Cefaleia Flashcards

1
Q

Classificação: Cefaleia primária

A

São caracterizadas por sinais e sintomas clínicos e pela exclusão de outras doenças subjacentes que que possam explicar a dor de cabeça

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2
Q

Classificação: Cefaleia secundária

A

Quando a dor de cabeça é um sintoma que ocorre em decorrência de uma doença de base que necessita ser tratada concomitante ao controle da dor. Geralmente acompanhada por sinais de alarme.

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3
Q

Sinais de gravidade (red flags)

A

SNOOP

-Sistemic: Alterações sistêmicas como toxemia, rigidez nucal, rash cutâeo, portadores de neoplasia, imunodeprimidos
Ex.: Meningite, encefalite

-Neurologic: Alterações neurológicas como papiledema, convulsão, déficit neurológico focal
Ex: Todas as causas de cefaleia secundária podem eventualmente cursar com sintomas neurológicos focais ou difusos

-Older: Cefaleia que iniciou após os 45 anos
Ex: Neoplasia sistêmica/SNC, arterite de células gigantes, arterite temporal

-Onset: Início súbito ou aumento da frequência + intensidade das crises de forma subaguda
Ex: Hemorragia subaracnoide por aneurisma ou MAV, hematoma intrecerebral; processo expansivo intracraniano, hidrocefalia

-Pattern: Mudança do padrão de cefaleia prévia/ Cefaleia progressiva/ Cefaleia refratária
Ex: Processo expansivo intracraniano, hidrocefalia

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4
Q

Anamnese da cefaleia

A

Idade de início e se houve progressão
Circunstâncias da instalação
Intensidade
Caráter da dor
Duração e frequência dos ataques
Outros sintomas associados que acompanham a dor
Fatores desencadeantes de melhora ou piora
Tratamentos atuais e prévios
Variações sazonais da dor
Relação com sono
Abuso de substâncias
Impacto da cefaleia na rotina diária
Aspectos emocionais
Vida profissional e social

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5
Q

Classificação internacional de cefaleias primárias

A
  1. Enxaqueca ou migrânea
  2. Cefaleia tipo tensional
  3. Cefaleias trigêmino-autonômicas
  4. Outras cefaleias primárias

OBS: O diagnóstico de cefaleias não é excludente, pode haver diagnóstico de mais de dois tipos de cefaleia no mesmo doente.

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6
Q

Cefaleia primária: Enxaqueca/Migrânea

Quadro clínico

A

-Acomete cerca de 6-7% dos homens e 18-20% das mulheres
-Maior prevalência na 4ª década de vida
-Observa-se predisposição genética
-Episódios recorrentes e paroxísticos com períodos que duram de 4-72h
-Dor caracterizada em pulsátil, localização unilateral, intensidade de moderada a forte, exacerbação por atividade física rotineira
-Associação com náuseas e vômitos
-Associação a fotofobia e fonofobia
-Pode haver a presença de aura e/ou pródromos

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7
Q

Cefaleia primária: Enxaqueca/Migrânea

Status migranosus

A

Crise que dura > 72h ou crise com período de acalmia <4 h

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8
Q

Cefaleia primária: Enxaqueca/Migrânea

Aura

A

-Ocorre em 30% dos casos
-Manifesta-se por sintomas ou sinais neurológicos focais
-Pode preceder ou ser simultânea à instalação da cefaleia
-Duração média de 5 a 60 minutos
-Manifestação mais comum: Visual (90%), onde pode haver escotomas, espetros de fortificação, fotopsias, distorções das formas e hemianopsias
-Outras formas: Sintomas sensitivos (paresia, hipoestesia, hipersensibilidade), afasia, déficits motores, alterações retinianas, disartria, vertigem, zumbido, hipoacusia, etc.

