Caso 03 - INFECÇÃO NO PACIENTE CIRÚRGICO Flashcards

1
Q

Defina infecção de sítio cirúrgico

A

Aquela que ocorre em qualquer localização do sítio cirúrgico após 0-30 dias, ou 1 ano se implantação de material estranho, do procedimento operatório.

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2
Q

As ISCs podem ocorrer devido a quais situações?

A
  • Penetração do conteúdo/lúmen de víscera oca na cavidade abdominal
  • Advinda da flora da pele
  • Contaminação exógena (cirurgião, equipamento ou ambiente)
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3
Q

Quais os agentes mais relacionados às ISCs?

A
  • S. aureus (patógeno mais comum), Staphyolococcus coagulasse negativo -> germes de pele
  • E. coli, enterobacter (os mais comumente isolados em cirurgias limpas contaminadas e contaminadas)
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4
Q

Como ocorre ISC por Candida, quando e como tratar?

A

Infecção oportunista em pacientes com graves infecções cirúrgicas que receberam ATB de amplo espectro (supressão da flora endógena). Em feridas abertas geralmente representam contaminação.

Identificação em abscesso intra-abdominal, na urina ou em material expectorado requerem tto, geralmente com fluconazol. Em espécies resistentes (krusei, glabrata, lusitanie), posso fazer uso de voriconazol, caposfungina ou anfotericina

Profilaxia (??) = nistatina oral ou cetoconazol quando é necessária ATB de amplo espectro

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5
Q

O que é o candida score, e como funciona?

A

É um score que identifica pacientes que se beneficiarão de um tratamento precoce com antifúngico = se maior ou igual a 3 (8x mais probabilidade de ter candidemia)

Colonização multifocal = 1pt
NPT = 1 pé
Cirurgia prévia = 1 ponto
Presença de sepse = 2 pts

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6
Q

Quais fatores de risco relacionados à ISC?

A
  • Bacterianos: virulência e carga bacteriana
  • Relacionado ao local da ferida: técnica cirúrgica, prática do cirurgião e equipe, tricotomia com barbeadores não apropriados, seroma, hematoma, higienização da ferida…
  • Relacionado ao paciente: idade avançada, imunossupressão, obesidade, tabagismo, DM, corticoide, desnutrição…
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7
Q

Qual o quadro clínico de uma ISC, resumidamente?

A

Paciente que cursa com febre baixa, leucocitose e ferida operatória com eritema, maior sensibilidade, edema, drenagem pelo material da ferida ou com flutuação

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8
Q

Cite exemplos de cirurgia limpa

A

Cirurgia cardíaca, neurocirurgia, cirurgia plástica, cirurgia ortopédica, herniorrafia, tireoidectomia

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9
Q

Cite exemplos de cirurgia limpa-contaminada

A

Cirurgia orofaríngea, esôfago, jejunoileal, biliar, cólon-reto, urológica, ginecológica (histerectomia), cesariana, colecistectomia por colelitíase

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10
Q

Cite exemplos de cirurgia contaminada

A

Apendicite aguda inicial, colecistectomia por colecistite aguda

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11
Q

Cite exemplos de cirurgia suja

A

Inflamações intra-abdominais necrosadas ou supuradas, laparotomia por trauma abdominal com rotura prévia de alça

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13
Q

Quais indicações do uso de antibioticoprofilaxia?

A
  • Cirurgia limpa se uso de material sintético, como prótese, ou perfuração de osso, além de cirurgias cardíacas, neurocirurgias e cirurgia vascular de grandes vasos abdominais e periféricos;
  • Cirurgia limpa-contaminada, com exceção da colecistectomia, e cirurgias contaminadas.
  • lembra que: caso a cirurgia não tenha indicação, a principio de atb profilático, deve ser considerada se cirurgia complicada com prolongamento do tempo cirurgico, contaminação durante o ato, paciente com 3 ou mais dx, idade superior a 65 anos…
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14
Q

Quais indicações do uso de antibioticoprofilaxia?

A

Cirurgia limpa se uso de material sintético, como prótese, ou perfuração de osso, além de cirurgias cardíacas, neurocirurgias e cirurgia vascular de grandes vasos abdominais e periféricos; Cesariana, HTA, operações em orofaringe e feridas classe III.

