO) ou sublingual (SL).
A VR parece ser inferior às demais, e há dúvidas quanto à eficácia do misoprostol como adjuvante em mulheres que receberam tratamento com ocitocina.

20
Q

TRATAMENTO - ABORDAGEM INICIAL - Ácido tranexâmico

A

Deve ser administrado na dose de 1 g em 10 minutos para hemorragia pós-parto de qualquer etiologia. Após 30 minutos, caso o sangramento se mantenha, essa dose poderá ser repetida.

21
Q

TRATAMENTO - ABORDAGEM INICIAL - reposição volêmica
Objetivo da PAS e PAM

A

Estudos mais recentes têm apontado para a reposição volêmica controlada, ou seja, em bolus de 500 mℓ de solução cristaloide (preferencialmente Ringer com lactato aquecido), para manter a pressão arterial estável, com sistólica ≥ 80 mmHg (pressão arterial média de 50 a 60 mmHg).

vita-se reposição volêmica mais agressiva para não gerar coagulopatia dilucional, aumentar a pressão hidrostática e piorar o quadro de hemorragia, além de induzir à hipotermia.

Ao fim da infusão de cada solução de 500 mℓ, devem-se reavaliar os sinais vitais e avaliar se é necessário infundir mais volume. Alguns protocolos sugerem limitar a infusão a 2 ℓ de solução cristaloide. Infusão de > 4 ℓ está associada a mais sangramento e desfechos maternos adversos.

22
Q

TRATAMENTO - ABORDAGEM INICIAL - outras medidas
pós a realização do primeiro pacote ou bundle para tratamento da hemorragia pós-parto, deve-se pesquisar a possível causa do sangramento para iniciar seu tratamento específico.

Dessa maneira, deve-se, a critério clínico, avaliar Dessa maneira, deve-se, a critério clínico, avaliar se o tratamento foi causado por atonia uterina e fazer sua correção (frequentemente é preciso remover coágulos)

qual conduta se foi retenção dos produtos da concepção

A

Caso seja por retenção de produtos da concepção intraútero, indica-se a extração manual da placenta ou, se já ocorrida a dequitação, deve ser considerada também a possibilidade de retenção de restos placentários (p. ex., lobo sucenturiado), que pode ser diagnosticada por meio da ultrassonografia.

23
Q

TRATAMENTO - ABORDAGEM INICIAL - outras medidas
placenta acreta

A

a possibilidade de placenta acreta, deve-se recorrer à histerectomia.

24
Q

TRATAMENTO - ABORDAGEM INICIAL - outras medidas
Da mesma maneira, deve-se avaliar se há lacerações que devam ser suturadas, ou ainda inversão uterina, a qual deve ser corrigida por meio da
Em especial, nos casos em que ocorreu parto vaginal após cesariana, também deve-se pensar na possibilidade de ruptura uterina.

A

manobra de Taxe.

