Instabilidade glenoumeral - Ortopedia Flashcards
Quantos % de todas as luxações ocorrem na articulação glenoumeral? Qual sua incidência? Nos casos recidivantes, quantos % são anteriores/posteriores?
- 50% de todas as luxações
- Incidência de 2% na população geral
- Anterior → 90-95%*
- Posterior → 5-10%*
Qual o risco de recorrência após uma primeira luxação traumática, de acordo com a idade do paciente?
- <20 anos* → 90%
- 20 a 40 anos* → 60%
- > 40 anos* → 10%
Qual a recomendação quanto a imobilização após um primeiro episódio de luxação?
Tipoia simples
- Tempo* → 1 semana (não há benefício em manter mais tempo)
- Posição* → Benefício teórico de manter o membro em abdução e rotação externa, porém sem evidência conclusiva
Apenas ¼ da cabeça do úmero articula com a glenóide. Em quantos % a glenóide é “aprofundada” e quantos % deste contato aumenta devido ao labrum?
- 50% de aprofundamento
- 75% de aumento do contato entre a cabeça do úmero e a glenóide
De acordo com a Campbell, o ligamento restritor primário contra luxação glenoumeral irá variar de acordo com o grau de abdução. Como ocorre essa divisão?
Abdução em 0o → LGUS é o restritor primário contra translação inferior e anteroposterior*
Abdução discreta → LGUM limita a rotação externa e auxiliar os outros ligamentos
Abdução a partir de 45o → LGUI atua como restritor primário contra translação anteroposterior
Porção anterior - tensa quando RE
Porção posterior - tensa quando flexão e RI
*Tensionar o intervalo dos rotadores aumenta essa estabilidade, porém pode gerar limitação do ADM
O tratamento conservador na instabilidade glenoumeral tem 2 pilares. Fortalecimento dos estabilizadores da escápula e treinamento neuromuscular para melhora da sincronia toracoescapuloumeral. Quais são os estabilizadores da escápular? O que é discinesia escapular?
- Estabilizadores da escápula* → serrátil anterior, trapézio, latíssimo do dorso, romboides (maior e menor) e levantador da escápula
- Discinesia escapular* → Alteração da posição/movimentação normal esperada da escápula durante mobilizações escapuloumerais
O que é a síndrome designada como “SICK scapula”?
É um tipo de discinesia escapular que ocorre por overuse e fádiga muscular, gerando mal posicionamento da escápula, borda inferior medial proeminente, coracoide doloroso e mal posicionado, discinesia escapular.
SICK
Scapular malposition
Inferior medial border prominence
Coracoid pain and malposition
dysKinesia of scapular movement
Quantos % dos casos atraumáticos respondem com sucesso ao tratamento não cirúrgico? Qual o tempo mínimo a ser realizado antes de indicar a cirurgia?
- 80% em luxações atraumáticos anteriores
- 90% em luxações atraumáticas posteriores
- Devido ao elevado índice de sucesso, preconiza-se realizar no mínimo 6 a 12 meses de fisioterapia
Em qual região a capsula articular costuma ser mais fraca?
Anteroinferior → no intervalo entre a borda inferior do subescapular e a cabeça longa do tríceps
Qual é a lesão mais frequentemente associada a luxações recorrentes? Defina-a.
Lesão de Bankart
Conceito simplificado mais utilizado = Descolamento/avulsão traumático do labrum da glenóide
A descrição original do artigo é de que a “a cabeça do úmero, ao ser forçada anteriormente para fora da cavidade glenoidal, rompe o labrum (praticamente toda metade anterior), a cápsula articular e o periósteo da escápular (até a porção do colo).”
Qual é considerada a lesão essencial para instabilidade glenoumeral crônica?
LGUI
Porém, sabe-se que não há uma lesão única que esteja presente em todos os casos, sendo muitas vezes multifatorial a causa da instabilidade.
Quais são as lesões que podem ser consideradas variantes anatômicas da lesão de Bankart?
- ALPSA (Anterior labral-ligamentous periosteal sleeve avulsion)
- GLAD (Glenolabral articular disruption)
- HAGL (humeral avulsion of glenoumeral ligaments) → diferente da lesão clássica do LGUI que costuma ocorre na glenoide
Defina lesão de Hill-Sachs. Qual o melhor exame para quantificar a perda óssea e a partir de qual percentual estima-se que surja instabilidade?
