Grupo III Flashcards
A importância do ouro e da prata, para os mercantilistas, e o “dilema mercantilista”.
Os mercantilistas atribuem grande importância ao ouro e à prata, dizendo mesmo que a riqueza de uma nação depende da quantidade de metais preciosos que esta possui. Smith indica que os mercantilistas confundem riqueza com dinheiro, contudo, existe autores que não confundem riqueza com ouro, como é o caso de Montcherestien que diz que é preciso encontrar os meios para atrair metais preciosos para um país mas que, contudo, não é tal abundância que os torna ricos.
O apoio dado pelos mercantilistas às manufaturas em Inglaterra e França era incontestável, o que ilustra bem a importância que lhes concediam no que toca à sua contribuição para o enriquecimento e poderio do Estado.
No que toca à moeda, também os mercantilistas lhe atribuíram muita importância. Apesar de já se verificar a circulação de letras de câmbio, não se possuía um sistema internacional de crédito que facilitasse os pagamentos internacionais. Os estoques de metais preciosos constituíam, assim, os meios de pagamento para o desenvolvimento do comércio.
Neste período eram frequentes as crises de más colheitas, pelo que as quantidades de ouro e prata existentes eram insuficientes para ocorrer às necessidades das trocas, revelando-se necessário o armazenamento. Os mercantilistas acentuavam a moeda como forma de reserva de valor.
Para o mercantilismo, uma balança comercial favorável é o objetivo fundamental da política económica, já que só isto gera prosperidade nacional. Contudo, surge uma dúvida, o dilema mercantilista de saber como é que os mercantilistas não se deram conta de que a teoria quantitativa da moeda (mv=pt) entrava em conflito com as suas conceções acerca da natureza / resultado das trocas internacionais. Se o saldo positivo da balança comercial depende da entrada de metais preciosos num país, como impedir que a subida dos preços internos que daí resulta torne tão competitiva a produção nacional com a consequente redução das exportações / aumento das importações? A aplicação desta política tem apenas objetivos a curto prazo.
Teoria do salário, em Smith e Marx.
Smith - Smith sobre a teoria do salário tem que o produto gerado reconstituiria a sua recompensa natural. Porém, dado o “status quo”, não consegue manter isto a partir do momento em que se verificam a apropriação de terras e a acumulação de capital. Com isto, recebem um salário que é condicionado por diversos fatores: fatores sociais, políticos e institucionais (tendo em atenção a relação entre empresário e trabalhador); o estado da economia (com especial interesse na relação entre a oferta e a procura de trabalho, numa economia progressiva ou estacionária); fatores demográficos (com destaque para a formulação da “lei de bronze dos salários” – as leis naturais de evolução da população explicam como o salário corrente vinha a coincidir com o mínimo necessário à manutenção dos trabalhadores).
Smith toma também o nível em que os salários se devem situar, distinguindo preço nominal de trabalho (quantidade de dinheiro que o trabalhador aufere) de preço real de trabalho (quantidade de bens necessários ao conforto e vida em prol desse mesmo trabalho), para defender de seguida um salário real elevado, por alguns motivos: os trabalhadores são uma parte considerável da população; os trabalhadores são responsáveis pela produção e os trabalhadores devem receber um salário que estimule a produtividade.
O escocês adiante ainda duas ordens de razões para a diferença salarial, a saber: razões associadas às circunstâncias diferentes e inerentes à condição de trabalho (físicas, por exemplo) e razões que derivam de políticas adotadas, restritivas de liberdades de circulação dos trabalhadores.
Marx- sebenta
A teoria do estado estacionário, em Ricardo. Diagnóstico e terapêutica
Segundo a visão (talvez pessimista de Ricardo) perante o aumento da população ativa seria necessário cultivar terras casa vez menos férteis (princípio da população), isso conduziria a um aumento do preço do trigo (bens alimentares) e a uma consequente subida dos salários nominais (para que os salários reais continuassem a assegurar o mínimo de subsistência), sendo então inevitável a diminuição da taxa de lucro, pois perante a subida dos custos (salários e rendas), não subiria o produto das vendas.
Tudo isto leva Ricardo a desenvolver a tese de que essa tendência transformaria a economia capitalista, de progressiva a estacionária, resultando a estagnação, necessariamente, da quebra do nível de investimento provocada pela diminuição das taxas de lucro (da situação só aproveitaria a classe ‘ociosa’ dos proprietários de terras, cujas rendas subiram). Ricardo aponta para o perigo de emergência do estado estacionário. Apesar de fazer esta constatação podemos verificar um lado “otimista” na teoria do estado estacionário de Ricardo que não acredita em crises de sobreprodução (seguindo a Lei de Say). Segundo ele, a “terapêutica” para este problema era a simples atuação das leis naturais (intangíveis e com as quais nenhum poder deverá ou poderá interferir), o próprio livre-cambismo asseguraria o desenvolvimento, na crença de que o sistema de liberdade natural e na aceitação da justiça realizada pela mão invisível.
A lei de Say e as críticas de Malthus, Marx e Keynes à mesma.