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15
Q

Quais indicações do uso de antibioticoprofilaxia?

A

Cirurgia limpa se uso de material sintético, como prótese, ou perfuração de osso, além de cirurgias cardíacas, neurocirurgias e cirurgia vascular de grandes vasos abdominais e periféricos; Cesariana, HTA, operações em orofaringe e feridas classe III.

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16
Q

Quais medidas de profilaxia devem ser tomadas para previnir a ISC?

A

Assepsia, antissepsia e antibioticoprofilaxia

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17
Q

O que é assepsia e quais são as medidas?

A

Medidas que visa impedir a penetração de microrganismos num ambiente, como: uso de capotes, gorros, máscara, luva e campos estéreis.

18
Q

O que é antissepsia e quais as medidas?

A

Medidas que visa inibir o crescimento de microrganismos ou removê-los de um determinado ambiente, como: escovação cirúrgica com clorexidina ou PVPI por ao menos 5 min, ducha pré-op com clorexidina ou sabão neutro, e preparação cutânea do sitio cirúrgico com clorexidina degermante e alcoólica

19
Q

Como são classificadas as infecções de sítio quanto à profundidade?

A
  • Incisional superficial: pele + subcutâneo. Clínica: pus superficial, com inflamação e SEM febre, de cultura positiva. TTO: drenagem + irrigação.
  • Incisional profunda: fáscia + músculo. Clínica: pus profundo, sem exteriorização fácil, com inflamação E febre. TTO: drenagem, irrigação e ATB.
  • Relacionada à órgão ou cavidades: saída de pus pelo dreno cavitário ou visualizado abscesso cavitário na TC, com cultura positiva de líquido peritoneal. TTO: drenagem guiada + ATB

As incisionais são as mais comuns (60-80%)

20
Q

Qual estratégia de ATB usar na classe IV?

A

AntibióticoTERAPIA

25
Q

Quais as principais causas INFECCIOSAS de febre no pós-operatório?

A

ITU, ITR, infecção associada a cateter, tromboflebite, abscesso, bacteremia, infecções perineais, peritonite, infecção de tecidos moles…

*apenas lesão intestinal com fistula intra-peritoneal e infecçao de partes moles por chlostridium ou strepto beta hemolitico cursam com febre nas primeiras 36 horas.

26
Q

Identifique as principais causas de febre no paciente cirúrgico de acordo com o tempo de início

A
  • Intraop: reação transfusional, infecção prévia ou hipertermia maligna
  • Pós-op imediato: REMIT
  • 1-3 dias: ATELECTASIA! (dor -> hipoexpasibilidade pulmonar)
  • > 3 dias: ITU, TVP/TEP (tromboflebite)
  • Infecções da ferida: a partir de 7 dias (5-8d)
27
Q

Defina fasceíte necrotizante:

A

Infecção bacteriana destrutiva e rapidamente progressiva do tecido subcutâneo e fáscia superficial, associada a altos índices de morbimortalidade.

28
Q

Quando iniciar a antibioticoprofilaxia e quando terminar?

A

Iniciar durante a indução anestésica ou 30 min antes (dar segunda dose se cirurgia se estender por mais de 2x a meia vida da droga) e interromper ao término da cirurgia.
**Manter por 24h: cirurgias cardíacas, neurológicas, torácicas, vasculares, de
cabeça e pescoço, cirurgias potencialmente contaminadas e
procedimentos ortopédicos.
**Manter por 48h: artroplastias

29
Q

Quais fatores de risco estão envolvidos na fasceíte necrotizante?

A

Doenças crônicas (doenças cardíacas e pulmonares, doença vascular periférica, insuficiência renal e diabetes mellitus)
Abuso de álcool
Imunossupressão: corticoide, doenças do colágeno, infecção pelo HIV, transplantes e doenças malignas em tratamento
Cirurgias e traumas, úlceras isquêmicas e de decúbito, psoríase, uso de drogas endovenosas
Contato com pessoas infectadas por Streptococcus

30
Q

Como é classificada a fasceíte necrotizante?

A

Tipo I ou celulite necrosante: há infecção polimicrobiana com isolamento de uma espécie de anaeróbio obrigatório em combinação com um ou mais organismos anaeróbios facultativos.

