DIARREIA AGUDA - Classificação e epidemiologia Flashcards

1
Q

O que é diarreia aguda?

A

Diarreia aguda é definida por aumento do número de evacuações ou diminuição da consistência de fezes, sendo necessário um mínimo de três evacuações diárias segundo a definição da Organização Mundial da Saúde ou um claro aumento em relação ao número usual de evacuações de um determinado paciente.

Algumas definições de diarreia utilizam o peso das fezes, considerando o volume fecal maior que 200 a 250 g ao dia como compatível com quadro de diarreia, mas esta definição é pouco útil na prática.

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Q

Como a diarreia pode ser classificada(AGUDA E PROLONGADA)?

A

Os pacientes que procuram o departamento de emergência com queixa de diarreia quase que invariavelmente referem alteração da consistência das fezes, não mostrando muita atenção à queixa quando ocorre o aumento de evacuações isoladamente.

O espectro da diarreia aguda inclui:

Diarreia aguda: até 7 dias de sintomas.

Diarreia prolongada: entre 7 e 13 dias.

Pacientes com diarreia por períodos maiores que 2 semanas apresentam a chamada diarreia persistente; já períodos maiores que 4 a 8 semanas definem diarreia crônica.

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3
Q

Qual a epidemiologia da diarreia aguda?

A

Nos Estados Unidos ocorrem cerca de 500.000 hospitalizações ao ano e até 5.000 mortes relacionadas ao diagnóstico de diarreia.

Em 90% dos casos a diarreia aguda apresenta uma causa infecciosa e a ingestão de água e alimentos contaminados com microrganismos patogênicos é a principal fonte de transmissão da doença. No caso de diarreia aguda não infecciosa, é notável a ausência de sintomas constitucionais.

Mais de 80% dos casos são autolimitados, porém as diarreias agudas infecciosas ainda representam uma das cinco principais causas de mortalidade mundial, principalmente considerando os casos que ocorrem em países de poucos recursos.

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4
Q

Quais são as principais etiologia da diarreia aguda?

A

As diarreias agudas têm múltiplos mecanismos e etiologias. Em cerca de 90% dos casos, a etiologia é infecciosa. Entre as causas não infecciosas, destacam-se o uso de medicações com substâncias osmóticas e síndromes de má absorção (raramente causam diarreia aguda). Deve-se lembrar ainda das doenças inflamatórias intestinais, que usualmente cursam com diarreia crônica, mas podem ter apresentação aguda. A Tabela 1 cita as principais etiologias da diarreia aguda.

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5
Q

Como as diarreias podem ser divididas por causas etiológicas?

A

As diarreias associadas a toxinas ocorrem por aumento da secreção da mucosa intestinal, estimulada pelos produtos bacterianos. A diarreia nesses casos costuma ser precoce, podendo ocorrer poucos minutos após a ingestão. Assim, a instalação abrupta de quadro diarreico, de minutos até 6 horas após a ingesta suspeita, sugere toxinas pré-formadas como causa mais provável, sendo S. aureus e Bacillus cereus as etiologias mais comuns.

Entre as causas virais, após a instituição da vacinação para o rotavírus, os norovírus passaram a ser a principal causa de diarreia, podendo cursar com quadro hiperagudo de vômitos, com diarreia aparecendo horas depois, o que ajuda a diferenciar das diarreias mediadas por toxinas.

As diarreias que ocorrem entre 8 e 16 horas após a ingestão alimentar sugerem quadros virais ou por Clostridium perfringens e os quadros que aparecem em tempo maior sugerem infecções virais e principalmente bacterianas.

Uma evolução com sintomas sistêmicos incluindo rigidez de nuca é sugestiva de listeriose, lembrando que gestantes que fizeram consumo de leite não pasteurizado apresentam possibilidade 20 vezes maior de desenvolver infecção por listeria.

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6
Q

Além da divisão por agente etiológico, as diarreias podem ainda ser divididas conforme características e local anatomicamente provável.

A

De acordo com as características:

Diarreia inflamatória: caracterizada por evacuações frequentes**, usualmente de menor volume, com presença de produtos patógenos nas fezes, **como muco, pus ou sangue. Febre é frequente, com temperaturas em torno de 38,5°C, toxemia, dor abdominal intensa e tenesmo. As fezes apresentam uma grande quantidade de leucócitos e de sangue quando avaliadas em exame coprológico. As causas mais frequentes são bactérias enteroinvasivas.

Diarreia não inflamatória: fezes em grande volume e aquosas, usualmente se produtos patógenos; pode ter febre baixa. Causada principalmente por infecções virais.

De acordo com a localização:

Alta: proveniente do intestino delgado; os episódios diarreicos são mais volumosos. Causa síndrome disabsortiva associada com esteatorreia. Cursa com diarreia não inflamatória.

Baixa: evacuações em pouca quantidade, frequentes, associadas a tenesmo e urgência fecal. Associada principalmente a colites, quase sempre inflamatórias.

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7
Q

Quais são as manifestações clínicas da diarreia aguda de acordo com sua etiologia

A

Quadros virais em seu estágio inicial são associados a náuseas e vômitos proeminentes antes do aparecimento de diarreia. Outro sintoma frequente nesses pacientes é epigastralgia. O agente etiológico mais importante de gastroenterite infecciosa viral são os norovírus, anteriormente denominados vírus Norwalk. As infecções por esse agente são mais frequentes no inverno, com transmissão via alimentar e pessoa-pessoa e taxa de ataque alta acima de 50%. Em geral, os pacientes apresentam resolução completa dos sintomas em 3 dias. Os norovírus costumam acometer crianças com mais de 4 anos de idade e adultos jovens.

