Técnica cirúrgica Flashcards

1
Q

Quais os principais antissépticos e quais as suas vantagens e desvantagens?

A

A antissepsia das mãos e de tecidos no geral é feita no intuito de eliminar a microbiota transitória totalmente e reduzir ao máximo a microbiota residente. Entre os antissépticos temos 3 principais grupos utilizados:

  • Iodóforos: PVPI (polivinil pirrolidina), como exemplo temos a povidine iodo e narcodine. Os iodóforos agem penetrando e oxidando a membrana celular dos microorganismos, tendo efeito ótimo em torno de 2 minutos e residual de até 6 horas. Tem como desvantagens a alta taxa de reação tecidual alérgica e a inibição pela matéria orgânica.
  • Clorexidina: tem sua formação associada à água ou álcool. A clorexidina tem sua ação baseado na destruição da membrana celular do microrganismo, tendo um efeito ótimo em torno de 15 segundos e residual de até 8 horas ( maior do que os iodóforos). Tem como vantagens a possibilidade de seu uso em contato com materiais orgânicos, como o sangue, e baixa taxa de reação tecidual e alérgica. Apesar disso, é um material altamente agressivo se entrar em contato com os olhos e orelhas, tendo que ampliar o cuidado quando realizado antissepsia próxima a esses locais.
  • Álcool 70: o álcool age desnaturando proteínas. Seu efeito ótimo é instantâneo, porém não apresenta efeito residual. Se associado a outras substâncias, como a biguanina polimérica, ele pode ser utilizado de modo a permitir um efeito residual e dispensar o uso da bucha na antissepsia das mãos e antebraço. Uma desvantagem do seu uso é a desidratação tecidual por ele provocada.
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2
Q

Qual a divisão dos artigo quanto à necessidade de anti/assepsia?

A
  • Críticos: em contato com superfícies estéreis. Ex: instrumentos, fios, drenos, avental. Devem passar por assepsia( esterilização) por calor úmido (autoclave), seco (estufa), radiação ionizante ou produtos esterilizantes como peróxido de hidrogênio, óxido de etileno e ácido peracético.
  • Semicríticos: em contato com pele não íntegra ou mucosas. Ex: sondas, endoscópios, esspéculos, porta-grampos, … Devem ser desinfectados ( álcool, formaldeído, quaternários de amônia, compostos clorados, …)
  • Não críticos. Ex: mesa, esteto, termômetro.
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3
Q

Quais os fios de sutura absorvíveis e inabsorvíveis e quais mais utilizados?

A

Entre os principais fios inabsorvíveis, temos: náilon, algodão (seda) e polipropileno

  • Náilon: sintético, mono ou multifilamentar, baixa reação inflamatória e alto tempo de manutenção da força tênsil. Muito utilizado na pele e em aponeuroses.
  • Algodão: biológico, multifilamentar, perde a força tênsil mais rapidamente, alta reação inflamatória local.
  • Polipropileno (prolete): monofilamentar, muito semelhante ao náilon, porém mais utilizado em anastomoses vasculares.

Entre os principais fios absorvíveis, temos: poligalactina (vicryl), catgut (cromado ou não) e poliglecaprone (monocryl).

  • Vicryl: sintético, multifilamentar, absorção regular de 70 a 80 dias, maleável e baixa reação tecidual.
  • Monocryl: sintético, monofilamentar, muito utilizado em suturas intradérmicas, absorção um pouco mais ampla (90 a 120 dias).
  • Categute: biológico (tecido submucoso intestinal), multifilamentar, absorção irregular ( dias e até 3 semanas para o cromado), pouco maleável e com alta reação tecidual. Utilizado em vasos e tecido subcutâneo.
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4
Q

Tempos operatórios fundamentais:

A

O ato operatório é divido em tempos fundamentais com o intuito de padronizar e organizar as operações. Entre os principais presentes em toda e qualquer operação temos: diérese, hemostasia, procedimento operatório propriamente dito e síntese.

