Segunda Prova Flashcards

1
Q

Subjetividade

A
  • Geralmente, subjetividade é entendida como aquilo que diz respeito ao indivíduo, ao psiquismo ou a sua formação, ou seja, algo que é interno, numa relação dialética com a objetividade, que se refere ao que é externo.
  • É compreendida como processo e resultado, algo que é amplo e que constitui a singularidade de cada pessoa.
  • A ideia de que a subjetividade é algo, mas sem definir claramente o que vem a ser esse algo, é bastante recorrente
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2
Q

Gonzalez Rey (2005) afirma que a subjetividade

A

Representa um macroconceito orientado à compreensão da psique como sistema complexo, que de forma simultânea se apresenta como processo e como organização. O macroconceito representa realidades que aparecem de múltiplas formas, que em suas próprias dinâmicas modificam sua autorganização, o que conduz de forma permanente a uma tensão entre os processos gerados pelo sistema e suas formas de autorganização, as quais estão comprometidas de forma permanente com todos os processos do sistema. A subjetividade coloca a definição da psique num nível histórico- cultural, no qual as funções psíquicas são entendidas como processos permanentes de significação e sentidos. O tema da subjetividade nos conduz a colocar o indivíduo e a sociedade numa relação indivisível, em que ambos aparecem como momentos da subjetividade social e da subjetividade individual. (Gonzalez Rey, 2001, p. 1)

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3
Q

Segundo Leontiev (1978b), subjetividade

A

refere-se ao processo pelo qual algo se torna constitutivo e pertencente no indivíduo; ocorrendo de tal forma que esse pertencimento se torna único, singular.

Leontiev aponta que a subjetividade é o que permite a particularidade do indivíduo, seja nas esferas constitutivas das funções psíquicas, da atividade, da consciência, seja nas da própria personalidade.

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4
Q

O fato de a subjetividade referir-se àquilo que é único e singular do sujeito não significa que sua gênese esteja no interior do indivíduo.

A

A gênese dessa parcialidade está justamente nas relações sociais do indivíduo, quando ele se apropria (ou subjetiva) de tais relações de forma única (da mesma maneira ocorre o processo de objetivação).

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5
Q

Desse modo, subjetividade não é categoria-chave para a compreensão do psiquismo, como afirma Gonzalez Rey, mas

A

é um processo que deve ser considerado na constituição do psiquismo, visto que ele não é o psiquismo em si.
Em síntese, subjetividade é o processo de tornar o que é universal singular, único, isto é, de tornar o indivíduo pertencente ao gênero humano.

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6
Q

A universalidade refere-se às

A

possibilidades construídas pelo gênero humano e que podem ser apropriadas pelo indivíduo, o que permite aos homens produzirem seus meios de satisfação das necessidades, apropriarem-se desses meios por eles produzidos e do conhecimento decorrente dessa atividade, tornando-os órgãos de sua individualidade, transformando-os em seu corpo inorgânico e em condição de sua existência.
* A singularidade é o que distingue um homem de outros, é o que o torna único na ontogênese humana.
* A singularidade é produto da história das condições sociais e materiais do homem, a forma como ele se relaciona com a natureza e com outros homens.
* O homem só se individualiza, por meio da subjetividade, na relação com outros homens.
* A forma como indivíduo percebe e representa a realidade possibilita a construção e a atribuição de significado às suas apropriações e objetivações, produzindo, a partir das relações sociais, sentidos a essas (o conteúdo sensível, o significado e o sentido pessoal para Leontiev) de maneira única; é a sua singularidade, que é construída pela mediação do particular entre o singular e o universal.

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7
Q

A particularidade constitui as mediações

A

que determinam a singularidade e a universalidade e concretizada na singularidade.
O indivíduo (singular) apropria-se do corpo inorgânico e transforma- o numa possibilidade de se desenvolver plenamente (universalidade).
Cada sociedade oferece condições materiais específicas para que os seus membros possam se desenvolver e essas condições se referem à particularidade.

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8
Q

O termo individualidade, assim como subjetividade, refere-se ao indivíduo.

