FARMACOLOGIA DOS BLOQUEADORES NEUROMUSCULAR Flashcards

1
Q

Por qual mecanismo os bloqueadores neuromusculares não despolarizantes atuam nos AChRs?

A

Todos os RMNDs dificultam ou bloqueiam a neurotransmissão, impedindo
competitivamente a ligação da acetilcolina a subunidade alfa do AChR do músculo, o que significa que é dependente da concentração e da afinidade do BNM pelo receptor.

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2
Q

O que é a tubocurarina?

A

Protótipo de uma relaxante não despolarizante

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3
Q

Qual a relação dos inibidores da colinesterase e reversores por encapsulação com ciclodextrina têm quando utilizadas altas doses de BNMND?

A

Após grandes doses de RMNDs, inibidores da colinesterase podem ser
ineficazes até que a concentração do relaxante na área perijuncional
diminua a um nível mais baixo, seja por redistribuição ou por
eliminação do fármaco.

Contrapondo-se à reversão realizada com
inibidor de colinesterase, a encapsulação por ciclodextrina ocorre em
qualquer concentração de um relaxante muscular à base de esteroides,
como vecurônio ou rocurônio, e a reversão por este novo mecanismo
pode, por conseguinte, ser alcançada em qualquer nível de bloqueio
neuromuscular, contanto que seja utilizada uma quantidade de
ciclodextrina (sugamadex) grande o suficiente

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4
Q

Como se da o mecanismo de acomodação dos BNM despolarizantes?

A

O músculo inicialmente se contrai mas esta situação situação
não persiste porque a membrana muscular extrajuncional (membrana eletricamente excitável) se acomoda à contínua despolarização da placa motora.

A acomodação ocorre porque dois tipos de membranas estão justapostas no músculo: membrana juncional (quimioexcitável — receptores) e membrana extrajuncional (eletricamente excitável — canais iônicos).

O sistema é feito de tal forma que o portão tempo dependente só se abre quando
o voltagem dependente se fechar.

Assim, enquanto a placa motora mantém um potencial de placa (ação da
succinilcolina, por exemplo) a membrana extrajuncionalmantém um estado de acomodação impossibilitando a formação de novo potencial de ação, portanto nova contração
muscular.

Como uma descarga de acetilcolina do nervo não pode
ultrapassar os canais de sódio inativados na zona perijuncional, a
transmissão neuromuscular é bloqueada. Este fenômeno também é
chamado de acomodação.

Durante a acomodação, quando a sinapse não é excitável através do nervo (transmissor), a estimulação elétrica direta do músculo provoca uma contração muscular porque os canais de sódio fora da área juncional encontram-se em estado de repouso excitável.

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5
Q

Como é feita a molécula de acetilcolina?

A

Estruturalmente, a succinilcolina é muito semelhante ao ligante natural acetilcolina e é
constituída por duas moléculas de acetilcolina ligadas entre si por
meio da estrutura central.

Assim, não é surpreendente que a
succinilcolina possa mimetizar os efeitos da acetilcolina.

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6
Q

Qual a diferença da ação da acetilcolina para os BNM despolarizantes?

A

Estes agonistas, de modo semelhante à acetilcolina, ligam-se apenas
brevemente; cada abertura de canal apresenta duração muito curta,
aproximadamente 1 milissegundo ou menos. Porém, a resposta à
acetilcolina é finalizada em milissegundos, devido à sua rápida
degradação pela acetilcolinesterase, e a placa terminal retorna ao seu
estado de repouso muito antes de outro impulso nervoso chegar.

Os relaxantes despolarizantes possuem caracteristicamente uma ação bifásica no músculo – contração inicial, seguida por relaxamento com duração de alguns minutos a horas. Como eles não são suscetíveis à hidrólise pela acetilcolinesterase, os relaxantes despolarizantes só são eliminados da fenda juncional após
serem eliminados do plasma. O tempo necessário para a eliminação
da succinilcolina do corpo é o principal determinante de quanto
tempo o efeito durará.

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7
Q

Como funciona o mecanismo de ação dos canais de sódio na transmissão do impulso neuromuscular?