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9
Q

Cefaleia primária: Enxaqueca/Migrânea

Sintomas premonitórios

A

Hiperatividade
Depressão
Irritabilidade
Bocejos
Alterações de memória
Desejo por determinados alimentos
Hiperosmia
Sonolência

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10
Q

Cefaleia primária: Enxaqueca/Migrânea

Fatores desencadeantes

A

São comuns e têm grande variedade interpessoal
Causas mais comuns:
-Alimentos específicos como café, especiarias, glutamato monossódico
-Jejum prolongado
-Anormalidades do sono
-Quadros emocionais
-Certos odores
-Fadiga

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11
Q

Cefaleia primária: Enxaqueca/Migrânea

Critérios Diagnósticos

A

O diagnóstico é feito com a observação de pelo menos 5 crises preenchendo os critérios abaixo:

OBS.: Quando a migrânea se manifestar com aura, somente 2 crises preenchendo os critérios abaixo já conseguem fechar diagnóstico

  1. Cefaleia com duração de 4-72h (sem tratamento ou com tratamento ineficaz
  2. Preenche ao menos 2 das seguintes características:
    a) Localização unilateral
    b) Caráter pulsátil
    c) Intensidade moderada a forte
    d) Exacerbada ou desencadeada por atividades físicas rotineiras
  3. Durante a cefaleia, observa-se pelo menos 1 das seguintes ocorrências:
    a) Náusea e/ou vômitos
    b)fotofobia E fonofobia
  4. Não atribuída a outro transtorno
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12
Q

Cefaleia primária: Enxaqueca/Migrânea

Tratamento Sintomático - Dor leve a moderada

A

Recomenda-se analgésicos simples (AINH e anti-inflamatórios hormonais). Exemplos:

  1. Paracetamol 500mg – Tomar 01 cp de até 6/6h
  2. Dipirona 1000mg – Tomar 01 cp de até 4/4h
  3. Naproxeno 500mg – Tomar 01cp de 12/12h
  4. Ibuprofeno 400 ou 600mg – Tomar 01 cp de 12/12h
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13
Q

Cefaleia primária: Enxaqueca/Migrânea

Tratamento sintomático - Dor forte ou persistente

A

Recomenda-se a utilização de ergotamínicos ou triptanos

  1. Tartarato de ergotamina 1-2mg via sublíngual ou retal
  2. Sumatriptano 50mg – Tomar de 1 a 2cp VO (dose máxima: 200mg)
  3. Zolmitriptano 2,5mg – Tomar 01 a 02cp VO (dose máxima 10mg/dia)

OBS: Triptanos apresentam eficácia superior à ergotamina.
Não utilizar os triptanos se: DAC, insuficiência vascular periférica e HAS grave.

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14
Q

Cefaleia primária: Enxaqueca/Migrânea

Tratamento Profilático

A

Indicado para cefaleias frequentes (> 3 ao mês) e/ou com muita repercussão em aspectos da vida diária.
Podem ser usados betabloqueadores, drogas antiepilépticas, antidepressivos tricíclicos, bloqueadores do canal de cálcio e antagonistas da serotonina

Exemplos de prescrição:

  1. Propranolol 40mg – Tomar 01 cp de 12/12h (SUS)
  2. Amitriptilina 25mg – Tomar 01cp de 24/24h (SUS)
  3. Topiramato 50mg – Tomar 01cp de 12/12h
  4. Flunarizina 10mg – Tomar 01cp à noite

OBS.: A resposta terapêutica profilática é observada a partir de 4-8 semanas de uso da medicação, podendo haver ajuste gradual de dose

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15
Q

Cefaleia primária: Enxaqueca/Migrânea

Prescrição Hospitalar - Crise < 72h contínuas

A
  1. DIETA - Dieta oral zero
  2. HIDRATAÇÃO - SF 0,9% 30-40ml/kg EV em 24h (a depender de estado volêmico do paciente)
  3. ANTIEMÉTICO
    -Ondasterona (4mg/2ml) 4-8mg diluído em SF 0,9% 10 mL EV até 8/8h
    -Metoclopramida (5mg/ml) 10mg diluídos em SF 0,9% 10ml EV até8/8h
  4. ANALGÉSICO - Dipirona 500mg/ml - 2ml diluído em SF 0,9% 10ml EV lento de até 6/6h
  5. ANTI INFLAMATÓRIO - Cetoprofeno 100mg EV diluído em 100ml SF 0,9% de até 8/8h
  6. TRIPTANO - Sumatriptano 6mg SC após 1h dos medicamentos acima, sem sucesso. Repetir a dose após 2h, se necessário.

