Modelos de Contextos Flashcards
Categorias funcionais das competências primárias
Há 20 competências primárias que qualquer psicólogo deve ser capaz de demonstrar. Estas podem ser agrupadas em seis categorias funcionais, que se relacionam com atividades profissionais. Estas funções são designadas de:
1. Especificação de Objetivos: estabelecer metas claras e mensuráveis para a intervenção psicológica, baseadas na compreensão das necessidades do cliente ou da população-alvo
2. Avaliação (assessment): recolha sistemática de informações relevantes para entender as questões ou problemas em um contexto social específico, utilizando uma variedade de métodos e técnicas de avaliação
3. Desenvolvimento: processo de criação e implementação de estratégias e programas com base nos resultados da avaliação
4. Intervenção: implementação de técnicas e abordagens psicológicas
5. Avaliação Final (evaluation): avaliar a eficácia e o impacto das intervenções psicológicas realizadas, com o objetivo de fazer ajustes, se necessário, e garantir a melhoria contínua da prática profissional
6. Comunicação: capacidade de transmitir informações de forma clara, precisa e ética, tanto verbalmente quanto por escrito, para clientes, colegas de trabalho e outras partes interessadas, a fim de facilitar a compreensão mútua e a colaboração eficaz
Programa de intervenção: Dimensões - Objetivos
Objetivos das intervenções Psicológicas:
* De natureza remediativa
* De natureza desenvolvimental
* De natureza preventiva
Prevenção obriga à identificação das competências necessárias no futuro e meios para as adquirir; Desenvolvimento envolve alvos saudáveis e promove o desenvolvimento de potencial
Programa de intervenção: Dimensões - Alvos
Intervenção psicológica pode ser realizada a diversos níveis (alvos):
* Individual,
* Grupal (família, amigos, equipa de trabalho),
* Organizacional,
* Comunitário.
Programa de intervenção: Dimensões - Métodos
Métodos das intervenções Psicológicas: estratégias e técnicas utilizadas para alcançar os objetivos do programa e atender às necessidades dos alvos.
Eles podem incluir uma variedade de abordagens psicológicas, como terapia cognitivo-comportamental, intervenções baseadas em habilidades sociais, técnicas de relaxamento, programas de prevenção, entre outros.
- Intervenção direta com o alvo;
o Desvantagens da intervenção direta: custo; incapacidade para lidar com um grande grupo de pessoas; incapacidade para ser abrangente na intervenção
o Vantagens da intervenção direta: grande impacto para pequenos/limitados recursos - Consultadoria: Envolve fornecer orientação e suporte; objetivo é capacitar os clientes a lidar com desafios e desenvolver estratégias eficazes para melhorar seu funcionamento pessoal ou profissional; por exemplo, formação.
- Intervenção indireta: O objetivo é fornecer suporte adicional e oportunidades de aprendizado para os participantes fora do contexto da terapia tradicional (através do uso de media, computadores, exercícios programados, tec.)
Modelo de Intervenção Psicológica (Morril, Oetting & Hurst): informação e dimensões
As funções do conselheiro devem incluir uma ampla gama de intervenções e organizá-las dentro de um “Cubo”. As intervenções de aconselhamento compreendem todas as funções do conselheiro projetadas para produzir mudanças nos clientes, grupos ou instituições.
Dimensões:
a) alvo da intervenção
b) propósito da intervenção
c) Método de intervenção
d) avaliação de necessidades e impacto
Modelo de Intervenção Psicológica (Morril, Oetting & Hurst): (a) Alvo da intervenção
O aconselhamento em grupo geralmente não reflete um esforço para mudar o grupo como uma unidade funcional, mas sim para influenciar indivíduos por meio de métodos de grupo. Intervenções voltadas para grupos, instituições e comunidades que influenciam indivíduos podem ser objetivos diretos em si mesmos. No final, tais intervenções influenciam efetivamente a qualidade de vida do indivíduo, mas o objetivo primordial de uma intervenção pode ser a estrutura do grupo ou as características organizacionais da instituição ou comunidade.
