Hepatites virais Flashcards

1
Q

Qual é a unidade funcional do fígado e como esta é organizada:

A

Lóbulos hepáticos

  • Polígonos microscópicos constituídos por hepatócitos que se organizam em placas formadas pela superposição de camadas de células. Essas placas vão se entrelaçando da periferia para o centro do lóbulo. Os espaços laterais entre essas placas são preenchidos pelos sinusoides hepáticos (capilares bastante fenestrados).
  • Em cada cando da periferia do polígono, temos um espaço-porta, constituído por um ramo da veia porta, um ramo da artéria hepática, um ducto biliar e vasos linfáticos
  • No centro de cada lóbulo encontra-se a veia centrolobular, que recebe o sangue oriundo dos sinusoides hepáticos
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2
Q

Como é a circulação hepática?

A

O fígado possui duas aferências: a. hepática (trás sangue arterial e é responsável por 30% do fluxo sanguíneo hepático) e v. porta (trás sangue venoso oriundo do mesentério, rico em substâncias intestinais recém-absorvidas; responsável por 70% do fluxo sanguíneo hepático).
O parênquima hepático é nutrido por sangue arterial e venoso, que se misturam nos sinusoides hepáticos
-As vênulas centrolobulares são os ramos iniciais da veia hepática

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3
Q

Como se organiza o sistema biliar?

A
  • O espaço tubular formado pela união longitudinal de vários hepatócitos é o canalículo biliar. Eles formam extensas redes que se dirigem do centro do lóbulo para a periferia (fluxo retrógrado)
  • Os hepatócitos secretam a bile nos canalículos biliares que, por sua vez, desembocam nos ductos biliares (nos espaços-porta). Os ductos biliares vão se unindo até formarem os ductos hepáticos (esquerdo e direito)&raquo_space; ducto hepático comum&raquo_space; se une com o ducto cístico e forma o colédoco
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4
Q

Metabolismo da bilirrubina:

A
  • Formação e transporte: a hemoglobina é captada por macrófagos esplênicos e de outros órgãos (sistema reticuloendotelial) e é convertida em heme + globina. O heme é degradado em ferro (que é transportado ligado à transferrina ou armazenado na forma de ferritina) e protoporfirina. Esta, por sua vez é convertida em biliverdina que logo é reduzida à bilirrubina indireta (não conjugada). A BI é insolúvel e se liga à albummina para ser transportada na corrente sanguínea.
  • Metabolismo hepático: a BI é captada pelos hepatócitos, conjugada com o glucuronídeo (por ação da enzima glucoronil-transferase), formando a bilirrubina direta (conjugada). Em seguida, a BD é excretada pelos hepatócitos para os canalículos biliares. A fase de excreção é a etapa limitante no metabolismo da bilirrubina e é a primeira a ser afetada quando há um distúrbio do hepatócito
  • Fase intestinal: no intestino grosso, cerca de 50% da BD é convertida em urobilinogênio por bactérias intestinais. Parte é eliminada nas fezes, parte retorna ao figado e parde vai pra circulação e é excretada pelos rins.
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5
Q

Icterícia:

A

-Pigmentação amarelada da pele, esclerótica e frênulo da língua pela bilirrubina, quando esta encontra-se em níveis elevados na circulação.
Valores normais:
-BI: até 08 mg/dL
-BD: até 0,2 mg/dL
-BT: até 1 mg/dL
Obs.: deve ser diferenciada de hipercarotenemia (pigmentação amarelada da pela, mas não da esclerótica, pelo acúmulo de pigmentos carotenoides)

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6
Q

Mecanismos de icterícia:

A
  • Superprodução (acúmulo de BI)
  • Diminuição da captação (acúmulo de BI)
  • Diminuição da conjugação (acúmulo de BI)
  • Alteração da excreção (acúmulo de BD)
  • Obstrução biliar (acúmulo de BD)

Obs.: na doença hepatocelular (hepatite, hepatotoxicidade) á prejuízo da captação, conjugação e excreção, porém a excreção é a fase que limita a velocidade do processo e é o principal distúrbio. Por isso, a icterícia nesses casos é mista mas predominantemente as custas de BD

