COMPILAÇÃO Flashcards

1
Q

Leishmaniose

A

Agente etiológico: Leishmania infantum No novo mundo Leishmania chagasi, Leishmania peruviana, Leishmania braziliensis.

Epidemiologia: endémica em Portugal, com o cão como principal reservatório. Outros animais como cavalos, roedores e gatos podem ser infetados.
* Transmitido por inoculação de formas promastigotas por picadas de fêmeas de flebótomos (Phlebotomus spp.) no velho mundo e Lutzomyia no novo mundo, que habitam locais húmidos e sombrios, geralmente com musgos e material em putrefação. Vetor mais prevalente nos meses quentes. Têm atividade noturna.
* Também pode haver transmissão por contacto direto, transfusão sanguínea, “in utero” e venérea.

Microbiota: células do sistema macrofágico-fagocitário, principalmente na pele (leishmaniose cutânea, focinho, orelhas abdómen), linfonodos, medula óssea, baço e fígado (leishmaniose visceral).

Sinais clínicos e lesões: pode ter manifestação cutânea, visceral mas normalmente é mista.
* Dermatites não pruriginosas, com descamação de placas com grandes dimensões, ulceração no bordo auricular, nariz e ponta da cauda, hiperqueratose das almofadas plantares e palmares, onicogrifose (crescimento exagerado das unhas), alopecia.
* Emaciação e caquéxia súbita, com envelhecimento.
* Epistáxis (devido a vasculite e trombocitopatia).
* Linfadenomegalia, esplenomegalia.
* Resposta exagerada do sistema imune e consequências devido a deposição de complexos imune como glomerulonefrites, opacidade ocular (olho azul), artrites e claudicações, vasculites, miocardites.
* Hepatite granulomatosa que pode culminar em cirrose.
* Anemia não regenerativa e mucosas pálidas.
* Gastroenterites.
* Febre em fases iniciais.

Diagnóstico: teste rápido de imunoprecipitação ou outros métodos serológicos (imunofluorescência indireta, ELISA)
* Observação de formas amastigotas e/ou promastigotas em raspagens cutâneas, esfregaços de medula óssea ou de linfonodos coradas com Giemsa.
* PCR

Tratamento: antimoniato de meglumina SC, miltefosina PO (leishmanicidas) e alopurinol (leishmaniostático, tem ação mais longa e é administrado mais a longo prazo).

Profilaxia: vacina, prevenção da picada por flebótomos (coleira, “spot-on” com inseticidas, repelentes)
* Eutanásia de cães doentes que não possam ser tratados
* Domperidona

Importância na saúde pública: é zoonótico, normalmente não é grave em humanos mas pode causar doença em crianças e imunodeprimidos (ex SIDA).
* Cão é o principal reservatório, o que é importante pela proximidade entre cães e humanos.

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2
Q

Cistoisosporose

A

Agente etiológico: Cystoisospora canis, Cystoisospora felis, Cystoisospora rivolta

Epidemiologia: mais prevalente em jovens e imunodeprimidos
* Fatores de risco incluem stress e más condições higiénicas
* Transmissão fecal-oral por ingestão de oocistos esporulados (ciclo de vida direto), ou de hospedeiros paraténicos.

Microbiota: enterócitos (intestino delgado)

Sinais clínicos e lesões: enterite, diarreia, perda de peso, desidratação

Diagnóstico: observação de oocistos por métodos de flutuação

Tratamento: toltrazuril, amprólio, sulfadimetoxina + trimetoprim

Profilaxia: higiene e desinfeção, despistar e tratar portadores sãos, controlar hospedeiros paraténicos, quarentena de novos animais introduzidos.

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3
Q

Toxocarose

A

Agente etiológico: Toxocara canis, Toxocara cati

Epidemiologia: endoparasitas mais frequentes em cães e gatos. Mais frequente nos jovens. Cadelas são o principal reservatório.
* Infeção por ingestão de ovos com L2 do meio telúrico (ciclo de vida direto), ingestão de hospedeiros paraténicos com formas larvares enquistadas, via galactogénica ou via transplacentária (só nos cães).
* Na ingestão de hospedeiros paraténicos não há qualquer migração e formam-se formas adultas no intestino.
* Nos jovens há migração entero-hepato-pneumo-entérica e formam-se formas adultas no intestino.
* Nos adultos há migração somática e enquistamento das formas larvares no músculo.
* Nas fêmeas em cio ou gestantes, as formas larvares desenquistam e sofrem migração EHPE, migração transmamária e migração transplacentária.

Microbiota: adultos no intestino delgado
* Formas larvares fazem migrações entero-hepato-pneumo-entérica e migrações somáticas.

Sinais clínicos e lesões: enterite, diarreia ou coprostase, caquéxia (por ação expoliadora), distensão abdominal.
* Obstrução e perfuração intestinal que leva a peritonite.
* Pneumonia, tosse, corrimento nasal (migração larvar pelo pulmão)

Diagnóstico: observação microscópica de ovos nas fezes através de métodos de flutuação.
* Observação de formas adultas nas fezes.
* Eosinofilia (migração larvar)

Tratamento: piperazina, ivermectina, fenbendazol, pamoato de pirantel
* Moxidectina atua nas formas hipobióticas na cadela.

Profilaxia: desparasitação da fêmea após o cio (moxidectina), higiene

Importância na saúde pública: zoonótico, larva migrans visceral e ocular.

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4
Q

Ancilostomatidose

A

Agente etiológico: Ancylostoma caninum, Ancylostoma tubaeforme, Uncinaria stenocephala

Epidemiologia: transmissão por ingestão de L3, ingestão de hospedeiro paraténico, via percutânea, via galactogénica ou via placentária.
* No caso de infeção por via percutânea (mais comum) o parasita faz migrações pulmonares e pode enquistar nos músculos.

Microbiota: forma adulta ou quistos no intestino delgado
* Formas larvares fazem migrações na pele e pulmão e podem enquistar nos músculos.

