A linguagem oral Flashcards

1
Q

O que é a “ilusão da fala”?

A

A percepção da fala PARECE ser uma capacidade cognitiva bastante SIMPLES e RÁPIDA (i.e., alguém produz som, o som entra-nos pelos ouvidos, e somos capazes de compreender o significado do que a
pessoa disse – 250ms), mas para que isso seja possível é preciso que ocorram ÍNUMEROS processos computacionais ao nível do nosso inconsciente
(ativação do sistema modular multi-componentes).

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2
Q

Em que consiste o sistema modular multicomponentes?

A

Interação de QUATRO MÓDULOS FUNCIONALMENTE INDEPENDENTES, cada um constituído por vários componentes com uma função DIFERENTE no PROCESSAMENTO da fala.

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3
Q

Como se processa um som linguístico?

A

um som (linguístico) é inicialmente processado a nível ACÚSTICO, com base nas suas PROPRIEDADES. Este processamento ativa TODAS as representações de
palavras COMPATÍVEIS com este input, que vão para além da desejada. Ao conjunto de palavras ativo chama-se “VIZINHOS LEXICAIS” ou “membros da coorte” porque partilham TODOS os fonemas menos um (que os DISTINGUE).
Cada palavra pode ter uma rede DENSA OU DISPERTA de vizinhos lexicais que entram em competição, sendo factual que o reconhecimento de uma palavra é mais SIMPLES quando tem MENOS vizinhos. Só depois da ativação da palavra desejada é que se acede ao seu SIGNIFICADO e às suas aplicações em diferentes CONTEXTOS (ex.: relevância da PRAGMÁTICA para a interpretação de provérbios).

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4
Q

Quais são os conceitos relacionados com o processamento do som linguístico?

A
  • Fonética - ACÚSTICA e articulação
  • Fonologia - representações ABSTRATAS das unidades mínimas da linguagem
  • Morfologia - REGRAS para SOMAR morfemas
  • Sintaxe - estuda a DISPOSIÇÃO das palavras na frase e das frases no discurso, incluindo a lógica
  • Semântica - SIGNIFICADO
  • Prosódia - ENTOAÇÃO que transmite um certo significado
  • Pragmática - linguagem na PRÁTICA (metáforas, ironia, humor, etc.)
  • Fonema - UNIDADES que permitem DISTINGUIR entre significados (MENOR unidade sonora; sons que articulados formam as sílabas, as palavras, etc.)
  • Morfema - UNIDADES mínimas de significado (como os prefixos e os sufixos)
  • Sílabas (ATAQUE - consoante antes de um núcleo vocálico; RIMA - só o núcleo vocálico = ditongos)
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5
Q

Qual o desafio da fala na presença de espaços em expressões fonologicamente semelhantes?

A

Apesar de estarmos habituados a ver ESPAÇOS entre palavras quando elas estão escritas, estes espaços NÃO existem nas palavras faladas (e nós achamos que eles existem, porque CONHECEMOS a língua. Uma maneira de perceber que eles não existem é ouvir pessoas estrangeiras a falar). A segmentação de palavras (ex.: “irmãos Sá Morais” e “Samurais”) fia-se no conhecimento das POSSIBILIDADES frásicas e em PISTAS AUDITIVAS (tónica).

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6
Q

Explique o modelo de Levelt (processo da intenção da fala até à articulação/produção de fala).

A

No modelo de Levelt, o processo de produção da fala parte de uma PREPARAÇÃO CONCEPTUAL (VONTADE de PRODUZIR uma palavra que tenha um certo significado). Com esse significado em vista, é feita uma SELEÇÃO LEXICAL (seleção de uma palavra, mais especificamente um LEMMA – representação da palavra no léxico MENTAL). Depois da seleção da palavra, são ATIVOS os seus ATRIBUTOS MORFOLÓGICOS (e.g., a “FORMA” da palavra), e na etapa seguinte os SINTÁTICOS (e.g., SÍLABAS envolvidas). Isto leva a uma ATIVAÇÃO das RPESENTAÇÕES FONOLÓGICAS (expressão das sílabas através do alfabeto fonético). Estas representações são depois codificadas, ficando prontas para a fase de
ARTICULAÇÃO, onde se produz efetivamente a fala.
Esta produção pode ser MONITORIZADA e CORRIGIDA.