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7
Q

Classificação simplificada das icterícias:

A
  • Hemolítica: predomínio de BI
  • Hepatocelular: mista com predomínio de BD
  • Obstrutiva (colestática): mista com predomínio de BD
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8
Q

Síndrome de Gilbert:

A

Distúrbio hereditário do metabolismo da bilirrubina mais comum (7% dos caucasianos); mais comum em homens (3:1)

  • Deficiência hereditária leve da glucuronil-transferase&raquo_space; hiperbilirrubinemia indireta leve e persistente
  • A icterícia costuma ser leve e o paciente só percebe após exames de rotina. BT raramente ultrapassa 5 mg/dL
  • Segunda principal causa de hiperbilirrubinemia indireta (só perde pra hemólise)
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9
Q

Fatores que podem agravar a icterícia na Sd. de Gilbert:

A

Jejum prolongado, exercício físico, alcool e ácido nicotínico

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10
Q

Diagnóstico da Sd. de Gilbert:

A

Diagnóstico de exclusão: paciente com hiperbilirrubinemia indireta persistente sem outros sinais/sintomas sistêmicos; sem hemólise (reticulócitos normais); provas de função hepática normais.

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11
Q

TTO da Sd. de Gilbert:

A

Não necessita de tratamento específico. Pode-se reduzir a intensidade da icterícia com fenobarbital (aumenta a atividade da glucoronil-transferase)

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12
Q

Síndrome de Crigler-Najjar tipo I:

A
  • Deficiência completa da Glucoronil-transferase
  • Hiperbilirrubinemia indireta acentuada em recém-nascidos (pode chegar até 45 mg/dL) com BD ausente
  • Em geral, as crianças morrem antes do primeiro ano de vida por conta de Kernicterus (A BI atravessa facilmente a BHE provocando efeitos tóxicos no SNC)
  • Provas de função hepática e histologia hepática normais
  • TTO: plasmaferese; fototerapia; inibidores da heme-oxigenase; transplante hepático (única opção definitiva de cura)
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13
Q

Síndrome de Crigler-Najjar tipo II:

A
  • Deficiência parcial (moderada a grave) da glucoronil-transferase
  • Níveis séricos de BI em torno de 6-20 mg/dL
  • Icterícia pode não aparecer até a adolescência; complicações neurológicas são raras
  • TTO: fenobarbital
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14
Q

Síndrome de Dubin-Johnson

A

-Icterícia crônica idiopática
-Defeito no gene MRP2&raquo_space; defeito na fase de excreção da BD para a bile
-Típica de Judeus Sefarditas (do Irã/Iraque)
-Níveis de bilirrubina entre 2-5 mg/dL
-Costuma ser assintomática
-Diagnóstico: dosagem de coproporfirina urinária (normais porém com predomínio da fração I ao invés da III)
-Acúmulo de pigmento da região centrolobular dos lóbulos hepáticos é característico (a biópsia hepática não é necessária). Macroscopicamente o fígado fica com aspecto enegrecido
TTO: não é necessário

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15
Q

Síndrome de Rotor:

A

Distúrbio no armazenamento da BD que acaba retornando ao sangue antes de ser excretada na bile
-Semelhante a Dubin-Jhonson, porém com coproporfirina urinária aumentada (3-5 vezes) e sem pigmentação característica do fígado

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16
Q

Colestase:

A

-Acúmulo de BD e outros componentes da bile por um problema na drenagem biliar intra/extra-hepática
Obs.: lesão hepatocelular pode provocar colestase intra-hepática por um bloqueio na excreção de BD pelos hepatócitos.
-Acúmulo de pigmento biliar nos hepatócitos e células de Kupfer; dilatação dos canalículos biliares, etc.