  • Diérese: é o ato de dividir os tecidos a fim de chegar na estrutura na qual o procedimento será realizado. Os tipos de diérese são: punção, divisão, divulsão, descolamento, curetagem e dilatação. Os agentes incluem os cabos de bisturi, as lâminas, as tesouras (Mayo e Metzenbaum), bisturi elétrico (utilizado no subcutâneo e aponeurose: possibilita hemostasia simultânea), crioterapia com nitrogênio líquido ou raio laser com CO2. Entre as característica de uma diérese correta temos: extensão correto, técnica correta (bordas nítidas favorecendo a cicatrização), hemostasia, respeitar os planos anatômicos, respeitar as linhas de Kraissl e dissecar aponeuroses na direção de suas fibras.
  • Hemostasia: é o ato de controlar os sangramentos provenientes da diérese ou do procedimento propriamente dito. É dividida em prévia ou incruenta, e cruenta temporária (laçadas, clampes vasculares) ou definitiva ( pinçamento, ligadura, bisturi elétrico, sutura e transfixação). Entre as características de uma boa hemostasia, temos: manter campo limpo e seco e utilizar fios adequados.
  • Procedimento propriamente dito
  • Síntese: é o ato de reunir ou aproximar tecidos, tendo função de coaptação e/ou sustentação. Entre os agentes, temos as pinças anatômicas e dente de rato, o porta agulha e as agulhas e fios. As características de uma síntese adequada incluem: antissepsia adequada, bordas viáveis, coaptação sem compressão e uso de materiais corretos para determinados tecidos.
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5
Q

Quais fatores locais e sistêmicos influenciam a cicatrização?

A

Sistêmicos: Aporte de O2, doença cardio-pulmonar, obstrução de vasos, anemia, desnutrição, diabetes mellitus(microangiopatias), uso de corticosteroides e imunossupressores.
Locais: Presença de corpo estranho, infecção e presença de tecido desvitalizado.

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6
Q

Cite as etapas da cicatrização e seus principais eventos. Especifique melhor a primeira fase de cicatrização:

A

Exsudativo ou inflamatória: dura de 4 a 6 dias e se divide em 3 eventos: hemostasia, migração leucocitária e epitelização. Patogenia: lesão, hemorragia, vasoconstrição imediata, coagulação, vasodilatação por mediadores, migração leucocitária, fagocitose, plaquetas. Epitelização depende de O2( só dos vasos, não necessita de exposição ambiental) e umidade.

Proliferativa: dura até 3 semanas, proliferação fibroblástica com síntese de colágeno dependente de O2, ferro e ácido ascórbico.

Maturação: de 3 semanas até 2 anos, alterações no colágeno (maturação e organização).

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7
Q

Quais são os tipos de cicatrização e suas recomendações?

A
  • Primeira intenção ou primária: quando ocorre síntese da ferida com aproximação dos bordos já no primeiro momento de tratamento desta ferida. Recomendada em lesões cortantes não tão intensas e feridas limpas com bordos viáveis.
  • Segunda intenção ou secundária: quando o tratamento não é feito com a síntese dos tecidos e a cicatrização da ferida é espontânea com tecido de granulação. Recomendada quando se tem grande perda tecidual (em queimaduras, por exemplo).
  • Terceira intenção ou terciária ou primária retardada: quando a síntese do tecido é deixada para um segundo período. É recomendada em lesões infectadas (em mordidas, por exemplo). Realiza-se, assim, um desbridamento e desinfecção prévios.
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8
Q

No contexto do trauma, quais as causas de choque?

A
  • Hemorrágico (principal): choque hipovolêmico
  • Não hemorrágico: pensar do contexto de trauma do diafragma para cima.
    - Cardiogênico: contusão cardíaca , embolia pulmonar, tamponamento, IAM
    - Obstrutivo: tamponamento, pneumotórax hipertensivo
    - Neurogênico: trauma raquimedular em cervical ou torácica alta
    - Séptico: menos comum, atraso na chegada ou ITU prévia causou a queda
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9
Q

Quais os achados clínicos do choque?

