Arritmias Cardíacas Flashcards
Definição de Arritmia:
Qualquer alteração na frequencia, ritmo, origem do estímulo e condução cardíaca
Causas de arritmia:
“HISDEBS”
H = Hipóxia I = Isquemia S = Estímulo simpático D = Drogas E = Eletrólitos B = Bradicardia S = Estiramento das camaras
Causas de Hipóxia responsável por levar a arritmia cardíaca:
Hipoxemia aguda: Tromboembolismo Pulmonar (TEP) ou Insuficiencia respiratória aguda (IRPA)
Hipoxemia cronica: DPOC
Causas de Isquemia responsável por levar a arritmia cardíaca:
Síndrome coronariana aguda (SCA) -> Isquemia -> Fibrilação Ventricular ou Taquicardia Ventriular sem pulso -> Parada Cardiorrespiratória
Causas de Estimulação simpática responsável por levar a arritmia cardíaca:
Próprio da pessoa: Estresse ou Estímulos Extrassístoles
Externo: Medicações
Drogas responsáveis por levar a arritmia cardíaca:
Intoxicações (como uso de cocaína)
Medicamentos (Vários psicotrópicos podem provocar arritmia prolongando o intervalo QT).
Causas de Bradicardia responsável por levar a arritmia cardíaca:
Síndrome Bradi-Taqui, que ocorre geralmente em idosos. A bradicardia sinusal permite que “acordem” outros focos que podem dar o estímulo elétrico cardíaco .
Motivo do Estiramento das camaras ser responsável por levar a arritmia cardíaca:
As dilatações atriais e ventriculares tornam mais fácil ocorrer, respectivamente, Fibrilação Atrial (FA) e arritmias ventriculares.
Para que servem células marca-passo?
São células capazes de espontaneamente deflagrar uma onda de despolarização.
Lei de Overdrive Suppression:
A célula marca-passo mais rápida comanda o coração.
Localização da célula marca-passo mais rápida do coração:
Nodo (ou nó) Sinusal (NSA).
Qual a vantagem do coração de ter duas regiões com células marca-passo?
Caso uma venha a falhar, a outra garantirá que o coração não entre em assistolia.
Qual é o sentido da despolarização cardíaca?
NSA -> Despolarização do Atrio Direito (AD) por contiguidade -> Despolarização do Atrio Esquerdo (AE) pelo Fascículo de Backman -> Nodo Atrioventricular (NAV) -> Ventrículos Esquerdo pelas Fibras de Purkinje oriundas do Feixe de His esquerdo; Ventrículo Direito pelas Fibras de Purkinje oriundas do Feixe de His direito.
Importante função, além de conduzir os impulsos elétricos para os ventrículos, do NAV:
O NAV apresenta uma estrutura em seu interior que permite freias a velocidade do impulso 100 vezes. Do ponto de vista mecanico, é fundamental de forma a esperar os átrios contrairem antes da contração ventricular
Qua a utilidade do NAV conseguir freiar a velocidade do impulso elétrico que chega no NSA?
Filtrar os impulsos de uma FA, por exemplo, que chegam ao ventrículo!
Nome da região que inclui a parte baixa dos átrios até a bifurcação do Feixe de His:
Junção Atrio-Ventricular.
Qual a finalidade da Junção Atrio-Ventricular?
Separar o coração em que a região mais superior a junção AV denomina-se Região Supraventricular, enquanto que a mais inferior denomina-se Região Ventricular.
Circunstancias em que uma arritmia é perigosa:
Quando o paciente apresentar a Arritmia + Instabilidade hemodinamica.
Quais são os critérios de Instabilidade hemodinamica?
→ Hipotensão (PAS < 90 mmHg)
→ Alteração do nível de consciencia
→ Dispneia/congestão pulmonar
→ Angina ou IAM
Duas perguntas fundamentais a serem feitas diante de um paciente com arritmias agudas:
- O paciente está ESTAVEL ou INSTAVEL?
2. Se estiver instável, a causa é a arritmia?
Qual a conduta diante de um paciente com arritmia associado a instabilidade hemodinamica?
Em casos de Taquiarritmias: Cardioversão Elétrica Sincronizada
Em casos de Bradicardia: Marca-passo (primeiramente o transcutaneo e depois o transvenoso temporário)
Quais são os dois tipos da Taquicardia Paroxística Supraventricular (TSV)?
→ TRN - Taquicardia por Reentrada Nodal (Dupla via nodal)
→ TAV - Taquicardia Atrioventricular (via anômala)
Das Taquicardias Paroxísticas Supraventriculares (TSV), qual é a benigna?
A Taquicardia por Reentrada Nodal (TRN).
Das Taquicardias Paroxísticas Supraventriculares (TSV), qual é a maligna?
A Taquicardia Atrioventricular (TAV):
→ Exemplo: Síndromes de pré-excitação, como a Síndrome de Wolff-Parkinson-White.
