A crise da economia cafeeira Flashcards
Situação da cultura do café no último decênio do século XIX.
Criou-se uma situação excepcionalmente favorável à expansão da cultura do café no Brasil.
1) A oferta não-brasileira atravessou uma etapa de dificuldades, sendo a produção asiática prejudicada por enfermidades, que praticamente destruíram os cafezais da ilha de Ceilão;
2) Com a descentralização republicana o problema da imigração passou às mãos dos estados, sendo abordado de forma mais ampla pelo governo do Estado de São Paulo (pela própria classa dos fazendeiros);
3) O efeito estimulante da grande inflação de crédito beneficiou os cafeicultores, proporcionando o crédito necessário para abertura de novas terras e elevando os preços do produto em moeda nacional.
Tendência dos preços do café no longo prazo.
A elesticidade da oferta de mão-de-obra e a abundância de terras nos países produtores de café indicavam que os preços tenderiam a baixar no longo prazo, sob a ação persistente de inversões em estradas de ferro, portos e meios de transporte que iam se avolumando no ultimo quartel do século XIX.
Motivos do crescimento da oferta de café.
Os empresários das economias de exportação tinham de escolher dentre um número limitado de produtos requeridos pelo mercado internacional. No Brasil, o produto que apresentava maior vantagem relativa era o café.
Enquanto o preço não baixasse a ponto de que a vantagem desaparecesse, os capitais continuariam acorrendo para a cultura do café.
Portanto, a oferta tendeu a crescer não em função do crescimento da procura, mas sim da disponibilidade de mão-de-obra e terras subocupadas, e da vantagem relativa do café.
Brasil X Oferta mundial de café.
As condições exepcionais que oferecia o Brasil para essa cultura criaram a condição dos empresários brasileiros controlarem 3/4 da oferta mundial.
Essa circustância possibilitou a manipulação da oferta mundial, que iria definir o comportamento quanto à evolução dos preços.
Começo do declínio dos preços no mercado mundial.
A partir da crise de 1893, particularmente prolongada nos EUA, começam a declinar os preços do café.
Em 1897 ocorreu nova depressão no mercado mundial, declinando os preços nos dois anos seguintes.
Os efeitos da crise de 1893 puderam ser absorvidos por meio da depreciação externa da moeda, mas a situação de pressão sobre a massa de consumidores tornou impraticável insistir em novas depreciações em 1897.
Problema da superprodução.
Exatamente na etapa em que não era possível apelar para o mecanismo cambial configura-se o problema da superprodução.
A ideia de retirar do mercado parte dos estoques que se avolumavam amadurece cedo entre os dirigentes, cujo poder político e financeiro cresceu com a descentralização republicana.
Convênio de Taubaté.
Convênio celebrado em Taubaté em 1906 pelo qual se definem as bases do que se chamaria política de valorização do café.
Política de valorização do café.
Consistia em:
1) Com o fim de restabelecer o equilíbrio entre oferta e procura do café, o governo interviria no mercado para comprar os excedentes;
2) O financiamento dessas compras se faria com empréstimos estrangeiros;
3) O serviço dos empréstimos seria coberto com um novo imposto cobrado em ouro sobre cada saca exportada;
4) A fim de solucionar o problema a longo prazo, os governos dos estados produtores deveriam desencorajar a expansão das plantações.
Grupos que exerciam pressão sobre o governo central.
Durante a excessiva expansão das plantações de café, entre 1891 e 1897, os grupos que exerciam pressão sobre o governo central tornaram-se mais numerosos e complexos.
Percebe-se a importância crescente da classe média urbana, na qual se destacava a burocracia civil e militar, diretamente afetada pela depreciação cambial.
O grupo financeiro internacional, reunido em torno da casa Rothschild, segue de perto a política econômico-financeira do governo.
Os comerciantes e os industriais, cujos interesses se opõem aos dos cefeicultores, encontram no regime republicano oportunidade para aumentar seu poder político.
Primeiro esquema de valorização.
Teve de ser posto em prática pelos estados cafeicultores (liderados por São Paulo) sem o apoio do governo federal.
A descentralização republicana havia concedido aos governos estatais o poder constitucional de criar impostos às exportações.
Os estados, então, apelaram diretamente para o crédito internacional e puseram em marcha o projeto.
Governo federal e a política de valorização.
Afonso Pena, em 1907, fez a primeira compra estatal de estoques de café, transferindo os encargos da valorização do café para o Governo Federal, que antes era praticada regionalmente, apenas por São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, que haviam assinado o Convênio de Taubaté.
O governo central submeteu-se aos objetivos da política econômica dos cafeicultores até 1930, reforçando o poder destes.
Consequências da política de valorização do café.
1) Os preços do produto eram mantidos artificialmente altos, garantindo-se os lucros dos cafeicultores;
2) Os negócios do café continuaram atrativos para os capitais, mantendo as inversões nesse setor elevadas, pressionando cada vez mais sobre a oferta.
Medidas para evitar que a capacidade produtiva continuasse crescendo.
As medidas tomadas foram infrutíferas.
Teria sido necessário que se oferecessem ao empresário outras oportunidades, igualmente lucrativas, de aplicação dos recursos que estavam afluindo continuamente em suas mãos em forma de lucros.
Oferta e demanda nos anos de 1920.
A produção de café, em razão dos estímulos artificiais, cresceu quase 100% entre 1925 e 1929. Enquanto a produção aumentava dessa forma, as exportações mantinham-se pratcamente estabilizadas.
A procura do café crescia lenta e firmemente com a população e a urbanização, não sendo afetada pela grande elevação da renda real, ocorrida nos países industrializados nos anos 20.
Após a grande expansão dos anos 20, não havia nenhuma porta pela qual se pudesse antever a saída dos estoques acumulados, pois a capacidade produtiva continuava a aumentar.
A situação que se criara era insustentável.
Pressão inflacionária criada pela acumulação de estoques de café.
Os empréstimos externos serviam de base para a expansão de meios de pagamento destinados à compra de café que era retirado do mercado.
O aumento brusco e amplo da renda monetária dos grupos que derivavam suas receitas da exportação provocava pressão inflacionária.
Essa pressão é grande em uma economia subdesenvolvida, e se manifesta de imediato em rápido crescimento das importações, em razão da baixa elasticidade da oferta interna.