Úlceras e curativos. Flashcards

1
Q

CICATRIZAÇÃO

A

3 fases:
1) Inflamatória: 3-6 dias. Resposta inicial ao trauma. Presença de plaquetas e coágulos de fibrinas que ativa a cascata de coagulação, calor, edema e perda da função.

2) Proliferativa: 1-3 semanas. compreende a granulação epitelização e contração. A granulação é formação de tecidos novos, compostos de novos capilares (angiogênese), formação fibroblastos (síntese de colágeno). Epitelização é o fechamento da superfície e contração é ação especializada dos miofibroblastos.

3) Remodelamento: 3 semanas-2 anos. Reorganização das fibras de colágeno e produção da cicatriz.

Fatores que impedem cicatrização:
1) pressão local: isquemia
2) ambiente seco: desidratação celular forma crosta
3) traumatismo e edema: privam chegada de nutrientes
4) infecção
5) incontinência fecal/ urinária: modifica ph e altera barreira cutânea.
6) Idade: deficiência nutricional, comprometimento imune
7) doenças crônicas: vasculares, diabetes
8) obesidade: tecido adiposos possui suprimento sanguíneo insuficiente
9) Imunossupressão e uso de corticoides
10) radioterapia

TECIDOS VIÁVEIS: granulação e epitelização
TECIDOS NÃO VIÁVEIS: fibrina desvitalizada (amarelo, marrom) e necrose (cinza, negra). Precisam ser retirados para cicatrizar adequadamente.

TECIDO DE GRANULAÇÃO
- Sadio: vermelho vivo, brilhante e não sangra facilmente
- Doente: vermelho escuro, sem brilho ou ressecado e sangra em abundância. Fibrina e necrose.

INFECÇÃO
- Aspecto amarelado esverdeado da ferida.
- Imunossuprimidos podem não ter sinais de inflamação ou infecção locais
- Ferida que não cicatriza pode ser o único sinal de infecção.

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Q

ÚLCERA VENOSA OU ESTASE

A

Mais comum entre as feridas crônicas.

FR: mulher, idade, obesidade, sedentarismo, gestação, ortostase prolongada, carregamento de peso, tabagismo, TVP.

QC: dor, peso, cansaço, queimação da panturrilha, edema, eczema, câimbra. Melhora com elevação do membro e terapia compressiva. Piora com ortostase prolongada.

ITB NORMAL (0,9-1,3)

MALÉOLO MEDIAL É TERRITÓRIO DA VEIA SAFENA MAGNA: frequentemente agredida.

INSUFICIÊNCIA VENOSA CRÔNICA
- Fisiopatologia: Ingurgitamento venoso crônico secundário a oclusão venosa ou incompetência das válvulas venosas.
- Dor difusa da perna ou pernas. Sensação de peso, queimação, ardência, cansaço, cãibra, formigamento e fincada. Piora com período menstrual, posição ortostática e final do dia. Melhora com deambulação e elevação dos membros. Relato de cãibras noturnas.
- Dor: frequentemente é dolorosa
- Mecanismo: hipertensão venosa
- Pulsos arteriais: normais, embora possa ser difícil palpá-los através do edema
- Coloração: normal ou cianótica com os membros pendentes. Surgem petéquias e depois pigmentação acastanhada com a cronificação (DERMATITE OCRE - DEPÓSITO DE HEMOSSIDERINA).
- Temperatura da pele: normal
- Edema: existente, costuma ser acentuado.
- Alterações cutâneas: muitas vezes, existe pigmentação acastanhada em todo o tornozelo, dermatite por estase e possível espessamento da pele, além de redução do volume da perna a medida que ocorre fibrose. Marcas de estase: eritema, descamação e prurido.

LESÃO
- ÚLCERA: faces dos tornozelos (terço distal), principalmente medial (não impede de ser lateral). Contem pouco tecido de granulação doloroso, além de fibrina; bordas irregulares, lisas ou levemente deprimidas. Secreção serosa ou seropurulenta, fundo róseo. Não é profunda.
- Gangrena: não ocorre.
- APÓS TRAUMA! Precedida por erisipela, celulite ou eczema de estase.

PROFILAXIA
- Repouso com elevação das pernas
- Terapias compressivas: meia elástica, se ferida aberta bota de ulnna.
- Caminhadas
- Cuidado com traumas em MMII
- Detecção precoce e prevenção de micose
- Redução de cafeína e tabaco.

OBSERVAÇÃO
- úlcera venosa persistente após tratamento da insuficiência venosa DEVE SER BIOPSIADA = RISCO DE MALIGNIZAÇÃO = ÚLCERA DE MARJOLIN (CEC).

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3
Q

ÚLCERA ARTERIAL OU ISQUÊMICA

A

DAOP: LA FONTAINE 4 (RUTHERFORD 5 e 6).