Segundo a lei de Say “toda a oferta cria a sua própria procura”. Defende que os preços formam-se no mercado de forma absolutamente concorrencial, quem produz vende sempre ao preço mais alto compatível com o escoamento da produção, quem vende está disposto a subir os preços quando a procura aumenta e está também disposto a baixa-los quando vê a procura diminuir e necessita escoar o seu produto, não existe qualquer armazenamento de produção. Segundo Say a moeda é um simples intermediário das trocas e quem vende, compra, não há retenção de moeda em saldos líquidos. Não há aforro nem entesouramento.
Parece impossível a existência de crises tanto sobreprodução, não há mercadorias em estoque porque os preços são flexíveis e não há retenção de moeda, a procura varia nos termos em que a oferta a determina. Say apenas admite crises de sobreprodução transitórias: quando se verifica uma situação de desequilíbrio, o mecanismo dos preços tende a restaurar o equilíbrio.
Contrariando a tese de Say surgem Malthus, Marx e Keynes.
Malthus vem afirmando que são perfeitamente possíveis as crises de sobreprodução, que devem-se não a insuficiência do capital mas ao seu excesso relativamente aos mercados existentes. Através do princípio da população Malthus põe em relevo a necessidade de um aumento prévio da procura para que, em economia capitalista, se assegure o aumento da produção, contrariando a tese de que “toda a oferta cria a sua própria procura”, e sustentando que a oferta depende, portanto, da intensidade da procura e da existência de uma procura efetiva (solvável). Malthus põe também em evidência a tendência para o subconsumo presente nas classes não assalariadas, elas não gastam todos os seus rendimentos, aforram uma parte porventura excessiva, o que era inconcebível na perspetiva de Say, em que todo o aforro é investido. Malthus critica, portanto, a visão harmoniosa e irreal da tese de Say.
Fatores de que depende a formação dos salários, segundo Smith.
O produto gerado pelo trabalho reconstituiria a sua recompensa natural. Porém, dado o “status quo”, não se consegue manter isto a partir do momento em que se verificam a apropriação de terras e a acumulação de capital; com isto, recebem um salário, que é condicionado por diversos fatores:
Fatores sociais, políticos e institucionais (tendo em especial atenção o caráter antagonista da relação empresário / trabalhador);
O estado da economia (com particular interesse na relação entre a oferta e a procura de trabalho, numa economia progressiva ou numa economia estacionária);
Fatores demográficos (com destaque para a formulação daquela a que Lassale viria a chamar “lei de bronze dos salários” – as leis naturais de evolução da população explicam como o salário corrente vinha a coincidir com o mínimo necessário à manutenção dos trabalhadores).
Adam Smith toma também o nível em que os salários se devem situar: para isso, distingue preço nominal de trabalho (a quantidade de dinheiro que o trabalhador aufere) de preço real de trabalho (a quantidade de bens necessários ao conforto e vida dados em prol desse mesmo trabalho), para defender de seguida um salário real elevado, por alguns motivos: os trabalhadores são uma parte considerável da população; os trabalhadores são os responsáveis pela produção; os trabalhadores receberão eles próprios um salário que estimule a produtividade.
O escocês adiante ainda duas ordens de razões para a diferença salarial, a saber:
1) Razões associadas a circunstâncias diferentes e inerentes à condição de trabalho (físicas, de segurança e confiança, relativas à facilidade de aprendizagem);
2) Razões que derivam de políticas adotadas, restritivas de liberdades de circulação dos trabalhadores.
O caráter conflitual das sociedades capitalistas, em Ricardo e em Marx.
Tópicos de resposta: Teoria da distribuição do rendimento de Ricardo + Teoria das classes de Marx.
Malthus: da crítica das “leis dos pobres” ao princípio da população”.
O advento do maquinismo e o consequente desenvolvimento da indústria capitalista foram acompanhados pela aglomeração, nos centros urbanos, de grandes massas de trabalhadores, miseráveis, atraídos pelos salários industriais e vítimas das faltas de condições das cidades para albergarem toda essa gente.
Com o excesso de mão-de-obra disponível, viria a baixa dos preços, o desemprego nas épocas de sobreprodução, a miséria cada vez mais acentuada e a revolta.
Perante tal situação, projetaram-se na Inglaterra as leis dos pobres, ampliando o esquema de assistência, projeto que Malthus suporta no início.
Neste contexto, foi publicado em Inglaterra, em 1973 a obra de William Godwin – “Ensaio sobre a justiça política e a sua influência sobre a moralidade e a felicidade” – no qual Godwin adota uma atitude otimista baseado nas largas possibilidades assistentes de aumentar as subsistências e na superioridade da razão sobre os sentidos – o que levaria os homens a não aumentar desmedidamente o seu número. Foi esta obra que levou Malthus a rever a sua posição inicial de apoio à política de assistência aos pobres. Assim, a contestação das conclusões de Godwin conduzi-lo-iam ao enunciado do princípio da população.