25
TRATAMENTO - ABORDAGEM INICIAL - outras medidas Já os distúrbios da coagulação hereditários são causas raras de hemorragia pós-parto e estão representados principalmente pela
doença de von Willebrand e, mais raramente, pela púrpura trombocitopênica imune (PTI), pela púrpura trombocitopênica trombótica (PTT) e pelas hemofilias A CID pode ser vista em pacientes com síndrome HELLP (hemólise, aumento das enzimas hepáticas, trombocitopenia), descolamento prematuro da placenta, embolia por líquido amniótico (ELA), sepse e retenção prolongada de produto da concepção.
26
TRATAMENTO - ABORDAGEM INICIAL - outras medidas Os distúrbios da coagulação devem ser suspeitados em pacientes que não respondem ao tratamento habitual, cujo sangue não coagula ou que apresentam sangramento nos locais de punção como é feito o diagnóstico
O diagnóstico é feito pela contagem de plaquetas, pelo tempo de atividade da protrombina (TAP), pela razão normalizada internacional (INR) e pela concentração de fibrinogênio.
27
TRATAMENTO- ABORDAGEM PARA CASOS REFRATÁRIOS
tratamento para casos refratários à abordagem inicial inclui a administração de outros uterotônicos (especialmente metilergometrina, caso não tenha sido utilizada concomitantemente ao primeiro pacote), seguida de inserção de balões de tamponamento, compressão vascular, embolização de artérias uterinas e procedimento cirúrgico. Compressão bimanual uterina (manobra de Hamilton), compressão aórtica externa e trajes antichoque são recomendados como medidas contemporizadoras até que o tratamento definitivo se estabeleça.
28
TRATAMENTO- ABORDAGEM PARA CASOS REFRATÁRIOS- COMPRESSÃO BIMANUAL DO ÚTERO
manobra de hamilton Uma das mãos do tocólogo é introduzida na vagina e, através do fundo de saco anterior, impulsiona o útero de encontro à outra mão, externa, que, pelo abdome, massageia o órgão, trazendo-o vigorosamente em sentido oposto. É uma medida que pode ser utilizada na abordagem inicial, substituindo a simples massagem uterina, mas tem seu préstimo maior nos casos de sangramento vultoso ou refratário às medidas iniciais, com objetivo de reduzir o sangramento até que os uterotônicos promovam seu efeito e que haja melhora das alterações hemodinâmicas.
29
TRATAMENTO- ABORDAGEM PARA CASOS REFRATÁRIOS- COMPRESSÃO AÓRTICA
É medida contemporizadora para reduzir o fluxo sanguíneo para o útero e o períneo. Faz-se uma compressão com o punho cerrado na região abdominal, logo acima da cicatriz umbilical, de modo a comprimir a artéria aorta no nível de sua bifurcação. É a manobra contemporizadora de escolha nos casos de hemorragia por lacerações de trajeto, quando a compressão bimanual não tem préstimo.
30
TRATAMENTO- ABORDAGEM PARA CASOS REFRATÁRIOS- TRAJE ANTICHOQUE
É uma medida contemporizadora a fim de recuperar a estabilidade hemodinâmica para permitir intervenções cirúrgicas, transfusão sanguínea ou transferência para unidade de maior recurso. É indicado na hemorragia pós-parto grave com sinais de choque ou instabilidade hemodinâmica que ocorram em unidade de cuidado primária ou quando houver necessidade de transporte para outra unidade. Também pode ser usado para reverter o choque, quando as medidas de primeira linha não surtirem resultado enquanto se aguarda o tratamento definitivo (embolização, cirurgia, transfusão).
31
TRATAMENTO- ABORDAGEM PARA CASOS REFRATÁRIOS- TAMPONAMENTO UTERINO -quanto tempo deve ficar
quando uterotônico falha em determinar a contração uterina sustentada e o controle satisfatório da hemorragia, o tamponamento do útero deve ser o passo seguinte a ser considerado. Para isso, é importante afastar outras causas como lacerações de trajeto e ruptura uterinA Balões intrauterinos podem ser inseridos tanto após o parto vaginal quanto depois da cesariana. Estudos têm demonstrado que sua efetividade é superior a 85% para tratar casos de hemorragia pós-parto refratários ao tratamento inicial, com efetividade maior após partos vaginais cuja causa seja atonia uterina. Contudo, é necessário que o balão seja inserido antes de