A

- O canal de sódio está em estado de repouso, o portão
inferior (denominado portão de inativação ou portão dependente do
tempo
) está aberto, mas o portão superior (denominado portão
dependente de voltagem) está fechado e os íons de sódio não podem
passar.

- Quando ocorre a despolarização da membrana adjacente, o portão
superior abre-se e permanece aberto enquanto a molécula estiver recebendo a influência da despolarização da membrana em torno dela, ele não fechará até a despolarização desaparecer; uma vez que o portão inferior (dependente do
tempo) ainda está aberto, o sódio flui através do canal.

3º - No entanto, logo após o portão dependente de voltagem se abrir, o portão
inferior fecha-se e novamente interrompe o fluxo iônico.

Este portão não pode abrir-se novamente até que o portão dependente de
voltagem esteja fechado. Quando a despolarização da placa terminal é
interrompida, o portão dependente de voltagem fecha-se, o portão
dependente do tempo abre-se e o canal de sódio retorna ao seu estado
de repouso.

Todo esse processo apresenta curta duração quando a despolarização ocorre com a acetilcolina

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8
Q

Como funciona o mecanismo de ação dos BNM despolarizantes?

A

A resposta inicial de um relaxante muscular despolarizante assemelha-se à da acetilcolina, mas como o relaxante muscular não é rapidamente hidrolisado, a
despolarização da placa terminal não é breve.

1º - Inicialmente faz com que o portão de voltagem abra os
canais de sódio adjacentes, produzindo, desse modo, uma onda de
despolarização
que se propaga ao longo do músculo e produz uma
contração muscular.

2º - Pouco tempo após o portão dependente de
voltagem se abrir, fecha-se o portão dependente do tempo
. Uma vez
que o relaxante não é removido da fenda, a placa terminal continua a
ser despolarizada.

3º - Como os canais de sódio imediatamente adjacentes
à placa terminal são influenciados pela despolarização da placa
terminal, seus portões dependentes de voltagem permanecem abertos
e seus portões de inativação ficam fechados. Dado que o sódio não
pode fluir através de um canal que apresenta um portão de inativação
fechado, a membrana muscular perijuncional não se despolariza.

4º - Quando o fluxo de íons através dos canais de sódio na zona
perijuncional se interrompe devido a um fechamento dos portões de
inativação
, os canais que se encontram mais afastados (fora da zona
perijuncional) ficam livres da influência despolarizante. Com efeito, a
zona perijuncional torna-se um isolante que protege o resto do
músculo de eventos produzidos na placa terminal.

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9
Q

Como é separada as zonas da membrana muscular?

A

(1) a placa terminal, que é despolarizada pela succinilcolina;

(2) a membrana muscular perijuncional, na qual os canais de sódio
permanecem em um estado inativado; e

(3) o resto da membrana muscular, na qual os canais de sódio permanecem em estado de repouso.

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10
Q

Como ocorre o efluxo de potássio com a utilização de succinilcolina em regiões inervadas e denervadas?

A

No músculo inervado, a SCh administrada
sistemicamente atinge toda a membrana muscular, mas
despolariza apenas os receptores juncionais (α1, β1, δ/ɛ)
porque os receptores de acetilcolina (AChRs) estão
localizados somente nesta área.

Com a desnervação, o núcleo muscular expressa AChRs imaturos extrajuncionais (α1, β1, δ/γ), assim como AChRs nicotínicos α7 ao longo de
toda membrana muscular.
SCh sistêmica, contrapondo-se à
acetilcolina liberada localmente, pode despolarizar todos os
AChRs suprarregulados, o que leva a um grande efluxo de K+
intracelular para a circulação, resultando em
hiperpotassemia
. A colina, metabólito da SCh, e
possivelmente a succinilmonocolina podem manter esta
despolarização através dos AChRs nicotínicos α7, o que
aumenta a liberação de K+ e mantém a hiperpotassemia

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11
Q

Do que é formada a molécula de succinilcolina?

A

Relação estrutural da succinilcolina, um
bloqueador neuromuscular despolarizante, com a acetilcolina.