Sinais clínicos e lesões: enterite, diarreia
* Lesões cutâneas com ulcerações e prurido
* Anemia hemorrágica (hematófago)

Diagnóstico: observação microscópica de ovos nas fezes
* Hematócrito

Tratamento: ivermectina, fenbendazol, pamoato de pirantel

Profilaxia: higiene, anti-helmínticos como profilaxia

Importância na saúde pública: zoonótico, causa larva migrans cutânea

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5
Q

Sarna sarcóptica

A

Agente etiológico: Sarcoptes scabiei

Epidemiologia: transmissão direta, altamente contagioso e zoonótico, com transmissão possível para várias espécies animais (eurixeno)

Microbiota: pápula na pele com orifício de entrada que permanece aberto.

Sinais clínicos e lesões: dermatite altamente pruriginosa em todas as fases, lesões locais depois generalizadas (alopécia, eritema, pápulas, pústulas, crostas, hiperqueratose), dermatite pio-traumática devido ao prurido.

Diagnóstico: observação de ácaros em raspagens cutâneas

Tratamento: benzoato de benzil (local) e ivermectina (sistémico).

Profilaxia: evitar sobrepopulação; higiene e limpeza; tratar todos os cães afetados e evitar contacto com animais doentes.

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6
Q

Sarna demodécica

A

Agente etiológico: Demodex canis

Epidemiologia: altamente estenoxeno, transmissão direta de cães infetados para cães imunossuprimidos (jovens, stress, corticoterapia, citostáticos).
* A transmissão normalmente ocorre durante a amamentação.
* Maioria dos cães são portadores sem sinais clínicos.
* Tem componente hereditária (mais frequente em cães de raça pura).

Microbiota: unidades pilosebáceas

Sinais clínicos e lesões: inicialmente zonas redondas de alopécia seca localizada não pruriginosa, que pode evoluir para descamação e generalizar. Em casos mais graves evolui para piodemodicose, com infeção bacteriana secundária dos folículos e formação de pústulas com pús cor de vinho, e passa a ser pruriginoso.
* Pode haver entrada passiva do ácaro na circulação sanguínea com libertação de toxinas.
* Lesões incluem pápulas, eritemas, abcessos, hiperqueratose e seborreia.
* A manifestação clínica pode ser só nos pés (pododemodicose).

Diagnóstico: raspagem cutânea profunda, biópsia.

Tratamento: amitraz (forma generalizada), benzoato de benzil (forma localizada), ivermectina.

Profilaxia: evitar utilizar fêmeas cujos filhotes foram infestados para reprodução; higiene e limpeza; evitar stress e imunossupressão; nutrição e alimentação adequada.

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7
Q

Aelurostrongilose

A

Agente etiológico: Aelurostrongylus abstrusus

Epidemiologia: mais frequente em gatos com acesso ao exterior
* Infeção por ingestão de hospedeiro intermediário (molusco gastrópode) ou hospedeiro paraténico (roedores).
* Migração das formas larvares para os pulmões, passando pelos linfonodos mesentéricos.

Microbiota: adultos nos alvéolos pulmonares e bronquíolos

Sinais clínicos e lesões: tosse seca, dispneia, por vezes diarreia

Diagnóstico: sinais clínicos respiratórios associados a eosinofilia
* Necrópsico por histopatologia do pulmão
* Observação de formas larvares pelo método de Baermann

Tratamento: fenbendazol, ivermectina

Profilaxia: evitar contacto com hospedeiros intermediários e hospedeiros paraténicos

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8
Q

Babesiose canina

A

Agente etiológico: Babesia canis (grande), Babesia gibsoni (pequena)

Epidemiologia: infeção por inoculação de esporozoítos por ixodídeos (ciclo de vida indireto).
* Esquizogonia e gametogonia nos eritrócitos do cão.
* Prevalência relacionada com atividade dos vetores (Rhipicephalus sanguineus é mais ativo no verão enquanto Dermacentor reticulatus é mais ativo no inverno).

Microbiota: eritrócitos

Sinais clínicos e lesões: anemia hemolítica → mucosas pálidas, esplenomegalia, hemoglobinúria e bilirrubinúria, icterícia, febre
* Sinais clínicos de babesiose complicada: acidose metabólica, choque, insuficiência renal aguda, babesiose cerebral (sintomas neurológicos), CID

Diagnóstico: observação de merozoítos e trofozoítos nos eritrócitos de esfregaços sanguíneos corados com Giemsa.
* Métodos serológicos.

Tratamento: dipropionato de imidocarb, tetraciclinas

Profilaxia: vacinação, controlo de vetores (ectoparasiticidas como piretrinas, fipronil)

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9
Q

Equinococose

A

Agente etiológico: Echinococcus granulosus

Epidemiologia: cão infeta-se por ingestão de Echinococcus polymorphus em quistos hidáticos férteis nas vísceras de ovinos (principalmente, mas pode ser qualquer ungulado). Mais comum em cães que co-habitam com ovinos.

Microbiota: primeiros 20 cm do duodeno

Sinais clínicos e lesões: poucos sinais clínicos no cão.
* Podem ter diarreia.

Diagnóstico: observação de proglotes nas fezes.

Tratamento: fenbendazol, praziquantel
* Albendazol atua nos metacéstodes em fase inicial.

Profilaxia: evitar ingestão de vísceras de ovino pelo cão.
* Cães de risco devem ser desparasitados frequentemente.
* Educação sanitária

Importância na saúde pública: humanos são hospedeiros fundos de saco, infetam-se por ingestão de oncosferas do meio telúrico (ex vegetais contaminados) e formam-se quistos hidáticos primários principalmente no pulmão e fígado, e estes podem dar origem a quistos hidáticos secundários.
* Quistos hidáticos podem roturar e causar choque anafilático, ou crescer expansivamente em determinados órgãos podendo ter problemas mais ou menos graves como compressão cerebral.
* É uma doença incapacitante e mortal em humanos.

