Avaliação Inicial Flashcards
Quais as 3 principais causas de mortes no Brasil? E em países desenvolvidos?
No Brasil, as 3 principais causas de morte são as doenças cardiovasculares, os cânceres e acidentes, nesta ordem. Já em países desenvolvidos, as 3 principais são câncer, aterosclerose e traumas
Em qual faixa etária os traumas são a principal causa de morte?
O trauma é a principal causa de morte até os 44 anos
Qual a parcela dos idosos que vem a óbito por traumas?
30% dos idosos vem a óbito por traumas
O que é um paciente politraumatizado?
O paciente politraumatizado é aquele que apresenta lesões em dois ou mais sistemas de órgãos (trauma cranioencefálico, torácico, abdômen, fraturas de ossos longos…), sendo que é necessário que pelo menos um deles ou a combinação entre elas represente um perigo vital para o paciente
Em que momento ocorrem as mortes decorrentes de traumas? Como é essa distribuição temporal?
As mortes decorrentes de traumas ocorrem principalmente em 3 períodos temporais, obedecendo então a uma distribuição trimodal
Quais são os períodos temporais da distribuição trimodal da mortalidade pós traumas? Qual parcela das mortes ocorre em cada período?
O primeiro pico de mortalidade pós traumas ocorre segundos a minutos após o trauma, quando ocorrem 50% das mortes. Já o segundo período abrange 30% das mortes e ocorre minutos a horas após o trauma. Por fim, o terceiro pico ocorre várias horas a semanas após o trauma e equivale a 20% dos óbitos
Quais as causas mais comuns de morte pós trauma no primeiro pico da distribuição trimodal?
Lacerações de aorta, traumatismo cardíaco e lesões do tronco cerebral ou da medula espinhal, que determinam apneia
Qual o poder das medidas de suporte para reverter as mortes pós trauma no primeiro pico da distribuição trimodal?
Normalmente esses pacientes não conseguem ser salvos devido à gravidade dos acidentes
Quais medidas podem ser utilizadas para reduzir a mortalidade pós trauma no primeiro pico da distribuição trimodal?
No primeiro pico da distribuição trimodal de mortes pós traumas, a única forma de reduzir a mortalidade é a realização e divulgação de medidas de prevenção dos acidentes, como campanhas para uso do cinto de segurança, sinalização das estradas…
Quais são as principais causas de morte pós traumas no segundo período da distribuição trimodal?
Hemorragias, como as decorrentes de lacerações hepáticas, ruptura esplênica ou fraturas pélvicas; hemopneumotorax; e os hematomas epidural e subdural
Qual o poder das medidas de suporte na redução da mortalidade pós trauma no segundo período da distribuição trimodal?
Nesse momento, o atendimento adequado, como a rápida avaliação e medidas de ressuscitação, podem reduzir a mortalidade
Qual período da distribuição trimodal das mortes pós trauma é considerada a Golden Hour? O que isso significa?
A golden hour ou hora de ouro corresponde ao segundo período da distribuição trimodal das mortes pós trauma (primeira hora após o trauma). Isso significa que esse é o período onde as medidas adequadamente conduzidas aumentam a probabilidade da vítima sobreviver
Quais as principais causas de morte no terceiro pico da distribuição trimodal?
Disfunção sistêmica de múltiplos órgãos e sepse
O que influencia e como podemos reduzir a mortalidade pós traumas no terceiro pico da distribuição trimodal?
Nesse período, os cuidados tomados nas fases anteriores da distribuição trimodal podem influenciar o prognóstico
O que é o protocolo de avaliação inicial no atendimento ao trauma?
O protocolo de avaliação inicial no atendimento ao trauma é uma abordagem sistematizada para o atendimento inicial desses pacientes, que pode então ser facilmente aplicada e revista. Esse protocolo envolve 9 passos, sendo eles: preparação, triagem, exame primário, reanimação, medidas auxiliares ao exame primário e à reanimação, exame secundário, medidas auxiliares ao exame secundário, reavaliação e monitoração continuas após reanimação, e os cuidados definitivos
Quais são os cenários onde a preparação do atendimento do trauma ocorrem?
A preparação do atendimento ao trauma ocorre em dois cenários distintos, o ambiente pré hospitalar e o hospitalar
Qual o primeiro passo da preparação no atendimento ao trauma? O que a equipe deve procurar fazer o mais rápido possível?
Na preparação do atendimento ao trauma, antes mesmo da abordagem inicial à vítima, a equipe deve sinalizar a via pública, para que os cuidados ao paciente transcorram em um ambiente seguro. Além disso, essa equipe deve providenciar o mais rápido possível a remoção desse paciente ao hospital mais próximo, comunicando a transferência para que a instituição possa se estruturar adequadamente e mobilizar a equipe de trauma
O que deve ser feito de modo geral na abordagem inicial do paciente traumatizado?