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17
Q

Clínica da colestase:

A

Icterícia (forte predomínio de BD), colúria, acolia fecal e prurido.
Obs.: o prurido parece ser causado por aumento do tônus opioidoérgico (melhora com uso de antagonista dos receptores opioides - naloxone)

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18
Q

Laboratória da colestase:

A

Aumento de FA, GGT e 5-nucleotidase

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19
Q

Causas de colestase intra/extra-hepáticas:

A

-Intra: hepatites virais (principalmente hep A aguda); hepatites tóxicas e medicamentosas; doenças infiltrativas do fígado e CBP
-Extra: cálculos e neoplasias
Obs.: CEP&raquo_space; doença auto-imune que provoca estenoses mjultiplas no sistema biliar intra/extra-hepático

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20
Q

Abordagem do paciente ictérico:

A
  • Anamnese/exame físico detalhados
  • Dosagem sérica de bilirrubinas, hemograma completo e hepatograma (enzimas hepáticas e provas de função hepática)
    • Transaminases (AST/TGO e ALT/TGP): grande aumento nas lesões hepatocelulares (ex: hepatite aguda)
    • FA e GGT: grande aumento na colestase (ex: coledocolitíase)
    • Provas de função hepática: albumina, TAP/INR e amônia sérica

A dosagem de bilirrubina confirma a icterícia e indica qual o tipo predominante

  • Aumento de BI: prosseguir investigação de hemólise (reticulócitos, LDH, haptoglobina, esfregaço de sangue periférico)
  • Aumento de BD: pode ser lesão hepatocelular ou obstrução de vias biliares

Obs1.: quando AST se eleva mais que ALT (2:1)&raquo_space; suspeitar de hepatite alcoólica
Obs2.: na suspeita de CBP, deve-se solicitar anticorpo antimitocôndria

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21
Q

Outras condições que podem aumentar FA e GGT (além de colestase):

A

-FA: distúrbios ósseos e gestação
-GGT: álcool
Ou seja, FA e GGT devem ser analisados em conjunto. Um aumento de FA com GGT normal indica que esse aumento de FA provavelmente é por um distúrbio ósseo.

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22
Q

Exames de imagem no paciente com icterícia:

A
  • USG de abdome: exame inicial em um paciente com um quadro clinicolaboratorial de icterícia colestática
  • TC helicoidal com contraste endovenoso: para os casos em que o USG não foi elucidativo ou suspeita de patologia na região periampular
  • Colangiografia por RMN
  • USG endoscópica
  • CPRE: permite a visualização direta da árvore biliar e dos ductos pancreáticos. Superior à TC e à USG para detectar obstruções extra-hepáticas e é o procedimento de escolha quando a suspeita é coledocolitíase. Permite intervenção terapêutica.
  • CPTH: passagem de agulha até o interior do parênquima hepático em um ducto biliar dilatado. Útil para avaliar obstruções biliares “altas”
  • Biópsia hepática: só em casos com dificuldade diagnóstica por métodos menos invasivos e suspeita de etiologia intra-hepática
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23
Q

Hepatites virais agudas:

A

-Duração < 6 meses
-Apresentação clínica variável (desde assintomáticas até fulminantes com rápida evolução para insuficiÊncia hepática)
Obs.: todas as hepatites virais são de notificação compulsória no Brasil (notificação em até 7 dias).

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24
Q

Curso clínico das hepatites virais:

A
  • Fase prodrômica: duração de dias a semanas; sintomas inespecíficos (mal-estar, astenia, náuseas, vômitos, diarreias, mialgiais, artralgias, tosse, coriza, febre baixa, glomerulonefrite aguda - principalmente hepatite B - ras/urticária…)
  • Fase ictérica: surgimento de icterícia, associada ou não com colúria, hipocolia fecal e prurido (síndrome colestática). A fase ictérica pode não acontecer (o paciente pode nunca saber que teve hepatite viral ou só descobrir quando surgirem sinais de cronificação da infecção)
  • Fase de convalescência: melhora dos sinais e sintomas. Fim do quadro agudo de hepatite. Ou o paciente está curado ou evoluirá para cronicidade
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25
Q

Achados laboratoriais da hepatite viral aguda:

A
  • Hemograma: leucopenia por queda de neutrófilos e linfócitos, logo evoluindo para linfocitose. Pode haver aumento de linfócitos atípicos
  • Hepatograma: grante aumento de AST e ALT (acima de 10x o limite superior); bilirrubinas aumentadas (podendo ser > 20mg/dL) com predomínio de BD; alguns pacientes podem ter elevação moderada de FA e GGT (componente colestático)

Obs1.: a magnitude da elevação das aminotransferases não guarda relação direta com o prognóstico da hepatopatia
Obs2.: a lesão hepatocelular compromete principalmente a etapa da excreção da bilirrubina pelo hepatócito&raquo_space; predomínio no aumento da BD
Obs3.: se o paciente com hepatite viral aguda evoluir com obnubilação, torpor&raquo_space; avaliar síntese hepática (albumina, TAP/INR)

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26
Q

Quais são as provas de função hepática?

A
  • Albumina
  • TAP/INR
  • Bilirrubinas
  • Amônia
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27
Q

Hepatites virais agudas:

A

-Duração < 6 meses
-Apresentação clínica variável (desde assintomáticas até fulminantes com rápida evolução para insuficiÊncia hepática)
Obs.: todas as hepatites virais são de notificação compulsória no Brasil (notificação em até 7 dias).

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28
Q

Curso clínico das hepatites virais:

A
  • Fase prodrômica: duração de dias a semanas; sintomas inespecíficos (mal-estar, astenia, náuseas, vômitos, diarreias, mialgiais, artralgias, tosse, coriza, febre baixa, glomerulonefrite aguda - principalmente hepatite B - ras/urticária…)
  • Fase ictérica: surgimento de icterícia, associada ou não com colúria, hipocolia fecal e prurido (síndrome colestática). A fase ictérica pode não acontecer (o paciente pode nunca saber que teve hepatite viral ou só descobrir quando surgirem sinais de cronificação da infecção)
  • Fase de convalescência: melhora dos sinais e sintomas. Fim do quadro agudo de hepatite. Ou o paciente está curado ou evoluirá para cronicidade
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29
Q

Achados laboratoriais da hepatite viral aguda:

A
  • Hemograma: leucopenia por queda de neutrófilos e linfócitos, logo evoluindo para linfocitose. Pode haver aumento de linfócitos atípicos
  • Hepatograma: grante aumento de AST e ALT (acima de 10x o limite superior); bilirrubinas aumentadas (podendo ser > 20mg/dL) com predomínio de BD; alguns pacientes podem ter elevação moderada de FA e GGT (componente colestático)

Obs1.: a magnitude da elevação das aminotransferases não guarda relação direta com o prognóstico da hepatopatia
Obs2.: a lesão hepatocelular compromete principalmente a etapa da excreção da bilirrubina pelo hepatócito&raquo_space; predomínio no aumento da BD
Obs3.: se o paciente com hepatite viral aguda evoluir com obnubilação, torpor&raquo_space; avaliar síntese hepática (albumina, TAP/INR)

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30
Q

Quais são as provas de função hepática?

A
  • Albumina
  • TAP/INR
  • Bilirrubinas
  • Amônia
31
Q

TTO e prognóstico da hepatite A aguda:

A

TTO:
-Repouso relativo
-Diminuição da ingesta calórica
-Evitar drogas hepatotóxicas (paracetamol)
-Evitar álcool por 6 meses
-Hepatite fulminante&raquo_space; transplante
Prognóstico: excelente; a hepatite A não cronifica. A chance de evolução pra hepatite fulminante é de 0,35% (maior risco em idosos)

32
Q

Patogenia da hepatite A aguda:

A

O HAV penetra na mucosa do trato digestivo e chega ao fígado pela circulação porta. As partículas virais se proliferam no citoplasma dos hepatócitos e depois são excretadas na bile (elevados títulos virais nas fezes).
-A replicação viral só ocorre nos hepatócitos. Manifestações como glomerulonefrite, artrite e vasculite , quando ocorrem, são secundárias à deposição de imunocomplexos