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10
Q

Dirofilariose canina

A

Agente etiológico: Dirofilaria immitis, Dirofilaria repens

Epidemiologia: mais prevalente em zonas quentes, endêmico em alguns distritos de Portugal.
* Inoculação de L3 por picada de mosquitos culicídeos (Aedes, Culex, Anopheles) fêmeas
* Período pré-patente de 5-7 meses (larvas ao serem inoculadas sofrem migrações tissulares antes de darem origem a adultos no coração).
* Maior risco em cães que vivem no exterior (maior contacto com mosquitos culicídeos), principalmente em zonas com águas estagnadas (local de criação dos culicídeos).
* Dirofilaria immitis tem que estar infetada com Wolbachia pipientis para produzir microfilárias (sem infeção as Dirofilarias são estéreis).
* Dirofilaria repens é zoonótica

Microbiota: Dirofilaria immitis larvas (L3) no tecido subcutâneo e intermuscular, adultos no coração direito e artéria pulmonar, e microfilárias (L1) na circulação sanguínea.
* Dirofilaria repens no tecido subcutâneo

Sinais clínicos e lesões: normalmente sem sinais clínicos.
* Hipertensão pulmonar, insuficiência cardíaca direita (intolerância ao exercício, tosse, ascites, hepatomegalia congestiva), síndrome da veia cava (estadio IV), pneumonia alérgica, tromboembolia), glomerulonefrite a imunocomplexos, anemia.

Diagnóstico: observação de microfilárias em esfregaço sanguíneo corado com Giemsa (pode ser associado a técnica das fosfatases ácidas).
* Técnica de gota a fresco.
* Técnica de Knott Modificada (permite distinção de microfilárias).
* Pode não haver microfilárias em casos de infeção só com um sexo de Dirofilaria, se a infeção estiver na fase pré-patente, por ação medicamentosa (tinham outras doenças em que se utilizava doxiciclina e as fêmeas tornavam-se inférteis, ou tratamento com ivermectina que é microfilaricida), ou por resposta imune.
* Outras técnicas de diagnóstico como testes serológicos para deteção de antigénios das formas adultas (kits rápidos de imunoprecipitação, ou ELISA).
* Ecocardiografia para diagnóstico clínico das formas adultas.

Tratamento: só em infeções de grau I e II (indicação terapêutica é contraindicada e potencialmente mortal em graus III e IV, porque a carga parasitária é tão grande que as dirofilarias são capazes de obstruir artérias pulmonares, animal morre por choque anafilático)
* Melarsomina como adulticida
* Ivermectina (lactonas macrocíclicas) como microfilaricida
* Doxiciclina para combater Wolbachia pipientis e esterilizar as dirofilarias.
* Extração cirúrgica das formas adultas em infeções maciças.

Profilaxia: profilaxia com lactonas macrocíclicas (ivermectina).
* Evitar contacto e combater vetores (mosquitos culicídeos) com inseticidas (piretrinas e piretróides).

Periodicidade das microfilárias: microfilaria localizam-se mais nos capilares pulmonares durante o dia, e na circulação sanguínea periférica durante a noite.
* No caso dos cães há sempre microfilarias de dirofilarias no sangue periférico.
* Nos humanos há periodicidade de Wuchereria bancrofti e Loa loa.

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11
Q

Toxoplasmose

A

Agente etiológico: Toxoplasma gondii

Epidemiologia: infeção no gato por ingestão de quistos de bradizoítos ou taquizoítos na carne ou vísceras de hospedeiros intermediários (basicamente qualquer vertebrado), ingestão de oocistos esporulados do ambiente ou via transplacentária.
* O gato excreta vários oocistos para o ambiente na fase aguda da infeção por ~5 dias, depois entra num período de premonição sem excreção, até sofrer imunodepressão (infeção viral, coccidiose, corticoterapia) e a infeção re-agudizar.

Importância na saúde pública: zoonose com muita importância na saúde pública.
* Nos humanos normalmente não é grave, mas pode ser grave (encefalites) em infeções congénitas (mãe sofreu primo-infeção nos primeiros 4 meses da gestação e teve 50% de chance de transmitir taquizoítos para o filho via transplacentária) e adultos imunodeprimidos (SIDA, corticoterapia em casos de alergias, transplantes, tratamentos antineoplásicos).
* Adultos infetam-se por ingestão de carne crua.

Microbiota: qualquer célula nucleada, portanto qualquer órgão na fase extraintestinal.
* Enterócitos na fase enteroepitelial nos gatos.

Sinais clínicos e lesões: febre, hepatite (icterícia), lesões oculares (uveíte), pneumonia (dispneia, taquipneia), enterite
* Miocardite, miosite, encefalite (mais frequente nos roedores e humanos), nefrite

Diagnóstico: métodos serológicos (ELISA, imunofluorescência)
* Em primo-infeções recentes a titulação de IgM está elevada e IgG baixa, em infeções antigas a titulação de IgM está baixa e IgG elevada, e em re-infeções a titulação de IgM e IgG estão elevadas.

Tratamento: toltrazuril, clindamicina

Profilaxia: evitar consumo de carne com insuficiente processamento térmico (principalmente borregos)
* Evitar infeção de gestantes
* Evitar comportamento de predação dos gatos (não deixar ir à rua caçar ratos)
* Lavar alimentos em contacto com a terra (evitar ingestão de oocistos)
* Trocar a areia dos gatos todos os dias (evitar esporulação de oocistos no ambiente)

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12
Q

Coccidiose do coelho

A

Agente etiológico: Eimeria stiedae, Eimeria intestinalis, Eimeria magna (Eimeria spp.)

Epidemiologia: mais comum e mais grave em explorações familiares (prevalência relacionada com as condições higiosanitárias).
* Láparos mais afetados que os adultos.
* Parasitose mais importante e prevalente no coelho.
* Ciclo direto, transmissão feco-oral das fezes de coelhos infetados para outros coelhos, que ingerem oocistos esporulados. Esquizogonia e gametogonia no coelho.