Em quais casos a Taquicardia Atrioventricular ocorre?
Em paciente que apresentam duas vias nodais. 20% da população apresenta essas duas vias, mas nem todo mundo as manifesta clinicamente.
Definição de dupla via nodal:
Defeito anatômico, de causa congênita, que consiste na dissociação do Nodo AV (NAV) em 2 caminhos (via rápida e via lenta) ou mais (vias intermediárias) alternativos à passagem do estimulo cardíaco do átrio para os ventrículos.
Denominação para as duas vias nodais em caso de existência de dupla via nodal:
→ Via alfa: via de condução lenta e período refratário curto
→ Via beta: via de condução normal (ou mais rápida) e período refratário longo
O que acontece fisiologicamente com o impulso elétrico cardíaco em paciente com dupla via nodal?
O impulso chega no NAV e se divide nas vias alfa e beta:
→ O impulso desce na via Alfa de forma lentamente
→ Ao mesmo tempo o impulso desce na via Beta de forma mais rapida e se divide novamente. Uma parte vai para o feixe de His conduzindo normalmente os ventrículos e a outra sobe na via Alfa. Mas, como os impulsos ainda estão descendo pela via Alfa, o impulso que sobe é anulado com o que desce e o coração do paciente se contrai normalmente.
Mecanismo responsável por deflagrar a taquiarritmia por reentrada nodal (TRN) em pacientes com dupla via nodal:
Extrassístoles.
Fisiopatologia da TRN em pacientes com dupla via nodal que apresentam Extrassístoles:
Extrassístole que vem no momento matemático que pega a via beta no período refratário e a via alfa “liberada” → Condução do impulso de forma lenta pela via Alfa → Impulso sobe pela via Beta de forma rápida, que já vai ter dado tempo de estar liberada (já que o impulso pela Via Alfa desceu de forma lenta) → Impulso entra novamente pela via Alfa, na qual descerá de forma lenta → E assim por diante, gerando o Circuito de Reentrada.
Características do ECG da TRN:
Taquicardia de: → QRS estreito → RR regular → Sem ondas P → Presença de uma onda P' (onda P retrógrada) no final do QRS
Características do ECG da TRN na derivação V1:
Taquicardia de: → QRS estreito → RR regular → Sem ondas P → Presença de uma onda R' (correspondente a onda P retrógrada) no final do QRS
Frequência cardíaca gerada pela TRN:
FC entre 140 e 220 bpm.
Conduta terapêutica realizada diante de uma TRN:
Manobra de Valsalva, utilizando técnicas como:
→ Sentar no chão e colocar a cabeça entre os joelhos
→ Tosse contra resistência
→ Lavar o rosto com água fria
→ Prender a respiração (Apneia)
→ Massagem no seio carotídeo
Conduta terapêutica realizada na emergência diante de uma TRN em um adulto jovem:
Após verificar se o paciente encontra-se estável e verificar ausência de sopro nas carótidas à ausculta, iniciar monitorização cardíaca do paciente, reservar um AMBU (caso haja PCR) e iniciar a massagem de seio carotídeo. Se não funcionar, deve-se garantir um acesso venoso e adminsitrar:
→ 1ª opção: ADENOSINA - 6 mg EV bólus rápido. Se não rever em 2 minutos, administrar 12 mg
O que é o “Bolus rápido” durante a administração da Adenosina?
É quando coloca-se uma torneirinha após colocar acesso venoso periférico no paciente, onde de um lado fica a seringa que tem a ADENOSINA e do outro lado fica a seringa com o SF 0,9%:
→ Administração em Bolus rápido da ADENOSINA, vira a torneirinha, administra-se 20 mL de SF 0,9% e levanta o braço.
Por que é importante levantar o braço após a administração de 6 mg de ADENOSINA em bolus rapido e administração de 20 mL de SF 0,9%?
Porque a ADENOSINA dura segundos na circulação sanguínea. Se não fizer dessa forma descrita, não irá reverter.
Qual a chance de sucesso da ADENOSINA reverter a TRN?
98%.
Quais são as outras opções caso o serviço de saúde não tenha Adenosina?
→ Verapamil 1 amp (5mg) + Água Destilada (AD) EV lento em 2 minutos
→ Diltiazem 20 mg + Água Destilada (AD) EV lento em 2 minutos
O paciente que apresenta dupla via nodal, teve uma extrassístole, desencadeou a TRN, e reverteu a arritmia com Adenosina (Ou Verapamil / Diltiazem caso o serviço de saúde não tenha Adenosina). Após isso, como se faz a profilaxia de novas crises?
→ 1ª opção é Betabloqueador: propranolol ou atenolol e encaminhar para tratamento ambulatorial
→ 2ª opção é Propafenona 150 mg a 300 mg VO 12/12h. É mais potente mas está como 2ª opção devido aos seus efeitos colaterais.