33
Q

Clínica da hepatite A aguda:

A

-Assintomática: na maioria das vezes; principalmente em crianças.
-Sintomática: fases prodrômica, ictérica e de convalescência
Obs.: a hepatite A é a hepatite viral mais relacionada à síndrome colestática intra-hepática (com icterícia, colúria, acolia fecal, prurido, elevação de FA, GGT e BD)

34
Q

Antígenos da hepatite B aguda:

A

É um vírus de DNA da família Hepadnaviridae

  • HBsAg: antígeno de superfície. Indica a presença do vírus B no corpo; principal elemento sorológico para o diagnóstico da hepatite B. Detectado no soro cerca de 30 dias antes dos sintomas. Leva a formação de um anticorpo: anti-HBs (marca a fase de convalescência, com queda das aminotransferases e redução dos sintomas; surge logo após a negativação do HBsAg, determinando um período de janela imunológica - indivíduo com hepatite B aguda e HBsAg negativo .
  • HBcAg: antígeno do núcleo central do vírus; não é secretado para o sangue mas possui atividade antigênica&raquo_space; anti-HBc (positivo na infecção ativa ou curada)
    • anti-HBc IgM: aparece junto com os sinais e sintomas de hepatite; permanece positivo por 4-5 meses
    • anti-HBc IgG: aparece um pouco depois do IgM e permanece positivo indefinidamente
  • HBeAg: também localizado no núcleo central; fartamente secretado durante a fase de replicação viral; quando positivo indica alta viremia e, portanto, grande infectividade. Leva à formação do anti-HBe (marca a fase não replicativa e de baixa infectividade)
35
Q

TTO da hepatite A aguda:

A
  • Repouso relativo
  • Diminuição da ingesta calórica
  • Evitar drogas hepatotóxicas (paracetamol)
  • Evitar álcool por 6 meses
  • Hepatite fulminante&raquo_space; transplante
36
Q

Transmissão vertical da hepatite B aguda:

A
  • 90-95% é transmissão perinatal (no momento do parto)
  • Um dos modos mais importantes de transmissão em áreas endêmicas
  • Mulher agudamente infectada: 10% de chance na infecção no 1ºtri e 60% de chance na infecção no 2º e º tri
  • Mulher portadora crônica: 90% de chance se for HBeAg positivo e 10-40% se for HBeAg negativo
  • RN infectados de forma vertical são o principal grupo de risco para evoluir para hepatite B crônica (sistema imune desenvolve tolerância aos antígenos virais)

Obs.: não se recomenda a suspenção do aleitamento (por falta de evidencias de risco adicional)

37
Q

Profilaxia pós-exposição para hepatite A aguda:

A
  • Para quem é anti-HAV IgG negativo
  • Prazo máximo de duas semanas da exposição
  • Pessoas saudáveis entre 12 meses e 40 anos: dose única da vacina
  • Fora da faixa etária acima, imunodeprimidos, doença hepática crônica: imunoglobulina humana (0,02mL/kg, IM)
38
Q

Formas evolutivas de hepatite B aguda:

A
  • Assintomática: apenas aumento de aminotransfrerases
  • Anictérica: sintomas da fase prodrômica com aumento de aminotransferases
  • Ictérica: forma clássica
  • Recorrente/recrudescente: nova elevação de aminotransferases e reaparecimento dos sintomas em um paciente que tinha melhorado ou estava melhorando
  • Colestática: icterícia, acolia fecal, prurido, elevação de FA e GGT e tendência a redução de aminotransferases
  • Fulminante: quando evolui para encefalopatia hepática 8 semanas a partir do início do quadro clínico. Há extensa necrose do parênquima hepático com aparecimento precoce dos anticorpos (anti-HBs, anti-HBc, anti-HBe) e desaparecimento dos antígenos correspondentes. Nos pacientes que sobrevivem, a regeneração do parênquima é completa
39
Q

Epidemiologia da hepatite B aguda:

A
  • No Brasil, principalmente dos 20-39 anos (média de 35 anos); predomínio em homens
  • Principal via de transmissão: sexual
    • O HBV é encontrado no sangue e em outros fluidos corpóreos, podemdo haver também outras formas de transmissão (vertical, horizontal, percutânea, hemotransfusão…)
40
Q

Transmissão vertical da hepatite B aguda:

A
  • 90-95% é transmissão perinatal (no momento do parto)
  • Um dos modos mais importantes de transmissão em áreas endêmicas
  • Mulher agudamente infectada: 10% de chance na infecção no 1ºtri e 60% de chance na infecção no 2º e º tri
41
Q

Patogênese da hepatite B aguda:

A

Se inicia por uma resposta imune celular dirigida contra antígenos virais expressos pelos hepatócitos infectados resultando em dano a essas células.
Resposta imune acentuada&raquo_space; maior chance de cura porém maior risco de lesão potencialmente grave
Resposta imune insuficiente&raquo_space;principal fator predisponente pra cronificação

42
Q

Formas evolutivas de hepatite B aguda:

A
  • Assintomática: apenas aumento de aminotransfrerases
  • Anictérica: sintomas da fase prodrômica com aumento de aminotransferases
  • Ictérica: forma clássica
  • Recorrente/recrudescente: nova elevação de aminotransferases e reaparecimento dos sintomas em um paciente que tinha melhorado ou estava melhorando
43
Q

Manifestações extra-hepáticas da hepatite B:

A

Ocorrem em 10% dos paciente, especialmente na forma crônica.
Decorrem da circulação/depósito de imunocomplexos contendo antígenos virais e anticorpos do hospedeiro.
-Poliarterite nodosa
-Glomerulonefrite (principalmente a membranosa); corticoterapia não é eficaz; interferon pode induzir a remissão
-Acrodermatite papular (doença de Gianotti): muito associada à presença do HBsAg em crianças

44
Q

Sorologias da Hepatite B aguda:

A

HBsAg +
anti-HBc IgM + /IgG -
anti-HBs -

45
Q

Sorologias da hepatite B crônica:

A

HBsAg +
anti-HBc IgM - /IgG +
anti-HBs -

46
Q

Sorologias da cicatriz imunológica da hepatite B:

A

HBsAg -
anti-HBc IgM - /IgG +
anti-HBs +

47
Q

Sorologias da vacinação para hepatite B:

A

HBsAg -
anti-HBc IgM - /IgG -
anti-HBs +

48
Q

Em quais situações o HBsAg pode dar falso negativo, sendo necessária a pesquisa de hepatite B oculta?

A
  • Hemodiálise
  • Coinfecção com HCV
  • Usuários de drogas injetáveis
  • Mutações no HBsAg
49
Q

Como é feita a pesquisa de hepatite B oculta?

A

Quantificação de carga viral

50
Q

Testes rápidos disponíveis no SUS:

A

-Para hepatite B: detecta apenas o HBsAg
-Para hepatite C: detecta o anti-HCV
O resultado negativo não descarta a doença. Persistindo a suspeita, um novo teste deve ser feito após 30 dias.

51
Q

Laboratório na hepatite B aguda:

A
  • Hemograma pode mostrar discreta leucopenia com linfocitose
  • AST/ALT se elevam desde antes dos sintomas. Devem ser monitoradas quinzenalmente (ALT é mais específica do hepatócito; AST também está presente em m. esquelético, miocardio, vesícula biliar e rins)
  • Aumento de bilirrubinas
52
Q

Mutante pré-core

A

Mutação na região pré-core do DNA levando a uma falha na expressão do HBeAg&raquo_space;o vírus se replica intensamente sem aumentar o HBeAg e mesmo na presença de anti-HBe

  • Se associa à ocorrência de hepatite fulminante e exacerbações de quadros de hepatites crônicas pelo HBV
  • Suspeitar quando: HBsAg + HBeAg - anti-HBe + e aminotransferases elevadas
53
Q

Vacina para hepatite B:

A

Primeira dose logo após o nascimento (vacina recombinante monovalente) + 3 doses da vacina pentavalente (DTP/HP/Hib) no 2º, 4º e 6º mês de vida. A profilaxia da HB no recém-nascido é importante pois o risco de cronificação nessa faixa etária é de 90%

No adulto: três doses ministradas nos meses 0, 1 e 6 (paara indivíduos que não foram previamente vacinados

54
Q

Profilaxia da transmissão vertical da hepatite B:

A

-RN: uma dose da vacina monovalente + imunoglobulina específica anti-HBs IM
-Mãe: se for HBeAg+ ou HBV-DNA > 10^6&raquo_space; tenofovir a partir da 28ª sem (3º trimestre) até 30 dias após o parto.
Obs.: se a mãe possuir indicação de tto, este poderá ser feito desde o início da gestação com drogas não teratogênicas

55
Q

Profilaxia pós-exposição da hepatite B:

A

No máximo em 7-14 dias

Imunoglobulina + completar o esquema vacinal (com 3 doses)

56
Q

Epidemmiologia da hepatite C:

A
  • Vírus C é um vírus de RNA da família Flaviviridae
  • Possui 7 genótipos, mas no Brasil circulam o 1,3,2,4,5
  • O vírus é extremamente mutagênico&raquo_space; criação de vacina é bastante difícil
  • A hepatite C crônica é a principal causa de óbito por hepatites virais no Brasil
57
Q

Transmissão do HCV:

A
  • Contato com sangue contaminado. Em outros fluidos corpóreos as concentrações de HCV são baixas&raquo_space; transmissão por via sexual e perinatal é menos comum
  • Transmissão sexual é mais comum em pessoas com multiplos parceiros e com HIV
  • Transmissão vertical ocorre em 5% dos RN de mães com carga viral elevada (> 10^5). Coinfecção por HIV aumenta o risco 4 vezes. Não existem medidas preventivas específicas e não contraindica o aleitamento (a menos que surjam fissuras nos mamilos)
58
Q

Principais formas de transmissão do HCV no Brasil:

A
  • Compartilhamento de parafernalha para uso de drogas ilícitas
  • Confecção de tatuagens e piercing sem obediência às normas de biossegurança
  • Compartilhamento de objetos de uso pessoal (escova de dente, barbeadores, instrumentos de manicure/pedicure
  • O HCV é bem menos contagioso que o HBV e o HIV
59
Q

Probabilidade de cronificação na infecção aguda pelo HCV:

A

80%

Obs.: a evolução para hepatite fulminante é raríssima

60
Q

Clínica da hepatite C aguda:

A

Sintomas surgem 6-12 semanas após exposição, mas menos de 20% se tornam sintomáticos na fase aguda.

  • Mesmos sintomas das demais hepatites virais agudas
  • Aminotransferases começam a se elevar antes do surgimento dos sintomas (principalmente ALT)
  • O anti-HCV só se torna positivo em 80% dos pacientes no momento que os sintomas aparecem. Nos demais tem que dosar HCV-RNA
61
Q

Diagnóstico da hepatite C aguda:

A

-O anti-HCV demora 8-12 semanas para positivar&raquo_space; em situações de forte suspeita de transmissão do vírus em indivíduo assintomático tem que dosar o HCV-RNA
-O anti-HCV não diferencia entre infecção atual e contato prévio curado&raquo_space; anti-HCV positivo sempre deve ser confirmado por HCV-RNA (medida por PCR quantitativa)
-A genotipagem do HCV sempre deve ser feita pois define a melhor estratégia terapêutica
Obs.: se a carga viral for menor de 500U não da pra fazer genotipagem&raquo_space; esquema terapêutico preconizado para o genótipo 3

62
Q

Hepatite D:

A
  • HDV é um vírus de RNA que necessita da função do vírus B para sua sobrevivência e disseminação
  • Endêmico na região norte
  • Transmissão: exposição percutânea, hemotransfusão, usuários de drogas IV
  • Coinfecção: infecta de forma simultânea ao vírus B. Aumenta o risco de hepatite fulminante de 1% para 5%
  • Superinfecção: infecta alguém cronicamente infectado pelo vírus B: cursa com hepatite fulminante em até 20%; maior evolução para cirrose (70% em dois anos)
  • É um vírus diretamente citopático; pode haver elevação do anticorpo LKM-3
63
Q