Tipo II ou grangrena estreptocócica: Isolamento do Streptococcus do grupo A isolado ou associado ao Staphylococcus aureus. Tipicamente após ferimentos penetrantes, procedimentos cirúrgicos, queimaduras e traumas. Presença de gás não é típica (não tem odor).

31
Q

Como se dá o DX da fasceíte necrotizante e qual o método padrão ouro?

A

É clínico! Suspeita (área eritematosa, MUITO dolorosa e localizada, associada a edema importante, seguida da formação de bolhas. Inicialmente a pele é poupada e a necrose da fáscia é tipicamente mais extensa do que sugere o aspecto clínico) -> avaliação da ferida em SO (achado de exsudato turvo, tecidos opacos, vasos trombosados e de limites imprecisos, permitindo dissecção digital sem resistência através do plano comprometido). A tomografia pode evidenciar presença de gás anormal e espessamento da fáscia. BX da fáscia é o método padrão ouro.

32
Q

Como deve ser realizado o manejo da fasceíte necrotizante?

A

Ressuscitação volemica
Desbridamento cirúrgico amplo (até a fáscia profunda e além da área necrotica) e precoce
ATB IV de amplo espectro com: Penicilina G + clindamicina +
aminoglicosídeo/quinolona, associado ou não à vancomicina.

33
Q

Defina peritonite:

A

Inflamação do peritônio, que pode ser localizada ou difusa, aguda ou crônica e infecciosa ou asséptica

34
Q

Como pode ser classificada a peritonite?

A

Primária ou espontânea: quando não se consegue identificar uma fonte intra-abdominal, na presença de ascite ou cirrose hepática, infecção monobateriana
Secundária: decorrente da perfuração de vísceras ocas ou trauma com vazamento secundário dos componentes luminais no peritônio, infecção polibacteriana por gram negativos e anaeróbios entéricos
Terciária: infecção persistente ou recorrente desenvolvida após tratamento inicial de peritonite secundária, infecção por organismos nosocomiais
Asséptica: pela presença anormal de líquidos fisiológicos (bile, suco digestivo) ou corpos estranhos estéreis na cavidade peritoneal.

35
Q

Como ocorre o diagnóstico da peritonite? É necessário exame de imagem?

A

É clínico/microbiológico, não necessita de exame de imagem.

36
Q

Como deve ser realizado o manejo da peritonite?

A

1) controle do foco (cirúrgico)

2) ATB por 5-7 dias, ou até a resolução dos sinais clínicos de infecção

37
Q

Como surge o abscesso cavitário?

A

Comum na peritonite não tratada quando não há sepse estabelecida por Gram-negativos, ou quando esta se desenvolve mas não é fatal

38
Q

Como realizo o DX e como deve ser manejado o abscesso cavitário?

A

Através de exames de imagem (USG e TC), onde eu posso determinar a forma de drenagem, se percutânea (abscesso único e linha de drenagem retilínea) ou cirúrgica. Associar ATB adjuvante.

39
Q

Diferencie a laparotomia programada e a por demanda. Quando indicar cada uma?

A

A depender dos achados cirúrgicos, posso determinar uma nova laparotomia com data marcada (programada) para toalete cavitário, principalmente se peritonite purulenta extensa ou fecal, ou determinar uma nova laparotomia se piora (ou não melhora) clínica.

40
Q

O que é peritoneostomia e quando é indicada?

A

Procedimento nos quais os planos da parede abdominal não são completamente aproximados, permitindo uma regular inspeção do estado das alças e drenagem de conteúdo intra-cavitário, reduzindo a necessidade de transferência do paciente para o centro cirúrgico.

Indicação: Sepse abdominal, Síndrome compartimental abdominal e Damage control

41
Q

Quando e como realizar o fechamento da peritoneostomia?

A

O fechamento deve ser realizado após melhora clínica da condição que levou o paciente a realizar o procedimento. Uma estratégia é o fechamento progressivo, com chuleio-sobre-chuleio central da tela, até aproximação do plano e fechamento definitivo da parede.

42
Q

Na cirurgia de megaesôfago, devo fazer que atb profilático?

A

Deve cobrir gram negativos e anaeróbios, já que a flora é idêntica ao do colón = metronidazol + ceftriaxona, por exemplo