Gestação Flashcards
Porque devemos intervir antes de haver uma gravidez?
-A suscetibilidade para o desenvolvimento de DCNT é pré determinada numa fase precoce co ciclo de vida
-A alimentação e estilo de vida antes de engravidar influenciam a saúde e crescimento do feto
-Tem benefícios a longo prazo para reserva biológica e resiliência metabólica
Qual o período pré conceciponal?
-3 meses antes da concepção
-Desde o momento em que um casal fértil decide tentar engravidar
-No ano antecedente ao início da gravidez
Saúde pré concepção da mulher
Suplementar com Ac. fólico
Avaliar IMC e estado nutricional
Comorbilidades
Saúde pré concepção do Homem
Deficiência de zinco: ↓ contagem e qualidade dos espermatozóides
Reduzir ingestão de bebidas alcoólicas
Mulher malnutrida: desnutrida, excesso de peso
Maior risco de complicações materno-fetais:
* Pré eclâmpsia e HTA
* Diabetes gestacional
* Prematuridade
* Macrossomia (peso à nascença > 4000 g)
* Malformações congénitas
* Morte fetal
* Baixo peso ao nascer
* Insucesso no aleitamento materno
* Mortalidade materna
Intervenção nutricional no período preconcecional
-Melhoria da fisiologia, metabolismo, composição corporal e estado nutricional maternos
-Melhoria de vários indicadores de saúde durante a gravidez e da saúde e qualidade de vida a longo prazo
-Prevenção de doenças crónicas não transmissíveis com etiologia nos hábitos alimentares
Recomendações de aumento de peso
Se IMC era:
<18,5 aumento de 12,5-18Kg (0,5 por semana)
18,5-24,9 aumento de 11,5-16Kg (0,4 por semana)
25-29,9 aumento de 7-11,5Kg (0,3 por semana)
>30 aumento de 5-9Kg (0,2 por semana)
O aumento passa a ser mais significativo no 2º e 3º trimestre
Adotar, até 3 anos antes da gravidez, um padrão alimentar caracterizado por um consumo adequado de fruta, vegetais, leguminosas, frutos oleaginosos e de peixe, e um consumo baixo de carne vermelha e processada
Reduz risco de DMG, HTA e parto pré termo.
Alimentação e nutrição no período de preconceção
-Que proporcione o alcance ou a manutenção de um peso/IMC adequado
-Equilibrada no fornecimento de energia, macro e micronutrientes
-Que corrija deficiências de micronutrientes, se existentes (ferro, vitamina A, iodo,
zinco, cálcio, vitamina D)
Idade gestacional cronológica
A partir da data da última menstruação (a confirmar depois na ecografia do 1º Trimestre, entre as 11-13 semanas e 6 dias)
Ganho de peso na gestação
± 50% do ganho de peso é atribuído diretamente à unidade fetoplacentária: feto + placenta + líquido amniótico + útero
25% deve-se ao aumento do volume sanguíneo, volume extravascular e tecido mamário.
O restante ganho de peso é resultante das alterações metabólicas que ocorrem para
aumentar o acúmulo materno de água, gordura e proteína celular.
Necessidades nutricionais na gestação - energia
Metabolismo basal aumenta para suprimir as necessidades metabólicas e garantir crescimento fetal.
Aumenta 15-20% a partir do 2/3º trismestre
Entre 10-30 sem.: há síntese de novo tecido (feto, placenta e líquido amniótico) e o tecido existente cresce (útero, mama e tecido adiposo materno), justificando o aumento significativo das necessidades energéticas.
Necessidades nutricionais na gestação - proteína
É necessário um aporte proteico adicional para a síntese de tecidos maternos e fetais, especialmente no 3º trimestre
1ºT - +1g/dia
2ºT - + 9g/dia
3ºT - +28g/dia
Necessidades nutricionais na gestação - água
Ingestão adicional de 260 mL de água no 2o trimestre. Devido ao aumento de peso e de ingestão energética
Necessidades nutricionais na gestação - Glícidos
Não existem recomendações específicas para a mulher grávida, mantendo-se o intervalo de referência de 45-60% das NET.
Priorizar os glícidos complexos.
Fibra- 25g/dia
Necessidades nutricionais na gestação - Lípidos
Devem fornecer 20-35% das NET.