Microbiota: enterócitos (E. intestinalis e E. magna no íleo)
* Eimeria stiedae no epitélio dos ductos biliares.

Sinais clínicos e lesões: destruição de enterócitos com consequente diarreia, desidratação, atraso no crescimento, anorexia, morte em infeções massivas.
* Algumas espécies causam diarreia hemorrágica.
* Eimeria stiedae normalmente não causa sinais clínicos, mas causa colangite proliferativa com eventual calcificação e formação de um “fígado em pedra”, que pode resultar em colestase, ascite e cirrose em casos mais graves.

Diagnóstico: observação de oocistos em métodos coprológicos qualitativos e quantitativos.
* Coccidiose hepática (Eimeria stiedae) diagnosticada em necrópsia (“fígado em pedra”).

Tratamento: sulfadimetoxina, toltrazuril.

Profilaxia: evitar sobrepopulação, limpeza e higiene das instalações, sistema de baterias nas cuniculturas de modo a evitar a acumulação de fezes.
* Coccidiostáticos (toltrazuril) e vacina

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13
Q

Cisticercose do coelho

A

Agente etiológico: Cysticercus pisiformis

Epidemiologia: coelho infeta-se por ingestão de oncosferas do meio telúrico provenientes das fezes de cães infetados por Taenia pisiformis.
* Essencialmente em coelhos domésticos (co-habitação com cães)

Microbiota: hepatoperitoneal

Sinais clínicos e lesões: normalmente sem sinais clínicos, mas em infeções massivas pode causar atrasos no crescimento, caquéxia, alterações digestivas e lesões hepáticas.

Diagnóstico: observação de cisticercos em necrópsia.

Tratamento: não há tratamento.

Profilaxia: controlar a transmissão cão-coelho (evitar acesso dos cães aos coelhos), evitando o consumo de vísceras de coelho pelo cão e desparasitação dos cães com praziquantel.

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14
Q

Cenurose do coelho

A

Agente etiológico: Coenurus serialis

Epidemiologia: coelho infeta-se por ingestão de oncosferas do meio telúrico provenientes das fezes de cães infetados por Taenia serialis.
* Essencialmente em coelhos domésticos (co-habitação com cães)

Microbiota: músculo e tecido subcutâneo

Sinais clínicos e lesões: normalmente sem sinais clínicos, formação de nódulos no tecido subcutâneo e músculo.

Diagnóstico: observação de cenuros em necrópsia.

Tratamento: não há tratamento.

Profilaxia: controlar a transmissão cão-coelho (evitar acesso dos cães aos coelhos), evitando o consumo de vísceras de coelho pelo cão e desparasitação dos cães com praziquantel.

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15
Q

Coccidiose das aves

A

Agente etiológico: Eimeria tenella, Eimeria necatrix, Eimeria maxima (Eimeria spp.)

Epidemiologia: muito frequente em explorações avícolas (humidade, temperatura e ventilação ideal para esporogonia)
* Eimeria tenella mais frequente em broilers, enquanto Eimera necatrix é mais frequente em galinhas poedeiras.
* Ciclo direto com transmissão feco-oral de galinhas infetadas para outras galinhas, que ingerem oocistos esporulados. Esquizogonia e gametogonia na galinha.

Microbiota: enterócitos no trato gastrointestinal (Eimeria tenella no ceco, Eimeria necatrix no intestino delgado)

Sinais clínicos e lesões: destruição dos enterócitos (enterite, petéquias na serosa e úlceras na mucosa) e consequentemente diarreia (pode ser hemorrágica), desidratação, perda de peso, anorexia, o que leva a perdas económicas. Morte em infeções massivas.

Diagnóstico: observação de oocistos em métodos coprológicos qualitativos e quantitativos.
* Necrópsia e histopatologia.

Tratamento: oxitetraciclina (alimento), sulfadimetoxina (água), amprólio

Profilaxia: evitar sobrepopulação, higiene e limpeza das instalações.
* Coccidiostáticos, vacinas.

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16
Q

Histomonose

A

Agente etiológico: Histomonas meleagridis

Epidemiologia: afeta mais os perús (principalmente jovens, elevada mortalidade) mas galinhas são importantes fontes de infeção aos perús (mais prevalente em criações conjuntas de galinhas e perús).
* Mais frequente em explorações caseiras.
* Infeção através da ingestão de ovos de Heterakis gallinarum infetados por Histomonas meleagridis, ou de minhocas infetadas por formas larvares de Heterakis gallinarum infetadas por Histomonas meleagridis.

Microbiota: ceco e fígado.

Sinais clínicos e lesões: tiflohepatite necrótica, cianose das cristas e barbilhões (“cabeça negra”).
* Fraqueza, anorexia, penas eriçadas, diarreia. Elevada mortalidade em perús jovens.

Diagnóstico: necrópsia (lesões características de tiflohepatite necrótica)
* Observação de Histomonas meleagridis em exame coprológico.

Tratamento: dimetridazol, nitrotiazol

Profilaxia: evitar criar perús e galinhas em conjunto, evitar criar perús sobre o solo (utilizar grelhas metálicas), desparasitar contra nemátodes (Heterakis gallinarum, com tiabendazol)

17
Q

Heterakiose

A

Agente etiológico: Heterakis gallinarum

Epidemiologia: mais frequente em explorações caseiras.
* Infeção através de ingestão de ovos do meio telúrico, ou de minhocas infetadas com formas larvares.
* É hospedeiro intermediário de Histomonas meleagridis, que causa tiflohepatite necrótica e cabeça negra nos perús, com elevada mortalidade em perús jovens.

Microbiota: ceco.

Sinais clínicos e lesões: normalmente sem sinais clínicos mas pode causar tiflite ulcerativa, com diarreia hemorrágica.

Diagnóstico: observação de ovos por métodos coprológicos qualitativos e quantitativos.