FR: aterosclerose, tabagismo, masculino, idade, HAS, DM, DLP, DRC, obesidade e sedentarismo.

QC: claudicação, dor isquêmica de repouso, trauma, melhora com posição pendular, aquecimento, piora com elevação do membro.

Teste de Buerger: se colocar a perna do paciente para cima ela rapidamente se torna pálida, pois não consegue vencer a gravidade e irrigar o membro.

INSUFICIÊNCIA ARTERIAL
- Fisiopatologia: isquemia local por arteriosclerose.
DOR: claudicação intermitente, progredindo para dor em repouso. Pode aumentar com elevação das pernas.
MECANISMO: isquemia tecidual
PULSOS ARTERIAIS: reduzidos ou ausentes
COLORAÇÃO: pálida, especialmente durante a elevação do membro; vermelho-escura quando os membros ficam pendentes.
TEMPERATURA: fria
EDEMA: ausente ou discreto, pode surgir quando o paciente tenta aliviar a dor em repouso abaixando a perna
ALTERAÇÕES CUTÂNEAS: alterações tróficas: pele fina, brilhosa e atrófica, perda de pelos nos pés e dedos, unhas espessas e com sulcos.

ULCERAÇÃO
- Envolve os dedos ou pontos de traumas nos pés ou perna, como a superfície anterior.
- A pele envolta da ulcera não apresente excesso de pigmentação.
- A dor costuma ser acentuada, exceto quando acompanha neuropatia.
- Seca, profunda, com pouco exsudato, pois circulação não chega!!!!
- Localiza-se em pé, calcâneo e região lateral da perna.
GANGRENA Pode ocorrer, juntamente com diminuição dos pulsos arteriais.

PROFILAXIA
- Não elevar membro
- Acompanhamento clínico das comorbidades
- Redução da cafeína e tabaco
- Enfaixamento frouxo
- Proteção contra traumas: térmicos, mecânicos
- Restrição na aplicação de calor: compressas, banhos de luz, prevenindo queimaduras.

ÚLCERA DE MARTORELL
- É DEVIDO HAS
- Mas vai ser uma úlcera BILATERAL com PULSO PRESENTE! É um dano microangiopático, não macroangiopático como as outras arteriais.

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4
Q

ÚLCERA POR PRESSÃO

A

Evita-se mudando o paciente de decúbito.

FISIOPATOLOGIA
- Pressão contínua provoca isquemia, o vaso é comprimido entre um tecido mole e uma proeminência óssea dura.

LOCAIS
- Sacral
- Nádega
- Orelha
- Occiptal
- Calcâneo
- Trocanteriana
- MMII
- Troncos
- MMSS

ESTADIAMENTO
1. Pele intacta com vermelhidão não branqueável de uma área localizada, usualmente sobre proeminência óssea.
2. Perde espessura da pele, abrasão ou bolha.
3. Perde espessura total, gordura subcutânea visível, mas não expõe tendão, osso ou músculo.
4. Expõe.
5. não pode ser classificada, pois base coberta com necrose ou esfacelo que cobrem estrutura abaixo.

PROFILAXIA
- Avaliar grupos de risco: cadeirantes, acamados
- Cuidado com pele e mobilização de protetores
- Mudança de decúbito no máximo a cada 2h.
- Uso de dispositivo para redução da pressão: colchão caixa de ovo ou espuma, colchão com ar se paciente com incontinência.

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5
Q

ÚLCERA NEUROTRÓFICA / MAL PERFURANTE PLANTAR

A

FISIOPATOLOGIA
- Neuropatia periférica secundária a DM, etilismo, hanseníase ou Leishmaniose.

ÚLCERA
- área está anestesiada: fica com excesso de trauma e pressão e paciente é incapaz de perceber.
- Ocorre em áreas anestésicas por trauma ou pressão.
- Planta do pé, abaixo dos dedos dos pés, calcanhar! Calosidade gera úlcera.

TRATAMENTO
- É preciso retirar pele excessiva, pois ela que endurece e aumenta a pressão local. Precisamos deixar região hidratada e mais homogênea.

ORIENTAÇÕES AO PACIENTE
- Inspeção diária dos pés
- Limpeza e sacagem interdigital
- Corte reto da unha
- Remoção de calosidade
- Hidratação da pele
- Monitoramento da sensibilidade com monofilamento
- Uso de palmilhas e calçados adequados
- Restrição a andar descalço
- Exame dos pulsos e da presença de deformidade nos pés

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6
Q

CURATIVO

A
  1. LIMPEZA
    - Ideal que limpeza diária seja realizada com SORO FISIOLÓGICO, ÁGUA E SABÃO na maioria das vezes.
    - Uso de antissépticos locais (polvidine, clorexidina) deve ser criterioso, pois podem causar citotoxicidade e dificultar a cicatrização.
  2. DESBRIDAMENTO
    - Retirada do tecido necrótico: essencial para que a cicatrização ocorra adequadamente.
    - Pode ser: cirúrgica, mecânica, autolítica (fisiológico, lenta) ou enzimática.