Os rotavírus são outra causa de diarreia por vírus, podendo causar quadro semelhante ao dos norovírus, mas por vezes mais proeminente. Tipicamente se disseminam em meses de inverno e em crianças de 4 meses a 4 anos de idade. A maioria dos adultos infectados é assintomática ou pouco sintomática e sintomas dispépticos associados são frequentes.

Os pacientes devem ser avaliados em relação às medicações que fazem uso, doenças associadas e se possível deve-se avaliar se familiares ou colegas de trabalho também apresentam sintomas similares. Pode-se verificar a história alimentar recente do paciente para poder identificar potencial fonte de contaminação (alimentos mal cozidos, restaurantes com pior higiene).

Outra possibilidade diagnóstica é a de diarreia associada ao uso de antibióticos, que pode evoluir ou não com enterocolite. Os principais antibióticos descritos como causadores desse tipo de diarreia são a clindamicina, cefalosporinas e amoxacilina/clavulanato. Quando não é causada pelo Clostridium difficile, costuma ser um quadro leve e autolimitado, ocorrendo durante ou imediatamente após o curso de antibioticoterapia. Nesses pacientes o uso de probióticos poderia ter algum benefício, embora ainda sem evidência para podermos fazer uma recomendação formal.

Colite pseudomembranosa, causada por Clostridium difficile, constitui a principal causa de colite infecciosa em pacientes hospitalizados, mas apenas 10 a 20% dos casos de diarreia associada a antibióticos. A transmissão dessa infecção nosocomial ocorre por meio das mãos de funcionários ou entre os próprios pacientes_. A doença só ocorre após a administração de antibióticos, que levam à redução da flora intestinal normal, possibilitando a proliferação do C. difficile. Estes passam a produzir toxinas citopáticas que, quando em quantidade suficiente, causam a denominada colite pseudomembranosa_. Em geral ocorre precocemente após o uso de antibióticos, mas é descrita até 6 meses após seu uso. A diarreia pode ser aquosa ou sanguinolenta e costuma vir acompanhada de dores abdominais e febre. Leucócitos e eritrócitos nas fezes são positivos.

Outra causa de diarreia que merece comentários adicionais é a cólera, causada pelo Vibrio cholerae, que dificilmente ocorre fora de regiões epidêmicas em países subdesenvolvidos. A diarreia é causada por uma enterotoxina que ativa a adenilatociclase intestinal, que aumenta a produção de AMP-cíclico. A cólera pode causar uma diarreia explosiva e fatal, que permanece mesmo após parada de ingestão alimentar com perda de volume de 1 L por hora, podendo evoluir com morte em 3 horas. O uso de antibióticos, como ciprofloxacina por 2 a 3 dias, e a hidratação melhoram o prognóstico dos pacientes com sobrevida na maioria dos casos.

A giardíase em geral aparece com quadro crônico, mas ocasionalmente pode apresentar-se como quadro agudo ou subagudo. A quase totalidade dos casos é transmitida por água contaminada. Sintomas como perda de peso e dor abdominal são frequentes, mas febre é incomum e a diarreia não costuma ser inflamatória. O diagnóstico pode ser feito por exame protoparasitológico de fezes ou sorologia; e metronidazol 500 mg EV a cada 8 horas por 5 a 7 dias é o tratamento de escolha. A amebíase pode também cursar com diarreia persistente e frequentemente associada a diarreia sanguinolenta; complicações raras da amebíase incluem abscessos hepáticos e outras metástases a distância da infecção amebiana.

As manifestações são dependentes da etiologia específica da diarreia. A Tabela 2 cita os achados clínicos nas diferentes etiologias de diarreia aguda. A Tabela 3 associa os principais achados com etiologias potenciais de diarreia.

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8
Q

Como é a dirreia causada por rotavírus?

A
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9
Q

Como é a dirreia causada por salmonelose?

A
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10
Q

Como é a dirreia causada por shigelose?

A
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11
Q

Como é a dirreia causada por yersinia

A
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12
Q

No exame físico, o que se deve investigar em caso de diarreia aguda?

A

No exame físico deve-se procurar sinais de sepse, hipotensão ou desidratação e a propedêutica abdominal pode mostrar se existe defesa abdominal sugestiva de peritonismo.

A presença de febre, tenesmo e sangue nas fezes caracteriza uma diarreia inflamatória e aumenta a preocupação com o paciente, levando a consideração de terapia antibiótica. Algumas causas de diarreia com sangue podem piorar sua evolução com antibiótico; o exemplo clássico é a Escherichia coli êntero-hemorrágica, que cursa com diarreia sanguinolenta, mas geralmente sem febre e sobretudo sem tenesmo (dor à evacuação). Outra característica desse tipo de diarreia é a ausência de leucócitos fecais. Quando, nesses pacientes, se faz uso de antibióticos ou agentes que diminuem a motilidade, como a loperamida, observa-se aumento da chance de complicações, como a púrpura trombocitopênica trombótica e síndrome hemolítico-urêmica.

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13
Q

O tempo de instalação de diarreia pode sugerir a etiologia:

A

Em até 6 horas: toxina pré-formada S. aureus e Bacillus cereus.

8-16 horas: vírus e Clostridium perfringens.

Mais de 16 horas: infecções virais e bacterianas.

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