14 - Doenças do Nervo e da Unidade Motora Flashcards

1
Q

Quais são os principais tipos de doenças que afetam a unidade motora e como elas se diferenciam em relação aos componentes afetados?

A

As doenças que afetam a unidade motora podem ser classificadas com base no local da lesão ou disfunção: (1) Doenças do neurônio motor, que afetam o corpo celular dos neurônios motores no corno anterior da medula espinhal e no tronco cerebral. Exemplos incluem esclerose lateral amiotrófica (ELA) e atrofia muscular espinhal, onde a degeneração do neurônio motor leva à fraqueza e atrofia muscular. (2) Neuropatias periféricas, que afetam o axônio ou a mielina do nervo periférico, como na síndrome de Guillain-Barré, onde ocorre desmielinização periférica que reduz a condução nervosa, resultando em fraqueza, dormência e perda sensorial. (3) Doenças da junção neuromuscular, que comprometem a transmissão do impulso entre o nervo e o músculo, como na miastenia gravis e no síndrome de Lambert-Eaton. (4) Miopatias, que afetam diretamente o músculo esquelético, resultando em fraqueza e degeneração, como nas distrofias musculares de Duchenne e Becker. Cada grupo de doenças possui características clínicas, fisiopatológicas e tratamentos específicos, que dependem da localização e natureza da lesão.

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2
Q

Como a esclerose lateral amiotrófica (ELA) se manifesta clinicamente e qual é sua base genética em casos herdados?

A

A ELA é uma doença neurodegenerativa caracterizada pela perda progressiva dos neurônios motores superiores e inferiores, resultando em fraqueza, espasticidade, atrofia e eventual paralisia dos músculos esqueléticos. Clinicamente, os pacientes experimentam fraqueza nas extremidades, dificuldades de fala e deglutição, e, em estágios avançados, comprometimento respiratório que frequentemente leva ao óbito. Em casos hereditários, que representam cerca de 10% dos casos de ELA, mutações no gene SOD1 (superóxido dismutase 1) são comumente responsáveis. Essa enzima desempenha um papel antioxidante, protegendo as células dos danos causados por radicais livres. Mutações no SOD1 resultam em acúmulo de proteínas tóxicas e dano oxidativo, levando à neurodegeneração. Outras mutações genéticas, como no gene C9orf72, também estão associadas a formas hereditárias de ELA.

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3
Q

Explique a diferença entre neuropatias axonais e desmielinizantes e como cada uma afeta a condução nervosa.

A

Nas neuropatias axonais, o dano ocorre diretamente no axônio do nervo periférico, geralmente devido a lesão ou degeneração. A função de condução é comprometida principalmente pela perda de integridade do axônio, o que pode levar à perda de sinal e à redução da velocidade de transmissão, mas com potencial de regeneração em casos de lesão parcial. Em neuropatias desmielinizantes, como a síndrome de Guillain-Barré, ocorre a perda de mielina, a camada isolante ao redor dos axônios, que é crucial para a condução saltatória rápida dos impulsos nervosos. Sem mielina, a velocidade de condução diminui drasticamente e os sinais são menos eficientes, resultando em fraqueza e paralisia. As diferenças no mecanismo de lesão determinam o prognóstico e o tratamento, pois a remielinização é possível em neuropatias desmielinizantes, enquanto a recuperação axonal é limitada em neuropatias axonais.

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4
Q

Quais são os mecanismos subjacentes ao desenvolvimento da miastenia gravis e como essa doença é tratada?

A

A miastenia gravis é uma doença autoimune na qual o sistema imunológico ataca os receptores de acetilcolina na junção neuromuscular, reduzindo o número de receptores disponíveis para a transmissão neural. Essa perda de receptores diminui a capacidade de despolarização do músculo, resultando em fraqueza que se agrava com o uso repetitivo, característica da doença. Os tratamentos incluem inibidores de acetilcolinesterase, que prolongam a ação da acetilcolina ao impedir sua degradação na fenda sináptica, aumentando assim a chance de ligação com os receptores. Além disso, imunossupressores, como corticosteroides, são utilizados para reduzir a resposta autoimune, enquanto a plasmaférese e a administração de imunoglobulinas intravenosas podem ser indicadas em crises agudas para remover anticorpos circulantes.

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5
Q

Como o síndrome de Lambert-Eaton difere da miastenia gravis em termos de mecanismo e resposta ao estímulo repetitivo?

A

O síndrome de Lambert-Eaton é uma doença autoimune em que anticorpos atacam os canais de cálcio dependentes de voltagem na terminação pré-sináptica, reduzindo a liberação de acetilcolina. Como resultado, a resposta muscular inicial é fraca, mas melhora com estímulos repetitivos, pois o acúmulo de cálcio aumenta a liberação de acetilcolina e potencializa a resposta muscular. Em contraste, na miastenia gravis, a resposta muscular se deteriora com estímulos repetitivos, devido à rápida saturação dos receptores de acetilcolina disponíveis. Essa diferença no mecanismo e na resposta ao estímulo repetitivo é fundamental para o diagnóstico diferencial das duas condições.