A
  • Iniciais: taquicardia e sudorese com extremidades frias (efeitos inicias das catecolaminas)
  • Taquipneia
  • Oligúria
  • Estado mental
  • PA: redução da PAS e da pressão de pulso (diferença PAS e PAD) -> alteração mais tardia
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10
Q

Como caracterizar taquicardia nas diferenças idades?

A
  • Lactente: 160
  • Pré-escolar: 140
  • Puberdade: 120
  • Adulto: 100
    Cuidado com idosos, quem utiliza beta bloq ou marcapasso, pois pode não alterar a FC no contexto do choque
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11
Q

Descreva a sequência de procura de sangramentos no contexto do choque ocasionado por um trauma:

A
  • Externo
  • Abdominal (fast)
  • Torácico (radiografia e fast em derrame pericárdico)
  • Retroperitoneal ou pelve
  • Coxa (ossos longos e partes moles) - radiografia
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12
Q

Classes de classificação de pacientes com hemorragia

A

Um homem de 70 kgs tem 5 L de sangue (70% peso corporal)
Classe I (até 750 ml): SSVV normais. Reposição com cristalóide se necessário
Classe II (750 até 1.5L): Altera FC, FR e pressão de pulso (às custas da PAD). Reposição cristalóide. Ex: fratura de fémur, úmero.
Classe III (1.5 até 2 L): Começa a alterar PA. Reposição com cristalóide/sangue
Classe IV (mais que 2 L): FC acima de 140. Urgência de reposição cristalóide e sangue.
Sinais vitais e estado mental:
https://unasus2.moodle.ufsc.br/pluginfile.php/15745/mod_resource/content/5/un03/img_content/quadro3.3.png

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13
Q

O que é reanimação controlada/ hipotensão permissiva nos casos de choque sem resposta à reposição volêmica?

A

Não exagerar na reposição de fluidos e manter a PAM abaixo da normal com o intuito de prevenir ressangramentos.

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14
Q

Valor normal de DU no adulto e criança:

A

0,5 ml/kg/hr
Num adulto de 70 kgs, 35 ml/hr
Para criança, 1 ml/kg/hr
Abaixo de 1 ano, 2 mg/kg/hr

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15
Q

Por que utiliza-se o Ringer Lactato em pacientes traumatizados?

A

O Ringer Lactato tem composição semelhante ao plasma, porém sem o bicarbonato.
Ele é utilizado, visto que o lactato é convertido pelo corpo no íon bicarbonato, controlando a acidose metabólica típica do contexto de trauma e choque.

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16
Q

Reposição volêmica no choque (ATLS 10 ed):

A
  • Iniciar com bolus de solução cristaloide 1L (20mg/kg em crianças) isotônica e aquecida.
  • Avaliar resposta
  • Pacientes que sofreram hemorragias classe III e IV necessitam de transfusão com sangue total.
17
Q

Técnica de Seldinger, complicações e funções de um AVC:

A

Utilizada para pegar um acesso venoso central. Para descrição da técnica será utilizado a V. Jugular Interna:
- Lado D, abdução do pescoço para esquerda, trendelemburg 15 graus, anestesia com lidocaína 1%, introduzir agulha com seringa entre o ápice e o terço médio do triângulo formado pela clavícula e as cabeças esternal e clavicular do ECM, entrar 30 graus mirando o mamilo ipsilateal, ao refluir sangue analisar seu aspecto, retirar seringa e tampar entrada pra não entrar ar, entrar com o fio guia, retirar agulha, passar dilatador, introduzir o cateter e retirar o fio guia, fixar com nailon 3 zeros.
- Complicações: infecção, pneumotórax, lesão arterial, embolização do cateter e hemotórax.
- Funções: Pressão venosa central, hemodiálise, infusão de grandes volumes, veias periféricas inadequadas, nutrição parenteral e quimioterapia.