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7
Q

O que é o fenómeno TOT (tip of tongue)?

A

Quando, na fase de SELEÇÃO LEXICAL, conseguimos
aceder ao LEMMA, mas não à FORMA da palavra (sabemos o que queremos dizer, mas somos incapazes de o produzir).

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8
Q

O que é a interferência palavra-imagem (SOA - stimulus-onset-asynchrony)?

A

Fenómeno explicado pelo modelo de Levelt – FACILITAÇÃO de uma tarefa com DISTRATORES quando há CONGRUÊNCIA entre estímulos fonológicos, sintáticos e semânticos.

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9
Q

Os processos de produção e compreensão da palavra falada exigem análise a três níveis. Quais são?

A
  • Nível segmental - segmentos que CONSTITUEM OS SONS - ex.: fisga vs isca (/fiʒgɑ/ vs /iʃkɑ/) parecem-nos iguais, mas há uma diferença fonética.
  • Nivel SUPRAsegmental - informação PROSÓDICA (pitch = frequência fundamental, f0; amplitude = intensidade) - e.g., (a) pensão vs (eles) pensam.
  • Nivel SUBsegmental - informação ACÚSTICA E ARTICULATÓRIA (duração dos segmentos) - e.g., “irmãos Sá Morais” vs “irmãos samurais”.
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10
Q

Como se deu o estudo da linguagem pela Neuropsicologia Clássica ao longo do tempo?

A

O estudo da linguagem pela Neuropsicologia Clássica começou no século XIX, com as descobertas de Broca (HEMISFÉRIO ESQUERDO COMO DOMINANTE da linguagem; “área de Broca” como centro da PRODUÇÃO da fala) e de Wernicke (descoberta de DÉFICES linguísticos – AFASIAS – NÃO associados à área de Broca; “área de Wernicke” como centro da COMPREENSÃO da fala). Wernicke compreendeu que as suas propostas e as de Broca seriam COMPLEMENTARES, propondo um modelo neural da linguagem que integrava estas duas áreas. Alguns
anos depois, Lichtheim elaborou o trabalho de Wernicke, identificando e nomeando PRATICAMENTE TODOS OS TIPOS DE AFASIA, e modificando o modelo,
sugerindo o conceito de “CENTRO CONCEPTUAL” (papel dos OBJETIVOS, REFLEXÕES pessoais, escuta SILENCIOSA, entre outros, no funcionamento normal da linguagem).
Estas ideias foram quase um século depois retomadas por Geschwind, que acrescentou o GIRO ANGUÇAR (importante para a leitura SILENCIOSA) e o CÓRTEX AUDITIVO PRIMÁRIO como áreas importantes para o processamento de input.
Também é importante acrescentar que este modelo está lateralizado à ESQUERDA.

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11
Q

Apresente o modelo Wernicke-Lichtheim-Geschwind.

A

O estímulo acústico pode seguir dois caminhos:
CA1 -> pSTG (termo mais específico e correto do que “Área de Wernicke”, contém as representações auditivas das palavras) - centro conceptual – mapeamento para o significado (perceção e COMPREENSÃO da fala).
CA1 -> pSTG - (através do FASCÍCULO ARQUEADO) -
área de Broca (contém as representações ARTICULATÓRIAS da fala) – mapeamento para a ação (PRODUÇÃO MOTORA da fala).

  • Este modelo é frequentemente conhecido como “modelo casa” pelo formato do seu diagrama
  • Foi criado para facilitar a classificação (nosológica) das síndromes afásicas (e não para compreender o funcionamento saudável da fala). Falhas em certas áreas ou “arestas” (ou combinações) estão associadas a um tipo distinto de afasia.
                                    CONCEPTS

TRANSCORTICAL MOTOR TRANSCORTICAL SENSORY

MOTOR PATTERNS
(afasia de Broca) AUDITORY IMAGES
(afasia de condução) (afasia de Wernicke)

SUBCORTICAL MOTOR SUBCORTICAL SENSORY

OUTPUT INPUT

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12
Q

Quais são os 8 processos identificados que, no modelo Wernicke-Lichtheim-Geshwind, permitem distinguir e caracterizar as afasias?