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6
Q

Quais são as características clínicas e genéticas das distrofias musculares de Duchenne e Becker?

A

A distrofia muscular de Duchenne é uma doença genética causada por mutações no gene da distrofina, levando à ausência funcional dessa proteína, essencial para a integridade estrutural das fibras musculares. A doença se manifesta na infância com fraqueza muscular progressiva, especialmente em músculos proximais, e evolui para perda de mobilidade e complicações respiratórias. Na distrofia de Becker, uma mutação mais leve permite a produção de distrofina funcional, mas em quantidades reduzidas ou com defeitos estruturais menores, resultando em um quadro clínico menos grave e de progressão mais lenta. Ambas as doenças são hereditárias e ligadas ao cromossomo X, afetando predominantemente meninos.

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7
Q

Como o botulismo interfere na transmissão neuromuscular e quais são as estratégias de tratamento?

A

O botulismo é causado pela ação da toxina botulínica, que bloqueia a liberação de acetilcolina ao clivar proteínas SNARE, essenciais para a fusão vesicular na terminação pré-sináptica. Isso resulta em paralisia flácida, inicialmente nos músculos cranianos e depois nos músculos esqueléticos, podendo causar falência respiratória. O tratamento envolve suporte respiratório, administração de antitoxinas para neutralizar a toxina circulante e intervenções para eliminar a toxina presente, como lavagem gástrica e uso de antibióticos em casos de infecção bacteriana.

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8
Q

Quais são os tipos de canais iônicos associados à paralisia periódica e como suas mutações afetam a excitabilidade muscular?

A

A paralisia periódica é frequentemente associada a mutações nos canais de sódio, potássio ou cálcio, que regulam a excitabilidade das fibras musculares. Mutações em canais de sódio, por exemplo, podem impedir a inativação correta do canal, levando a uma despolarização prolongada e paralisia. Mutações em canais de potássio ou cálcio alteram o equilíbrio eletrolítico e afetam a resposta muscular a estímulos, causando episódios de fraqueza muscular em resposta a fatores desencadeantes, como exercícios e mudanças na concentração de eletrólitos.

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9
Q

Como os anticorpos anti-MuSK afetam a transmissão neuromuscular na miastenia gravis?

A

Na miastenia gravis anti-MuSK, anticorpos atacam a proteína MuSK (quinase de receptor específica de músculo), que é necessária para a formação e organização dos receptores de acetilcolina na junção neuromuscular. A inibição de MuSK reduz a densidade de receptores de acetilcolina na placa motora, comprometendo a transmissão sináptica e resultando em fraqueza muscular. Esse subtipo de miastenia gravis frequentemente não responde aos inibidores de acetilcolinesterase e pode necessitar de imunossupressores específicos e terapias que modulam a resposta imune.

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10
Q

Quais são as implicações clínicas da falta de acetilcolinesterase na junção neuromuscular em síndromes miastênicas congênitas?

A

A ausência de acetilcolinesterase na junção neuromuscular resulta em um acúmulo prolongado de acetilcolina na fenda sináptica após a liberação pelos neurônios pré-sinápticos. Isso causa uma estimulação contínua dos receptores de acetilcolina, levando à despolarização sustentada das fibras musculares e, consequentemente, à fadiga muscular. Em vez de permitir uma despolarização rápida e breve, como ocorre na transmissão neuromuscular normal, a falta de acetilcolinesterase impede o músculo de retornar ao seu estado de repouso, prejudicando sua capacidade de contrair-se repetidamente. Clinicamente, essa condição resulta em uma miopatia de placa terminal, que se manifesta como fraqueza e fadiga muscular severas, especialmente em atividades que demandam contrações repetidas. O manejo terapêutico pode incluir o uso de moduladores da excitabilidade muscular, embora os tratamentos sejam limitados e focados principalmente em reduzir a sobrecarga nos receptores de acetilcolina e melhorar a função muscular conforme possível.

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11
Q

Quais são as características de diferenciação entre neuropatias axonais e desmielinizantes, e como isso influencia o diagnóstico clínico e o tratamento?

A

As neuropatias axonais afetam diretamente o axônio, levando a uma perda de sinal mais pronunciada e rápida, enquanto as neuropatias desmielinizantes afetam a camada de mielina, que isola os axônios. Nas neuropatias desmielinizantes, a condução nervosa é lenta devido à perda da condução saltatória, mas é parcialmente recuperável com remielinização. No diagnóstico, testes de velocidade de condução ajudam a distinguir os tipos, influenciando tratamentos direcionados, como imunoterapias em casos de neuropatias desmielinizantes autoimunes.

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12
Q

Como a deficiência de distrofina afeta a função muscular em distrofias musculares, como as de Duchenne e Becker?