Mais relevante a composição:
-ácidos gordos
-teor de ácidos gordos polinsaturados n-3 de cadeia longa - ácido docosahexaenóico (DHA) e ácido eicosapentaenóico (EPA). Fundamentais para o desenvolvimento do sistema nervoso central e da retina do feto.
As concentrações séricas de DHA maternas estão associadas ao desenvolvimento neuronal e plasticidade, fluidez membranar e sinalização celular mediada por recetores. Estes ácidos gordos apresentam, ainda, impacto na modulação da inflamação.
Recomendações para a mulher grávida - lípidos
-Ácido linoleico 4% das NET
-Ácido α-linolénico 0,5% das NET
-DHA 100 - 200 mg/dia
Necessidades nutricionais na gestação - Micronutrientes
Na gravidez aumentam as necessidades de:
- ácido fólico
-vitamina C
-vitamina B12
-ferro
-iodo
-cobre
-zinco;
Ácido fólico
Suplementação 400-800 μg/dia, especialmente no período periconcecional e nas primeiras 4 semanas de gestação.
Importante na síntese de:
-ADN
-Neurotransmissores
-Metabolismo de aminoácidos
-Síntese proteica
-Multiplicação celular.
Deve ser suplementado na gravidez de modo a suportar a eritropoiese e o crescimento placentário e fetal.
Baixos níveis de Ácido fólico
-Aborto
-Baixo peso ao nascimento
-Parto prematuro.
A deficiência materna de ácido fólico está associada:
-Aumento da incidência de malformações congénitas
-Defeitos do tubo neural, incluindo anencefalia e espinha bífida e, possivelmente, lábio leporino e malformações cardíacas congénitas.
Alimentos ricos em ácido fólico
Flocos ou farelo de trigo integral
Feijão frade
Agrião cru
Flocos de milho
Espargos
Couves de bruxelas cozidas
Beterraba crua
Couve lombarda
Tremoços cozidos
Favas cozidas
Ferro
Importante
-Função como cofator na síntese de hemoglobina e mioglobina
-No transporte de oxigénio
-Na regulação genética
-No desenvolvimento neuronal
-No metabolismo de neurotransmissores
-No correto funcionamento de diferentes enzimas.
Para além das necessidades acrescidas do feto, a grávida tem um aumento no volume plasmático de cerca de 50% e no volume de eritrócitos de 20- 30%.
Baixos níveis de Ferro
Pode comprometer:
-Transporte de oxigénio ao feto, e consequentemente o seu desenvolvimento
-Associado ao aumento do risco cardiovascular na vida adulta.
A deficiência materna de ferro está associada:
-Baixo peso ao nascimento
-Prematuridade
-Mortalidade perinatal
-Perturbações no desenvolvimento neuronal.
Alimentos ricos em ferro
Farelo de trigo
Flocos de trigo integral
Cajus
Sardinha conserva em azeite
Frango cozido
Tremoços cozidos
Carne de vaca assada
Absorção do ferro
Absorção de ferro heme (animal) é superior ao ferro não heme (vegetal).
Os fitatos e os compostos fenólicos inibem a absorção de ferro e o consumo de vitamina C potencia a sua absorção.
Iodo
Suplementação na forma de iodeto de potássio 150 a 200 μg/dia desde o período da preconceção, até ao aleitamento materno exclusivo, com exceção das mulheres com patologia da tiroide – nas quais a suplementação está contraindicada.
Essencial para:
-Síntese de hormonas tiroideias que >50%
Baixos níveis de Iodo
Associada:
-Hipotiroidismo pós-parto
-Mortalidade perinatal
-Malformações congénitas
-Hipotiroidismo neonatal
-Comprometimento do desenvolvimento neuro-cognitivo fetal.
Vitamina C défice
Associado a parto prematuro. Não é recomendada a suplementação conjunta com vit E pela toxicidade fetal
Cálcio défice
-Osteopenia
-Parestesias
-Cãibras musculares
-Aumento do risco de pré-eclampsia e de restrição do crescimento intrauterino.