A

o PRODUÇÃO (discurso espontâneo, nomeação, fluência do discurso, características prosódicas). Erros comuns de produção (PARAFASIAS):
- Parafasias FONÉMICAS: substituição ou transposição de fonemas (e.g., lápis -> ládis; lápis -> pális);
- Parafasias SEMÂNTICAS: erro corresponde a item da MESMA CATEGORIA SEMÂNTICA do que o item alvo (e.g., lápis -> caneta);
- MISTOS: erro PARTILHA características fonológicas e semânticas com o alvo (e.g., rato -> gato; isqueiro -> cinzeiro)
- NEOLOGISMOS: erros cuja semelhança com palavras alvo não é óbvia e que não corresponde a nenhuma palavra real (e.g., panela -> paraneca) -> Afasia de JARGÃO
- Pausas ANÓMICAS: erro por AUSÊNCIA de resposta,
frequentemente para nomes/ palavras de conteúdo (pausas preenchidas: mmmm, pois, aaa…)

o REPETIÇÃO (de silabas, pseudopalavras, palavras e frases);

o COMPREENSÃO (de ordens simples e complexas).

O modelo NÃO assume uma associação LINAER entre o LOCAL de uma lesão cerebral e uma SÍNDROME afásica. As afasias são avaliadas através dos PADRÕES COMPORTAMENTAIS.

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13
Q

Que dicotomias facilitam a compreensão das classificações das oito afasias?

A
  1. Produção: fluente vs. não-fluente
  2. Repetição: deficitária vs. intacta
  3. Compreensão: deficitária vs. intacta

Estes fatores são avaliados através de tarefas como a imagem do “cookie-theft” (em que os pacientes têm de contar a história do que acham que está a acontecer
na imagem), tarefas de nomeação, ou tarefas de apontar para x objeto.

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14
Q

Como se caracteriza a afasia de Broca?

A

Produção: Não fluente, lenta, em esforço, discurso telegráfico (agramatismos), predomínio de palavras de conteúdo e estereotipias (repetição sem motivo aparente); prosódia preservada.

Repetição: Deficitária (parafasias fonológicas, omissões).

Compreensão: Intacta (exceto para frases sintaticamente complexas) + défice de processamento gramatical (não explicado pelo modelo clássico).

Lesão associada: Extensas - região pré-motora e motora posterior e superior ao giro frontal inferior + substância branca.

Défice no modelo clássico: Sistema motor (área de Broca).

Outros sintomas: Acompanhada de disartria (dificuldade de articulação) e apraxia (dificuldade em realizar tarefas que exijam recordar padrões ou sequências de movimento) da fala.

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15
Q

Como se caracteriza a afasia de Wernicke?

A

Produção: hiperfluente, como logorreia (output excessivo), parafasias, paragramatismos, neologismos, sem consciência dos erros e prosódia preservada.

Repetição: deficitária.

Compressão: défice severo.

Lesão: para além do pSTG, inclui o pSMG e o lobo parietal inferior.

Défice no modelo clássico: sistema sensorial (área de Wernicke).

Outros sintomas: mesmo com o défice na compreensão, a perceção da fala pode estar preservada; alexia com agrafia (problemas de leitura e de escrita).

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16
Q

Como se caracteriza a afasia de condução?

A

Produção: discurso fluente, pausas e parafasias fonológicas (especialmente se a frase for muito complexa a nível semântico e fonológico), tentativas recorrentes de produção correta (consciência do erro).

Repetição: deficitária, como parafasias fonológicas ou completa substituição de palavras e tentativas de correção (pode recorrer a paráfrases).

Compreensão: preservada; apenas dificuldade em frases gramaticalmente complexas (sobrecarga da memória de trabalho).

Lesão associada: substância branca e regiões corticais do giro supramaginal e na interface sensório-motora do plano temporal.

Défice no modelo clássico: interrupção na vida que liga a área de Wernicke à área de Broca.