1. Individual. O alvo da intervenção pode ser o indivíduo, geralmente numa base de um para um ou em pequenos grupos. A tentativa é influenciar o indivíduo alterando seu conhecimento, atitudes, perceções, respostas…
2. Grupo Primário. Os grupos primários são unidades fundamentais de organização social que exercem uma forte influência sobre o indivíduo, como a família, casais ou amigos próximos. Eles são caracterizados por associações pessoais íntimas e contínuas, onde a proximidade emocional é mais relevante do que a proximidade física. A intervenção nesse nível visa modificar padrões de comunicação e interação, perceções, estrutura e relacionamentos nos grupos primários do indivíduo, reconhecendo seu impacto significativo no autoconceito e comportamento.
3. Grupo Associativo. São organizações mais estruturadas formadas por membros que compartilham interesses ou necessidades semelhantes. Eles se reúnem de maneira organizada para perseguir esses interesses, como em aulas, clubes ou grupos de governo estudantil. A distinção em relação ao 4º alvo é que os membros se encontram regularmente com outros membros do grupo. Intervenções neste nível visariam modificar objetivos, padrões de comunicação, interações, organização e métodos de alcançar objetivos dentro do grupo associativo.
4. Instituição ou Comunidade. Representam grupos nos quais os membros estão conscientes de sua afiliação, como escolas, cidades, organizações religiosas ou nações. Ao contrário do 3º alvo, eles não exigem necessariamente reuniões físicas. Intervenções nesse nível visam modificar objetivos, comunicações, estruturas de poder, fluxo de informações e sanções dentro dessas entidades.
Modelo de Intervenção Psicológica (Morril, Oetting & Hurst): (b) Propósito da Intervenção
- Remediativa. Geralmente ocorre quando há uma discrepância entre as habilidades individuais e as demandas ambientais, resultando em dor para o indivíduo ou falha do grupo. Exemplos: problemas com falta de habilidades sociais, dificuldades na tomada de decisões vocacionais e falhas de grupos devido a deficiências organizacionais.
- Prevenção. Concentra-se em identificar e fornecer as habilidades necessárias para indivíduos ou grupos, visando antecipar e evitar problemas futuros. Isso pode envolver programas projetados para enfrentar desafios específicos (ex. como a transição do ensino médio para a faculdade, oferecendo suporte em grupo, aconselhamento pré-universitário e modificando ambientes para reduzir o impacto de problemas potenciais). O objetivo é equipar as pessoas com as habilidades necessárias para lidar com demandas ambientais e modificar ambientes que possam ser prejudiciais.
- Desenvolvimento. Abordagem proativa que visa melhorar o funcionamento e o potencial de desenvolvimento de indivíduos e grupos saudáveis. Esses programas visam promover o crescimento positivo para todos, não apenas para aqueles que enfrentam problemas iminentes, diferenciando-se da prevenção ao focar no desenvolvimento do potencial humano.
Modelo de Intervenção Psicológica (Morril, Oetting & Hurst): (c) Método de Intervenção
- Serviço Direto. Envolve um contato profissional direto com o cliente-alvo, exigindo julgamento experiente ou habilidades específicas. A presença de profissionais qualificados pode fornecer garantias ou carisma necessários para certos programas. No entanto, há desvantagens, como custos financeiros e limitações na capacidade de lidar com um grande volume de clientes, além da impossibilidade de alcançar todos os grupos-alvo ou oferecer determinados tipos de programas.
- Consultoria e Treino. O conselheiro pode influenciar a população-alvo através de outras pessoas, em vez de interação direta. Isso é feito através da seleção e treino de paraprofissionais para trabalhar em várias situações. Esses paraprofissionais, sob a orientação do profissional, fornecem serviços, aumentando a força de trabalho em saúde mental. Eles muitas vezes podem atender certos grupos de forma mais eficaz do que os profissionais, tornando o uso de paraprofissionais uma estratégia valiosa para lidar com recursos limitados e demandas de saúde mental crescentes.
- Mídia. Diversos meios de comunicação são utilizados para ampliar e aprimorar a influência do aconselhamento, como aconselhamento assistido por computador, materiais de treino em relações humanas programadas, televisão, artigos de jornal e programas de rádio. Esses esforços visam atingir e influenciar tanto indivíduos quanto grupos por meio de meios que não dependem da intervenção direta de um profissional.