A
  • Para Leontiev (1978b), a constituição desse indivíduo ocorre por meio de elementos da filo e da ontogênese, da integração e do desenvolvimento de características herdadas geneticamente e adquiridas socialmente desde os primeiros dias de vida.
  • Individualidade refere-se a essas características naturais que constituem todo o indivíduo e que servem de base para o desenvolvimento da singularidade e do psiquismo como um todo. Como podemos perceber acima, Leontiev não menciona o termo individualidade.
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9
Q

Subjetividade se refere ao processo de apropriação da realidade objetiva, sendo processo

A

básico para a constituição e compreensão do psiquismo, enquanto a individualidade é a herança biológica de toda pessoa, que é a base para o processo de subjetivação e construção de todo o psiquismo.
* Já a personalidade se refere à complexificação da individualidade de forma superior, cuja base é a individualidade, sendo a gênese e o desenvolvimento histórico-sociais “o tecido” que possibilita seu desenvolvimento (além da atividade e da consciência, que são as outras categorias centrais, junto com a personalidade, para a compreensão do psiquismo).

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10
Q

A personalidade é uma objetivação da individualidade, a sua expressão máxima, mais complexa.

A
  • É um processo resultante da relação do indivíduo com o mundo, tendo origem endopsíquica, que engloba as particularidades das funções psicológicas superiores e do temperamento, e a exopsíquica, que abarca as experiências vividas pelo indivíduo na sociedade.
  • É claro que há uma relação de interdependência do endopsiquismo e do exopsiquismo, já que a gênese das funções psicológicas superiores é social, e a dimensão biológica também determina o âmbito social; mas a gênese da personalidade, apesar da dimensão biológica também ser dela constitutiva, é social.
    A personalidade é um processo resultante de relações entre as condições objetivas e subjetivas do indivíduo, que, inserido numa sociedade (e essa é a condição fundamental), singulariza-se e diferencia-se ao ponto de ser único.
  • A personalidade é um “produto da atividade individual condicionada pela totalidade social” (Martins, 2001, p. 114).
  • Dessa forma, é pela atividade do indivíduo que é possível compreender a gênese e o desenvolvimento da personalidade, sendo a unidade de análise psicológica do processo de personalização6 (Leontiev, 1978b e Séve, 1979).
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11
Q

Se a atividade é a unidade de análise, torna-se

A

patente o estudo do processo de sua constituição, ou seja, é preciso conhecer quais são as necessidades, os motivos e os fins que a engendram, além da relação hierárquica estabelecida entre as atividades, o que implica identificar e analisar qual (ou quais) é a atividade principal naquele momento da vida do indivíduo.
* A necessidade é sempre necessidade de algo (seja de um objeto material ou ideal) que foi produzida na atividade.
* Ao longo do desenvolvimento da atividade, as relações (os vínculos) que o indivíduo vai estabelecendo entre necessidades e seu objeto se dinamizam, de tal forma que se torna difícil conhecer qual é o objeto que satisfaz aquela necessidade.
* Mas, para se entender a atividade, é preciso conhecer essa necessidade, que se objetiva justamente nesse processo de descoberta do objeto, e este (objeto) “descoberto” (que corresponde a uma necessidade) ganha a função de estimular e orientar a atividade, ou seja, torna-se um motivo.
* Assim, não há atividade sem motivo, que pode até ser desconhecido pelo próprio indivíduo, mas que nesses casos encontra-se no reflexo psíquico como um tono emocional, conferindo a positividade e/ou negatividade a satisfação das necessidades.
* Logo, o estudo das emoções pressupõe o estudo da atividade. Sem emoção, não haveria necessidade como elemento ativo na consciência, pois também não existiria a motivação, a mobilização nem a regulação da atividade (Leite, 1999).

