Febre Reumática Flashcards
Qual a origem da febre reumática?
- sequela da infecção de orofaringe pelo estreptococo beta-hemolítico do grupo A
- em 3-4% das crianças ou adolescentes entre 3 e 18 anos
- acometidas por faringo-amigdalite e sem o tratamento correto
- fatores genéticos
Cite alguns fatores que contribuem para o aparecimento da febre reumática
- Estações frias
- aglomerações, escolas, creches e orfanatos - Fatores ambientais
- condições socioeconômicas, alimentação inadequada, carência no atendimento em saúde - Fatores genéticos
- suscetibilidade familiar, sem diferença na distribuição por sexo
- coreia (mais frequente no sexo feminino)
Por que a febre reumática ocorre após uma infecção estreptocócica e quais são os mecanismos imunológicos envolvidos?
- a base imunológica da febre reumática é a reação cruzada autoimune após uma infecção pelo Streptococcus pyogenes
- Mecanismo da febre reumática
- infecção estreptocócica faríngea
-o estreptococo tem várias proteínas na sua superfície, sendo a proteína M a mais imunogênica
- o sistema imunológico produz anticorpos contra essa proteína para combater a infecção - Reação cruzada (Mimetismo molecular)
- a proteína M do estreptococo tem semelhança estrutural com proteínas do tecido humano, como: miosina cardíaca; tropomiosina; queratina; vimentina; laminina; proteínas da válvula mitral
- as crianças desencadeiam uma resposta imune exacerbada contra a bactéria
- como resultado, e por mimetismo celular mediado por anticorpos e linfócitos T, os anticorpos produzidos contra o estreptococo podem atacar erroneamente esses tecidos humanos - Consequências da resposta autoimune
- coração: cardite reumática (pode levar à valvopatia mitral crônica)
- articulações: artrite migratória
- sistema nervoso: coreia de Sydenham
- pele: nódulos subcutâneos e eritema marginado
- esse processo explica por que a febre reumática ocorre semanas após uma faringoamigdalite estreptocócica mal tratada
Qual o tipo de reposta imune está envolvida na febre reumática?
- resposta imune celular Th1 (linfócitos T): cardite grave
- resposta imune humoral Th2 (anticorpos): Coreia e artrite
Existe algum sinal/sintoma/lesão patognomônico da febre reumatoide?
Sim, do nódulos de Aschoff, encontrados no miocárdio
- são agregados de células semelhantes a macrófagos e monócitos, que surgem devido à resposta inflamatória autoimune
- exercem a função de células apresentadoras de antígeno para as células T
- caracterizados por degeneração fibrinóide do colágeno, levando a valvopatia reumática, principalmente estenose mitral
Como é o quadro clínico do paciente com febre reumática?
- Infecção da orofaringe pelo estreptococo
- Acometimento do coração (cardite), das articulações (poliartrite), do SNC, dos vasos sanguíneos (eritema), tecido subcutâneo (nódulos)
- os sinais surgem cerca de 3 semana após a infecção
Outros sintomas:
- epistaxe
- febre
- pleurite
- pneumonia
- dor abdominal
- taquicardia persistente
- palidez ou anemia
- perda de peso
- fadiga
Como é feito o diagnóstico de FR?
- o diagnóstico é clínico!
- evidência prévia de infecção pelo streptococo beta-hemolítico do grupo A
- 2 critérios menores OU critério maior + 2 menores + evidência de estreptococcia prévia
1. Manifestações maiores
- cardite
- poliartrite
- coreia
- eritema marginado
-nódulos subcutâneos
2. Manifestações menores
Achados clínicos:
- artralgia
- febre
Achados laboratoriais:
- VHS alto
- proteína C reativa
- aumento do intervalo PR no ECG.
Evidência de infecção prévia pelo estreptocococo beta hemolítico do grupo A: cultura positiva de orofaringe, elevação do anticorpo ASLO
Explique como a resposta imune celular está associada a cardites graves na FR
- menos sintomas e sinais na fase aguda (dificulta a profilaxia secundária)
- pior prognóstico quanto à sequela valvar
- os linfócitos T helper 1 (Th1) ativam macrófagos e outras células inflamatórias, promovendo uma resposta inflamatória intensa e prolongada
- no coração, isso leva à formação dos nódulos de Aschoff e à destruição tecidual, resultando em pancardite reumática (inflamação do pericárdio, miocárdio e endocárdio)
- essa inflamação persistente pode causar fibrose valvar, levando a estenose mitral como sequela
Explique como a resposta imune humoral está associada a Coreia e artrite na FR.