Modelo de Intervenção Psicológica (Morril, Oetting & Hurst): Avaliação de Necessidades (diagnóstico) e Impacto
Os conselheiros são confrontados com decisões de prioridade quanto ao alvo, ao propósito e ao método de intervenção mais eficiente/eficaz. Estas questões destacam a necessidade crítica de avaliação sistemática das necessidades institucionais e individuais para planejar intervenções adequadas e devem ser seguidas por uma avaliação sistemática dos efeitos de quaisquer programas desenvolvidos.
Prevenção: O que sabemos sobre prevenção?
- Mesmo que não saiba como curar um problema, pode ainda ser capaz de o prevenir.
- Não precisa de conhecer a causa de um problema para o prevenir; apenas precisa de entender algo sobre os mecanismos através dos quais o problema é transmitido.
- Muitas vezes pode prevenir um problema ao alterar algum especto do comportamento humano.
- Embora a mudança de comportamento individual possa contribuir para a prevenção, a prevenção completa de um problema muitas vezes depende da ação pública.
O Modelo de Saúde Pública baseia-se na ideia de que nenhuma doença foi erradicada através do tratamento dos seus pacientes. O que geralmente acontece é que são encontradas formas de prevenir novos casos do distúrbio.
Modelo de Intervenção: Caplan (1964) e a Saúde Mental
- Prevenção primária. Intervenção direcionada a populações inteiras que não estão em condições de necessidade imediata. O seu objetivo é reduzir a incidência de novos casos de distúrbios, visando diminuir circunstâncias potencialmente prejudiciais antes que causem dificuldades. Exemplos incluem vacinações, fluoretação da água e programas de desenvolvimento de habilidades para crianças na pré-escola. Essa abordagem também pode ser aplicada a todos num determinado ambiente, independentemente de sua necessidade potencial, como alunos do quinto ano se preparando para o ensino médio.
- Prevenção Secundária ou Intervenção Precoce/em Risco. Visa ajudar populações que apresentam sinais iniciais de um distúrbio ou dificuldade. Isso inclui indivíduos que demostram sinais precoces de problemas, como crianças tímidas, com dificuldades académicas, ou adultos que enfrentam conflitos no trabalho. A intervenção secundária requer métodos para identificar quem está em risco, o que pode levar à estigmatização, já que alguns podem nunca desenvolver o distúrbio em questão. A melhoria dos métodos de identificação de risco é uma área importante de trabalho na psicologia comunitária.
- Prevenção Terciária ou Reabilitação. Intervenção voltada para populações ou indivíduos que já possuem um distúrbio, com o objetivo de limitar sua a incapacidade, reduzindo a intensidade e duração do distúrbio e prevenindo recorrências ou complicações adicionais. Quando aplicada a indivíduos, é chamada de reabilitação, enquanto, quando direcionada a populações, é conhecida como prevenção terciária.
Modelo de Intervenção:Prevenção IOM (U.S. Institute of Medicine, 1994)
Medidas de Prevenção Universal
* Projetadas para serem oferecidas a todos num determinado grupo populacional;
* Normalmente administradas a populações que não estão em perigo. Semelhante à intervenção primária
Medidas de Prevenção Seletiva
* Projetadas para pessoas com risco acima da média, de desenvolver distúrbios comportamentais ou emocionais.
* Esse risco pode basear-se no ambiente (ex. baixo rendimento ou conflitos familiares) ou em fatores pessoais (ex. baixa auto-estima, dificuldades na escola).
* Estas características de risco estão associadas ao desenvolvimento de distúrbios específicos, mas não são sintomas do distúrbio em si.
Medidas de Prevenção Indicada
* Direcionados a indivíduos considerados de alto risco de desenvolver distúrbios no futuro, especialmente se aparecerem precocemente sintomas do transtorno.
* Contudo, não atendem aos critérios para um diagnóstico completo de transtorno mental.
O relatório do IOM destaca a promoção da saúde mental como uma área separada e distinta da prevenção, com foco principal na autoestima e no domínio. Termos como competência, autoeficácia e capacitação individual são comumente usados para descrever esses esforços. O IOM define seu foco em relação à prevenção de distúrbios específicos, em vez de aumentar a competência geral.
Outras fases necessárias e importantes - Diagnóstico
- Fase crítica que envolve a identificação e a caracterização dos problemas de saúde mental ou emocional em um indivíduo, grupo ou comunidade.
- O que inclui a coleta de informações sobre sintomas, história clínica, fatores de risco e recursos disponíveis.