A succinilcolina consiste em duas moléculas de acetilcolina
ligada por grupos acetato de metila
. Como a acetilcolina, a
succinilcolina estimula receptores nicotínicos na junção
neuromuscular.

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12
Q

Qual a DE95% da succinilcolina e qual a dose que ocasiona a supressão completa da resposta neuromuscular?

A

0.51 a 0.63 mg/kg e 1 mg/kg respectivamente

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13
Q

Qual o tempo de recuperação do bloqueio neuromuscular com succinilcolina em pacientes que apresentam butirilcolinesterase genotipicamente normal?

A

Nos pacientes com butirilcolinesterase (também conhecida como colinesterase plasmática ou pseudocolinesterase) genotipicamente normal, a recuperação de
90% da força muscular após a administração de 1 mg/kg de
succinilcolina exige 9 a 13 minutos

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14
Q

Como ocorre o mecanismo de ação da butirilcolinesterase?

A

A butirilcolinesterase tem grande capacidade enzimática para hidrolisar
a succinilcolina, e somente 10% do fármaco administrado chega à
junção neuromuscular.

Como pouca ou nenhuma butirilcolinesterase está presente na
junção neuromuscular, o bloqueio neuromuscular da succinilcolina é
encerrado por sua difusão para longe da junção neuromuscular para a
circulação. A butirilcolinesterase, portanto, influencia o início e a
duração de ação da succinilcolina controlando a velocidade em que o
fármaco é hidrolisado antes de chegar à junção neuromuscular e
depois que a deixa.

A butirilcolinesterase é sintetizada pelo fígado e encontrada no
plasma. O bloqueio neuromuscular induzido pela succinilcolina é
prolongado quando a concentração ou a atividade da enzima diminui.

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15
Q

Quais os locais de ação da succinil colina no coração que podem levar a arritmias?

A

O fármaco estimula os receptores autônomos colinérgicos
nos gânglios simpáticos e parassimpático e os receptores
muscarínicos no nó sinusal do coração
. Em baixas doses, podem
ocorrer respostas inotrópicas e cronotrópicas negativas

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16
Q

Quanto de K+ pode aumentar com a admnistração de sucinilcolina em um paciente saudável de maneira geral?

A

0.5 mEq/L

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17
Q

Além da pressão intraocular aumentada (PIO) com o uso de succinilcolina, qual outra pressão pode aumentar?

A

Pressão intragástrica (PIG). O aumento da PIG pela succinilcolina pareceu
estar relacionado com a intensidade das fasciculações dos músculos
esqueléticos abdominais.

A succinilcolina tem o potencial para aumentar a pressão
intracraniana.68 Os mecanismos e a significância clínica desse
aumento transitório são desconhecidos.

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18
Q

Qual a interação entre anticolinesterásicos e succinilcolina?

A

A neostigmina e a piridostigmina inibem a butirilcolinesterase, bem
como a acetilcolinesterase.
Se a succinilcolina for administrada depois
do antagonismo do bloqueio neuromuscular residual, como pode
ocorrer com o laringospasmo, o efeito da succinilcolina será
pronunciado e significativamente prolongado.

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19
Q

Quais são as duas classes de BNM não despolarizantes?

A

Benzilisoquinolínicos (Atracúrio, Cisatracúrio, Mivacúrio) e Esteroidais (Rocurônio, Pancurônio e Vecurônio)

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20
Q

O que é a reação de Hofmann?

A

Em uma reação de eliminação de Hofmann, um grupo quaternário de amônio é
convertido em uma amina terciária por meio da clivagem de uma
ligação entre carbono e nitrogênio
. Essa é uma reação dependente do
pH e da temperatura na qual o pH e a temperatura mais altos
favorecem a eliminação.

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21
Q

O que o aumento da ligação proteica está relacionado com o volume de distribuição dos BNM?

A

Teoricamente, o aumento da ligação protéica
aumenta o volume de distribuição dos
BNM, reduzindo a quantidade de droga livre
no receptor.

