Avaliação pré-anestésica: Flashcards
Sobre a Avaliação ambulatorial pré-operatória e visita pré-anestésica, qual a sua recomendação?
Realizada antes de internação para cirurgias eletivas.
Apesar de não obrigatório, esta avaliação é fortemente recomendável que seja feita por um médico especialista (anestesiologista), já que este é o profissional com maior capacidade de estratificação de risco cirúrgico peri-operatório, definição de
técnica anestésica e avaliação da via aérea do paciente.
Sobre a Visita pré-anestésica, qual a sua recomendação?
Realizada durante internação do paciente. Preferencialmente na noite anterior ou manhã da cirurgia.
Obrigatoriamente realizada por médico anestesiologista (ou médico residente em anestesiologia sob supervisão).
Anamnese na avaliação pré-anestésica:
a) História clínica atual que motivou ato operatório
b) Análise de Cirurgias prévias e seus desfechos
c) Presença de comorbidades e análise se estas estão compensadas
d) Medicações em uso no atual momento
e) Uso de substâncias lícitas/ilícitas
f) Presença de alergias
Exame físico na avaliação pré-anestésica:
g) Estratificação de Capacidade funcional
h) Exame físico e avaliação das vias aéreas
i) Análise de exames complementares
Orientações na avaliação pré-anestésica:
j) Explicar procedimento anestésico-cirúrgico e riscos inerentes ao ato operatório
k) Orientação quanto ao jejum e sua importância
l) Explicação de pós-operatório e recomendações
Como estratificar a capacidade funcional durante a avaliação pré-anestésica?
A capacidade funcional pode ser aferida de maneira objetiva, pelo Teste ergométrico (na maior parte dos pacientes é desnecessário) ou simplesmente por
meio de uma história clínica bem colhida, indagando o paciente sobre suas limitações para a realização de atividades da vida diária. Esta costuma ser expressa na forma de equivalentes metabólicos ou METS.
Pacientes com baixa capacidade funcional, índice de Duke < 4, apresentam maior chance de complicações perioperatórias.
O que é ASA?
É o Risco Anestésico-Cirúrgico segundo o estado físico do paciente pela Sociedade Americana de Anestesiologistas (ASA). Um dos primeiros escores de predição de risco de óbito para avaliação pré-
operatória foi o Sistema de Classificação do Estado Físico da ASA classifica o paciente conforme seu estado clínico geral a partir da presença ou ausência de doença sistêmica e ainda hoje é amplamente utilizada na avaliação pré-operatória.
Esta escala classifica o paciente em 6 possíveis estados físicos sendo crescente o percentual de mortalidade entre as classes. É possível, ainda, identificar o paciente que será submetido a um procedimento de emergência acrescentando-se a
letra “E” ao estado físico do paciente.
O que é índice de Goldman?
É um modelo de avaliação de risco cirúrgico que atribui pontos a variáveis que se referem à avaliação clínica, tipo de cirurgia e eletrocardiograma. Cada item tem
uma pontuação específica, e depois de somar todos os itens, os pacientes são classificados entre 4 Grupos (I a IV). Cada grupo possui um risco de apresentar
estatisticamente complicações pós-operatórias cardiovasculares e morte.
a. Grupo I: 0 - 5 pontos: 0,2% incidência de morte e 0,7% complicações cardiovasculares.
b. Grupo II: 6 – 12 pontos: 2% incidência de morte e 5%
complicações cardiovasculares.
c. Grupo III: 13 - 25 pontos: 2% incidência de morte e 11% complicações cardiovasculares.
d. Grupo IV: 26 - 53 pontos: 56% incidência de morte e 22% complicações cardiovasculares.
Avaliação da via aérea na avaliação pré-anestésica:
Independente da técnica anestésica escolhida, o médico anestesiologista deve estar preparado para manejar de forma adequada a via aérea do paciente. Além da anestesia geral, onde classicamente o profissional acessa a via aérea do paciente através a intubação traqueal ou com uso de dispositivos supra glóticos, o paciente submetido a anestesia loco-regional pode precisar emergencialmente de manejo de via aérea, seja por uma falha de bloqueio, uma intoxicação por anestésico local, um tempo cirúrgico mais prolongado ou uma complicação cirúrgica. Via aérea difícil é a situação clínica na qual anestesiologista treinado tenha dificuldade de intubar um paciente, manter sua ventilação manual sob máscara ou ambos. Por definição ventilação difícil é aquela onde são necessários dois profissionais (ventilação a 4 mãos), para se manter o paciente ventilando sob máscara e manter uma saturação arterial de oxigênio superior a 92%. Já intubação difícil é aquela na qual um profissional experiente requer mais de 3 tentativas ou dez minutos para acessar a via aérea do paciente. A avaliação prévia da via aérea permite um maior tempo para seleção adequada de equipamentos adjuntos, escolha de técnicas alternativas e presença de profissionais experientes para auxílio.