- O objetivo é formular uma compreensão clara dos problemas enfrentados pelos participantes para informar o plano de intervenção
Outras fases necessárias e importantes - Avaliação de impacto
- é feita durante e/ou após a implementação de uma intervenção para determinar sua eficácia e impacto.
- Isso pode incluir a seleção e implementação de medidas de resultado, a coleta de dados para monitorar o progresso e a avaliação dos resultados alcançados.
- A avaliação do impacto fornece informações para ajustes e melhorias contínuas no programa.
O que é um programa?
Ex. Intervenção em Saúde.
Por “programa”, entende-se uma proposta estruturada de intervenção profissional, com base em dados da literatura científica e modelo teórico fundamentado, de modo a atingir objetivos específicos, tanto para a promoção de saúde, quanto para a prevenção de doenças, em todos os níveis (Fernandez-Ballesteros, 2001)
Modelos Sistémicos: Informações
Até a emergência da abordagem sistêmica, prevalecia a aplicação da abordagem clássica, analítica ou cartesiana. Esta concentrou-se no estudo dos elementos em si (partes homogéneas) e nas relações de causa-efeito que orientavam um sistema.
Entretanto surgiu a abordagem sistémica, que estudava a relação de cada elemento com os outros próximos, concentrando-se nas interações entre os elementos e com o funcionamento do sistema como um todo.
As interações entre os elementos do sistema mantém-se independentemente do elemento que seja (mesmo que sejam substituídos). Certas características do sistema não existem em nenhum dos elementos individuais, mas por existir uma interação entre eles.
Os eventos são compreendidos através de uma visão global, partindo do todo para os detalhes, e simulando o seu funcionamento geral, mesmo que não seja detalhado.
O método de validação sistémica é a modelagem, construindo modelos simples que representam comportamentos semelhantes à realidade observada, geralmente através de ensaios e simulações.
Para adotar este paradigma, é crucial entender os objetivos e funções dos elementos que compõem o sistema.
Pressupostos norteadores da abordagem clássica e da abordagem sistémica
Tabela (5)
Teoria Geral dos Sistemas (Bertalanffy) - Informações
A Teoria Geral dos Sistemas (TGS) foi pioneiramente desenvolvida pelo biólogo alemão Ludwig von Bertalanffy para explicar o comportamento de organismos vivos, abordando aspetos científicos e empíricos dos sistemas. Trata-se de uma teoria interdisciplinar aplicada nas mais diversas áreas do conhecimento humano e podendo ter diferentes alvos: indivíduo, grupo, organização, comunidade…
Naquela altura, as diferentes ciências não interagiam, eram estudadas de forma independente; Bertalanffy foi o primeiro a sugerir utilizar os vários sistemas para produzir resultados;
TGS- Sistemas
De acordo com Bertalanffy é o “conjunto de unidades em inter-relações mútuas”.
Um sistema caracteriza-se por um conjunto de elementos dinamicamente relacionados entre si, desempenhando uma atividade ou função para atingir um objetivo comum.
Um sistema é um todo organizado com elementos interdependentes e que opera num ambiente específico que o condiciona.
TGS- características dos sistemas
Características dos sistemas:
De forma geral, todos os sistemas apresentam quatro características:
1. Propósito ou objetivo: Todo sistema tem um ou alguns propósitos ou objetivos. Não podemos trabalhar sem um propósito, senão o sistema corre o risco de não existir.
2. Globalismo ou totalidade: Qualquer estimulação em qualquer unidade do sistema afetará todas as demais unidades.
3. Entropia: A entropia é a tendência dos sistemas para desintegração, desgaste e aumento da aleatoriedade. Conforme a entropia aumenta, os sistemas se degradam, desintegram e desaparecem.
4. Homeostasia: equilíbrio dinâmico alcançado pela autorregulação dos sistemas, mantendo variáveis dentro de limites mesmo diante de estímulos externos. Isso é feito através de mecanismos de feedback que restauram o equilíbrio perturbado, sendo a comunicação a base desse processo.
