Capítulo 3 - Hanseníase Flashcards
AE
- Forma
- Formas em que pode ser visualizado
- Tempo de divisão
- Característica de localização
- Preferência celular
- Preferência por quais tecidos
- Características tintoriais
- Patogenicidade e infectividade
- Seres em que pode ser encontrado
Mycobacterium leprae (bacilo de Hansen).
- Forma de bastonete, levemente encurvado.
- Isolado ou em globias.
- Multiplica-se a cada 11-16d.
- Parasita intracelular obrigatório.
- Se instala em macrófagos e células de Schwann.
- Predileção pela pele e SNP.
- Não cultivável em laboratório.
- BAAR, corando-se em vermelho pela técnica Ziehl-Neelsen.
- Alta infectividade e baixa patogenicidade.
- Identificado em tatus, macacos, chipanzés, mas o homem é considerado seu único reservatório.
- PI: 2-7 anos (média 5).
- Tempo de transmissibilidade: Do início da doença até a primeira dose de rifampicina.
Semelhanças (4) e diferenças (2) com o M tuberculosis
Crescimento lento, doença insidiosa, contágio semelhante e infectividade parecida com do M. tuberculosis.
Diferenças: Crescimento ainda mais lento e predileção por nervos.
Epidemiologia no Brasil.
- Problema de saúde pública
- Prevalência variável de acordo com as regiões com áreas não endêmicas (RS, SC, SP) e áreas hiperendêmicas (N, NE, CO)
- Taxa de prevalência caiu 68% nos últimos 10 anos. Atual 1,1/10.000hab (2016).
- Taxa de prevalência nas regiões: 2,37 N; 2,91 CO; 1,77 NE; 0,36 SE; 0,25 S.
- Prevalência maior entre os <15 anos: 3,63/100.000 hab.
- Apresentaram piora: MT, TO.
- Incidência por 10.000: MT (7,71), TO (7,39); MA (4,03); MS (2,66); PA (2,55); PI (2,4); GO (1,62) RO (1,59)
- 2º país em casos novos (só perde pra índia).
Como é feita a classificação de endemicidade da hanseníase?
De acordo com os valores de prevalência.
- Baixo: <1/10.000
- Hiperendêmico: >4/10.000
Histórico:
- Origem da doença.
- Como se proliferou.
- Conduta adotada antigamente.
- Índia e china.
- Avançou pela europa com as campanhas do exército romano.
- Foi considerada “castigo de Deus” e o controle da doença foi responsabilidade da igreja, que excluiu as pessoas leprosas da sociedade, sendo proibidas de beber e tomar banho em fontes de água pública, entrar em igrejas, etc. Foram construídos leprosários, auge da perseguição no século XI ao XIV, quando mais de 50% foram mortos em praça pública na frança.
- Hansen identificou o m. leprae em 1873, quando o associou a doença.
BR:
- início em 1600
- Propagou por MG, ES, MA, BA, PA, SP e no fim do século XVII tornou-se endêmica em todo o país.
- 1 século depois: Construção de leprosários (101)
- Abolição da técnica de isolamento: 1962.
- 1970: Troca do termo lepra por hanseníase.
- 1986: 8ª CNS -> transformação de leprosários em HG ou Centros de pesquisa. No entanto, ainda existem cerca de 30 hospitais colônia com antigos pacientes e seus familiares.
- 2007: Lei concede o direito a pensão especial vitalícia de 750 reais/mês para pessoas atingidas pela hanseníase que foram obrigadas a se isolarem ou internarem até 1986.
PI:
PI: 2-7 anos (média 5).
Tempo de transmissibilidade:
Do início da doença até a primeira dose de rifampicina no paciente bacilífero.
Risco de adoecer depende de… (6)
Depende de fatores ambientais, grau de exposição (nível endêmico da região, condições socioeconômicas e de saúde, aglomerados), fatores genéticos, determinando a resistência ou suscetibilidade à infecção.
Evolução natural da maioria das pessoas após a infecção pelo M. leprae é…
Devido…
a cura espotânea (80-90%)
Resistência inata relacioanada ao gene NRAMP1 (cromosssomo 2), que regula a atuação do macrófago a parasitas intracelulares.
O que determina a reação de destruição ou multiplicação do bacilo no indivíduo infectado?
O mecanismo imunológico expresso geneticamente. Paucibacilar x multibacilar depende da resposta imunológica que o corpo consegue produzir predominantemente.
Resposta predominante no paucibacilar:
- Padrão de citocinas
- Resultado
TH1, com produção de IL2 e gamainterferona (IFN-gama), que induzem a resposta imunocelular com a ativação dos macrófagos contra o bacilo, levando a forma paucibacilar ou cura.
Resposta predominante no multibacilar:
- Padrão de citocinas e anticorpos
- Resultado
- TH2, são produzidos IL4, IL5, IL6, IL10, que inativam o macrófago, propiciando a multiplicação do bacilo e estimulando a imunidade humoral.
- Ocorre proliferação de LB e produção de anticorpos específicos contra o antígeno da parede celular do M. leprae, o glicopeptídio fenólico 1 (PGL-1).
- Apesar da produção de PGL1, a resposta humoral é pouco eficaz para a eliminação do bacilo.
Classificações:
- Madrid
Leva em conta baciloscopia e reação de Mitsuda.
2 polos estáveis e opostos: - HT (polo imunopositivo);
- HV (polo imunonegativo ou H lepromatosa)
2 polos instáveis:
- HI
- HD ou HB (borderline).
- que de direcionam para 1 dos polos anteriores, conforme a evolução da doença.