18
Q

Resposta Endócrino-Metabólica-Imunológica ao Trauma (REMIT):

A

Fase de fluxo (24 hrs) ou EBB: desencadeada pela diminuição do volume plasmático circulante e perda de sódio.
- Primeira onda: ativação dos barorreceptores com consequente secreção de catecolaminas: vasoconstrição periférica, taquicardia, sudorese, resposta pancreática (menos insulina mais glucagon).
- Taquipneia pela ação dos quimiorreceptores que avisam o centro respiratório bulbar.
- Segunda onda: diminuição do FS renal: SRAA: reabsorção de sódio e diminuição da diurese.
- Terceira e quarta onda: participação hipotalâmica: neuro-hipófise secreta ADH (reabsorção no TCD de água: diminuição da diurese) e eixo HPA (secreção de cortisol).

Fase catabólica do refluxo: perda de peso e inanição por:
- Aumento do cortisol e redução da insulina
- Beta-oxidação das gorduras, glicogenólise e catabolismo muscular
- Gera: aumento do nitrogênio ureico, redução da albumina, aumento das globulinas, aumento da diurese.

Fase anabólica do refluxo: aumento do peso com retenção hídrica.
- Retorna a captação fisiológica da glicose (retorno da insulina).

19
Q

Classificação das cirurgias quanto ao potencial de infecção:

A

Limpa (2% de infecções)
- eletiva, fechada, sem inflamação, não realizada em víscera oca, sem quebra de técnica, menos de 6 horas;
Potencialmente contaminada (10% de infecções)
- TGI, TGU, TR, trato biliar sem infecção, mínima falha;
- ATB profilático;
Contaminada (20% de infecções)
- Ferida traumática aberta e recente, inflamação aguda não purulenta, quebra maior da técnica, cistostomia, colecistite aguda;
- ATB;
Infectada (30-40%)
- Feridas traumáticas com sujidades, retenção de tecidos desvitalizadas, corpos estranhos, vísceras perfuradas, pus encontrado durante operação;
- ATB.
https://slideplayer.com.br/slide/3266263/11/images/5/Classifica%C3%A7%C3%A3o+das+Cirurgias.jpg

20
Q

Conduta no paciente queimado:

A

Pré-hospitalar:
- Água corrente 15 min (30 se queimadura química);
- Cobertura com gaze/ pano limpo de preferência morna/quente para prevenir hipotermia;
- Remoção de roupa (com exceção da aderida à pele) e adereços.
Hospitalar:
- Remoção do agente causador;
- A: suspeitar de comprometimento de via aérea pela inalação de fumaça e pelo edema causado pela queimadura (avaliar vibrissas, sinais vitais, presença de tosse, rouquidão, estridor, >40% superfície corporal);
- B: IOT e oxigenoterapia caso necessário;
- C: acesso venoso calibroso (mínimo 16): repor volume pela fórmula:
RL 2 ml (4 se elétrica com rabdomiólise) x Kg x % área
OBS: fazer metade nas primeiras 8 horas.
- D: avaliar consciência
- E: despir e controlar temperatura.

21
Q

Cálculo de extensão de queimaduras:

A

Regra dos 9 (% da queimadura):
- 9 cabeça (18 em criança);
- 9 cada MS;
- 18 tronco anterior;
- 18 tronco posterior;
- 1 períneo;
- 18 cada MI (14 em criança).

22
Q

Definições de enxerto e retalho:

A
  • Enxerto: segmento da epiderme associado à sua derme com espessura variável.
    https://d2dxldo5hhj2zu.cloudfront.net/img/674x,jpeg/https://d3043uog1ad1l6.cloudfront.net/uploads/2020/06/Mapa-mental-enxertos-cut%C3%A2neos.jpg
  • Retalhos: qualquer tecido que retenha parte ou totalmente o seu suprimento sanguíneo original.
23
Q

Exames de Pré-operatório:

A

HMG, coagulograma (TAP, TPT), Tipagem sanguínea, glicemia, creat, eletrólitos, urinocultura (urina 1 não), EPF, ECG.

24
Q

Avaliação do risco cirúrgico (ASA):

A

I: normal
II: ‘’ doença sistêmica leve
III: ‘’ grave não incapacitante
IV: ‘’ incapacitante, ameaça à vida
V: sobrevida mínima
VI: cadáver
E: adiciona se emergência

25
Q

Anestesia geral necessita de jejum de … horas
Peridural de … horas

A

8
4

26
Q
A