TGS - tipos de sistemas
Sistemas Fechados: não ocorrem trocas com o meio e portanto tendem à morte por entropia positiva (tendência para um sistema se degradar/desintegrar/desaparecer);
Sistemas abertos:
* Ocorre interação com o ambiente: As interações entre o sistema e o ambiente envolvem trocas de energia ou informação, chamadas de input e output. Os canais que conduzem essas trocas são chamados de canais de comunicação
* Equifinalidade (as trocas podem ser diferentes mas a finalidade é a mesma) e entropia negativa – importação de energia exterior;
o Interdependência;
o Totalidade: funcionamento global do sistema – todas as partes participam no seu funcionamento
o Sinergia: efeito final é superior à soma das partes
TGS - características dos sistemas abertos
Características dos sistemas (abertos):
1. Totalidade maior que a soma das partes, com características próprias.
2. Interdependência entre as partes.
3. Relação e integração hierárquica entre sistemas e subsistemas.
4. Autorregulação e controlo exercido pelo sistema para manter o equilíbrio.
5. Influência recíproca com o meio exterior através de energia e informação.
6. Capacidade de adaptação às mudanças do meio exterior.
7. Alcançam objetivos por meio de diferentes modos.
TGS - ideias básicas aplicadas ao contexto organizacional
Ideias básicas da TSG aplicadas ao contexto organizacional:
1. Homem Funcional: Os papéis são mais enfatizados do que as pessoas em si, e a interação entre eles é vital para a produtividade da empresa.
2. Conflitos de Papéis: As pessoas agem de acordo com os papéis que representam, gerando potenciais conflitos quando as expectativas não são atendidas.
3. Equilíbrio Integrado: Qualquer ação em uma unidade da empresa afeta todas as outras, exigindo uma resposta unificada do sistema a estímulos externos.
4. Estado Estável: A empresa busca manter uma troca de energia constante com o ambiente, alcançando estabilidade através de condições iniciais e diferentes meios
TGS - Katz & Kahn e a perspetiva sistémica de uma organização
(aplicaram a teoria geral dos sistemas a uma organização): input, transformação, output, retroalimentação – elementos de uma organização
* Sistemas como ciclo de eventos: conjunto de transações com o ambiente. As transformações resultam do funcionamento e das transações internas do sistema.
Retroalimentação: são os inputs de informação, feedback (negativo) e processo de codificação
TGS - diagnóstico organizacional
Organizações como Sistemas
Temos inputs e outputs e no meio temos os processos de transformação que se traduzem em comportamentos e processos. Os processos de transformação dependem da tecnologia, metas, cultura e estrutura. Os outputs vão influenciar os inputs posteriores.
Modelo Ecológico vs Bioecológico
No modelo ecológico (Bronfrenbrenner e Hoffman & Kruczek (2011): enfatiza a influência do ambiente (ecologia) no desenvolvimento humano. Ele sugere que o desenvolvimento de uma pessoa é moldado por uma série de sistemas ambientais nos quais ela está inserida, desde o ambiente mais próximo e imediato até os contextos mais amplos da sociedade. – Toda experiência individual se dá em ambientes “concebidos como uma série de estruturas encaixadas, uma dentro da outra, como um conjunto de bonecas russas”.
No modelo bioecológico: também enfatiza o ambiente, mas propõe que o desenvolvimento humano seja estudado por meio da interação do núcleo ambiente com outros três – o processo, a pessoa e o tempo – de forma inter-relacionada, ampliando o foco do modelo.
o acrescenta a dimensão “bio” à equação, implicando que o desenvolvimento humano depende da interação dinâmica entre fatores biológicos e ambientais.
O modelo bioecológico, juntamente com os seus correspondentes desenhos de investigação, é um sistema teórico em evolução para o estudo científico do desenvolvimento humano ao longo do tempo.
O perfil específico do modelo bioecológico de desenvolvimento humano é o seu enfoque interdisciplinar e integrador nos períodos etários da infância e da adolescência e o seu interesse explícito em aplicações e políticas e programas pertinentes para melhor o desenvolvimento da juventude e da família.
Modelo Bioecológico - Núcleos de Desenvolvimento: Processo
Formas de interação organismo-ambiente (processo proximal) – mecanismo primário de desenvolvimento humano
* O impacto do desenvolvimento é diferente para cada pessoa, dependendo de quem ela é, do ambiente em que vive e das etapas de vida em que se encontra.
* processo é visto como interações em evolução, tornando-se mais complexo ao longo do tempo. O ser humano é percebido como um ser em constante evolução biopsicológica. Para que essas interações sejam reconhecidas, o sujeito precisa de estar ativo.