Zinco défice
Compromete:
Desenvolvimento fetal, cerebral e função imunológica
-Risco de aborto
-Restrição de crescimento intrauterino
-Pré- eclâmpsia
-Parto pré termo
-Hemorragia intraparto
Magnésio défice
Associado:
- Desfechos adversos mais tarde no ciclo de vida como raquitismo, asma, esclerose múltipla, distúrbios neurológicos e doenças autoimunes.
Interfere com o risco de pré- eclampsia e diabetes gestacional.
Cobre deficiência
Altera o desenvolvimento embrionário e pode ser teratogénica.
Selénio
Antioxidante importante na fertilidade
Défice:
-Aborto
-Pré-eclampsia
-Restrição do crescimento intra-uterino
-Intolerância à glicose
-Alterações no perfil lipidico
-Comprometimento no desenvolvimento cognitivo e psicomotor
Segurança alimentar na gravidez
Durante a gravidez ocorre a diminuição da capacidade da resposta imunológica, aumentando a suscetibilidade da mulher a determinados microrganismos patogénicos. Algumas bactérias e parasitas podem atravessar a placenta e provocar infeções ou serem tóxicos para o feto uma vez que o seu sistema imunológico está em desenvolvimento e não é capaz de combater as infeções.
Segurança alimentar na gravidez - patologia
Bactéria Listeria monocytogenes
Algumas espécies de Salmonella
O parasita Toxoplasma gondii
A infeção por Campylobacter, que, mesmo que assintomática, pode provocar consequências graves no decorrer da gravidez ou no feto, tais como aborto espontâneo, nados-mortos ou complicações perinatais.
Consumo de pescado na gravidez
Evitar atum fresco, peixe-espada, maruca, cherne, espadarte, cação e a tintureira.
Gestão nutricional de sintomas
Náuseas e vómitos
- mais comuns da gravidez, afetando 70-80% das grávidas.
- Ocorrem sobretudo em mulheres jovens, primíparas, não fumadoras e obesas.
- São resultado de fatores fisiológicos, psicológicos, genéticos e culturais
geralmente no início da gravidez.
- Podem ocorrer a qualquer hora do dia.
- Por norma os sintomas são leves a moderados na primeira metade da gravidez.
Hiperemese gravídica:
condição caracterizada por náuseas e vómitos intensos e persistentes, causando desidratação, desequilíbrio eletrolítico e perda de peso. Afeta 1-2% das grávidas.
Nauseas e vómitos: recomendações dietéticas:
- Fazer pequenas refeições em ambiente arejado, com intervalos de 2 horas;
- Restringir os alimentos com odores fortes e consumi-los em pequenas quantidades;
- Optar por alimentos secos como bolachas de água e sal, pão torrado;
- Preferir fontes proteicas de origem animal com baixo teor de gordura e
confecionadas de forma simples (ex. frango assado/grelhado, ovos cozidos,…); - Evitar o consumo de alimentos muito condimentados e com elevador teor de
gordura; - Evitar café, chá preto/verde e chocolate;
- Manter uma adequada ingestão hídrica, de acordo com a tolerância individual
(~2,3 L/dia).
Azia na gestação
-Surge habitualmente no final da gravidez devido ao espaço que o feto ocupa na cavidade abdominal, exercendo pressão sobre o esfíncter esofágico.
-É causada pelo refluxo de ácido gástrico do estômago para o esófago e pode originar uma sensação ardor no peito.
-Está associada às alterações dos níveis hormonais que podem afetar os músculos do trato gastrointestinal e a tolerância a determinados alimentos.
Azia na gestação, recomendações dietéticas:
-Comer em pequena quantidade, várias vezes ao longo do dia; Evitar refeições volumosas sobretudo à noite;
-Evitar a ingestão de líquidos à refeição.
Obstipação na gestação
-Ocorre em cerca de 35-40 % das grávidas
-Os suplementos de ferro podem provocar ou agravar a obstipação.
Recomendações dietéticas:
-Garantir uma ingestão hídrica adequada;
-Aumentar a ingestão de alimentos ricos em fibra (pão integral, arroz integral, cereais integrais, hortícolas e fruta).
Pica
Desejo por produtos não alimentares, como gelo, terra, grafite, papel higiénico, sabão em pó… Pode ser perigosa se levar à ingestão de certos compostos como metais pesados, derivados do plástico, pesticidas.