Hanseníase Flashcards

1
Q

Hanseníase (Mal de Hansen, Lepra).

Qual o agente etiológico?

A

Mycobacterium leprae.

Trata-se de um bacilo álcool-ácido resistente, fracamente gram positivo, multiplicação binária de 12 a 16 dias (evolução crônica).

Tropismo por células cutâneas e nervos periféricos (especialmente células de Schwann).

É uma bactéria de baixa virulência e patogenicidade, sendo que das pessoas que entram em contato com o bacilo, apenas 10% vão chegar a adoecer. Incubação de 2 a 5 anos.

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2
Q

Definição Hanseníase

A

Doença infecciosa, de evolução crônica, causada pelo Mycobaterium leprae que causa, sobretudo, comprometimento da pele e dos nervos periféricos.

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3
Q

História e Cultura sobre Hanseníase

A

Na antiguidade era conhecida como Lepra ou Mal de Lázaro.
Hansen, médico norueguês, identificou o Mycobacterium leprae como agente etiológico da Hanseníase em 1873.
Surgiu muitos séculos antes de Cristo e sempre foi muito estigmatizada, até muito recentemente na história. Ela é mencionada em textos bíblicos e chegou a ser associada ao pecado, como sinal de castigo divino.
A história dos doentes de hanseníase é repleta de estigma e isolamento social. A expulsão dos doentes para os instituições especiais de isolamento (leprosários) foi o protocolo geral desde os tempos antigos. Aos leprosos cabiam diversas regras e restrições, como vestes especiais, utilização de sinos para avisar às pessoas que estavam passando e estas pudessem se afastar, entre diversas outras repressões.
No Brasil, o isolamento das pessoas com hanseníase era obrigatório por lei desde a década de 1920 até 1962, mas na prática, funcionou dessa forma até a década de 1980.

Janeiro roxo é o mês de conscientização e educação sobre Hanseníase.

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4
Q

Algumas lendas sobre Hanseníase

A

Uma lenda refere-se à crença que, se a doença fosse transmitida a sete pessoas, o seu portador seria curado. Há relatos de um episódio, em São Paulo, em que os hansenianos invadiram uma cidade ao norte deste Estado, procurando passar o mal à população. Esta teria reagido com armas de fogo e os doentes morrido ou fugido. Muitos doentes fingiam-se de mortos nas estradas, esperando que os viajantes descessem de suas montarias para ajudá-los e os outros doentes, escondidos no mato, avançariam para passar-lhes o mal.

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5
Q

Transmissão Hanseníase

A

Dá-se pelas vias aéreas superiores, por meio de gotículas ou aerossóis.

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6
Q

Epidemiologia Hanseníase

A

Atinge todas as idades, ambos sexos, raramente em crianças.

Brasil é o 2° país em n°s absolutos e 1° em incidência.

Acomete mais pessoas com condições socioeconômicas desfavoráveis.

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7
Q

Diagnóstico

A

Para a OMS, um ou mais dos seguintes sinais e sintomas:

  1. lesões cutâneas hipopigmentadas ou eritematosas, com perda de sensibilidade
  2. envolvimento de nervos periféricos (espessamento e perda de sensibilidade)
  3. esfregaço positivo para bacilos
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8
Q

Manejo da Hanseníase (pontos importantes)

A
  1. Realizar notificação da doença
  2. Solicitar baciloscopia do raspado dérmico
  3. Solicitar hemograma e perfil hepático (pq? pq é importante avaliar a situação do pcte para introdução do tratamento com drogas que podem ser hepatotóxicas, além de que existem formas da doença, como a virchowiana, que pode ter até mesmo comprometimento hepático)
  4. Realizar avaliação neurológica simplificada e grau de incapacidade
  5. Classificar e tratar
  6. Avaliação/profilaxia dos contatos
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9
Q

Manifestações clínicas

A

Lesões de pele (manchas) hipocrômicas, acrômicas, acastanhadas ou eritematosas com alterações de sensibilidade ao calor e/ou dolorosa e/ou tátil.