Preditores de uma ventilação difícil:
a. Idade > 55 anos
b. IMC > 26
c. Ausência de dentes
d. Barba
e. História do ronco
Preditores de uma intubação difícil:
a. Malampatti III e IV
b. Abertura oral <3 cm
c. Incisivos Longos
d. Pescoço Curto e Grosso
e. Palato Ogival
f. Distância tireomentoniana <6cm
g. Distância esterno mento <12,5 cm
h. Tumores periglóticos, medastinais ou cervicais
i. Retrognatismo
j. Trauma facial
Exames complementares na avaliação pré-anestésica:
a) Eletrocardiograma: Não há consenso. Pacientes com fatores de risco para
doença cardiovascular ou com doença cardiovascular identificada.
b) Bioquímica (Na+, K+, glicose, função renal e hepática): Disfunção hepática
ou renal, diabetes, uso de diuréticos.
c) Radiografia de tórax: DPOC, Tabagismo, IVAS recente
d) Espirometria: DPOC, Cirurgia de Tórax.
e) Hematócrito e Hemoglobina: Não indicado de rotina. Cirurgias com
potencial de sangramento, anemia.
f) Estudo de coagulação: Distúrbio de coagulação, uso de anticoagulantes,
nefropatias, hepatopatias
g) E.A.S: Cirurgias ginecológicas, urológicas ou sintomatologia de trato
urinário.
h) Teste de Gravidez: Mulheres em idade fértil
Outros exames podem ser indicados de acordo com a indicação cirurgia ou
condição clínica do paciente.
Suspensão de fármacos na avaliação pré-anestésica:
Um dos mais importantes papéis do médico na avaliação pré-operatória é fazer
as recomendações a respeito do uso ou interrupção das medicações neste período.
Habitualmente não se suspende a maior parte dos medicamentos de uso crônico pelos
pacientes.
*NÃ SUSPENDER: Antiarrítmicos, maioria dos anti-hipertensivos, beta- bloqueadores,
corticoesteróides, digitálicos, estatinas, medicamentos para hiper/hipotireoidismo,
miastenia gravis, antiretrovirais, antidepressivos e ansiolíticos.
EXCEÇÕES
QUAIS MEDICAMENTOS DEVEM SER SUSPENSOS PARA A CIRURGIA?
A) IECA/BRA:
- Suspender 12/24 h antes da cirurgia
- Risco de hipotensão arterial refratária a volume e vasopressores após indução de
anestesia geral.
B) Diuréticos
- Suspender 24 h antes da cirurgia
- Suspender toda vez que a cirurgia envolver risco, ou previsão de perda sanguínea,
pois podem alterar a capacidade renal de concentrar a urina prejudicando as
respostas à hipovolemia.
C) Hipogliceminates orais
- Suspender 24h antes
- Sulfoniluréias: Risco de hipoglicemia perioperatória
- Metformina: Risco de acidose Lática
D) Insulinas
- De ação rápida: suspender na manhã da cirurgia
- NPH: Fazer 1/3 a 1/2 de dose habitual na manhã da cirurgia
E) Suspensão de antiplaquetários
- A.A.S: Não necessário suspender na maioria das cirurgias. O risco de suspensão
(agudização de doenças cardiovasculares) supera o benefício de não suspensão. O
risco de hematomas espinhais após bloqueios de neuroeixo ou hemorragias
perioperatórias são eventos raros em usuários de A.A.S
- Clopidogrel-7 dias
- Ticlopidiba-14 dias
- Tirofiban-4 a 8h
- Abciximab-48h
F) Suspensão de anticoagulantes
- Heparina não fracionada- 4-6 h
- Heparina de baixo peso molecular (enoxaparina) 24h-Caso o paciente se encontre
em dose plena (dose anticoagulante) ou 12h em dose profilática (dose profilática de
trombose venosa central).
G) Suspensão de anticoagulantes orais
- Warfarina-5 dias
- Rivaroxaban-24 a 48h
- Dabigatran-24 a 48h
V ou F: O tabagismo não tem necessidade de ser suspenso na avaliação pré-anestésica.
F. A suspensão do tabagismo deve ser encorajada o quanto antes. Pacientes tabagistas tem o risco maior de complicações perioperatórias como broncoespasmo, laringoespasmo, trombose venosa profunda e alterações cicatrização cirúrgica. Não há
consenso quanto o tempo mínimo para interrupção do tabagismo e intervenção cirúrgica segura. O fato de o paciente não fumar pelo menos no dia da cirurgia, já é
benéfico