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12
Q
  • As reações emocionais têm sua materialidade nas
A

funções cerebrais, mas são condicionadas e reguladas pela experiência individual do homem.
* A tomada de consciência do motivo da atividade “surge somente no nível da personalidade e que reproduz de forma constante durante o curso de seu desenvolvimento” (ibid., p. 157).
* Isso porque os princípios gerais que orientam o processo de desenvolvimento da personalidade são, justamente, “1) as especificidades dos vínculos do indivíduo com o mundo; 2) o grau e organização da hierarquia de atividades em relação aos motivos e 3) o grau de subordinação desta organização à consciência sobre si e autoconsciência” (Martins, 2001, p. 149).
O primeiro princípio refere-se à relação entre os motivos, fins e necessidades da atividade que o indivíduo engendra em seu modo de vida, especialmente a qualidade desses vínculos (desde os aspectos quantitativos aos conteúdos desses vínculos, que estão na dependência da atividade).
* O segundo princípio, por referir-se à hierarquia das atividades em relação aos motivos, implica o estudo da estrutura motivacional da personalidade.
* A compreensão desses processos demanda a identificação daquelas atividades que têm função predominante no desenvolvimento do indivíduo, ou seja, da atividade principal.
* É a atividade principal a responsável pelas mudanças mais significativas dos processos psíquicos e da personalidade.

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13
Q

Podemos sintetizar a atividade dominante como

A

“aquela cujo desenvolvimento condiciona as principais mudanças nos processos psíquicos (…) [do indivíduo] e as particularidades psicológicas da sua personalidade num dado estádio de seu desenvolvimento” (ibid.).

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14
Q

Com o enriquecimento e a complexificação da atividade, ela pode entrar

A

em contradição com os motivos que a geraram, particularmente em determinados períodos do desenvolvimento (Leontiev, 1978b).

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15
Q

O distanciamento entre os motivos e os fins da atividade principal modifica

A

toda a relação hierárquica da atividade e, consequentemente, da estrutura motivacional da personalidade, o que leva o indivíduo às chamadas crises no seu desenvolvimento.

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16
Q

Os conflitos entre os fins e os motivos da atividade que resultam

A

na mudança da atividade principal do indivíduo ocorrem inúmeras vezes até o fim da vida do indivíduo, sempre determinada pela sua história de vida e pelas condições sócio-históricas de seu tempo.

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17
Q

Para Leontiev (1978b) e Martins (2001), a autoconsciência se refere

A

ao fato de o indivíduo poder refletir sobre sua existência enquanto ser social, pertencente ao gênero humano, compreendendo as possibilidades e limites da genericidade.

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18
Q

A autoconsciência é, para Vigotski (ibid.)

A

o fato de o homem ter consciência de si mesmo como indivíduo, de suas capacidades, limites e possibilidades, que é a consciência sobre si, mas também de compreender-se na universalidade do gênero humano, determinada historicamente. De acordo com o autor, a personalidade é justamente

19
Q
  • […] a autoconsciência do homem que se forma justamente até então:
A

o novo comportamento do homem se transforma no comportamento para si, o homem toma consciência de si mesmo como de uma determinada unidade (Ibid., p.231).

20
Q

Para Vigotski, tanto quanto para Leontiev (1978b), a personalidade

A

não pode ser desenvolvida, tampouco compreendida, independentemente dos elementos da individualidade, das funções psíquicas, das emoções, sentimentos, da consciência e do modo de vida do indivíduo.

21
Q

Segundo Lane (1984), a melhor forma de compreender o indivíduo é

A

investigar não só a linguagem e o pensamento, mas, também, a atividade do sujeito, buscando apreendê-lo em sua totalidade, ou seja, em sua indissolúvel relação com a realidade objetiva.

22
Q

Outro aspecto importante abordado por Vigotski (1995) é a consciência que

A

o indivíduo deve ter de suas ações e atividade para ter melhor e maior controle

23
Q

Para Vigotski, tanto quanto para Leontiev (1978b), a personalidade não pode ser

A

desenvolvida, tampouco compreendida, independentemente dos elementos da individualidade, das funções psíquicas, das emoções, sentimentos, da consciência e do modo de vida do indivíduo.

24
Q

Segundo Lane (1984), a melhor forma de compreender o indivíduo é

A

investigar não só a linguagem e o pensamento, mas, também, a atividade do sujeito, buscando apreendê-lo em sua totalidade, ou seja, em sua indissolúvel relação com a realidade objetiva.

25
Q

Outro aspecto importante abordado por Vigotski (1995) é a consciência que o indivíduo deve ter de

A

suas ações e atividade para ter melhor e maior controle de si, como pode ser observado na análise do autor sobre o processo de escolha, que denominou de livre arbítrio.