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22
Q

Qual BNM apresenta maior grau de ligação proteica?

A

Atracúrio - 82%

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23
Q

Onde ocorre o metabolismo dos BNMs?

A

O metabolismo dos BNM ocorre primariamente
no fígado
mas, algumas vezes, vias extra-
hepáticas, enzimáticas e químicas estão
envolvidas.

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24
Q

Como se da o metabolismo do Pancurônio e do Vecurônio?

A

O pancurônio e o vecurônio sofrem deacetilação
no fígado transformando em metabólitos
3-hidroxi (3-hidroxi pancurônio e 3-hidroxi
vecurônio
) que demonstram propriedades bloqueadoras
neuromusculares.

Estes metabólitos
podem se acumular na insuficiência renal durante
administração prolongada em terapia intensiva.

25
Q

Como é a metabolização do atracúrio?

A

1) eliminação espontânea de Hoffman,

2) hidrólise enzimática por esterases não específicas,

3) eliminação em órgãos, particularmenteo fígado

4) via alternativa não enzimática vinculada
à substituição nucleofílica.

Os metabólitos
primários produzidos, laudanosina e
pentametildiacrilato
, são inativos na JNM. A laudanosina,
em grandes doses determina convulsões
epiletiformes em cães.

26
Q

Como se da o metabolismo da succinilcolina?

A

É hidrolisada pela pseudocolinesterase (butilcolinesterase)
em succinilmonocolina a qual é
metabolizada para ácido succínico e colina

27
Q

O que ocorre em indivíduos que apresentam pseudocolinesterase atípica?

A

Atividade anormal da butilcolinesterase plasmática
pode prolongar a ação da succinilcolina com
destruição deficiente nos pacientes heterozigotos
ou destruição praticamente nula nos homozigotos.
Menos de 2% da população apresenta
estas anormalidades que resultam em aumento
da duração da succinilcolina.

28
Q

Qual outro BNM também pode ter seu efeito prolongado na presença de pseudocolinesterase atípica?

A

O mivacúrio por
sofrer metabolização pela pseudocolinesterase,
como a succinilcolina, tem sua duração prolongada
nas mesmas situações já citadas.

29
Q

Como se da o metabolismo dos anticolinesterásicos?

A

O fígado é o principal local de metabolismo
da neostigmina, da pirodostigmina e do edofrônio.

O metabólito da neostigmina é 8
a 10 vezes menos potente que a neostigmina,
enquanto que os da piridostigmina e do edofrônio
são inativos.

Doenças hepáticas alteram a farmacocinética
dos BNM e dos anticolinesterásicos prolongando
seus efeitos
. A atividade da peseudocolinesterase
também diminui na doença hepática, contudo a
duração do bloqueio pela succinilcolina é apenas
levemente prolongada.

30
Q

Como se da a eliminação dos anticolinesterásicos e dos BNM?

A

A excreção renal é a via primária de eliminação
da galamina (> 95%), alcurônio (80%),
pipecurônio (64%), pancurônio e doxacúrio
(60%).
A excreção do vecurônio livre ou de seus
metabólitos é fundamentalmente por via biliar.
O vecurônio, assim como o rocurônio não são
afetados por insuficiência hepática de grau leve
ou moderado, entretanto ocorre aumento na
duração de ação deste agentes na insuficiência
hepática grave.

Estudos farmacocinéticos em pacientes com
insuficiência renal demonstram diminuição na
depuração sem alteração no volume de distribuição
para os BNM de longa duração
(galamina,
d tubocurarina, metocurina, alcurônio e
pancurônio)

31
Q

Quais BNM são de principal escolha em pacientes hepatopatas graves?

A

O atracúrio e o cisatracúrio são os BNM de
primeira escolha em pacientes com cirrose ou
colestase hepáticas. A diminuição dos níveis
plasmáticos da pseudocolinesterase na doença
hepática crônica aumenta a duração do bloqueio
promovido pela succinilcolina e pelo mivacúrio.

32
Q

Na obesidade, como devem ser admnistrados os BNM ?