Hill-Sachs → Fratura impacção no aspecto posterolateral da cabeça do úmero que ocorre por impacção contra a borda da glenóide durante uma luxação glenoumeral anterior.
Melhor exame para quantificar a perda óssea → TC
35-40% na cabeça do úmero
Na glenóide, a partir de 13% de perda óssea, já ocorre prejuízo para estabilidade. A partir de 20% há piora significativa da instabilidade e maior recorrência dos episódios de luxação, a despeito da correção de partes moles
Qual a diferença entre instabilidade macrotraumática e microtraumática?
- Macrotraumática* → trauma único resulta na luxação
- Microtraumática* → traumas de repetição nos extremos do ADM resultando em deformidade plástica do complexo capsulolabral
Em quais pacientes é frequente a presença de lesões secundárias associadas do manguito rotador e tendão da cabeça longa do bíceps?
Atletas: arremessadores, ginastas, esportes com raquetes, levantadores de peso e nadadores (principalmente nas modalidades costas e borboleta)
Essas lesões geram uma função assincrônica do manguito rotador, agravando a instabilidade
Apesar da recorrência da luxação ser rara após os 40 anos, frequentemente estes pacientes apresentam lesões associadas importantes. Qual são elas e qual sua prevalência?
Rupturas tendínea do manguito rotador → 30% > 40 anos e 80% > 60 anos
Fratura da tuberosidade maior → até 42% em algumas séries
*Nestes casos, o tratamento da lesão do manguito ou fratura da GT tem precedência ao tratamento capsuloligamentar.
Em paciente <35 anos, praticante de esporte em que o membro superior é dominante, pode ocorrer o aparecimento de impacto do manguito rotador (síndrome do impacto) associado ao quadro de instabilidade. Nestes casos, o impacto é mais frequentemente primário ou secundário? Explique como ocorre o impacto secundário.
Secundário
Rotação externa do úmero → Cabeça subluxa anteriormente → compressão (“impacto”) posterior do manguito rotador contra a glenóide e o labrum
O que é o “shift and load test”? O que é o resultado positivo e qual sua importância?
Paciente sentado com braço em 0 graus de abdução e rotação neutra. Uma mão do examinador estabiliza a escápula contra a clavícula enquanto a outra mão palpa a cabeça do úmero e realiza uma discreta força compressiva para centraliza-la na glenoide e em seguida provoca o deslocamento antero-posterior dela. Uma subluxação fácil durante o teste (+) indica perda da concavidade da glenoide e necessidade de tratamento cirúrgico.
Como é realizado o teste do sulco e o que ele avalia? Como é a graduação do seu resultado?
Paciente sentado com braço em 0o de abdução e em seguida com 45o. É realizada uma tração longitudinal no membro e observa-se a formação de um sulco entre a cabeça do úmero e o acrômio*
1+ → subluxação < 1 cm
2+ → 1 a 2 cm de subluxação
3+ → subluxação > 2 cm
- Subluxação a 0o* → lassidão ligamentar
- Subluxação a 45o* → lassidão/déficit do complexo ligamentar glenoumeral inferior (LGUI)
*O Campbell comenta que esse sulco não deve desaparecer ao realizar 45o* *de rotação externa do membro, tanto em 0o quanto 45**o de abdução
Os testes provocativos/estresse/gavetas anterior e posterior devem ser realizados em diferentes posições. Como é realizada a gradação dos testes de instabilidade?
Grau 1 → cabeça do úmero desliza até a borda da glenoide
Grau 2 → ultrapassa o labrum durante a manobra, porém reduz espontaneamente em seguida
Grau 3 → luxação (não deve ser avaliada fora do centro cirúrgico com paciente acordado)
O que é o teste de Kim?
= Teste de Fukuda
O que é o teste da recolocação de Jobe?
= teste da apreensão/recolocação para instabilidade anterior
Como é feito o teste de hiperabdução, quando o mesmo é considerado positivo e o que ele indica?
Uma mão estabiliza a escápula enquanto a outra abduz passivamente o braço.
Diferença > 20o em relação ao lado contralateral = Teste positivo
Sugere lassidão capsular inferior
Como é feito o diagnóstico de hiperlassidão?
Com o braço a 0o de abdução, positividade no teste do sulco e rotação externa >85o são indicativos de hiperlassidão, porém o diagnóstico é feito quando escore > 4 na escala de hiperlassidão de Beighton.