Introdução à hepatologia Flashcards
Como é a organização de um lóbulo hepático?
Estruturas que formam
Trata-se de um polígono, cujo centro possui uma vênula central, e cada vértice possui um espaço porta (uma artéria hepática, uma veia porta e um ducto biliar), que é o local onde vários lóbulos hepáticos se encostam
Como se organizam os hepatócitos dentro dos lóbulos?
Se organizam em placas formadas pela superposição de apenas uma camada de células (como se fosse um muro de tijolos). Essas placas são tortuosas e vão se entrelaçando, da periferia para o centro do lóbulo, deixando muitos espaços laterais, que são preenchidos por capilares sinusoides hepáticos
Como é um sinusoide hepático? Quais células compõem?
São capilares com paredes fenestradas. Duas células compõem: células endoteliais e células de Kupffer. O espaço entre o sinusoide e as placas de hepatócitos são conhecidos como espaços de Disse
Qual é a função das células de Kupffer?
Pertencem ao sistema mononuclear fagocitário, participando tanto da defesa do organismo quanto da hemocatarese (desintegração das hemácias senis, digestão da Hb, liberação de bilirrubina)
Qual é a função da vênula central (centrolobular) e como se formam as veias supra-hepáticas?
É onde desembocam os sinusoides hepáticos, ou seja, recebe o sangue que atravessou o emaranhado de hepatócitos. São os ramos iniciais da veia hepática. Atravessam longitudinalmente os lóbulos e desembocam nas veias sublobulares, que percorrem as bases de vários lóbulos, se fundindo, ficando mais calibrosas, até formarem as veias supra-hepáticas (2 ou 3), que deixam o fígado e desembocam na veia cava inferior.
Como é a circulação hepática?
O fígado possui dois vasos aferentes: um traz sangue venoso (veia porta) e o outro traz sangue arterial (artéria hepática). A veia porta traz para o fígado o sangue mesentérico (substâncias que foram absorvidas no intestino) - 75% do fluxo hepático (principal fonte de oxigenação do fígado). A v. porta e a a. hepática, ao penetrarem no fígado, se ramificam várias vezes até originarem os vasos interlobulares (aqueles do espaço porta); da periferia do lóbulo, emitem ramos que desembocarão nos sinusoides.
O que é um canalículo biliar?
É o espaço tubular formado pela união longitudinal de vários hepatócitos. É onde os hepatócitos secretam a bile.
Como é o caminho de um canalículo biliar até o ducto colédoco?
Os canalículos formam uma rede que se dirige do centro do lóbulo para a periferia. Na periferia, desaguam no ducto biliar (canal de Hering), que fica dentro do espaço porta. Os ductos biliares se unem uns aos outros para formar os ductos hepáticos (D e E), que deixam o fígado. Fora do fígado, se unem formando o ducto hepático comum. O ducto hepático comum se une ao ducto cístico (drena material da vesícula), formando o ducto colédoco, que desemboca no duodeno pela papila de Vater.
Em relação ao metabolismo de carboidratos, o que pode ocorrer em uma condição aguda de doença hepática? E em uma crônica?
Em uma doença aguda pode ocorrer uma hipoglicemia - se for uma doença grave, como uma hepatite fulminante, a hipoglicemia pode ser grave e fatal
Na doença hepática crônica, o mais comum é intolerância à glicose. As concentrações plasmáticas de insulina tendem a ser altas (estado de resistência periférica). Em algumas condições (como hemocromatose e pancreatite crônica), pode se desenvolver DM, por lesão direta do pâncreas endócrino (níveis baixos de insulina sérica)
Condições que podem ser responsáveis pela esteatose hepática
Etanol
Desnutrição proteico-calórica
DM
Terapia com corticoide
Obesidade
Como é a biotransformação de produtos proteicos da digestão?
A digestão de proteínas resulta na formação de amônia, que é absorvida e convertida em ureia no fígado (menos tóxica, hidrossolúvel, eliminada pelos rins)
Como cada uma dessas condições determina aumento do aporte de amônia para o SNC e para um potencial quadro de encefalopatia hepática:
Hipertensão portal
Hemorragia digestiva
Hipocalemia e alcalose
Hipertensão porta: pode desenvolver shunts portossistêmicos (amônia absorvida no intestino vai direto para o SNC, sem passar pelo fígado)
Hemorragia digestiva: bactérias da flora metabolizam a Hb, formando amônia
Hipocalemia e alcalose: podem desencadear encefalopatia hepática em cirróticos. A hipocalemia gera alcalose. O pH alcalino aumenta conversão de amônio em amônia, que é lipossolúvel e cruza a BHE
Caminho da destruição de uma hemácia até a formação de bilirrubina indireta
Solubilidade da bilirrubina indireta
Hemácias senis são destruidas na polpa vermelha do baço. A Hb é fagocitada por macrófagos e clivada em globina e heme. O heme é clivado em ferro livre e protoporfirina. A protoporfirina é transformada em biliverdina, que é rapidamente reduzida e à bilirrubina indireta e liberada no plasma.
A bilirrubina indireta é insolúvel, portanto, se liga à albumina plasmática para manter sua solubilidade
Papel do hepatócito no metabolismo da bilirrubina
- Captação: bilirrubina não conjugada chega ao hepatócito e se dissocia da albumina
- Conjugação: para que possa ser excretada do hepatócito para a bile, a bilirrubina não conjugada é conjugada com um carboidrato pela enzima glicuroniltransferase, formando a bilirrubina direta ou conjugada
- Excreção: é a que limita a velocidade do processo, e a mais suscetível quando há dano no fígado. Para a bilirrubina conjugada ir para o canalículo biliar exige ATP. Quando ocorre problema nessa etapa ocorre acúmulo de bilirrubina indireta do hepatócito, que regurgita de volta para o plasma
Fase intestinal do metabolismo da bilirrubina
Após a bilirrubina direta chegar no intestino (pela bile), dois caminhos podem ocorrer:
- Excreção nas fezes
- Metabolização em urobilinogênio (maioria)
No cólon ascendente, a flora converte bilirrubina conjugada em urobilinogênio, que é altamente hidrossolúvel. Parte é reabsorvida pela mucosa, passa pelo fígado e vai para os rins ser excretado na urina; parte permanece no intestino e oxida em estercobilina (contribui para a coloração); parte volta para o fígado e retorna à bile.