A

Como regra de ordem prática, os BNM
aminoesteróides (pancurônio, vecurônio, rocurônio)
devem ser administrados considerando
o peso ideal do paciente enquanto que os
benzilissoquinolínicos (atracúrio, mivacúrio e
cisatracúrio), o peso real

33
Q

Qual a relação dos BNM na cesárea?

A

Os BNM atravessam a placenta proporcionalmente
à dose administrada (suxametônio
33%, galamina 30%, pancurônio 22%, tubocurarina
12%, vecurônio 11%, alcurônio 10%, atracúrio
7%). Os BNM, em doses habituais durante
uma cesárea, dificilmente resultam em paralisia
muscular no recém-nato
. Entretanto, o uso repetido
de BNM em parturiente, em UTI, pode determinar
um feto flácido ao nascimento

34
Q

Qual a relação do grandes queimados com os uso dos BNM?

A

Nas lesões que envolvem mais de 30% da superfície corporal, há proliferação
de receptores extrajuncionais tanto nas regiões queimadas como nas não queimadas
com conseqüente alteração da resposta aos BNM.

Há aumento da sensibilidade à succinilcolina
com grande risco de hipercalemia
entre
o 3º e 28º dia após queimadura. Este risco permanece
alto por seis meses. O tratamento prévio
com BNM adespolarizante não previne a
hipercalemia. Quanto aos BNM adespolarizantes,
estes pacientes exibem diminuição da sensibilidade
proporcional à extensão da lesão

35
Q

Qual a relação entre os BNM e a Miastenia Gravis e na Síndrome miastênica de Lambert-Eaton?

A

Na Miastenia Gravis ocorre destruição dos receptores colinérgicos
pré-sinápticos e pós-sinápticos. Os pacientes
apresentam resistência aos BNM
despolarizantes e sensibilidade aumentada aos
adespolarizantes
. Doses de 0,1-0,2mg/kg de
atracúrio ou 0,02-0,04mg/kg de vecurônio são
adequadas

Na síndrome miastênica o defeito é nos canais de cálcio pré-sinápticos
com conseqüente diminuição na liberação
de acetilcolina. O tamanho do quantum de acetilcolina,
o número de receptor pós-sináptico e
a sensibilidade do receptor colinérgico estão
normais. Os pacientes apresentam aumento de
sensibilidade tanto aos BNM despolarizantes
como aos adespolarizantes

36
Q

Qual a relação entre liberação de histamina e bloqueio vagal com os BNM?

A

Como regra geral os BNM esteróides (pancurônio,
pipecurônio, rocurônio) promovem bloqueio vagal
. OsBNM benzilissoquinolínicos
(atracúrio, mivacúrio, doxacúrio) liberam histamina.

37
Q

Qual o BNM com ação mais rápida e mais rapidamente metabolizado?

A

Succinilcolina

38
Q

Após uma dose de 0.07 mg/kg de vecurônio, qual musculatura ocorre recuperação mais precoce: laringe ou adutor do polegar?

A

Laringe

39
Q

Qual BNM entrou em desuso por causar importante broncoespasmo?

A

A afinidade do composto rapacurônio para bloquear os receptores
M2 é 15 vezes mais alta do que sua afinidade para bloquear os
receptores M3. Isso explica a alta incidência (> 9%) de
broncospasmo grave visto com esse fármaco e que resultou em
sua retirada do mercado.

40
Q

Qual a relação da interação entre o uso de BNM despolarizantes e não despolarizantes associados?

A

A interação entre succinilcolina de DBNMs não despolarizantes
depende da ordem de administração e das doses usadas.

Pequenas doses de diferentes DBNMs não despolarizantes
administradas antes da succinilcolina para prevenir fasciculações têm
um efeito antagonista sobre o desenvolvimento do subsequente
bloqueio despolarizante produzido pela succinilcolina

Portanto, não se recomenda que a dose de succinilcolina seja aumentada depois
da administração de uma dose desfasciculante de um BNM não
despolarizante.

Os estudos dos efeitos de administrar succinilcolina antes de
BNMs não despolarizantes têm produzido resultados conflitantes.
Vários investigadores relataram potencialização dos efeitos do
pancurônio, do vecurônio e do atracúrio pela administração
prévia de succinilcolina.