Classificação operacional do MS
Conforme a baciloscopia e nº de lesões e nervos acometidos.
- Forma paucibacilar: Baciloscopia negativa e até 5 lesões e somente 1 tronco nervoso acometido.
- Forma multibacilar: Baciloscopia positiva, mais de 5 lesões e/ou mais de um tronco nervoso acometido.
Classificação de Ridley e Jopling:
HI: Forma inicial.
+ 5 formas clínico-imunológicas: TT, BT, BB, BL, LL.
Explique a reação de Mitsuda:
Consiste em um teste que avalia a hiperssensibilidade tardia celular com a aplicação intradérmica de um antígeno de Mycobacteruim leprae, a lepromina, e a leitura em 3-4 semanas.
Se +: sugere resposta celular presente.
Se -: Sugere resposta celular ausente.
HI:
- Baciloscopia
- Teste de Mitsuda
- Classificação da OMS:
- Clínica
- Baciloscopia negativa
- Mitsuda + ou -
- Paucibacilar
CLÍNICA:
- Áreas de hipo ou anestesia, parestesias.
- Manchas hipocrômicas e/ou eritemato-hipocrômicas
- Com ou sem diminuição da sudorese ou rarefação de pelos.
- Estágio inicial e transitório da Hanseníase, geralmente visto em crianças. Pode evoluir para outros tipos de hanseníase ou para a cura.
HT:
- Baciloscopia
- Teste de Mitsuda
- Classificação da OMS:
- Clínica
- Baciloscopia: -
- Teste de Mitsuda: +++
- Classificação da OMS: PB
QC:
- Placas eritematosas, eritemato-hipocrômicas, bem definidas, hipo ou anestésicas.
- Comprometimento de nervo.
- Lesões em pequenas quantidades ou únicas.
- Geralmente não ultrapassam cm de diâmetro.
- Polo de resistência.
HD:
- Baciloscopia
- Teste de Mitsuda
- Classificação da OMS:
- Clínica
- Baciloscopia: + a raros bacilos
- Teste de Mitsuda:
- Classificação da OMS: MB
QC:
- Lesões pré-foveolares (eritematosas planas com centro claro).
- Lesões foveolares ( eritematopigmentares, de tonalidade ferruginosa ou pardacenta), com alterações de sensibilidade.
- Fica entre os polos tuberculoide e virchowiano, por isso apresenta características que lembram os 2 polos.
HV:
- Baciloscopia
- Teste de Mitsuda
- Classificação da OMS:
- Clínica
- Baciloscopia: +++
- Teste de Mitsuda: -
- Classificação da OMS: MB
QC:
- Eritema e infiltração difusa, placas eritematosas infiltradas e bordas mal definidas;
- Tubérculos e nódulos;
- Madarose;
- Lesões das mucosas
- Com alteração de sensibilidade;
- Invasão da derme e tecido subcutâneo.
- Infiltrado envolve o plexo vasculonervoso, glândulas sudoríparas e aparelho pilossebáceo.
- Pesquisa do bacilo mostra-o íntegro, aglomerando-se em globias.
- Polo anérgico.
Diagnóstico pela OMS:
Presença de 1 ou mais de:
- Lesão(ões) de pele com alteração de sensibilidade;
- Acometimento dos nervo(s) com espessamento neural;
- Baciloscopia +.
Diante da suspeita de hanseníase, deve-se realizar:
- Anamnese completa (história clínica + epidemiológica)
- Avaliação neurodermatológica detalhada.
- Neurológica: Inspeção de olhos, nariz e MMSS, MMII, palapação de nervos periféricos; av. da força muscular; av. da sensibilidade ocular e cutânea (já descrita), teste da pilocarpina (para id áreas de anidrose) e da histamina. (QUALQUER FORMA DE HANSENÍASE APRESENTA ALTERAÇÕES EM NERVOS)
- Pesquisa de sensibilidade em todas as lesões suspeitas.
Sequência de acometimento das fibras nervosas:
Fibras sensitivas: Sensibilidade térmica -> sensibilidade dolorosa -> sensibilidade tátil
Fibras motoras.
Como pode evoluir a neurite?
De forma aguda, com evolução abrupta, caracterizada por dor (neuralgia), hipersensibilidade à palpação, edema e espessamento do nervo.
Ou crônica: Insidiosa, com alteração sensitiva, espessamento, paresia e perda da força muscular. Pode manifestar-se ou não com dor (neurite silenciosa).
Exames complementares de importância diagnóstica:
- Baciloscopia com presença de BAAR (técnica de Ziehl-Neelsen)
- Teste de mitsuda: Auxilia na classificação antiga (não tem valor diagnóstico)
- Biópsia da lesão e de nervo: Macrófagos carregados de bacilos = células de Virchow. Usadas nos casos de dúvida, para esclarecimento diagnóstico.
- Outros exames: Sorologia anti PGL1, imuno-histoquímica e PCR. Utilizadas unicamente em pesquisas.
DD:
*****Entre as doenças dermatológicas, a hanseníase é a única que leva a alteração na sensibilidade.
DERMATO:
- Ptiríase versicolor
- Eczemátide
- Eczema seborreico
- Tinea corporis
- Vitiligo
- Nevos
- Hipocromias cicatriciais
- Psoríase
- Farmacodermias
- Paracoccidioidomicose
- LES
- Sífilis
- TB cutânea
- Leishmaniose.
NEURO:
- sd. do túnel do carpo
- neuralgia parestérica
- neuropatia alcoólica
- neuropatia diabética
- LER