Princípio da população – Malthus diz que a população duplicaria todos os 25 anos, segundo uma proporção geométrica enquanto as subsistências aumentariam apenas segundo uma proporção aritmética, e daí que os alimentos não cheguem para todos os que nascem, sucumbindo à miséria os que não podem ser alimentados.
Então, a questão que se coloca para Malthus é a de saber se, para além da implacável Lei da Natureza, não haveria outros meios de limitar o desenvolvimento da população.
Pondo de lado os meios que se traduziam no aumento da mortalidade (fome, epidemias, guerras…) restavam os meios de redução da natalidade, e de entre estes Malthus negou a eficácia à regulamentação legislativa da idade dos casamentos e rejeitou todas as formas artificiais de controlo da natalidade aqui transparece o postular individualista que informa a construção Malthusiana, em que o indivíduo deve ser livre de agir, mas também estimulado à ação pela ameaça que sobre ele fazem pesar as forças que não domina.
Enuncie e fundamente a lei de Say e desenvolva as críticas de Malthus, Marx e Keyne à mesma lei. Partindo de uma leitura das “causas da riqueza das nações” de Smith, poderá afirmar-se que este autor admitiria a validade da lei de Say?
Resposta: Sim. Tópicos de resposta: Causa da riqueza das nações + otimismo de Smith; Lei de Say; Críticas de Malthus, Marx e Keynes a Say.
Causa da riqueza das nações (Smith)
De acordo com Smith, a riqueza das nações consiste no suprimento anual de bens
materiais de produção ou consumo que essa nação consegue produzir. Esta riqueza só se expande se for gerada no processo produtivo e consiste no suprimento anual de bens materiais que uma nação pode produzir. A causa principal da riqueza das nações reside no trabalho produtivo. A produção anual é, sem dúvida, resultante do trabalho produtivo. Conclui-se que a maior riqueza de uma nação não depende da proporção de trabalhadores ocupados em trabalho útil, mas sim da produtividade desses mesmos trabalhadores. Smith encara os fatores de produtividade do trabalho e conclui que a produtividade depende da divisão do trabalho, da especialização de trabalhadores.
A especialização de trabalhadores poderá ser interna (dentro do mesmo processo produtivo) ou externa (divisão de trabalhadores por processo produtivo, na totalidade das fases). Ambas as situações relevam a visão smithiana.
A especialização interna é relevante para o aumento da produtividade. Advém de três pontos o benefício referido: aumento da destreza de cada trabalhador especializado; a poupança de tempo, já que não se muda de tarefa para tarefa; a potenciação da invenção de máquinas que substituirão o homem em certas tarefas.
A especialização externa explica ganhos de produtividade associados à propensão para a troca; permite ao trabalhador especializado deter tudo aquilo que não produz.
Temos aqui que a especialização possibilita o crescimento económico – o trabalhador produz numa medida que ultrapassa o seu consumo – aqui, está articulada com a Teoria do Comércio Internacional de Smith, já que o comércio externo alarga portas ao crescimento económico.
Ao nível da acumulação de capital, a riqueza gera-se com o aumento de trabalho produtivo e este gera-se com o aumento de trabalhadores produtivos e com o respetivo aumento da sua produtividade. Isto é alcançável com mais capital, que servirá para contratar mais ou desenvolver e adquirir mais maquinaria.
Os sujeitos só podem, diz Smith, abdicar de produzir tudo o que precisam se existir uma garantia de que poderão obter o que não produzem pela troca; para que se dediquem a essa produção especializada têm que ter acumulado um stock de bens que lhes assegure a subsistência, bem como as condições necessárias à produção. O que aqui está subjacente é uma continuação do pensamento fisiocrático, acerca do capital como “avances”. A acumulação de capital é o aforro de parte da riqueza gerada para constituir um stock de riqueza acumulada. A acumulação de capitais, tem-se, depende da poupança.
Entenda-se que a especialização tem limites: o grau alcançável da especialização depende da possibilidade de trocar um produto por outros que o sujeito precisa e não produz, assim como da possibilidade de escoar grandes quantidades do seu produto, em cuja produção se especializou. Quanto mais alargado for o mercado, maior é a possibilidade de troca, pelo que o comércio externo assume um papel extremamente favorável ao crescimento económico, na medida em que possibilita a expansão da divisão do trabalho; possibilita uma divisão do trabalho ao nível internacional. Smith defende que cada país se deve especializar naquilo que produz em menor custo que qualquer outro país. Tornar-se-á mais produtivo q deverá comprar aos outros países aquilo que, por sua vez, estes se tenham especializado em produzir esta é a Teoria da Vantagem Absoluta de Smith. Entende-se que o comércio internacional poderá trazer vantagens para todos, já que todos ganham, havendo assim um jogo de soma positiva, ao contrário do que sucedia no mercantilismo; também, diferentemente do mercantilismo, rejeita-se aqui a pressuposição de que se consegue exportar mais do que importar e, em boa verdade, isto pouco importa: o necessário é que se constitua como mais barato importar do que produzir no país, para que os resultados produtivos da nação se voltem para as atividades em que o país é mais produtivo.