as pacientes progredirem para choque avançando. Os balões de tamponamento deverão ficar intraútero de 3 a 24 horas, e é sempre necessária a antibioticoproflaxia. Há diversos tipos de balões de tamponamento. Alguns foram desenhados especificamente para uso intrauterino como é o caso dos balões de Bakri®, Ebb® e Elavi®. É possível também improvisar um balão de tamponamento com preservativo, sonda Foley e fios de sutura. Para isso, deve-se unir o preservativo à sonda Foley utilizando-se os fios de sutura não agulhados. Insere-se o dispositivo intrauterino e, a seguir, introduz-se soro fisiológico dentro do preservativo por meio da sonda Foley. A efetividade desse dispositivo improvisado é semelhante à dos balões de tamponamento comerciais.
32
TRATAMENTO- ABORDAGEM PARA CASOS REFRATÁRIOS- RADIOLOGIA INTERVENCIONISTA
Quando o serviço de saúde tiver disponibilidade, e as condições da mulher permitirem, é possível a realização de embolização das artérias uterinas. Sua efetividade para tratamento de hemorragia pós-parto é semelhante à de outros tratamentos invasivos, porém tem as vantagens de preservar a fertilidade e ser minimamente invasivo, porém vários protocolos restringem seu uso aos casos em que há estabilidade hemodinâmica. A embolização arterial é feita sob visão fluoroscópica, e após cateterização percutânea da artéria femoral progride-se o cateter até a bifurcação da aorta e daí até as artérias uterinas. As taxas de sucesso ficam em torno de 85%, e todo o procedimento dura em média 1 hora. As complicações desse procedimento são perfuração vascular, hematoma, infecção, necrose uterina e reações adversas relacionadas com o uso do contraste. Em face do insucesso dos uterotônicos e do tamponamento uterino com balão, indica-se a laparotomia. Diversas técnicas para controlar o sangramento são propostas: suturas compressivas, ligaduras vasculares e histerectomia.
33
TRATAMENTO- ABORDAGEM PARA CASOS REFRATÁRIOS- SUTURAS COMPRESSIVAS
São realizadas para unir as paredes anterior e posterior uterinas com o objetivo de diminuir o sangramento pós-parto . Agem, principalmente, diminuindo o suprimento sanguíneo das artérias uterinas e ovarianas, além de diminuírem fisicamente a área uterina exposta suscetível a sangramento . As suturas compressivas compartilham da mesma efetividade do balão de tamponamento, ou seja, superior a 80%. Há diversas suturas de compressão descritas na literatura (B-Lynch, Hayman, Pereira, Cho etc.), e não há evidência de resultado superior em nenhum dos métodos. A primeira técnica descrita e mais comumente utilizada é a sutura de B-Lynch idealizada em 1997 para controle da hemorragia na cesariana . Deverá ser precedida por prova terapêutica compressiva da face anterior com a posterior do útero. Se houver diminuição do sangramento transvaginal, haverá oportunidade favorável para proceder-se à sutura de B-Lynch. Utiliza-se fio absorvível e resistente para melhores resultados cirúrgicos. Há preservação da fertilidade, e os raros efeitos adversos podem ser piometra, necrose uterina e sinequias
34
TRATAMENTO- ABORDAGEM PARA CASOS REFRATÁRIOS- LIGADURAS VASCULARES
A ligadura bilateral da artéria ilíaca interna (hipogástrica) é tecnicamente difícil e tem pouco êxito (< 50%). Uma alternativa melhor é a ligadura das uterinas, com taxa de sucesso de 80 a 96%. A proposta de ligar também as ovarianas quando apenas a das uterinas não tiver sido efetiva tem sido mencionada
35
TRATAMENTO- ABORDAGEM PARA CASOS REFRATÁRIOS- Histerectomia