Tratamento: fenbendazol, levamisol, tiabendazol

Profilaxia: evitar criar aves sobre o solo (utilizar grelhas metálicas), desparasitação periódica.
* Evitar criar galinhas e perús em conjunto, principalmente devido a transmissão de Histomonas meleagridis das galinhas para os perús.

18
Q

Ascaridiose

A

Agente etiológico: Ascaridia galli

Epidemiologia: ciclo direto, infeção por ingestão de ovos proveniente das fezes de galinhas infetadas.
* Importância em explorações intensivas.
* Migra para os ovidutos e pode infetar os ovos por infeção vertical.

Microbiota: intestino delgado

Sinais clínicos e lesões: enterite, com diarreia, anorexia, desidratação, perda de peso, fraqueza, diminuição da postura de ovos.
* Em infeções massivas pode haver rotura do intestino e morte.

Diagnóstico: observação de ovos em métodos coprológicos qualitativos e quantitativos.
* Observação de formas adultas em necrópsia.

Tratamento: fenbendazol, levamisol, higromicina B

Profilaxia: higiene e limpeza das instalações, evitar sobrepopulação, evitar criar aves jovens juntamente com aves adultas. Ovoscopia para evitar transmissão vertical.

19
Q

Sarna das patas

A

Agente etiológico: Cnemidocoptes mutans

Epidemiologia: transmissão direta

Microbiota: patas

Sinais clínicos e lesões: eriçamento das penas, espessamento e hiperqueratose do tarso, crostas e descamação da pele, pode haver perda de falanges.
* Evolução lenta e pouco pruriginoso.

Diagnóstico: observação dos ácaros por raspagem cutânea.

Tratamento: piretrinas e piretróides, benzoato de benzil.

Profilaxia: limpeza e higiene das instalações, pulverização.

20
Q

Coccidiose dos ruminantes (Diarreias neonatais)

A

Agente etiológico: Eimeria zuernii, Eimeria bovis, Eimeria ellipsoidalis

Epidemiologia: frequente em sistemas de exploração intensiva (temperatura, humidade e ventilação ideal para esporulação dos oocistos), sobretudo em animais jovens.
* Infeções normalmente são mistas, e uma espécie mais resistente a antiparasitários pode proliferar e causar doença quando o animal é desparasitado por rotina.
* Ciclo direto com transmissão feco-oral de oocistos esporulados provenientes das fezes de ruminantes infetados para outros ruminantes.

Microbiota: enterócitos.

Sinais clínicos e lesões: destruição dos enterócitos e enterite catarral, com consequente diarreia (algumas espécies causam hemorragia), desidratação, anorexia, perda de peso, infeções graves podem causar morte.
* Pode haver sinais clínicos nervosos (ataxia, tremores musculares, convulsões).

Diagnóstico: observação de oocistos através de métodos coprológicos diretos e indiretos.

Tratamento: toltrazuril, sulfadimetoxina, amprólio.

Profilaxia: evitar sobrepopulação, higiene e limpeza das instalações, evitar o uso de antiparasitários em animais que não apresentam doença. Fazer vazio sanitário.
* Fazer quarentena de novos animais que chegam á exploração, coccidiostáticos.

21
Q

Estrongilidose gastrointestinal dos ruminantes

A

Agente etiológico: Ostertagia spp., Trichostrongylus spp., Haemonchus spp., Cooperia spp., Nematodirus spp., Bunostomum spp., Oesophagostomum sp.

Epidemiologia: afeta sobretudo animais em pastoreio (não surge em regime intensivo), sobretudo na primavera (maior excreção de ovos na época de peri-parto) e outono, épocas de chuva e temperaturas amenas (também no verão em sistemas de regadio).
* São frequentes as infeções mistas e é normal o animal estar num estado de pré-monição.
* Ciclo de vida direto e infeção por ingestão de L3 na pastagem, proveniente das fezes de ruminantes parasitados.
* L3 entram em hipobiose em condições ambientais desfavoráveis (inverno).
* Ostertagiose tipo I: ingestão de L3 na primavera ou outono
* Ostertagiose tipo II: ingestão de L3 que resumiu seu desenvolvimento após hipobiose desde o outono anterior, na primavera seguinte.

Microbiota: abomaso (Ostertagia spp.), intestino delgado (Cooperia spp.), intestino grosso (Oesophagostomum sp.)

Sinais clínicos e lesões: normalmente subclínico, com mortalidade baixa, mas pode causar diarreia, desidratação, perda de peso, anorexia e perda de produção. Em alguns casos morte.
* Edema submandibular (principalmente em ostertagiose tipo II).
* Ostertagia spp. causa destruição das glândulas do abomaso, e aumento do seu pH, com consequente má digestão, diarreia e multiplicação bacteriana.
* Anemia hemorrágica (Haemonchus spp., é hematófago).

Diagnóstico: observação de ovos tipo estrongilídeo através de métodos coprológicos diretos ou indiretos.
* As espécies podem ser identificadas através de coprocultura.
* Aumento do pepsinogénio plasmático (ostertagiose).
* Observação de formas adultas em necrópsia.

Tratamento: netobimin, fenbendazol, ivermectina, levomizol, moxidectina (atua em larvas hipobióticas)

Profilaxia: não desparasitar animais em estado de pré-monição, evitar sobrepopulação, fazer rotação de pastagens, pastoreio misto (espécies diferentes que não trocam parasitas, como vacas com cavalos ou porcos), pastoreio separado de jovens e de adultos, realizar desparasitações estratégicas, táticas e terapêuticas.