41
Q

Qual a relação dos anestésicos inalatórios e BNMs?

A

Os anestésicos inalatórios também potencializam os
efeitos do bloqueio neuromuscular de DBNMs não despolarizantes.
Os anestésicos inalatórios diminuem a dose necessária de BNMs,
bem como prolongam a duração da ação do bloqueador e a
recuperação do bloqueio neuromuscular

42
Q

Qual a ordem de substâncias potencializadoras dos BNM durante a anestesia?

A

desflurano > sevoflurano > isoflurano > halotano > óxido nitrosobarbitúrico-
opioides ou propofol

43
Q

Quais antibióticos apresentam ação de bloqueio neuromuscular?

A

Os antibióticos aminoglicosídeos, as
polimixinas, a lincomicina e a clindamicina
inibem primariamente a
liberação pré-juncional de acetilcolina e também deprimem a
sensibilidade do RnACh pós-juncional à acetilcolina.

As tetraciclinas, diferentemente, exibem apenas atividade pós-juncional.
Quando associados aos DBNMs, os antibióticos mencionados podem
potencializar o bloqueio neuromuscular.

44
Q

Por que não se deve usar cálcio para apressar a recuperação da função neuromuscular?

A

Não se deve usar Ca2+ para apressar a recuperação da função neuromuscular por
duas razões: o antagonismo que produz não é mantido e pode
impedir o efeito antibacteriano dos antibióticos.

45
Q

Qual a relação da temperatura e o bloqueio neuromuscular?

A

A hipotermia prolonga a duração da ação dos BNMs não
despolarizantes.

46
Q

Qual a relação do lítio com o bloqueio neuromuscular?

A

Por meio de sua ativação dos canais de K+, o lítio inibe a
transmissão neuromuscular de maneira pré-sináptica e a contração
muscular de modo pós-sináptico.

A associação de lítio e pipecurônio resulta em inibição sinérgica da transmissão
neuromuscular, enquanto a associação de lítio e succinilcolina resulta
em inibição aditiva.

Relatou-se prolongamento do bloqueio
neuromuscular em pacientes que estavam tomando carbonato de lítio
e DBNMs despolarizantes e não despolarizantes

47
Q

Qual a relação de anticonvulsivantes com os BNMs?

A

Os anticonvulsivantes têm ação depressora na liberação da
acetilcolina na junção neuromuscular
. Os pacientes que estão sob
terapia com anticonvulsivantes por longo prazo demonstraram
resistência aos BNMs não despolarizantes (exceto o mivacúrio e
provavelmente também o atracúrio), conforme evidenciado pela
recuperação acelerada do bloqueio neuromuscular e necessidade de
aumento das doses para obter um bloqueio neuromuscular completo.

48
Q

Qual a relação de doses de BNM não despolarizantes em crianças comparado com adultos?

A

Existem diferenças significativas da potência dos BNMs não
despolarizantes relacionadas com a idade em lactentes e crianças em
comparação com os adultos.

As crianças precisam de doses mais altas
de BNMs não despolarizantes do que qualquer outro grupo etário
de pacientes.
Nos lactentes com menos de 1 ano de idade, a DE95 no
adutor do polegar é aproximadamente 30% menor do que nas crianças
com mais idade.

Recém-nascidos e lactentes são mais sensíveis
do que os adultos aos efeitos de bloqueio neuromuscular.

As concentrações plasmáticas necessárias para obter um nível
desejado de bloqueio neuromuscular são 57% e 32% mais baixas em
recém-nascidos e lactentes, respectivamente, em comparação com as
crianças.
No entanto, a dose não deve ser tão diminuída porque os
recém-nascidos e os lactentes têm um volume de distribuição maior

Esse aumento do volume de
distribuição decorre do aumento do volume do líquido extracelular
durante os primeiros meses de vida. Esse aumento, juntamente com
um curso de eliminação mais baixo, contribui para uma meia-vida de
eliminação mais longa

49
Q

Qual a relação das metilxantinas (Aminofilina, teofilina) com os BNM?