OBS.: Se houver piora ou não melhora da dor após 2h de observação, internar e solicitar avaliação de neurologista

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16
Q

Cefaleia primária: Enxaqueca/Migrânea

Prescrição Hospitalar - Crise > 72h contínuas (Status migranoso)

A

Mesma prescrição da crise < 72h, acrescentando-se:

  1. Dexametasona 10mg/2,5ml - Faxer 10mg diluído EV lento
  2. Clorpromazina (25mg/5ml) - 0,1 a 0,25mg/kg IM após 1h se não responder à dexametasona, podendo ser repetido em até 3 vezes

OBS.: Se houver piora ou não melhora da dor após 2h de observação, internar e solicitar avaliação de neurologista

17
Q

Cefaleia primária: Cefaleia Tipo Tensional

Quadro clínico

A

-Cefaleia primária mais frequente (acomete 80% da população ao longo da vida)
-Se associa a situações de estresse emocional
-Dor acomete segmento cefálico bilateralmente
-Caráter não pulsátil
-Intensidade discreta a moderada
-Sem agravamento com atividades diárias
-Duração de 30min a 7 dias
-Não costuma estar associada a náuseas, vômitos, foto ou fonofobia
-Pode estar associada a alterações da musculatura pericraniana, com dor à palpação

18
Q

Cefaleia primária: Cefaleia Tipo Tensional

Classificação

A
  1. Episódica infrequente: <1x ao mês
  2. Episódica frequente: 1-14 dias ao mês
  3. Crônica: >180 dias ao ano ou 15 dias/mês
19
Q

Cefaleia primária: Cefaleia Tipo Tensional

Critérios diagnósticos

A

É feito a partir da observação de pelo menos 10 episódios que preenchem os critérios abaixo:

  1. Cefaleia com duração de 30min a 7 dias
  2. Apresenta pelo menos 2 das seguintes características:
    a) Localização bilateral, geralmente fronto-occipital
    b) Qualidade em pressão/aperto
    c) Intensidade leve a moderada
    d) Dor não agravada por atividade física rotineira
  3. Apresentar:
    a) Ausência de náuseas ou vômitos; E
    b) Ocorrência de fonofobia OU fotofobia, não ambas concomitantes
  4. Não se encaixa em outro diagnóstico de cefaleia
20
Q

Cefaleia primária: Cefaleia Tipo Tensional

Tratamento

A

A maioria das crises é resolvida com uma dose de analgésico comum. Opções:

  1. Paracetamol 750mg – Tomar 01cp VO de até 6/6h
  2. Diclofenaco 50mg – Tomar 01 a 02 cp VO de até 6/6h
  3. Ibuprofeno 200mg – Tomar 02 cp VO de até 4/4h
  4. Naproxeno 500mg – Tomar 01 cp VO de 12/12h

O uso de relaxantes musculares por curtos períodos de tempo também podem auxiliar, como por exemplo:
1. Ciclobenzaprina 5-10mg – Tomar 01cp de até 6/6h

21
Q

Cefaleia primária: Cefaleia Tipo Tensional

Profilaxia

A

-Está indicada para pacientes com crises muito frequentes ou com potencial para abuso de analgésicos
-Consiste no uso de antidepressivos tricíclicos
-Previne a cefaleia em até 80% dos pacientes no 4º mês de tratamento, quando pode ser tentada sua retirada

Opções de prescrição:
1. Amitriptilina 10-50mg – Tomar 01cp à noite
2. Nortriptilina 10-75mg – Tomar 01cp à noite

22
Q

Cefaleia primária: Cefaleia em Salvas

Quadro clínico

A

-Pertencem a um subgrupo de cefaleias primárias classificado como cefaleia trigemino-autonômicas
-Está presente em 0,1-0,04% da população, na proporção de 3-4 homens – 1 mulher
-Inicia geralmente entre 20 e 40 anos de idade
-Pode estar associada com o tabagismo, traumatismo craniano e história de cefaleia na família
-Caracterizada por dores paroxísticas unilaterais muito intensas associadas a fenômenos autonômicos ipsilaterais.
-Localização da dor: Regiões orbitária, supraorbitária e temporal.
-Pode irradiar para região maxilar, occipitonucal, pericarotídea e ombros
-Duração: 15 a 180 minutos, podendo ocorrer de 8x ao dia até 1 episódio a cada dois dias
-Costuma aparecer nos mesmos horários, preferencialmente à noite
-Ocorre em séries (salvas) por semanas, seguidas por períodos de remissão de 15 dias a vários meses
-Intensa inquietação durante crises álgicas