Modelo Bioecológico - Núcleos de Desenvolvimento: Pessoa
3 tipos de características disposicionais que têm impacto no desenvolvimento, através da influência dos processos proximais:
1. as disposições podem colocar processos proximais em movimento em um determinado domínio de desenvolvimento e continuar a sustentar sua operação
2. recursos bioecológicos de habilidade, experiência, conhecimento e habilidade são necessários para o funcionamento eficaz dos processos proximais em um determinado estágio da vida de desenvolvimento
3. a procura de recursos convida ou desencoraja reações do ambiente social que podem fomentar ou atrapalhar o funcionamento dos processos proximais.
analisada por meio de suas características determinadas biopsicologicamente (ex: experiências vividas, habilidades) e aquelas construídas (ex: demanda social) na sua interação com o ambiente.
Características da pessoa são:
* produtoras do desenvolvimento: pois constituem um dos elementos que influenciam a forma, a força, o conteúdo e a direção dos processos proximais.
* produtos do desenvolvimento: pois são resultados da interação conjunta destes elementos - processo, pessoa, contexto e tempo.
Desenvolvimento relacionado com estabilidade e mudança das características da pessoa
Recursos: aptidões; experiencia, conhecimento e competências; procura pelos recursos que a pessoa possui
Modelo Bioecológico - Núcleos de Desenvolvimento: Contexto
Vai de micro a macro
Microssistema: (padrão de atividades, papeis e relações interpessoais)
* processos proximais, que produzem e sustentam o desenvolvimento
* conjunto de relações entre a pessoa em desenvolvimento e seu ambiente mais imediato, como a família, a escola, a vizinhança mais próxima.
Mesossistema:
* conjunto de relações entre dois ou mais microssistemas nos quais a pessoa em desenvolvimento participa de maneira ativa (ex: relações família-escola)
* Sistema é ampliado sempre que uma pessoa passa a frequentar um novo ambiente.
Exossistema:
* envolve os ambientes que a pessoa não frequenta como um participante ativo, mas que desempenham uma influência indireta sobre o seu desenvolvimento
* ex: família extensa, as condições e as experiências de trabalho dos adultos e da família, as amizades, a vizinhança
Macrossistema:
* inter-relações entre microssistemas em diferentes configurações – família, trabalho; vida social
* é o sistema mais distante da pessoa: abrange a comunidade na qual os outros três sistemas estão inseridos e que pode afetá-los.
Modelo Bioecológico - Núcleos de Desenvolvimento: Tempo
Tempo: (cronossistema)
* Microtempo: continuidade vs. descontinuidade em episódios contínuos do processo proximal.
o análise do tempo numa escala muito pequena, quase instantânea, observando a continuidade e descontinuidade nos episódios de processo proximal.
o Ex: tempo gasto por uma criança numa conversa com um amigo ou membro da família.
* Mesotempo: periodicidade desses episódios ao longo intervalos de tempo mais amplos, como dias e semanas.
o examina a regularidade ou padrões de interação ao longo de intervalos de tempo mais amplos (dias, semanas ou meses)
o ex: como as interações entre um grupo de crianças numa sala de aula se desenvolvem ao longo de uma semana.
* Macrotempo: mudança de expectativas e acontecimentos na sociedade.
o examina como as mudanças sociais, culturais e históricas mais amplas afetam o desenvolvimento humano ao longo do tempo.
o Ex: analisar como mudanças nas políticas governamentais ao longo de várias décadas impactam a estrutura familiar e, consequentemente, o desenvolvimento das crianças
Modelo Biológico: Efetividade dos processos proximais
Efetividade dos processos proximais depende de interações recíprocas, progressivamente mais complexas, numa base de tempo regular. -> Não efetividade em ambientes instáveis e imprevisíveis.
Modelo Bioecológico: Contextos promotores de resiliência
- Resiliência:
* processos de enfrentamento e de superação de crises e adversidades
* não é uma característica ou traço individual, mas processos psicológicos
* não é uma característica fixa, ou um produto
* capacidade inata, herdada por alguns “privilegiados”, mas a partir da interação dinâmica existente entre as características individuais e a complexidade do contexto ecológico
* processos de resiliência requerem compreensão dinâmica e interacional dos fatores de risco e de proteção.