A abordagem inicial do paciente traumatizado deve incluir a manutenção da via aérea, a estabilização da coluna cervical, o controle de hemorragias externas e a imobilização do paciente para transporte, utilizando prancha longa
O que é essencial que seja comunicado pela equipe pré hospitalar à equipe hospitalar?
A hora e as circunstâncias do acidente, assim como os mecanismos do trauma
No que consiste a fase hospitalar da preparação na abordagem ao traumatizado?
Na abordagem ao traumatizado, a fase hospitalar da preparação corresponde ao preparo da emergência. Nessa fase, deve ser escolhido um líder de equipe dentre os profissionais que irão atender o paciente. Esse líder de equipe supervisiona o preparo da sala de trauma e conduz os exames primário e secundário, assim como o tratamento do paciente
O que deve ser preparado na fase hospitalar da preparação da abordagem ao traumatizado?
Uma sala de trauma deve estar pronta com equipamentos como tubo, laringoscópio e material para acesso cirúrgico a via aérea disponíveis; os equipamentos para ventilação e monitoração devem estar adequadamente testados e funcionantes; as soluções para reanimação (normalmente Ringer Lactato) devem estar adequadamente aquecidas e disponíveis; toda a equipe deve estar protegida contra doenças transmissíveis
Qual o objetivo da triagem no atendimento aos politraumatizados?
A triagem tem como objetivo classificar os pacientes de acordo com o tratamento necessário e os recursos disponíveis para assim conseguir atender e salvar o maior número de vítimas
Quais cenários de triagem são mais comumente praticados?
A triagem se divide basicamente em dois cenários possíveis. No primeiro, há múltiplas vítimas mas o hospital para onde elas serão transferidas é capaz de atender todas adequadamente. Já no segundo, há um cenário de desastre, onde a gravidade das lesões e o número de vítimas ultrapassam a capacidade de atendimento hospitalar
Como é feita a triagem em um cenário onde todos os pacientes podem ser atendidos adequadamente?
Em um cenário onde todos podem ser atendidos adequadamente, é dada prioridade aos mais graves. Nesse caso, devem ser atendidos primeiro os pacientes com risco iminente de morte ou com lesões multissistemicas
Como é feita a triagem em cenários de desastre?
Em cenários de desastre, a triagem é feita priorizando os indivíduos menos graves e com maior probabilidade de sobrevida
Por que não se dá prioridade aos pacientes mais graves na triagem feita em cenários de desastre?
Porque nesses casos a gravidade das lesões e o número de vítimas ultrapassam a capacidade de atendimento hospitalar. Dessa forma, se investíssemos o tempo em pacientes com pouquíssimas chances de sobreviver, correríamos o risco de deixar de atender pacientes que poderiam ser tratados adequadamente
Qual o nome do protocolo muito utilizado atualmente para triagem?
Protocolo START
Qual o objetivo do exame primário?
O exame primário tem como objetivo identificar e tratar primeiramente as lesões que implicam em risco de vida
Qual padrão deve ser seguido no exame primário?
O ABCDE do trauma
O que é o ABCDE do trauma?
O ABCDE do trauma é o padrão a ser seguido no exame primário do paciente traumatizado. É seguida uma ordem de acordo com esse mnemonico, que indica:
A-> Avaliação e manutenção da via aérea com restrição dos movimentos da coluna cervical
B-> Respiração e ventilação
C-> Circulação com controle da hemorragia
D-> Incapacidade e estado neurológico
E-> Exposição e controle do ambiente (como a prevenção da hipotermia)
Por que a abordagem das vias aéreas é realizada primeiro no ABCDE do trauma?
Porque qualquer outro esforço de ressuscitação se torna inútil sem esse passo
O que também é feito no A além da manutenção das vias aéreas? Como isso deve ser feito inicialmente?
Além da manutenção das vias aéreas, também é feito no passo A a estabilização da coluna cervical. Isso é feito inicialmente com a estabilização manual ou In-Line, idealmente com colar cervical rígido, prancha rígida e coxins laterais de sustentação. Dessa forma, o paciente já chega à sala de emergência habitualmente com a coluna cervical estabilizada
Por que a coluna cervical deve ser estabilizada no exame primário do paciente traumatizado?
Porque em pacientes com fratura na coluna, movimentações intempestivas do pescoço, por menores que sejam, podem comprometer de forma fatal a medula espinhal alta
Qual a causa mais comum de fraturas na coluna?