Formigamentos, choques e/ou cãimbras nos braços e/ou pernas que evoluem para dormência.

Pápulas, tubérculos e nódulos, normalmente sem sintomas.

Perda de pelos, especialmente madarose.

Áreas de pele eritemaotas e com anidrose.

Dor, choque e/ou espessamento de nervos.

Diminuição ou perda de força nos músculos inervados.

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10
Q

Quais pontos são muito importantes no Exame físico desse pcte?

A

Destaca-se a importâcia da inspeção completa da pele, com avaliação de sensibilidade de lesões e exame clínico, com destaque para palpação, dos nervos cutâneos.

Comece observando a simetria dos mov. palpebrais e das sobrancelhas (nervo facial).

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11
Q

Onde são feitos os raspados para a baciloscopia na hanseníase?

A

Lóbulos da orelha direita e esquerda e cotovelos direito e esquerdo. Resultado varia de 0 a 6+ e baciloscopia negativa não exclui doença.

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12
Q

Como é feita a classificação operacional da hanseníase e ela é baseada em que?

A

A classificação operacional é baseada no n° de lesões e classifica em

paucibacilar: até 5 lesões
multibacilar: > 5 lesões

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13
Q

Como é feita a classificação de um pcte como multibacilar?

A

Quando ele tem a baciloscopia positiva ou >5 lesões.

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14
Q

É necessário esperar o resultado da baciloscopia ou a partir da clínica já inicia o tratamento?

A

Não é necessário esperar a baciloscopia para iniciar o tratamento.

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15
Q

De quanto em quanto tempo deve ser feita avaliação neurológica e grau de incapacidade?

A

De 3 em 3 meses até a cura ou quando o pcte apresentar nova queixa ou piora de queixa de acometimento neural.

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16
Q

Quais as classificações clínicas da doença?

A

Forma indeterminada

Forma tuberculoide

Forma dimorfa ou bordeline

Forma virchowiana

17
Q

Ao que se deve os diferentes espectros clínicos e, consequentemente classificações, da hanseníase?

A

Deve-se à resposta imunológica do hospedeiro ao Mycobacterium.

A forma tuberculoide deve-se ao desenvolvimento do padrão de resposta Th1, com efetiva resposta celular com formação de granulomas e lise bacilar. Mitsuda + e baixo índice baciloscópico.

A forma virchowiana deve-se ao desenvolvimento do padrão de resposta Th2, com produção de citocinas supressoras da ação macrofágica, tendo sobrevivência dos bacilos. Mitsuda - e alto índice baciloscópico.

18
Q

O que é a reação de mitsuda e como é feita?

A

É um teste utilizado para avaliação do tipo de resposta imunológica do indivíduo.

Injeta-se um preparado com bacilos de Hansen mortos e avalia-se a reação local.

19
Q

Quais os sinais e sintomas da Forma indeterminada?

A

Manchas hipocrômicas, acrômicas ou eritematosas, de limites imprecisos, com alterações de sensibilidade. Geralmente pequeno n° e localização variável. Frequentemente, apenas a sensibilidade térmica encontra-se alterada. Não há comprometimento de troncos nervosos, é a forma inicial que evolui para cura ou outra forma clínica.

20
Q

Quais os sinais e sintomas da Forma tuberculoide?

A

Manchas hipopigmentadas com borda eritematosa, geralmente em pequeno n° e com limites bem definidos. Há espessamento do tronco nervoso e dano neural precoce. Baciloscopia negativa.

21
Q

Quais os sinais e sintomas da Forma dimorfa?

A

Tem-se uma instabilidade imunológica. Dessa forma, há uma grande variação nas manifestações clínicas.

São lesões numerosas com morfologia que mescla entre o polo tuberculoide e virchowiano. Compreende placas eritematosas, manchas hipocrômicas com bordas eritematosas.

A infiltração assimétrica da face, dos pavilhões auriculares, e a presença de lesões no pescoço e nuca são elementos sugestivos desta forma clínica.

As lesões neurais são precoces, assimétricas e, com freqüência, levam a incapacidades físicas

22
Q

Quais os sinais e sintomas da Forma virchowiana?

