Síndrome Ictérica I Flashcards

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1
Q

Defina a síndrome ictérica.

A

Bilirrubina > 2,5-3,0 mg/dL (esclera [afinidade pela elastina] → freio da língua → pele [bilirrubina entre 4,0-5,0 mg/dL])

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Q

Descreva o metabolismo da bilirrubina.

A

Hemácias senis são diariamente destruídas no baço (hemocaterese), liberando hemoglobina, que é metabolizada em grupo heme e globina.
→ Globina: carreada pela haptoglobina para reciclagem
→ Heme: ferro + protoporfirina

Ferro: reaproveitado no organismo
Protoporfirina → biliverdina → bilirrubina indireta (insolúvel) → bilirrubina direta (solúvel).

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3
Q

Descreva o processo de transformação da bilirrubina indireta em direta.

A

Bilirrubina indireta na circulação é captada pelo hepatócito (captação), conjugada (conjugação) à bilirrubina direta através da glicuroniltransferase (GT) e posteriormente excretada (excreção - processo que mais gasta ATP) em direção às vias biliares, compondo a bile.

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4
Q

Como podemos classificar as síndromes ictéricas?

A

Síndromes ictéricas (ocorrem mediante ao aumento da bilirrubina) podem se dar às custas do aumento de bilirrubina indireta ou às custas do aumento de bilirrubina direta.

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5
Q

Quais são as causas do aumento de bilirrubina indireta (2)?

A

→ Hemólise (destruição de hemácias em uma taxa excessiva, com produção de muita bilirrubina indireta) [principal causa]
→ Distúrbios do metabolismo da bilirrubina (dx de exclusão - relação com a glicuroniltransferase e processo de conjugação)

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6
Q

Quais são os comemorativos que aparecem na síndrome ictérica às custas do aumento de bilirrubina direta?

A

Icterícia, acolia fecal, colúria e prurido (prurido → fala mais a favor de colestase!)

Acolia fecal → dificuldade da bilirrubina de ir para o TGI
Colúria → excreção da bilirrubina pela urina
Prurido → substâncias tóxicas da bile acumulam-se, gerando prurido

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7
Q

Em qual das etapas do metabolismo da bilirrubina encontramos falha em se tratando do acúmulo de bilirrubina às custas de bilirrubina direta?

A

Excreção da bilirrubina direta (momento do processo em que se gasta mais energia).

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8
Q

Quais são as causas (3) do aumento de bilirrubina direta?

A

Principalmente:
→ Hepatite (problema na excreção de bilirrubina direta)
→ Colestase (obstrução dos ductos biliares que levarão a bile até o TGI)

Mas também:
→ Distúrbios do metabolismo da bilirrubina.

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9
Q

Quais achados laboratoriais encontraremos no caso de hemólise causando uma síndrome ictérica?

A

Aumento da bilirrubina indireta
Anemia
Aumento dos reticulócitos (reticulocitose - hemácias jovens liberadas pela medula na tentativa de compensar a destruição eritrocitária)
Aumento do LDH (conteúdo intracelular liberado)
Diminuição da haptoglobina (globina é carreada pela mólecula de haptoglobina [“raptada”] para ser reciclada, fazendo com que a haptoglobina suma da periferia).

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10
Q

Quais achados laboratoriais encontraremos no caso de distúrbios do metabolismo causando uma síndrome ictérica às custas do aumento de BI?

A

Não haverá sinais de anemia - o aumento de BI será isolado!

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11
Q

Quais achados laboratoriais encontraremos no caso de distúrbios do metabolismo causando uma síndrome ictérica às custas do aumento de BI?

A

Não haverá sinais de anemia - o aumento de BI será isolado!

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12
Q

Quais achados laboratoriais encontraremos no caso de hepatites causando uma síndrome ictérica?

A

Aumento de BD
AST e ALT > 10x LSN
FA e GGT “tocadas”

→ AST/ALT > 1000: hepatite viral
→ AST > ALT (2x): hepatite alcoólica

A ALT é mais específica para o fígado, então se temos uma lesão hepatocelular na qual o hepatócito é destruído, esperamos uma elevação mais proeminente da ALT. Tem uma situação de exceção que é a hepatite alcoólica, na qual a AST predomina em um valor que geralmente ultrapassa o dobro do valor da ALT, mudando um pouco o que seria clássico de uma hepatite.

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13
Q

Quais achados laboratoriais encontraremos no caso de colestase causando uma síndrome ictérica?

A

FA e GGT > 3x LSN
AST e ALT “tocadas”

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14
Q

Quais achados laboratoriais encontraremos no caso de distúrbios do metabolismo causando uma síndrome ictérica às custas do aumento de BD?

A

Enzimas encontram-se normais.

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15
Q

Quais são os distúrbios do metabolismo da bilirrubina que provocam aumento de BI?

A

Síndrome de Gilbert e Síndrome de Crigler-Najjar

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16
Q

Descreva a síndrome de Gilbert.