A

A distrofina é uma proteína estrutural essencial que conecta o citoesqueleto das células musculares à matriz extracelular, garantindo integridade durante a contração. Na distrofia de Duchenne, a ausência total de distrofina causa danos intensos durante a contração muscular, levando a uma degeneração e fraqueza progressiva. Em Becker, uma forma funcional parcial da distrofina atenua o dano, permitindo uma progressão mais lenta. Ambas as condições resultam em atrofia, perda de força e eventual insuficiência respiratória.

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13
Q

Explique o mecanismo pelo qual o botulismo interfere na transmissão neuromuscular e as abordagens terapêuticas associadas.

A

O botulismo ocorre devido à ação da toxina botulínica, que bloqueia a liberação de acetilcolina nas terminações pré-sinápticas ao inibir proteínas SNARE, essenciais para a exocitose das vesículas. A ausência de acetilcolina na fenda sináptica impede a ativação muscular, resultando em paralisia flácida. O tratamento envolve antitoxinas para neutralizar a toxina circulante, suporte respiratório e eliminação da toxina por métodos como lavagem gástrica nos casos de ingestão.

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14
Q

Como a presença de anticorpos anti-MuSK influencia a patologia da miastenia gravis e quais são as implicações terapêuticas?

A

Na miastenia gravis com anticorpos anti-MuSK, esses anticorpos inibem a quinase específica de músculo (MuSK), essencial para a organização dos receptores de acetilcolina na membrana pós-sináptica. A interrupção de MuSK reduz a densidade de receptores, causando fraqueza muscular grave. Esse subtipo geralmente responde mal a inibidores de acetilcolinesterase, necessitando imunossupressores como corticoides ou inibidores da resposta imunológica.

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15
Q

Qual é a importância dos canais iônicos na paralisia periódica e como suas mutações contribuem para a patologia?

A

A paralisia periódica ocorre devido a mutações em canais de sódio, potássio ou cálcio, que regulam a excitabilidade das fibras musculares. Essas mutações podem levar a uma despolarização prolongada ou a uma incapacidade de condução, resultando em fraqueza muscular episódica. O diagnóstico envolve identificar essas mutações específicas e o manejo clínico inclui dietas e medicamentos para equilibrar os níveis de eletrólitos e prevenir episódios.

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16
Q

De que forma as características eletromiográficas ajudam no diagnóstico diferencial entre miopatias e doenças neurogênicas?

A

Nas miopatias, o exame eletromiográfico revela potenciais de baixa amplitude e curta duração, pois as fibras musculares se contraem inadequadamente. Nas doenças neurogênicas, as fibras musculares denervadas apresentam potenciais de alta amplitude e longa duração, com sinais de reativação por neurônios remanescentes. Esse padrão diferencial permite um diagnóstico mais preciso e uma abordagem terapêutica específica para o tipo de disfunção.

17
Q

Como a inflamação contribui para o quadro clínico da dermatomiosite e quais tratamentos são recomendados?

A

A dermatomiosite é uma miopatia inflamatória que se manifesta com erupções cutâneas e fraqueza muscular proximal, devido a uma resposta autoimune que ataca os vasos sanguíneos intramusculares. Essa inflamação causa danos e necrose muscular, com infiltração de células imunes. O tratamento inclui corticosteroides e imunossupressores para reduzir a inflamação, além de fisioterapia para preservar a função muscular.

18
Q

Descreva o papel da proteína superóxido dismutase 1 (SOD1) na esclerose lateral amiotrófica (ELA) hereditária.

A

A SOD1 é uma enzima antioxidante que protege as células dos radicais livres. Em casos hereditários de ELA, mutações no gene SOD1 levam à formação de agregados tóxicos que causam estresse oxidativo e morte dos neurônios motores. A perda desses neurônios resulta em fraqueza progressiva e atrofia muscular. Não há cura, mas terapias experimentais visam reduzir a toxicidade dos agregados de SOD1 e atrasar a progressão da doença.

19
Q

Como a síndrome de Lambert-Eaton altera a transmissão neuromuscular e quais são os principais tratamentos?

A

Na síndrome de Lambert-Eaton, anticorpos atacam os canais de cálcio dependentes de voltagem nas terminações nervosas pré-sinápticas, reduzindo a liberação de acetilcolina e resultando em fraqueza muscular proximal. Diferente da miastenia gravis, a força muscular melhora com exercícios repetitivos. O tratamento inclui imunossupressores e terapias que estimulam a liberação de acetilcolina, além de medicamentos como amifampridina para melhorar a transmissão sináptica.

20
Q

Explique o papel dos neurofilamentos e proteínas motoras, como a cinesina, em neuropatias hereditárias axonais.

A

Neurofilamentos e proteínas motoras como a cinesina são essenciais para a integridade estrutural e o transporte intracelular ao longo dos axônios. Nas neuropatias hereditárias, mutações em genes que codificam essas proteínas causam degeneração axonal, levando a fraqueza e atrofia muscular progressiva. A cinesina, por exemplo, é fundamental para o transporte de organelas e proteínas ao longo dos microtúbulos, e sua disfunção afeta a sobrevivência axonal e a transmissão nervosa.