- mais sintomas e sinais na fase aguda
- melhor prognóstico
- lesões cardíacas leves
- permitem profilaxia secundária devido ao reconhecimento do quadro
- os linfócitos T helper 2 (Th2) estimulam a produção de anticorpos pelos plasmócitos
- na artrite, os anticorpos formam complexos imunes que ativam o complemento, causando inflamação transitória e reversível nas articulações
- na coreia de Sydenham, os anticorpos reagem de forma cruzada com os gânglios da base no cérebro, afetando a função motora e causando movimentos involuntários
Caracterize a artrite na FR
- a artrite ocorre em 75% dos casos de FR
- quanto mais artrite, menos cardite
- poliartrite de grandes articulações
- mais prevalente em MMII - migratória
- assimétrica
- muita dor e limitação funcional
- pouco edema
- Resposta rápida a AINES (como aspirina)
- quadro autolimitado (máximo de 4 semanas)
Caracterize a cardite na FR
- quadro variável grave e silencioso
- taquicardia desproporcional à febre
- sopros: IM, IAo, sopro de Carey-Coombs, sopro diastólico, parecido com EM
- insuficiência cardíaca
- miocardite e/ou valvulite
- pericardite (incomum): dor precordial, atrito
- pode ser subclínica: pior; não apresenta sinais ou sintomas evidentes na avaliação física
ou sintomas evidentes na avaliação clínica
O que é o sopro de Carey Coombs
- sopro diastólico (mesodiastólico)
- mais audível em FM
- diferença da estenose mitral: não tem estalido de abertura e é transitório (a valvulite da FR não causa fibrose imediata)
Quais é a principal sequela da FR?
- acometimento da válvula mitral (a manifestação clínica pode ocorrer muitos anos após)
- Insuficiência mitral importante: mais comum
- estenose mitral: latência de 15 a 40 anos; FR é a principal causa
Caracterize a Coreia de Sydenham
- manifestação tardia (após 3 meses) autolimitada (normalmente após 3 a 6 meses, podendo durar até 2 anos)
- normalmente não deixa sequelas neurológicas permanentes
- inflamação dos núcleos da base
- mais frequente no sexo feminino
- rara após os 20 nos deidade
- aumentado esforços e tensão emocional
- desaparece durante o sono
- fraqueza muscular e labilidade emocional
- incoordenação motora
- hipotonia
Quais exames laboratoriais auxiliam no diagnóstico de FR junto com o exame físico?
1. Comprovação prévia de infecção pelo estreptococo beta-hemolítico
- cultura da orofaringe (padrão ouro)
- teste rápido
- substâncias antigênicas do estreptococo
- anticorpos: ASLO, anti-hialuronidase, antidesoxirribonucleases (anti-DNAse), antiestreptocinase
2. Alterações sorológicos de fase aguda comum a várias infecções
- reações de fase aguda (inespecíficas): VHS, PCR, mucoproteínas, eletroforese de proteínas
3. Outros exames
- raio x de tórax
- eletrocardiograma
- ecocardiograma
Caracterize os nódulos subcutâneos da FR
- duros e indolores
- móveis
- até 2cm
- isolados ou em grupos
- nas superfícies das articulações: joelhos, face extensora dos MMSS, região occipital, proeminências ósseas
- desaparecem em semanas (regridem com o tratamento da FR)
- geralmente estão associados à cardite grave
Caracterize o eritema marginado na FR
- raro (< 3%)
- manchas circinadas (em forma de anel)
- máculas ósseo-avermelhadas, com centro claro
- contornos arredondados e irregulares
- não pruriginoso
- no tórax, abdome, dorso e antebraço (não tem na face)
- associado à cardite
O que é o ASLO?
- exame que detecta anticorpos contra a estreptolisina O do estreptococo
- a mais utilizada
- início da elevação em 1 a 2 semanas, poucas vezes permanece elevada prolongadamente (até mais de 1 ano)
- resultado normal: até 200 UI/ml para adultos e até 150 UI/mL para crianças
- na FR: ASLO = 333 U Todd (U/mL) em crianças
O que pode ser observado no raio x de tórax de um paciente com FR?
- cardiomegalia
- congestão pulmonar
O que pode ser observado no eletrocardiograma de tórax de um paciente com FR?
- intervalo PR aumentado
- taquicardia sinusial
- distúrbios de condução
- alterações ST-T
- baixa voltagem (amplitudes reduzidas das ondas)
O que pode ser observado no ecocardiograma de tórax de um paciente com FR?
- insuficiência mitral importante
- insuficiência aórtica
- alterações morfológicas valvares ou cavitárias
- nódulos valvares
- função ventricular
Qual o tratamento para a FR?
- Erradicar o estreptococo (profilaxia primária)
- injeção única de penicilina G-benzatina no início do quadro infeccioso (fase aguda) IM (intramuscular)
< 25 kg: 600.00 UI IM, dose única
> 25 kg: 1.200.000 UI IM, dose única
Obs.: se o paciente já tiver FR, a penicilina deve ser administrada regularmente por um período, com o intuito de evitar um novo surto (profilaxia secundária) - Eliminar o processo inflamatório
- Reduzir a agressão (coração, SNC, articulações)
- Aliviar os sintomas principais