17
Q

Como se caracteriza a afasia global?

A

Produção: não fluente.

Repetição: deficitária.

Compreensão: deficitária, preservada em algumas frases familiares.

Lesão associada: córtex perisilviânico esquerdo e substância branca subjacente.

Défice no modelo clássico: praticamente em todo o sistema.

18
Q

Como se caracteriza a afasia anómica?

A
  • Perturbação muito frequente que provoca pausas anómicas (fenómenos TOT patológicos, em que as pessoas não conseguem recordar a forma fonológica de uma palavra desejada, apesar de saberem o que querem dizer.
  • Não costuma haver défices de compreensão ou repetição.
  • Não há correlação com lesões em nenhuma área cerebral específica (apesar de começarem a surgir algumas hipóteses).
19
Q

O que são afasias transcorticais?

A

Foi um termo proposto por Lichtheim para rotular uma família de síndromes caracterizadas por REPETIÇÃO INTACTA (“síndromes de isolamento”), mas com défices no mapeamento entre as FORMAS E SIGNIFICADOS de palavras (dupla dissociação com a afasia de condução).

20
Q

Que tipos de afasia transcortical existem?

A
  • Afasia transcortical motora
  • Afasia transcortical sensorial
  • Afasia transcortical mista
21
Q

Como se caracteriza a afasia transcortical motora?

A

Produção: DEFICITÁRIA, não fluente, planeamento motor para a produção de fala POBRE; mas articulação NORMAL e frases gramaticalmente BEM formadas - o défice está na iniciação do discurso ESPONTÂNEO (às vezes há ecolalia), podendo ser ajudado por pistas não-linguísticas.

Repetição: INTACTA

Compreensão: INTACTA

Lesão associada: região pré-frontal dorsolateral esquerda, frequentemente com sobreposição coma a área de Broca, podendo incluir área motora suplementar e substância branca subjacente.

Défice no modelo clássico: interrupção na vida que liga o centro conceptual ao sistema motor

22
Q

Como se caracteriza a afasia transcortical sensorial?

A

Produção: discurso fluente com parafasias fonológicas, neologismos e parafasias semânticas. Conteúdo vazio com preseversações frequentes (repetição particular independentemente da ausência ou cessação de um estímulo), ecolalia e produção de frases gramaticalmente incorretas.

Repetição: Intacta (é este o factor que distingue esta afasia da de Wernicke)

Compreensão: défice severo (incluindo para instruções simples de nomeação e perguntas de sim/não

Lesão associada: lobos temporal, parietal e occipital esquerdo, bem como nos giros temporais posteriores médio e inferior, e giro angular

Défice no modelo clássico: interrupção na via que liga o centro das representações ao centro conceptual

23
Q

Como se caracteriza a afasia transcortical mista?

A

Produção: não-fluente, mínima, caracterizada por ecolalia e frases por acabar (i.e., dificuldades no início da produção). Contudo, depois de incentivado, apresenta capacidade de cantar músicas familiares e completar provérbios.

Repetição: intacta

Compreensão: défice severo

Lesão associada: muitas lesões em muitos sítios no hemisfério esquerdo, mas que por acaso não pertencem ao modelo, o que explica a capacidade de dizer/repetir coisas que não sabe o que significam

Défice no modelo clássico: Combinação das afasias transcortical motora e sensorial

24
Q

Que notas importantes devemos ter em atenção na classificação afásica?

A

O volume da lesão não prediz a severidade dos défices de linguagem ou do prognóstico de recuperação; pacientes com afasia transcortical mista têm discursos mais fluentes em condições de prova do que em discurso normal.

25
Q

De que modo se dá a refutação do modelo Wernicke-Lichtheim-Geschwind?