22
Q

Fasciolose dos ruminantes

A

Agente etiológico: Fasciola hepatica

Epidemiologia: para além de afetar os ruminantes pode afetar outros animais como os suínos e equinos, inclusive o Homem (zoonótico).
* O ruminante é infetado por ingestão de metacercárias, normalmente aderentes a plantas aquáticas.
* O hospedeiro intermediário, caracol aquático (Galba truncatula) excreta cercarias em ambiente aquático, onde rapidamente enquistam em plantas e outras superfícies como pedras, tornando-se metacercárias, sendo esta a forma infetante para os ruminantes. Portanto a doença é prevalente em zonas com ambiente aquático onde o caracol pode se desenvolver (ex pantanais), e também em nichos ecológicos como perto de bebedouros que extravasaram e permitem um ambiente para os caracóis.
* Os ruminantes excretam ovos não embrionados para ambientes aquáticos onde o ciclo de vida de Fasciola hepatica pode continuar. (nos caracóis: miracídio → esporocisto → rédia → cercaria).
* Mais frequente no outono.

Microbiota: adultos localizam-se nos ductos biliares e vesícula biliar, mas podem ter localizações erráticas como os pulmões. Formas jovens (metacercárias) encontram-se no parênquima hepático.

Sinais clínicos e lesões: migração das metacercárias do intestino para o fígado via peritoneal e destruição do parênquima hepático com hemorragia (mucosas pálidas) e formação de trajetos fibróticos.
* Em situações graves pode causar cirrose (ascites, icterícia, encefalopatia hepática).
* A apresentação pode ser aguda, subaguda ou crónica dependendo da quantidade de metacercárias ingeridas e idade do hospedeiro.
* Nos quadros agudos pode haver morte por peritonite (invasão bacteriana da cavidade abdominal por perfuração do intestino pelas metacercárias), choque hipovolêmico (hemorragia) ou insuficiência hepática.
* Situações crónicas são mais comuns, quebra de produção (leite e carne), redução da fertilidade, perda de peso progressiva, anemia (formas adultas hematófagas), edema submandibular ou da barbela.
* Formas adultas causam colangite hiperplásica e calcificação distrófica dos ductos hepáticos.

Diagnóstico: observação de ovos de Fasciola hepatica através de métodos coprológicos de sedimentação (ou flutuação com líquidos a base de zinco).
* Necrópsia (observação direta de metacercárias ou formas adultas)

Tratamento: triclabendazol, clorsulon, netobimin

Profilaxia: eliminação dos caracóis de nichos ecológicos com cianamida cálcica ou sulfato ferroso.
* Desparasitação preventiva (triclabendazol ou clorsulon)
* Drenagem dos locais alagados.

23
Q

Monieziose

A

Agente etiológico: Moniezia expansa (principalmente ovinos), Moniezia benedeni (principalmente bovinos)

Epidemiologia: é a principal causa de diarreia em ruminantes jovens (neonatos é coccidiose e adultos é estrongilose).
* Infeção do ruminante por ingestão de ácaros oribatídeos infetados com forma cisticercóide, juntamente com a vegetação, portanto é uma doença sobretudo de animais em pastoreio.
* Ruminante excreta ovos para o meio ambiente pelas fezes.

Microbiota: intestino delgado

Sinais clínicos e lesões: ação irritativa mecânica do parasita no intestino causa enterite catarral e diarreias, pode causar obstrução em infeções maciças. Ação expoliadora pode resultar numa deficiência em vitamina B12 e consequente anemia megaloblástica.
* Perda de peso, atraso no crescimento.

Diagnóstico: observação de ovos nas fezes por métodos coprológicos de flutuação.
* Observação direta de proglotes nas fezes.

Tratamento: niclosamida, praziquantel, fenbendazol, albendazol

Profilaxia: desparasitação periódica e estratégica dos ruminantes.
* Mobilização do terreno (reduz as populações de ácaros oribatídeos) mas atualmente não se faz muito.

24
Q

Babesiose dos ruminantes

A

Agente etiológico: Babesia bigemina e Babesia major (grandes), Babesia bovis e Babesia divergens (pequenas)

Epidemiologia: doença estacional, depende da prevalência do vetor (carraça).
* Transmissão por inoculação de esporozoítos pelo vetor carraça na circulação sanguínea do ruminante.
* Também pode ocorrer transmissão transplacentária e iatrogénica, ou por vetores mecânicos.

Microbiota: eritrócitos

Sinais clínicos e lesões: destruição dos eritrócitos (hemólise) e consequente anemia hemolítica (mucosas pálidas, icterícia, hemoglobinúria). Libertação de toxinas que causam coagulação intravascular disseminada.
* Elicitação de resposta imune com anemia hemolítica imunomediada, e vasculites (hipersensibilidade III)
* Febre, quebra de produção, anorexia, depressão/cansaço.
* Pode dar sinais nervosos (ataxia, coma)

Diagnóstico: observação de merozoítos e trofozoítos nos eritrócitos em esfregaços sanguíneos corados com Giemsa

Tratamento: dipropionato de imidocarb

Profilaxia: desparasitação preventiva (dipropionato de imidocarb)
* Vacinação
* Controlo dos vetores (piretrinas)

25
Q

Theileriose dos ruminantes

A

Agente etiológico: Theileria annulata

Epidemiologia: ixodídeo do gênero Hyalomma inocula esporozoítos na circulação sanguínea, há primeiro uma fase extra-eritrocitária com multiplicação nos linfócitos dos linfonodos e formação de corpos azuis de Koch (esquizontes). Posteriormente multiplicam nos eritrócitos.

Microbiota: linfócitos (fase extra-eritrocitária), eritrócitos

Sinais clínicos e lesões: linfadenopatia (distingue de babesiose), linfopenia, anemia hemolítica, CID, imunomediação.
* Febre, quebra de produção, anorexia, depressão/cansaço.

Diagnóstico: observação de piroplasmas nos eritrócitos ou corpos azuis de Koch (esporontes) nos linfócitos em esfregaços de sangue ou linfonodos corados com Giemsa.
* Métodos serológicos (imunofluorescência indireta)
* Métodos moleculares (PCR)
* Fixação do complemento (Gold standard)

Tratamento: oxitetraciclina, parvacuonas, dipropionato de imidocarb.