Acidentes automobilísticos em alta velocidade
Qual o grupo mais comum nas fraturas da coluna?
Homens jovens entre 15 e 35 anos e homens acima dos 65 anos
Como a equipe de trauma trabalha a intubação orotraqueal do paciente, quando necessária, com a estabilização da coluna cervical?
No atendimento pré hospitalar, pode ser solicitado a alguém da equipe que estabilize a coluna cervical manualmente enquanto é feita a intubação. Já quando o colar cervical já está colocado e a intubação é necessária, deve ser aberto o dispositivo e então a coluna cervical é estabilizada manualmente enquanto se intuba o paciente
Por que o colar cervical utilizado de forma isolada não é o suficiente para a estabilização da coluna cervical?
Porque o colar cervical isoladamente permite a movimentação lateral parcial da cabeça, além de pequena rotação e movimentação anteroposterior
Quando o paciente deve ser retirado da prancha rígida? Por que?
A prancha rígida gera muito desconforto ao paciente e pode levar à formação de úlceras de pressão e à insuficiência respiratória. Dessa forma, a prancha só é usada para o transporte e deve ser retirada o mais rapidamente possível na sala de trauma principalmente para prevenir a formação das úlceras de pressão
Em que pacientes vítimas de politrauma pode ser utilizada a Regra Canadense?
Nos pacientes com Glasgow 15 e estáveis hemodinamicamente
Como é aplicada a Canadian Rule?
Primeiramente, deve ser verificado se o paciente apresenta algum fator de risco, que são a idade maior que 65 anos, parestesias em extremidades ou mecanismo de trauma perigoso. Se houver fator de risco, o paciente deve permanecer com colar cervical e realizar a radiografia da coluna cervical. Caso não haja fator de risco, devemos verificar se há algum fator de baixo risco, sendo eles: a história de colisão traseira simples, sem colisão com ônibus ou grandes caminhões, capotamento, ejeção ou velocidade> 100 km/h; o paciente conseguir se sentar na emergência; o paciente permanecer ambulatorial e deambulando; ou a dor cervical tardia sem dor ou sensibilidade na linha mediana posterior cervical. Caso não haja fator de baixo risco, o paciente deve permanecer com colar cervical e realizar radiografia, já se houver algum fator de baixo risco, devemos verificar se o paciente é capaz de rodar a cabeça 45º à esquerda e o mesmo à direita. Caso o paciente seja capaz, não precisa ser feita a radiografia da coluna cervical e o colar pode ser retirado, sendo o contrário caso o paciente não seja capaz
Quais são os mecanismos de trauma considerados perigosos pela Regra Canadense?
Acidentes automobilísticos em alta velocidade (>100 km/h), com capotamento ou com ejeção; sobrecarga axial na cabeça como em mergulhos; queda de 1 metro ou mais, ou queda de 5 ou mais degraus; acidentes de bicicleta e acidentes com veículos motorizados recreativos como trailers, minitrailers ou motocasas
Quais regras podem ser usadas na avaliação primária da coluna cervical de pacientes politraumatizados? Em que condições podem ser realizadas?
Regra Canadense e Critérios Nexus. A regra canadense pode ser utilizada em pacientes Glasgow 15 e estáveis hemodinamicamente
Como é aplicado o Critério Nexus?
O critério Nexus é na verdade um mnemônico em inglês. Nessa regra, a presença de todos os fatores de baixo risco permitem a retirada do colar cervical e afastam a necessidade de radiografia da coluna cervical. Os fatores são:
N- Sem déficit neurológico focal (Neurologic deficit)
E- Sem evidência de intoxicação exógena (EtOh)
X- Sem lesões graves em outros locais que distraiam o avaliador e prejudique a avaliação correta da coluna cervical (eXtreme distracting injury)
U- Nível de consciência normal (Unable to provide history)
S- Sem dor ou sensibilidade na linha mediana posterior cervical (Spinal Tenderness)
Caso algum dos fatores não esteja presente, o colar cervical deve ser mantido e a radiografia da coluna cervical realizados
Quais exames de imagem devem ser feitos no exame secundário dos pacientes politraumatizados com indicação inicial de radiografia da coluna cervical?
Nesses pacientes, quando estáveis hemodinamicamente, o exame secundário deve incluir TC até T1 com multidetectores da coluna cervical. Na impossibilidade de se realizar a TC, devem ser feitas radiografias em AP, Perfil e em Odontoide (boca aberta)
Qual lesão traumática da coluna cervical mais frequentemente está associada ao óbito? Qual a frequência?