A
  • Entretanto percebeu-se que a PERCEPÇÃO da fala (discriminação de sons e sílabas) e a COMPREENSÃO da fala (reconhecimento da palavra falada) são processos INDEPENDENTE (e no modelo estão ligadas).
  • Uma lesão no pSTG (designação mais ESPECÍFICA do que “área de Wernicke”) NÃO origina défices de COMPREENSÃO, mas sim défices FONOLÓGICOS (incluindo de PRODUÇÃO).
  • Há défices de ACESSO às REPRESENTAÇÕES LEXICAIS em TODOS os tipos de afasia (visível através da FREQUÊNCIA com que ocorrem parafasias fonológicas e da presença de défices no RECONHECIMENTO da palavra falada nas afasias de Broca e de Wernicke).
  • Os estudos de Yee et al. (2008) e Magnuson et al. (2001), que expunham participantes “normais” e afásicos a um conjunto de palavras composto por uma palavra-alvo e DISTRATORES FONOLÓGICOS e SEMÂNTICOS, permitiram concluir que estes défices de acesso às REPRESENTAÇÕES LEXICAIS que se veem nas afasias NÃO SE DEVEM A DÉFICES SEMÂNTICOS, mas sim a uma alteração na MAGNITUDE DE ATIVAÇÃO dos processos LEXICAIS que ocorrem mesmo para afásicos com COMPREENSÃO intacta.
26
Q

Qual a diferença do papel do pSTG no modelo Wernicke-Lichtheim-Geschwind e na sua reputação?

A

Há evidências de que o papel do pSTG na fala é BILATERAL (e o modelo propunha que fosse SÓ O ESQUERDO) e de que afeta processos como a PERCEPÇÃO E PRODUÇÃO da fala, não estando envolvido em questões SEMÂNTICAS. Uma lesão no pSTG causa um défice na REPETIÇÃO da fala, SEM défice de COMPREENSÃO SEMÂNTICA associado – padrão de afasia de CONDUÇÃO e NÃO de afasia de Wernicke.
Nas questões SEMÂNTICAS, há envolvimento de uma vasta rede neural que NÃO inclui o pSTG: região vasta LATERAL E INFERIOR DO LOBO TEMPORAL, regiões PARIETAIS e IFG (área de Broca) BILATERAIS.

27
Q

Qual a diferença do papel do pSTG no modelo Wernicke-Lichtheim-Geschwind e na sua reputação?

A

Há evidências de que o papel do pSTG na fala é BILATERAL (e o modelo propunha que fosse SÓ O ESQUERDO) e de que afeta processos como a PERCEPÇÃO E PRODUÇÃO da fala, não estando envolvido em questões SEMÂNTICAS. Uma lesão no pSTG causa um défice na REPETIÇÃO da fala, SEM défice de COMPREENSÃO SEMÂNTICA associado – padrão de afasia de CONDUÇÃO e NÃO de afasia de Wernicke.
Nas questões SEMÂNTICAS, há envolvimento de uma vasta rede neural que NÃO inclui o pSTG: região vasta LATERAL E INFERIOR DO LOBO TEMPORAL, regiões PARIETAIS e IFG (área de Broca) BILATERAIS.

28
Q

Como se caracteriza a área de Broca?

A

Está envolvida na COMPREENSÃO (e NÃO SÓ NA PRODUÇÃO como originalmente proposto), e não é uma “área” mas sim um SISTEMA multifunções. Situado no IFG (giro frontal inferior), contém sub-regiões com funções diferentes:

1) BA 44 (pars opercularis) → PROCESSAMENTO de estruturas hierárquicas e SEQUÊNCIA de COMPORTAMENTO (dependências sintáticas), mesmo com estímulos NÃO-LINGUÍSTICOS:
- PERCEÇÃO da fala;
- Planeamento MOTOR;
- MONITORIZAÇÃO de predições;
- Extração e monitorização de REGRAS COMPLEXAS em material LINGUÍSTICO E NÃO-LINGUÍSTICO;
- Área principalmente envolvida no PROCESSAMENTO SINTÁTICO: maior ativação com o aumento da complexidade SINTÁTICA dos estímulos

2) BA 45 (pars triangularis) -> tem outras funções:
- Memória de Trabalho
- Controlo da memória SEMÂNTICA
- SEM RELAÇÃO COM O PROCESSAMENTO SINTÁTICO: maior ativação com o aumento da complexidade SEMÂNTICA dos estímulos.

O processamento SINTÁTICO (BA44) e SEMÂNTICO (BA45) dependem de partes DIFERENTES da rede neuronal da linguagem.