Conduta caso a profilaxia de novas crises de TRN com Betabloqueador (Propranolol ou Atenolol) não esteja funcionando:
Manter a profilaxia medicamentosa e realizar o estudo eletrofisiológico e Ablação por radiofrequência (98% de índice de sucesso)
Vantagem de realizar o estudo eletrofisiológico e a ablação por radiofrequência em pacientes com TRN:
O paciente fica curado e nunca mais terá a TRN novamente.
Incidência das TAVs pelas vias acessórias (ou vias anômalas), também chamadas de pré-excitações):
3:1.000 pessoas.
Se identificar no ECG uma TAV em um paciente sem sintoma, o diagnóstico é:
Pré-excitação ventricular.
Se identificar no ECG uma TAV em um paciente com sintoma, o diagnóstico é:
Síndrome de Wolff-Parkinson-White (WPW)
Características do ECG da Pré-excitação ventricular/WPW:
→ Intervalo PR curto
→ Presença de onda Delta no início do QRS
Origem da onda Delta no ECG da Pré-excitação ventricular/WPW:
O impulso elétrico originado pelo NSA vai pelo NAV, mas também passa pela via anômala. Esse impulso da via anômala irá conduzir o ventrículo célula a célula. Se essa condução continuasse, iria gerar o QRS largo. No entanto, como o impulso do NAV vai seguir o feixe de His esquerdo e direito e atingir as Fibras de Purkinje (direita e esquerda), o ventrículo deixará de conduzir célula a célula e passará a ser conduzida normalmente.
A onda Delta nada mais é do que a despolarização célula a célula do impulso que passa pela via anômala até que o impulso pelo NAV chegue e propague o impulso normalmente.
Quais são os sentidos dos impulsos elétricos do Ritmo Sinusal da Taquicardia Atrioventricular (TAV)?
Os impulsos originados do NSA se dividem em dois e descem pelo NAV e pela via anômala (ou via acessória), ambos de cima para baixo.
Quais são os sentidos dos impulsos elétricos da Taquicardia Atrioventricular (TAV) Ortodrômica?
Os impulsos originados do NSA desce pelo NAV e sobe pela via anômala (ou via acessória). Isso faz desaparecer a pré-excitação (onda Delta) e gera um infradesnivelamento do segmento ST no ECG.
O que acontece no ECG se administrar Adenosina em um paciente com TAV Ortodrômica?
O paciente voltará a apresentar a onda Delta (onda de pré-excitação) no ECG.
Conduta feita após a reversão da TAV com Adenosina:
→ NÃO ADMINISTRAR Betabloqueador
→ Manter propafenona até o estudo eletrofisiológico e a ablação por radiofrequência.
Por que não pode administrar Betabloqueador profilático em pacientes com TAV após reversão com Adenosina?
Isso acontece porque os Betabloqueadores (Propranolol ou Atenolol) só bloqueiam o NAV, fazendo com que TODOS os impulsos passem pela via anômala (piorando a situação).
Como é feito o estudo eletrofisiológico com ablação por radiofrequência em pacientes com Síndrome de WPW?
Penetra-se um cateter através do átrio direito, colocando-o no átrio esquerdo e queimando (através de um eletrodo de Fulguração) a via anômala. Essa conduta CURA o paicente!
Por que a Síndrome de WPW pode ser maligna e matar?
Se um paciente com uma via anômala fizer uma FA, os impulsos da contração atrial (cerca de 400 a 500 bpm) irá passar através da via anômala, levando o ventrículo a se contrair com essa mesma frequência. Isso leva a morte súbita em jovens.
Mecanismo do Flutter atrial:
Macrocircuito de reentrada que, classicamente está no átrio direito, passando no istmo cavo-tricuspídeo (que fica entre a Veia cava e a Valva tricúspide).
Velocidade aproximada da macroreentrada do Flutter Atrial:
300 bpm
Como o NAV filtra o Flutter Atrial?
Depende do paciente:
→ Tem pacientes em que o NAV filtra na proporção de 2:1, levando a frequência atrial a 300 bpm e a ventricular a 150 bpm.
→ Tem pacientes em que o NAV filtra na proporção de 3:1, levando a levando a frequência atrial a 300 bpm e a ventricular a 100 bpm.
Dica nível Dr. House (rsrsrs). Se ao entrar na UTI você se deparar no monitor com uma frequência cardíaca NEUROTICAMENTE de 150 bpm, o que pode ser?
Mesmo sem olhar o ECG, é possível sugerir que a arritmia se trata de um Flutter atrial 2:1.
Para dizer que o paciente está com Flutter Atrial, é OBRIGATÓRIO ter:
Ondas em “dente de serra” nas derivações D2, D3 e aVF.
É possível ter, em um mesmo ECG rodado em 12 derivações, Flutter Atrial 2:1 e 3:1?
SIM, é possível ter os dois tipos no mesmo ECG.