26
Q
  • Vigotski (1995, 1931, p. 289) afirma que
  • […] o livre arbítrio não consiste em
A

estar livre dos motivos, mas consiste na tomada de consciência da criança da situação, tomada de consciência da necessidade de escolher, qual é o motivo que se impõe, e que sua liberdade, neste caso dado, como diz a definição filosófica, é uma necessidade gnosiológica.

27
Q
  • A tomada de consciência da situação refere-se justamente à
A

inserção da atividade num determinado contexto e da necessidade de a criança conhecer os motivos desta para optar por uma escolha.

28
Q
  • É possível afirmar que assim como para Leontiev (1978b), para Vigotski o desenvolvimento da personalidade se refere
A

ao desenvolvimento da autoconsciência do individuo no sentido mais denotativo da expressão, que implica um sistema psicológico integrado.
* No entanto, esse processo só é possível e decorrente da atividade do indivíduo.

29
Q

As peculiaridades dos vínculos entre o indivíduo e a realidade e a organização e hierarquia da atividade com os motivos

A

–, são a base estrutural para o desenvolvimento da terceira, a autoconsciência. Vale ressaltar que, apesar de os dois primeiros serem base para o terceiro, cada um determina e é determinado pelo outro, numa constante relação dialética.
Posto isto, a afirmação de Leontiev (1978b) de que a atividade é a unidade de análise para a apreensão da gênese e do desenvolvimento da personalidade é patente.

30
Q
  • De acordo com o exposto, é possível afirmar que se a personalidade é fragmentada e alienada,
A

com pouco desenvolvimento de suas possibilidades ante o gênero humano, podemos caracterizá-la como uma personalidade em si alienada, encerrada em atividades abstratas, desenvolvidas na cotidianidade do indivíduo.

31
Q

Quando o indivíduo consegue romper com as esferas cotidianas de sua vida, ou seja, com o conhecimento aparente da realidade, propicia

A

(e ao mesmo tempo é resultado) o desenvolvimento de uma individualidade para si, que lhe permite conhecer as multideterminações de si e da realidade, tendo um corpo inorgânico rico, o que o leva a ser livre e universal, ou seja, ao desenvolvimento da autoconsciência, e, consequentemente, da personalidade para-si.

32
Q

No âmbito da autoconsciência, esse processo se reflete, de acordo com Martins (2001),

A

quando o indivíduo tem uma relação consciente com os motivos e os fins de sua atividade na relação com o gênero humano.

33
Q

Assim, uma personalidade desenvolvida na direção das máximas possibilidades do gênero humano, que tem nas atividades concretas o principal cerne para seu desenvolvimento,

A

é uma personalidade para-si, sendo também uma objetivação de uma individualidade para-si.

34
Q

É claro que numa sociedade que tem como modo de produção e organização o capitalismo, as possibilidades para

A

o desenvolvimento de uma individualidade e personalidade para-si estão tolhidas, principalmente para a maioria das pessoas que são desprovidas de condições materiais adequadas e necessários para o desenvolvimento mais pleno do indivíduo. Mas, apesar de restritas, essas possibilidades estão postas e é nelas e por elas que se devem planejar as ações, seja de indivíduos como profissionais (nas mais diferentes áreas de atuação e do saber) e/ou como militantes políticos.

35
Q

Sendo regra ou exceção, a constituição de uma personalidade mais plenamente desenvolvida será decorrente de

A

um conjunto de atividades, com relações entre os motivos e os fins distintos, mas não divergentes, que correspondam a necessidades humanas, que propiciará o desenvolvimento de uma consciência que possibilite ao indivíduo apreender as determinações não só aparentes, mas fundamentalmente concretas da realidade. Isso só será possível por meio da subjetividade, processo constitutivo de todo o psiquismo, que tem como base material, além das condições objetivas de vida do sujeito, a individualidade deste, que se constitui pela herança genética e características biológicas, que vão ganhando singularidade ao longo do processo de desenvolvimento, até se complexificar em personalidade, que incorpora, por superação, a individualidade.