Diagnóstico e tratamento da hepatite D:

A
  • Diagnóstico: anti-HDV; todo paciente HBsAg+ que esteve em área endêmica para o vírus D deve realizar pesquisa de coinfecção/superinfecção por este agente
  • Tratamento: alfapeguinterferona + tenofovir ou entecavir por 48 semanas, podendo repetir por mais 48 semanas
64
Q

Principais causas de hepatites crônicas:

A
  • Hepatites virais C e B

- Esteato-hepatite alcoólica

65
Q

Principais complicações de hepatites crônicas:

A

Cirrose hepática e hepatocarcinoma

66
Q

Papel da biópsia hepática nas hepatites crônicas:

A

Melhor parâmetro para predizer o prognóstico. Avalia o estágio de fibrose, o grau do processo necroinflamatório além de fornecer achados que possam direcionar o diagnóstico etiológico

67
Q

Laboratório nas hepatites virais crônicas

A
  • ALT tende a se elevar mais que AST (a inversão desse padrão sugere cirrose ou etiologia alcoólica)
  • FA e GGT normais ou discretamente aumentados
  • Albumina e TAP dentro da normalidade
68
Q

Hepatite B crônica

A
  • HBsAg + ; anti-HBc IgG +
  • Taxa de cronificação do HBV: 90% em RN; 25-50% em crianças; 5-10% em adultos
  • Risco de evolução para cirrose em 20 anos: 50%. Desses, 5-15% evoluem com CHC. Na infecção crônica pelo vírus B, o CHC pode se desenvolver mesmo sem cirrose
69
Q

Fatores que aumentam o risco de cronificação do vírus B:

A
  • Idade (quanto menor maior o risco)
  • Homem
  • Imunodepressão/infecção por HIV
  • DRC (especialmente em hemodiálise)
  • Sd. de Down
  • Doenças linfoproliferativas
70
Q

Fatores que aumentam o risco de cirrose e CHC no portador de hepatite B crônica:

A

Álcool, fumo, sexo masculino, história familiar de CHC, mutante pré-core, coinfecção por HIV, HDV, HCV…

71
Q

Fases evolutivas da hepatite B crônica:

A
  • Imunotolerância: intensa replicação, com HBeAg+, anti-HBe- , DNA viral >20.000 ; aminotransferases normais, sem lesão histológica apreciável; transmissibilidade máxima
  • Imunoeliminação: HBeAg+, anti-HBe-, DNA viral variável; aminotransferases se elevam com biópsia mostrando fibrose e lesão necroinflamatória
  • Soroconversão: HBeAg- , anti-HBe+, DNA viral indetectável ou muito baixo; aminotransferases voltam ao normal e há regressão parcial ou total da lesão necroinflamatória. São portadores inativos

Obs.: devido ao risco de reativação, todo paciente que evolui para soroconversão deve ser monitorizado com dosagens seriadas de HBV-DNA a cada seis meses

72
Q

Abordagem inicial do paciente diagnosticado com hepatite B crônica:

A
  • Anamnese: buscar a fonte de infecção e fatores de risco para outras hepatopatias (uso de alcool)
  • EF: buscar estigmas de disfunção hepática
  • Sorologias: HAV, HCV, HDV, HIV (se for anti-HAV IgG - tem que vacinar)
  • Ferro sérico, TIBC (afastar hemocromatose)
  • AST/ALT, bilirrubinas, TAP, albumina
  • Dosar HBeAg (avaliar se está em fase replicativa)
73
Q

Objetivo do tto da hepatite B crônica:

A

Negativação sustentada do HBeAg e da carga viral (HBV-DNA)&raquo_space; menor chance de evolução desfavorável (cirrose, CHC)
*Carga viral suprimida: < 10.000 cópias/mL ou < 2.000 UI/mL