A

GT “preguiçosa” (trabalha mais lentamente, acumulando BI)
Acúmulo de bilirrubina não ultrapassa o valor de 4 (condição mais benigna)
Gatilhos que podem precipitar a icterícia são: estresse (exercício físico extenuante, quadros febris), jejum prolongado e uso de bebidas alcoólicas
Dentre os fatores que melhoram o quadro encontra-se o fenobarbital (droga que “incentiva” a glicuroniltransferase) e dieta hipercalórica (com alimentações mais frequentes, evitando o jejum prolongado)

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17
Q

Descreva a síndrome de Crigler-Najjar.

A

GT deficiente (com manifestações a partir do 3° dia de vida)
Tipo 1: deficiência total (impregnação → encefalopatia → kernicterus); o tratamento é transplante hepático
Tipo 2: deficiência parcial; o tratamento é fenobarbital

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18
Q

Quais são os distúrbios do metabolismo da bilirrubina que provocam aumento de BD?

A

São distúrbios que envolvem problemas na excreção da bilirrubina direta, sendo condições mais benignas.
Síndrome de Dubin-Johnson e Síndrome de Rotor

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19
Q

Descreva a Síndrome de Dubin-Johnson.

A

Há dificuldade na excreção da BD, que é armazenada dentro da estrutura celular do hepatócito.

20
Q

Descreva a Síndrome de Rotor.

A

Há uma dificuldade de excreção da BD, que não é armazenada dentro do hepatócito.

21
Q

Como poderíamos diferenciar a Síndrome de Dubin-Johnson da Síndrome de Rotor?

A

Através da biópsia hepática, procedimento que não é feito de rotina - Dubin-Jonhson apresentaria uma coloração mais enegrecida pelo armazenamento de BD em relação ao Rotor.

22
Q

Qual é a classificação mais utilizada para definir as hepatites virais?

A

→ Aguda (< 6 meses)
→ Crônica (> 6 meses)
→ Fulminante (encefalopatia hepática < 8 semanas)

23
Q

A forma de evolução da hepatite é determinada por quais fatores (2)?

A

A forma de evolução da hepatite é determinada pela capacidade imunológica de responder ao quadro infeccioso e pelo vírus.

Pacientes sem competência imune para debelar a infecção podem levar à cronificação da hepatite e pacientes com competência imune exacerbada podem gerar agressão intensa dos hepatócitos, levando a hepatite fulminante.

24
Q

Quais são as vias de transmissão das hepatites virais?

A

→ A*, E: fecal-oral; *relato de surtos por transmissão sexual
→ B, C, D: parenteral

25
Q

O que marca o fim da fase de incubação e o início da fase prodrômica nas infecções virais da hepatite?

A

O paciente é contaminado pelo vírus e, durante o período de incubação, em que esse vírus se multiplica dentro do hepatócito, ainda não há uma capacidade imunológica para debelar aquele vírus. O que marca o início dos sintomas é justamente o início da produção de anticorpos contra o vírus e consequentemente o início da agressão aos hepatócitos, já que ali que os agentes patogênicos se instalam.

26
Q

Descreva brevemente a evolução trifásica típica das hepatites virais:

A

Existe uma fase inicial mais prodrômica, em que os quadros são mais inespecíficos (”virose qualquer”), seguida de uma fase ictérica, na qual a agressão hepatocitária se torna mais evidente e a icterícia é mais franca e, por fim, uma terceira fase de convalescência, na qual o processo infeccioso é resolvido e evolui para a cura ou ultrapassa os 6 meses e instaura a cronicidade da hepatite viral.

27
Q

Quais são os períodos de incubação das hepatites virais?

A

Período de incubação:
→ A: 4 semanas
→ E: 5-6 semanas
→ C: 7 semanas
→ B: 8 semanas
→ D: 12 semanas

De uma forma geral, podemos guardar que as hepatites de transmissão fecal-oral (hepatite A e hepatite E) têm um período mais curto de incubação (4 semanas e 5-6 semanas, respectivamente) se comparadas às hepatites de transmissão parenteral (hepatite B: 8 semanas, hepatite C: 7 semanas, hepatite D: até 12 semanas).

“Na fecal-oral faz um caminho direto porque vai da boca para o tubo digestivo para o sistema porta e para o fígado, enquanto na parenteral o vírus está circulando até que um dia encontra o hepatócito, o que demora um pouco mais para acontecer”.

28
Q

Quais são os períodos das fases prodrômicas, ictéricas e de convalescença das hepatites virais?

A

Não conseguimos definir um período tão fixo para cada uma delas; podem varias de dias a poucas semanas.

29
Q

Quais são as principais complicações relacionadas às hepatites virais (5)?