A

Caracteriza-se pela infiltração progressiva e difusa da pele, mucosas das vias aéreas superiores, olhos, testículos, nervos, podendo afetar, ainda, os linfonodos, o fígado e o baço. Na pele, descrevem-se pápulas, nódulos e múltiplas máculas difusas e de limites imprecisos. A localização mais acentuada na face e nos membros.

Madarose, anidrose, infiltração da face => fácies leonina

São sinais precoces de HV, a obstrução nasal, rinorréia serossangüinolenta e edema de membros inferiores.

Baciloscopia fortemente positiva e Mitsuda -.

23
Q

Quais as formas clínicas paucibacilares?

A

Forma indeterminada e tuberculoide.

24
Q

Qual o tratamento da Hanseníase? Qual o esquema para paucibacilar? E multibacilar?

A

Dá-se por poliquimioterapia padrão preconizada pelo MS/OMS e consiste em:

Esquema PQT paucibacilar: dapsona e rifampicina

Esquema PQT multibacilar: dapsona, rifampicina e clofazimina

25
Q

O Ministério da Saúde criou uma cartela para os medicamentos de forma a auxiliar a correta tomada das medicações. Como é essa cartela?

A

A cartela é divida em uma parte superior que contém a dose supersionada que deve ser administrada por profissional de saúde da AP a cada 28 dias e uma parte inferior que contém os comprimidos que serão autoadministrados diarimente pelo pcte.

26
Q

Descreva o esquema de PQT paucibacilar. Qual o tempo de tratamento?

A

O pcte receberá uma dose mensal de 600mg de rifampicina + 100mg de dapsona e tomará 100mg de dapsona diariamente.

6 meses (até 9 meses).

27
Q

Caso a dapsona precise ser suspensa na PQT paucibacilar, o que é feito?

A

Deve ser substituída por clofazimina 50mg por dia.

28
Q

Descreva o esquema de PQT multibacilar. Qual o tempo de tratamento?

A

O pcte receberá uma dose mensal supervisionada de 600mg rifampicina + 100mg dapsona + 300mg clofazimina e tomará diariamente em casa 100mg dapsona +50mg clofazimina.

12 meses (até 18 meses).

29
Q

Sobre a avaliação dos contactantes. Quem deve ser avaliado? Como deve ser feita essa avaliação e por quanto tempo?

A

Todos os contatos intradomiciliares e contatos com convívio próximo e prolongado.

Recomenda-se a avaliação dermatoneurológica pelo menos uma vez ao ano por pelo menos 5 anos, independente se pauci ou multibacilar.

Além disso, deve ser orientado quanto ao período de incubação, transmissão, sinais e sintomas da doença e avaliado quanto à vacinação de BCG.

Sem cicatriz de BCG ou com uma cicatriz, prescreve-se uma dose. Com duas cicatrizes, não prescreve nenhuma.

30
Q

O que são as reações hansênicas?

A

São reações inflamatórias que podem acometer o pcte antes, durante e após o tratamento, representando uma urgência. Refletem uma hipersensibilidade aos antígenos do Mycobacterium leprae.

Podem ser desencadeadas por infecções, estresse, trauma, cirurgia, gestação, vacinação.

31
Q

Quais os tipos de reações hansênicas? E como elas se apresentam?

A

Tipo 1 ou reação reversa, há piora das lesões pré-existentes ou surgimento de novas lesões.

Tipo 2, tem-se a manifestação mais comum de eritema nodoso. Mais comum durante o tratamento. Pode haver aparecimento súbito de nódulos eritematosos e dolorosos. Piora do quadro geral com febre, mal estar, feridas e adenomegalias, dor e vermelhidão nos olhos, diminuição súbita de acuidade visual, edema de mãos, pernas, pés e face.

32
Q

Reação tipo 2

33
Q

Qual o tratamento da reação hansênica?

A

Corticoide ou talidomida. Este último cuidado por ser teratogênico.

Após melhora clínica, desmama-se o corticoide.