Profilaxia: desparasitação preventiva (oxitetraciclina)
* Vacinação
* Controlo dos vetores (piretrinas)

26
Q

Besnoitiose dos ruminantes

A

Agente etiológico: Besnoitia besnoiti

Epidemiologia: não se conhece o hospedeiro definitivo na Europa.
* Ruminantes infetam-se por transmissão iatrogénica (transplante de um quisto com bradizoítos para outro animal), via insetos hematófagos (tabanídeos) ou via congénita. Possivelmente também por ingestão de oocistos esporulados.
* Bovinos são mais suscetíveis, principalmente adultos.

Microbiota: taquizoítos no endotélio vascular e macrófagos, bradizoítos em quistos na derme, esclera e pleura.

Sinais clínicos e lesões: baixo rendimento, infertilidade, aborto.
* Na fase proliferativa os taquizoítos causam vasculite, edema (consequentemente edema submandibular e anasarca) e trombose.
* Na fase quística formam-se quistos com bradizoítos na derme, com consequente fibrose, espessamento da pele, alopécia e seborreia.
* Quistos também se formam na esclera e pleura (“areias na pleura”)

Diagnóstico: sinais clínicos (quistos na esclera), histopatologia, imunofluorescência indireta, ELISA

Tratamento: não se conhece tratamento eficaz.

Profilaxia: controlo dos animais a introduzir na exploração, rastreio antes da compra.

27
Q

Neosporose dos ruminantes

A

Agente etiológico: Neospora caninum

Epidemiologia: ruminantes infetam-se por ingestão de oocistos do ambiente proveniente das fezes de cães infetados. Mas a principal via de transmissão é vertical, da vaca para a descendência.
* Um bovino uma vez infetado é considerado infetado pelo resto da sua vida.
* Cães infetam-se por ingestão de bradizoítos na carne dos ruminantes.

Microbiota: taquizoítos nos macrófagos, células fetais e da placenta.
* Bradizoítos em quistos em vários órgãos, particularmente no sistema nervoso (cérebro, medula espinhal e retina).

Sinais clínicos e lesões: aborto (frequente na primeira gestação após infeção, depois vai diminuindo ocorrência), meningoencefalite (ataxia, diminuição do reflexo patelar, perda de proprioceção), lesões em vários órgãos (mas normalmente sem sinais clínicos).

Diagnóstico: histopatologia (não distingue de quistos de Toxoplasma), imunocitoquímica (PAP: peroxidase anti-peroxidase, com anticorpos anti-Neospora), imunofluorescência, ELISA, PCR.

Tratamento: não se conhece tratamento eficaz.

Profilaxia: eliminação das vitelas infetadas congenitamente (controlo da transmissão vertical).
* Evitar acesso de cães à exploração, evitar consumo de carne de vaca ou produtos de aborto pelos cães (controlo da transmissão horizontal), evitar consumo de oocistos (higiene e desinfeção)

28
Q

Ascaridiose dos suínos

A

Agente etiológico: Ascaris suum

Epidemiologia: frequente em suínos tanto de exploração intensiva como extensiva.
* Os suínos mais afetados são os suínos em crescimento (leitões)
* Ambiente ideal para desenvolvimento dos ovos é quente e húmido.
* Infeção por ingestão de ovos com L2 do meio telúrico provenientes de porcos infetados por Ascaris suum.

Microbiota: as formas larvares fazem migrações somáticas (nomeadamente pelo fígado) e migrações traqueais. As formas adultas encontram-se no intestino delgado.

Sinais clínicos e lesões: atrasos no crescimento, anemia (hemorragias), alterações digestivas (diarreia), alterações nervosas, pneumonia parasitária (tosse, dispneia). Obstrução e rotura intestinal com peritonite em infeções maciças.
* “Milk spots” (cicatrizes fibrosas no fígado devido à migração das formas larvares).

Diagnóstico: observação de ovos por métodos coprológicos de flutuação.

Tratamento: pamoato de pirantel, fenbendazol, ivermectina.

Profilaxia: limpeza e desparasitação da porca antes de entrar na maternidade, higiene e desinfeção das instalações, evitar sobrelotações, deficiências nutricionais e situações de stress.

29
Q

Cisticercose dos suínos

A

Agente etiológico: Cysticercus cellulosae (metacéstode de Taenia solium) Cysticercus tenuicollis (metacéstode de Taenia hydatigena)

Epidemiologia: ingestão de oncosferas do meio telúrico (alimentos, água) contaminado por fezes de humanos, ou ingestão de fezes de humanos com proglotes (Taenia solium)
* Mais importante em pocilgas, principalmente em zonas com níveis higiênicos deficientes. Quase sem importância em explorações intensivas.
* Afeta principalmente porcos com menos de 1 ano.

Microbiota: C. cellulosae localiza-se nos músculos, e por vezes no sistema nervoso central (neurocisticercose) ou globo ocular (cisticercose ocular). Cysticercus tenuicollis localiza-se na cavidade peritoneal

Sinais clínicos e lesões: normalmente sem sinais clínicos mas em infeções maciças pode dar sinais clínicos dependendo da sua localização (ex disfagia se localizado nos masséteres, sinais clínicos neurológicos se for no cérebro).

Diagnóstico: observação de cisticercos na musculatura da carcaça do suíno em matadouro.

Tratamento: não existe tratamento.

Profilaxia: tratamento de pessoas parasitadas com Taenia solium (praziquantel), higiene e desinfeção das instalações, inspeção sanitária dos matadouros e rejeição de peças com cisticercos, educação sanitária.

Importância na saúde pública: os humanos infetam-se com Taenia solium por ingestão de carne de porco sem tratamento térmico adequado, com cisticercos. Esta parasitose é pouco grave, normalmente caracterizada por diarreia.
* Entretanto o quadro mais grave nos humanos é de neurocisticercose, que ocorre por ingestão de oncosferas do ambiente (ou por antiperistaltismo dos proglotes gravídicos de Taenia solium) e formação de cisticercos no sistema nervoso central, que causa quadros neurológicos (dores de cabeça, epilepsia). Outro possível quadro nos humanos é a cisticercose ocular, com possível cegueira.