A

→ Colestase (A)
Alguns pacientes migram para uma colestase (marcadores das vias biliares aumentam) e permanecem ictéricos, mesmo em resolução do quadro de hepatite (transaminases diminuem) - “hepatite A colestática”

→ Fulminante (B)
Das hepatites virais, a que mais fulmina é a causada pelo vírus B, ainda que o risco seja muito baixo (<1%). O vírus A também apresenta um risco de fulminar, porém praticamente inexistente.

→ Recorrente

→ Crônica (B/C)

→ Autoimune (B/C)

30
Q

Qual a forma de transmissão da hepatite A?

A

Essencialmente fecal-oral, com surtos de transmissão sexual descritos.

31
Q

Qual é o período de incubação médio da hepatite A?

A

Em torno de 4 semanas.

32
Q

O que ocorre durante o período de incubação do vírus A da hepatite?

A

↑ viremia (sangue e fezes)

É a grande dificuldade de controle da hepatite A, porque pessoas com contato mais íntimo são expostas antes mesmo de identificar o caso fonte de hepatite A.

33
Q

Qual medida de saúde pública é utilizada para evitar surtos de hepatite A a partir de um caso fonte?

A

Isolamento de 7-14 dias após o início da icterícia, pois o vírus continua sendo eliminado pelas fezes nesse período (medida pouco eficaz pelo fato de o vírus ser eliminado pelas fezes antes mesmo desse momento).

34
Q

Qual é a marca diagnóstica da infecção aguda pelo vírus A?

A

Início da produção de anti-HAV IgM.

A hepatite A nunca cronifica. Em geral, o anti-HAV IgM converte-se em anti-HAV IgG em 4-6 meses - a fração IgG permanece no organismo, sendo uma cicatriz sorológica que evidencia o contato prévio com o vírus A.

34
Q

Qual é a marca diagnóstica da infecção aguda pelo vírus A?

A

Início da produção de anti-HAV IgM.

A hepatite A nunca cronifica. Em geral, o anti-HAV IgM converte-se em anti-HAV IgG em 4-6 meses - a fração IgG permanece no organismo, sendo uma cicatriz sorológica que evidencia o contato prévio com o vírus A.

35
Q

Qual é o tratamento para hepatite A?

A

Suporte.

36
Q

Como é feita a profilaxia pré e pós-exposição para a hepatite A?

A

Pré-exposição: vacinação (viajantes para áreas endêmicas e calendário vacinal [1 dose])
Pós-exposição (no caso de surtos, por exemplo): vacinação em até 2 semanas para ≥ 1 ano; imunoglobulina para < 1 ano e imunodeprimidos.

37
Q

Qual é a particularidade que envolve a hepatite E?

A

É transmitida via fecal-oral e não cronificar assim como a hepatite A. De forma particular, possui um risco maior de fulminar em gestantes (20%).

38
Q

Qual é a particularidade do vírus B da hepatite em relação aos demais?

A

É o único vírus hepatotrópico de DNA!

39
Q

Quais são os antígenos do vírus B da hepatite e os respectivos anticorpos produzidos?

A

HBsAg (antígeno de superfície; revela a presença do vírus no exame de sangue) → anti-HBs (marca a segurança/imunidade contra a infecção pelo vírus B)

HBcAg (localizado no core viral; não detectável no exame de sangue) → anti-HBc (marca o contato com o vírus nativo, atual ou antigo; identificável no exame de sangue)

HBeAg (antígeno secretado durante a replicação viral, enquanto o vírus está se espalhando) → anti-HBe (indica que o vírus não está em fase replicativa)

40
Q

Como é a transmissão do vírus B da hepatite?

A

Parenteral, sobretudo por via sexual.

41
Q

Quanto tempo em média dura a incubação do vírus B da hepatite?

A

Cerca de 8 semanas.

42
Q

Qual é a porcentagem dos pacientes com hepatite B que evoluem para a fase ictérica?

A

30%.

43
Q

Quais são os antígenos e anticorpos relacionados ao vírus B detectáveis em cada fase da evolução típica da doença?

A

Incubação: HBsAg+
Início dos sintomas: anti-HBc IgM+
Fase ictérica → Fase de convalescença: anti-HBs+

44
Q

Qual a particularidade da fase prodrômica da hepatite B?

A

É a hepatite que mais gera sintomas, como febre, glomerulonefrite, artrite… Os achados prodrômicos cedem na fase ictérica.

45
Q

Quais são as possíveis complicações da hepatite B?

A

Hepatite fulminante (< 1% dos casos)
Hepatite crônica:
Quanto mais novo o indivíduo, menor a competência imunológica: adultos cronificam menos (1-5%) que crianças (20-30%) que cronificam menos que recém-nascidos (90%). Cerca de 20-50% dos indivíduos com hepatite B crônica evoluem com cirrose e desses 10% evoluem com carcinoma hepatocelular; diferentemente dos outros vírus da hepatite, o vírus B também pode bypassar a cirrose e evoluir de hepatite crônica diretamente para hepatocarcinoma.