% GEL DE PAPAÍNA
- Promove desbridamento químico (enzimas proteolíticas). Ação bacteriostática, bactericida e antinflamatório. Aumenta força tênsil da cicatriz e diminui a formação de queloides.
- Como usar: limpeza com soro em jato + aplicar 1 espátula em gel de papaína por toda lesão + cobrir com gaze umidecida de soro + fixar adequadamente + troca de 12 ou 24h realizando remoção do tecido necrótico POR 2 SEMANAS + pausa de 1 semana + retorna o uso, não usar contínuo.
- a 8%: remove tecido necrótico, tomar cuidado pois queima pele saudável.
- a 4%: usado na fase de granulação, melhora cicatriz.
- Alguns casos com tecido necrótico grosso, é preciso fazer pequenas escarotomias para que o medicamento penetre.

% COLAGENASE
- Promove desbridamento químico (enzima proteolítica) em áreas desvitalizadas (necrose e esfacelo).
- Como usar: limpeza com soro em jato + aplicar camada fina de produto sobre gaze + umedecer com soro (colagenase só realiza quebra enzimática em meio úmido) + trocar a cada 24h, removendo o tecido de necrose, USO MÁX POR 2 SEMANAS
- Papaína possui resultados superiores.

  1. ESTÍMULO DE GRANULAÇÃO

% ÁCIDO GRAXO ESSENCIAL - AGE (Age derme, Dersani)
- É alguns ácidos + vitaminas. Ação promove quimiotaxia e angiogênese, mantém meio úmido e acelera a granulação. Atua diretamente sobre o processo de cicatrização.
- Indicados nos casos de úlcera por pressão, úlcera arterial, úlcera diabética, deiscência cirúrgica e outros tipos de lesão de pele com ou sem infecção.
- NÃO USAR ASSOCIADO A OUTRO PRODUTO DESBRIDANTE OU NA PRESENÇA DE TECIDO NECRÓTICO.
- Como usar: limpeza com soro em jato + pingar gota do produto sobre o leito da lesão + cobrir com gaze umedecida com soro + cobrir com gaze seca estéril (curativo secundário) + fixar adequadamente + troca a cada 24h +
- OBS: óleo de girassol ou de amêndoas não é igual, não tem os mesmos benefícios que esse óleo. óleo de girassol serve para hidratar, nada além disso.

% CALÊNDULA - POMADA
- São com conjunto de princípio ativos, incluindo óleos essenciais. Diminui processo inflamatório, estimula granulação.
- Por ser pomada, interessante para as feridas que possuem cavidades. Também não deixa gaze grudar na lesão.
- Indicado para úlceras de todos os tipos na fase inflamatória e pode ser usado em queimaduras não infectadas.
Como usar: limpeza com soro em jato + aplicar fina camada de produto em gaze + cobrir com gaze seca estéril (curativo secundário) + fixar adequadamente + troca a cada 24h.

% GEL DE PRÓPOLIS 4%
- Conjunto de princípios ativos e vitaminas. Ação anti-inflamatória, cicatrizante e antibacteriano.
- Indicado para FERIDAS INFECTADAS e DEISCÊNCIA.
- Como usar: limpeza com soro em jato + aplicar uma fina camada sobre a gaze + colocar sobre a ferida + cobrir com gaze seca (curativo secundário) + fixar adequadamente + trocas a cada 12h POR 5 DIAS + PAPAÍNA ou COLAGENASE POR 2 SEMANAS
- CONTRAINDICADO EM GESTANTES

% SULFADIAZINA DE PRATA
- Usada apenas em queimaduras, única indicação.

  1. ANTIBIÓTICO TÓPICO
    - São pouco eficazes em lesões crônicas, pois essas formam capa fibrinosa/ fibrina que conferem proteção a ferida e impedem ação antibiótica. Além de ser um lesão que é muito colonizada.
    - A causa da persistência da lesão não seria uma infecção, e sim a causa base (diabetes, insuficiência vascular).
    - Indicado nos casos de CELULITE, ERISIPELA ou SINAIS SISTÊMICOS (febre).

obs: Bota de Unna: bandagem com óxido de zinco a cada 7 dias que substitui a meia de compressão. A bandagem acaba realizando compressão venosa, dificultando circulação na insuficiência venosa, mas a indicação é em ulcera venosa e edema linfático. Contraindicada na insuficiência arterial. Feita por médico ou enfermeiro.

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