30
Q

Triquinelose

A

Agente etiológico: Trichinella spiralis

Epidemiologia: suínos infetam-se por ingestão de formas larvares enquistadas no músculo de outros hospedeiros (suínos, carnívoros ou roedores), seja por predação (ingestão de roedores), necrofagia ou canibalismo (mordedura de cauda).
* Tem ciclo auto-heteroxeno em que as larvas ingeridas dão origem a formas adultas no intestino, e as formas adultas dão origem a larvas no próprio intestino, que entram em circulação e migram para os músculos.
* Existe um ciclo doméstico (porcos) e um ciclo silvático (raposas, ursos, javalis), nos dois ciclos participam os roedores.
* Maior prevalência nos humanos no Outono e Inverno devido a maior ingestão de carne de caça.

Microbiota: larvas em quistos no músculo esquelético (frequente no diafragma, masséteres, músculos intercostais e língua) e formas adultas no intestino delgado.

Sinais clínicos e lesões: nos suínos a maioria das infeções não tem sinais clínicos.
* Pode apresentar diarreia, vómito, dor abdominal e febre na fase invasiva intestinal.
* Na fase invasiva muscular pode apresentar mialgia, edemas (face e periorbital), eosinofilia.
* Por vezes manifestações cutâneas, oculares, nervosas e cardíacas.

Diagnóstico: ELISA, triquineloscopia, método de digestão a partir dos pilares do diafragma do porco (digestão ácido-péptica estimula a libertação de L1 enquistadas na musculatura).

Tratamento: não existe.

Profilaxia: inspeção sanitária (rejeição de carcaças infetadas, método de digestão), controlo de roedores, eliminação adequada de cadáveres, tratamento térmico da carne ou congelação.

Importância na saúde pública: Homem infeta-se por ingestão de carne suína (ou cavalo, urso ou raposa) sem tratamento térmico adequado, com quistos com Trichinella spiralis. É particularmente grave quando as larvas tomam uma localização cerebral, causando encefalites.

31
Q

Parascariose

A

Agente etiológico: Parascaris equorum, Parascaris univalens

Epidemiologia: mais frequente em poldros e cavalos até 4 anos.
* Ciclo direto, cavalo infeta-se por ingestão de ovos embrionados do ambiente, larvas fazem migração do intestino para fígado, pulmão, traqueia e de volta para intestino.

Microbiota: duodeno e jejuno

Sinais clínicos e lesões: perda de peso, pneumonia (tosse e corrimento nasal), enterite, diarreia, edemas no abdómen e membros (perda de proteína), cólica, em infeções maciças obstrução intestinal (copróstase) e por vezes rotura e peritonite.

Diagnóstico: observação de ovos através de métodos coprológicos por flutuação.

Tratamento: fenbendazol, ivermectina, moxidectina, pamoato de pirantel

Profilaxia: limpeza e desinfeção das boxes, comedouros e bebedouros, limpeza do úbere das éguas.
* Contagem de ovos e desparasitação tática e estratégica.

32
Q

Estrongilidose dos equinos

A

Agente etiológico: Strongylus vulgaris, Strongylus edentatus, Strongylus equinus (grandes estrôngilos migratórios), Triodontophorus, Craterostomum, Oesophagodontus (grandes estrôngilos não migratórios) Cyathostomum (pequenos estrôngilos ou ciatostomíneos)

Epidemiologia: parasitas ubíquos, e parasitismo com elevada prevalência, sobretudo em cavalos jovens em pastoreio.
* Ciclo de vida direto, infeção por ingestão de L3 do meio telúrico.
* As larvas dos estrôngilos não migratórios formam nódulos e entram em hipobiose.

Microbiota: adultos no lúmen do intestino grosso, larvas na parede do cólon e ceco.
* Larvas de Strongylus vulgaris na artéria mesentérica cranial.
* Larvas de Strongylus edentatus migram pelo fígado e peritoneu.
* Larvas de Strongylus equinus migram pelo pâncreas.

Sinais clínicos e lesões: erosões e ulcerações da mucosa intestinal, colites e tiflites, hemorragias (anemia), diarreias, cólicas, perda de peso.
* Strongylus vulgaris provoca aneurismas verminosos na artéria mesentérica cranial cólicas tromboembólicas.
* Strongylus edentatus pode provocar hepatite e peritonite.
* Strongylus equinus pode provocar pancreatite e diabetes mellitus.

Diagnóstico: observação de ovos através de métodos coprológicos por flutuação.
* Coprocultura para determinar espécie.

Tratamento: ivermectina, fenbendazol, pamoato de pirantel (de eleição em poldros), moxidectina (contra larvas em hipobiose)

Profilaxia: higiene e desinfeção das boxes, estábulos, comedouro e bebedouro, boa drenagem dos terrenos, rotação de pastagens, contagem de ovos fecais e desparasitação tática e estratégica.

33
Q

Gasterofilose

A

Agente etiológico: Gasterophilus intestinalis, G. nasalis e G. haemorrhoidalis

Epidemiologia: moscas põem ovos nos membros anteriores (G. intestinalis), região intermandibular (G. nasalis) ou boca (G. haemorrhoidalis), o cavalo lambe os ovos e os deglute. Larvas permanecem por meses no estômago e saem na primavera pelas fezes.

Microbiota: larvas L3 no estômago. G. intestinalis preferencialmente no cárdia e G. nasalis no piloro/duodeno.

Sinais clínicos e lesões: gastrite ulcerativa (melena), obstrução (distensão gástrica, cólica), ação espoliadora (perda de peso).

Diagnóstico: observação de larvas L3 nas fezes, gastroscopia.

Tratamento: ivermectina.

Profilaxia: inseticidas (deltametrina tópica), cobrejões (para cobrir o cavalo e evitar ovopostura das moscas).