80% dos óbitos relacionados a lesões traumáticas da coluna estão relacionadas a luxações do atlas-occipital ou fraturas de C1-C2
O que é a fratura de Hangman? Qual a sua frequência e quais fraturas costumam estar relacionadas a ela?
As fraturas de Hangman correspondem à avulsão dos arcos de C2 com fratura de C2 sobre C3, sendo a segunda fratura mais comum da coluna cervical e estando relacionada a fraturas do crânio e da mandíbula
A estabilização da coluna cervical deve ser realizada em todos os pacientes politraumatizados?
Não, apenas nos pacientes com potencial lesão da coluna cervical após traumas multissistêmicos, especialmente nos casos com nível de consciência alterado ou traumatismo fechado acima da clavícula. Nos pacientes que não tenham risco de lesão da coluna cervical, como por exemplo naqueles apenas com traumas penetrantes abdominais, não precisa ser estabilizada a coluna cervical
O que deve ser avaliado primeiramente no exame das vias aéreas? Como isso é feito normalmente?
A perviedade das vias aéreas, sendo isso normalmente avaliado através da verificação da fonação
O que nos é indicado quando o paciente tem fonação presente?
Caso não haja prejuízo da fonação, dificilmente o paciente terá obstrução significativa das vias aéreas, sendo ela então considerada pérvia
Que medida de suporte é necessária para a via aérea nos casos sem prejuízo da fonação?
Nesses casos sem prejuízo da fonação, a via aérea é considerada pérvia e é indicado apenas suporte de oxigênio com máscara-reservatório de pelo menos 10 L/min
Como o comprometimento da via aérea pode se manifestar na clínica?
O comprometimento da via aérea pode se manifestar na clínica de forma súbita ou progressiva. Nos casos de evolução progressiva, o paciente pode se apresentar agitado quando houver hipóxia ou letárgico quando predominar a hipercapnia
O que deve ser feito primeiramente no manejo das vias aéreas nos pacientes com prejuízo da fonação ou com rebaixamento da consciência (não tendo fonação)? Como isso pode ser feito?
Nesses casos, o primeiro passo é estabelecer uma via aérea patente para então avaliá-la. Isso é inicialmente feito através das manobras de Chin Lift (elevação do mento) ou Jaw Thrust (tração da mandíbula), sempre mantendo a coluna cervical estável. A partir dessas manobras é possível visualizar a via aérea, buscando presença de sangue, corpos estranhos, acúmulo de saliva e vômito
O que deve ser feito na inspeção das vias aéreas?
As manobras de Chin Lift ou Jaw Thrust permitem a visualização da via aérea, devendo ser avaliada a presença de sangue, corpos estranhos, acúmulo de saliva e vômito. Caso haja a presença de algum destes, deve ser feita a aspiração com laringoscopia direta e sonda de ponta rígida
O que fazer no manejo de vias aéreas quando o paciente apresenta vômitos persistentes?
Lateralização em bloco do paciente na prancha rígida, com proteção da coluna cervical e aspiração da via aérea com sonda de ponta rígida
Após a inspeção da via aérea e sucção de possíveis corpos estranhos, o que pode ser feito além das manobras de Chin Lift e Jaw Thrust para manter as vias aéreas pérvias?
A colocação das cânulas orofaríngea (Guedel) ou nasofaríngea
Qual a contraindicação clássica à manobra de Chin Lift?
Suspeita de lesão cervical
Qual a contraindicação ao uso das cânulas nasofaríngea e orofaríngea? Por que?
As cânulas nasofaríngeas são contraindicadas em pacientes com suspeita de fratura de base de crânio, já que nesses casos poderiam adentrar o espaço intracraniano na colocação. Já as orofaríngeas são contraindicadas em pacientes conscientes ou com reflexo de vômito presente, já que podem causar nesses casos broncoaspiração
Após a inspeção, aspiração de possíveis corpos estranhos e tendo garantido uma via aérea patente, qual o último passo no A do ABCDE?
A definição da necessidade ou não, naquele momento, de via aérea avançada ou acessória
O que é considerado via aérea avançada? Qual outro nome se dá a esse grupo e como é dividido?
Via aérea avançada, também chamada de via aérea acessória, é um conjunto de técnicas e dispositivos que abrange as vias aéreas definitivas e as vias aéreas temporárias
O que é uma via aérea definitiva e qual sua diferença primária para as vias aéreas temporárias?
As vias aéreas definitivas por definição correspondem a uma sonda endotraqueal com balonete insuflado (!!!), conectada a um sistema de ventilação assistida, com mistura enriquecida de O2 e mantida em posição por meio de fixação apropriada. Dessa forma, tendo o balonete insuflado, as vias aéreas definitivas protegem a VA, o que não ocorre com as temporárias
Quais são as indicações de via aérea acessória?