36
Q

Identidade - Intro

A
  • A década de 1980 foi um dos principais períodos na psicologia brasileira de contestação das abordagens burguesas na psicologia, que não consideravam as necessidades e peculiaridades sociais e históricas da sociedade brasileira (Carone, 2007).
  • O grupo coordenado por Lane buscava acompanhar e elaborar teorias psicológicas que fossem críticas à realidade social, e parte desse grupo, inclusive Lane, encontrou nas obras de Leontiev e Vigotski caminhos para a almejada criticidade, especialmente por estes autores usarem como fundamento a epistemologia marxista.
37
Q

Identidade intro 2

A

Esse grupo buscava uma compreensão de eu histórica e socialmente determinada, que se modificava com as alterações do meio social em que o individuo estava inserido, e que não fosse estático ou pouco dinâmico, como as teorias psicológicas da época postulavam. Por essa compreensão, e pelo fato de a personalidade ser um termo tão caro à psicologia, Ciampa, orientando de Lane, elabora a categoria identidade como substituto à personalidade, mas que explicava (e explica) a constituição do eu de forma dinâmica, numa abordagem psicológica mais crítica.

38
Q

Identidade intro - 3

A

As bases epistemológicas da categoria identidade estão especialmente em Habermas, mas também a menções a Hegel, Bosi e Stanislaviski.
* Para Ciampa (ibid.) identidade é metamorfose, um processo de constituição do eu que promove constantes mudanças pelas condições sociais e de vida que o indivíduo está inserido. Nas palavras de Ciampa (ibid., pp. 241-242)
* […] identidade é identidade de pensar e ser (…). O conteúdo que surgirá dessa metamorfose deve subordinar-se ao interesse da razão e decorrer da interpretação que façamos do que merece ser vivido. Isso é busca de significado, é invenção de sentido. É autoprodução do homem. É vida.

39
Q

Identidade 4

A

No processo de constituição da identidade, os papéis que o indivíduo assume ao longo de sua vida fazem parte de sua construção, partindo de uma identidade pressuposta (o que o outro ou a própria pessoa idealizava em relação ao desempenho daquele papel), a vivida e a que será vivida enquanto projeto de vida.
Assim, a identidade é posta e reposta continuamente, pois o indivíduo vivencia ao mesmo tempo vários papéis, o que o torna um personagem da vida, que sempre se metamorfoseia de acordo com as condições históricas e sociais a que está submetido (ibid.).

40
Q

Identidade 5

A
  • O autor, além da categoria atividade (entendida na verdade como trabalho), também utiliza a categoria consciência, pois, o método para o estudo da identidade foi a narrativa, em que só se tem acesso a elementos que são conscientes, que para Ciampa (1987) se refere à dimensão dos sentidos e significados.
  • O autor, nos seus estudos, trabalhou com processos de metamorfoses de identidade que eram conscientes para o indivíduo, mas não descartou a possibilidade de muitos conteúdos envolvidos na metamorfose estarem no inconsciente, o que exigiria uma “interpretação das profundezas”.
41
Q

Identidade 6

A

Há ainda outros elementos contraditórios da categoria identidade que foram identificados por Castro (2009), como o idealismo hegeliano e algumas concepções da fenomenologia, especialmente se considerarmos as colocações de Marx e a intenção de dar à identidade um caráter material.
* No entanto, aventa-se que os objetivos de Ciampa não eram construir uma teoria marxista, mas crítica à realidade social brasileira em face das demandas possível de serem atendidas pela psicologia.

42
Q

identidade 7

A
  • Tendo em vista as bases epistemológicas, não é possível conciliar teorias tão diversas, que partem de concepções de mundo radicalmente opostas, como é o caso da psicanálise (que tem algumas influências em Habermas) e da teoria desenvolvida pelos autores soviéticos já mencionados.
  • A própria proposição de Ciampa de tirar da psicanálise o positivismo, mecanicismo e a-historicismo é impossível, sem descaracterizar a própria psicanálise.
43
Q

Identidade 8

A
  • Assim, compreende-se que para se ter coerência epistemológica no campo da psicologia, é necessário utilizar as categorias atividade, consciência e personalidade (na compreensão aqui exposta), sendo incoerente substituir a personalidade por identidade, se atividade e consciência forem entendidas em bases legitimamente marxistas, tal como Leontiev e demais autores soviéticos propõem (Bratus, Zeigarnik, Davidov, entre tantos outros).