OBS: Solicitar exames de neuroimagem (RNM de encéfalo) p investigar causas secundárias

23
Q

Cefaleia primária: Cefaleia em Salvas

Fatores desencadeantes

A

-Consumo de álcool
-Hipoxemia
-Uso de agentes vasodilatadores

-Em até 5% dos casos, é secundária a uma doença como adenoma de hipófise, tumor de seio cavernoso, meningioma parasselar, aneurisma encefálico e fraturas craniofaciais
-Nesses casos a cefaleia perde sua periodicidade e mantém uma dor basal entre as crises

24
Q

Cefaleia primária: Cefaleia em Salvas

Diagnóstico

A

O diagnóstico é feito pela observação de pelo menos 5 crises que preenchem os critérios abaixo:

  1. Dor forte e muito forte unilateral, orbitária, supraorbitária e/ou temporal com duração de 15-180 minutos
  2. Apresentar pelo menos um dos itens abaixo:
    a) Pelo menos um dos sinais/sintomas autonômicos abaixo ipsilaterais à cefaleia:
    -Congestão conjuntival
    -Lacrimejamento ou hiperemia conjuntival
    -Congestão nasal e/ou rinorreia
    -Sudorese frontal ou facial
    -Miose
    -Ptose
    -Edema palpebral
    -Sensação de plenitude auricular
    b)Sensação de inquietude ou agitação
  3. Crises com uma frequência de 1 episódio a cada 2 dias a 8 episódios por dia
  4. Não ser atribuída a outro transtorno
25
Q

Cefaleia primária: Cefaleia em Salvas

Tratamento - Crises agudas

A

-Inalação de oxigênio puro (6L/min) em máscara, com alívio após 5-15 minutos
-Em caso de persistência da dor, podem ser utilizados:

  1. Sumatriptano 6-12mg SC
  2. Tartarato de ergotamina, 1-2mg, VO, SL ou VR
26
Q

Cefaleia primária: Cefaleia em Salvas

Profilaxia

A
  1. Verapamil 240-480mg, VO
  2. Carbonato de lítio 300-1200mg/dia, com regulação da dosagem plasmática para 0,7-1mmol/L

Para casos refratários, pode-se considerar a ressecção, alcoolização, crio ou termocoagulação do gânglio esfenopalatino e rizotomia com balão, radiofrequência ou com glicerol do gânglio trigeminal e estimulação do nervo occipital

27
Q

Cefaleia secundária: Cefaleia por abuso de medicação

Quadro clínico

A

-Consiste em um tipo de cefaleia crônica diária
-Dor em segmento cefálico por >15 dias/mês por mais de 3 meses
-Geralmente apresenta duração >4 h diárias
-É induzida e mantida pelo uso de medicações para alívio da dor
-Drogas com maior risco de desenvolvimento:
-Opioides
-Combinações de AAS
-Paracetamol
-Dipirona com cafeína
Triptanos apresentam risco moderado e AINH parecem ter menor risco

28
Q

Cefaleia secundária: Cefaleia por abuso de medicação

Diagnóstico

A

O diagnóstico é feito quando observa-se presença de cefaleia por > 15 dias ao mês e apresenta os critérios abaixo:

  1. Uso regular por >3 meses de >1 medicamento sintomático de dor
  2. Cefaleia que se desenvolveu e piorou consideravelmente durante o abuso de analgésicos
29
Q

Cefaleia secundária: Cefaleia por abuso de medicação

Tratamento

A

A retirada da medicação de abuso deve ser feita o mais rapidamente possível, exceto quando há uso de opioides e barbitúricos (desmame em 2-4 semanas)

Durante a retirada, podem ser utilizadas medicações de transição como AINH, corticoesteroides, triptanos ou neurolépticos
-Limitar o uso de AINH a <15dias/mês
-Limitar o uso de ergotamínicos, triptanos e opioides a <10dias/mês