A retirada cirúrgica do útero é o tratamento final para os casos de hemorragia pós-parto refratários aos tratamentos descritos anteriormente. No entanto, o retardo em sua realização pode causar o agravamento clínico da puérpera, contribuindo para o incremento da morbimortalidade cirúrgica no ato da realização do procedimento, especialmente em casos de placenta acreta ou de ruptura uterina Preconiza-se que seja realizada por cirurgião experiente e em tempo oportuno, ou seja, antes que a mulher desenvolva coagulopatia decorrente do sangramento já estabelecido a histerectomia subtotal é o procedimento de escolha nos casos de hemorragia pós-parto pelo menor tempo gasto na realização do procedimento cirúrgico e, em última análise, do controle da hemorragia, bem como pela menor incidência de morte e morbidades associadas. No entanto, em algumas condições tococirúrgicas a histerectomia total tem maior poder de resolução devido à perpetuação do quadro hemorrágico em função da manutenção do colo uterino, como nos casos de hemorragia proveniente do segmento inferior, do colo e do fórnice vaginal.
36
Suporte transfucional quais os objetivos 3 com que é feito e deve elevar em quanto a ht
Os objetivos da transfusão sanguínea são repor a perda volêmica, garantir a oxigenação tecidual e tratar a coagulopatia concentrados de hemácias (CH) mportante lembrar que cada unidade de CH deve elevar a Hb em 1 g/dℓ e o Ht em 3% em um adulto de 70 kg. Em algumas situações, a reposição de fatores de coagulação também é necessária. A administração precoce de fatores de coagulação presentes no plasma fresco congelado (PFC) é fator crucial para o bom desfecho das mulheres com sangramento intenso. Demoras na administração de CH e PFC associam-se com aumento da mortalidade
37
suporte transfucional Os critérios para iniciar protocolo de transfusão maciça na hemorragia pós-parto devem incluir qualquer uma das situações a seguir, as quais geralmente denotam presença de choque grave qual valor de IC 4 situações
IC ≥ 1,4, especialmente se ≥ 1,7): - Reposição volêmica > 50% da volemia nas primeiras 2 horas - Queda da hemoglobina > 4 g/dℓ na vigência do sangramento - Transfusão maior ou igual a 4 unidades CH na vigência do sangramento - Instabilidade hemodinâmica na vigência de sangramento com necessidade de medicação vasopressora.
38
Coagulopatia laboratorial 4 etapas ( ver figura) qual objetivo de hb Na indicação de transfusão maciça, devem-se corrigir a
Se, após a etapa 4, o objetivo não for alcançado, o protocolo retornará à etapa 1. O objetivo é alcançar Hb > 8 g/dℓ, plaquetas > 50.000/mm3, INR ≤ 1,5 e níveis de fibrinogênio adequados (> 150 a 200 mg/dℓ). Para reposição deste último, geralmente lança-se mão de transfusão de crioprecipitado. Na indicação de transfusão maciça, devem-se corrigir a acidose metabólica, a hipotermia e a hipocalcemia. Pacientes que receberam altos volumes transfusionais e antifibrinolíticos apresentam redução da fibrinólise com elevação do risco de eventos tromboembólicos. Desse modo, assim que houver controle da hemorragia, devem-se adotar medidas de prevenção de trombose (meias elásticas, deambulação precoce e heparina profilática).
39
Hemorragia pós parto secundária - prevalencia e geralmente está associada a
A hemorragia pós-parto secundária ocorre em 1% dos partos e está geralmente associada a atonia uterina; retenção de restos placentários, endometrite; e, muito particularmente, doença de von Willebrand. Esta incide em 20 a 30% das mulheres com menorragia e, por isso, deve ser pesquisada no pré-natal de grávidas com essa história.
40
Hemorragia pós parto secundária extensão em relaão a primária exame complementar de indicação habitual e qual achado
A extensão do sangramento na hemorragia pós-parto secundária é menor do que na primária. A ultrassonografia pélvica é indicação habitual em mulheres com hemorragia pós-parto secundária. Massa ecogênica na cavidade uterina e diâmetro anteroposterior de 25 mm nos dias 1 a 7 do pós-parto estão associados à retenção de restos ovulares.
41
Hemorragia pós parto secundária Em mulheres com hemorragia pós-parto secundária, deve ser realizada uma avaliação da microbiologia vaginal (esfregaços da parte alta da vagina e da endocérvice) e uso apropriado de terapia antimicrobiana quando houver suspeita de endometrite qual regime antibiotico aconselhado
O regime antibiótico aconselhado será a combinação de clindamicina e gentamicina, e, uma vez a endometrite tenha melhorado clinicamente com a terapia intravenosa, não há benefício no tratamento oral posterior