A

Iinibem a fosfodiesterase na terminação nervosa
motora elevando os níveis de AMP cíclico
com conseqüente aumento da quantidade de Ach
liberada. Há antagonismo aos BNM adespolarizantes
e potencialização da succinilcolina

50
Q

Qual a importância da atenção à reversão do BNM em pacientes pediátricos?

A

Os neonatos são os mais vulneráveis aos efeitos de uma reversão inadequada do bloqueio neuromuscular porque apresentam meia-vida de eliminação dos
BNM mais prolongada, imaturidade da função neuromuscular, presença de pouca fibras tipo I na musculatura ventilatória e volume de fechamento próximo ao volume corrente.

51
Q

Qual a dose de reversão de BNM em paciente pediátricos é segura?

A

A dose necessária de anticolinesterásicos é similar entre os lactentes e crianças mas difere do adulto. Nos pacientes pediátricos, a necessidade de neostigmina é menor e a do edrofônio é maior do que nos adultos.

Quando aparece resposta à contração isolada, 0,01mg/kg de atropina
e 0,02mg/kg de neostigmina são suficientes para uma reversão segura.

52
Q

O que deve ser observado nos lactentes como sinais clínicos sugestivos de recuperação do BNM?

A

Nos lactentes, os sinais clínicos de recuperação do bloqueio neuromuscular são menos
evidentes que no adulto. Deve ser observado se o tônus muscular, a profundidade da respiração, a intensidade do choro recuperaram-se ao nível pré-operatório. Um bom sinal clínico é a capacidade de fletir os braços e elevar as pernas com força suficiente para elevar o pé da mesa cirúrgica

53
Q

Como sabemos, a hipotermia prolonga o efeito dos BNMs. Acima de qual temperatura é necessário para que seja realizada a extubação de forma segura?

A

35ºC

54
Q

Qual a DE95 do pancurônio?

A

0,07 mg/kg

55
Q

Qual a DE95 do rocurônio?

A

0.3 mg/kg

56
Q

Qual a DE95% do cisatracúrio?

A

0,05 mg/kg

57
Q

Qual a DE95 do atracúrio?

A

0,2 mg/kg

58
Q

Quais considerações anestésicas devemos ter na Miastenia Gravis?

A
  1. Aumento da sensibilidade aos BNMs não despolarizantes
  2. O monitoramento da transmissão neuromuscular é obrigatório
  3. A dose desses BNMs deverá ser cuidadosamente titulada, com a administração de pequenos incrementos correspondendo a 0,1 a 0,2 vez a dose efetiva a 90% (ED95) até se atingir o efeito desejado.
  4. A succinilcolina, por outro lado, sempre precisa ser administrada em doses maiores que o normal (ED95 2,6 vezes o paciente sem MG) por causa do número reduzido de receptores de acetilcolina funcionais
  5. A dessensibilização rápida dos receptores de placas terminais miastênicas à succinilcolina —> Possível bloqueio de fase II
59
Q

Quais considerações anestésicas devemos ter na Síndrome Miastênica de Lamber-Eaton?

A
  1. Sua fraqueza também melhora após um breve exercício, mas pode piorar com a atividade física sustentada. A melhora da função muscular com o exercício se deve ao acúmulo de cálcio pré-sináptico e à melhora subsequente da liberação de
    acetilcolina
  2. Disfunção autonômica e sintomas colinérgicos, incluindo secura da boca e lacrimejamento prejudicado, podem estar presentes.
  3. A sensibilidade aos BNMs despolarizantes e não despolarizantes aumenta, e a resposta às anticolinesterases é insuficiente.
  4. A disfunção autonômica pode estar associada à resposta exagerada aos vasodilatadores e às drogas de indução anestésicas.
  5. O monitoramento estrito da transmissão neuromuscular é importante, e, em pacientes cujo conjunto de quatro respostas (train-of-four) é insuficiente, o monitoramento da estimulação tetânica e a facilitação pós-tetânica deverão ser
    considerados