- Apnéia
- TCE grave (ECG < ou = 8)
- Proteção das VA inferiores contra aspiração de sangue e conteúdo gástrico
- Comprometimento iminente da VA (fraturas de face, lesão por inalação ou convulsões reentrantes)
- Incapacidade de manter oxigenação com ventilação sob máscara
Quais são os métodos de via aérea definitiva? Como são divididos?
Os métodos de via aérea definitiva são divididos em cirúrgicos e não cirúrgicos. Os não cirúrgicos equivalem à intubação endotraqueal, que pode ser nasotraqueal ou orotraqueal. Já os cirúrgicos correspondem à cricotireoidostomia cirúrgica e à traqueostomia
Qual o método de via aérea acessória primariamente indicado nos pacientes que tenham essa necessidade?
A primeira escolha como método de via aérea acessória é a IOT (intubação orotraqueal)
Por que a intubação nasotraqueal não é a mais indicada?
Porque os melhores resultados e experiência se dão com a IOT
O que é necessário para a realização da intubação nasotraqueal às cegas? Por que?
Para a intubação nasotraqueal às cegas, é necessário um paciente alerta e colaborativo, uma vez que com movimentos respiratórios mais profundos é mais fácil acompanhar o fluxo de ar pela laringe, o que facilita essa intubação
Quais possíveis complicações da intubação nasotraqueal podem surgir na UTI?
Sinusite e necrose por pressão do tubo em partes moles podem surgir durante a evolução na UTI
Quais são as contraindicações à intubação nasotraqueal?
Apnéia e traumas de face, notadamente na presença de sinais de fraturas da base do crânio
Em que casos é indicada a realização da sequência rápida de intubação ou SRI?
A SRI é indicada nos casos que necessitam de rápido controle das vias aéreas com via aérea definitiva e tenham reflexo de vômito intacto, especialmente na presença de TCE
Qual o outro nome para a SRI?
Intubação assistida por droga
Como é feita a SRI?
A SRI é feita sempre a partir da preparação de um plano B que envolva a possibilidade de via aérea cirúrgica, devendo estar o material separado e de fácil acesso. Além disso, devem haver fontes de aspiração e oxigenação prontas e disponíveis. A partir disso se inicia a sequência:
- Pré oxigenação do paciente com O2 a 100%
- Manobra de Sellick, onde é feita pressão sobre a cartilagem cricóide
- Uso de uma droga de indução de ação rápida como o Etomidato 0,3mg/kg ou Sedativos de acordo com o protocolo da unidade
- Uso de um relaxante muscular de ação rápida como a Succinilcolina IV 1 a 2 mg/kg
- Após o relaxamento é feita a IOT
- Verifica-se se a IOT foi feita da maneira correta e se insufla o cuff
- Libera-se a pressão da cricóide
- Ventilação do paciente
Como podemos verificar se o tubo endotraqueal está corretamente posicionado?
Dispositivos que medem o CO2 expirado podem confirmar o posicionamento do tubo na traquéia, uma vez que nesse caso o ar expirado pelo paciente permitirá o dispositivo detectar o CO2
Quais dispositivos para detecção do CO2 na IOT podem ser utilizados?
Capnógrafo e dispositivos colorimétricos podem ser usados para detecção do CO2 na IOT
Qual o maior medo a sedação e o relaxamento do paciente na SRI gera? Qual a consequência disso?
A sedação e o relaxamento do paciente na SRI gera medo em caso de incapacidade de se conseguir uma via aérea adequada, já que nesse caso o paciente não irá conseguir ventilar. Devido a isso, não são usadas drogas de ação prolongada na SRI
O que é feito na SRI quando há incapacidade de se conseguir a IOT?
Nesses casos, o paciente deve ser ventilado com máscara-bolsa (AMBU) até que a paralisia se resolva
O que é feito em geral quando não se consegue realizar a IOT?
Nos casos onde não se consegue realizar a IOT, podem ser empregados métodos transitórios de acesso à via aérea até que seja empregada uma via aérea cirúrgica
Que dispositivo moderno tem sido utilizado na IOT de vias aéreas difíceis?
Videolaringoscópio
Quais são os principais métodos de via aérea transitória?
Máscara laríngea e Combitubo
Caso a equipe não esteja familiarizada ou não tenha acesso aos métodos temporários de acesso às vias aéreas e a IOT não seja conseguida, o que deve ser feito?
Nesses casos, deve ser realizado o acesso cirúrgico à via aérea de forma imediata
Como funcionam os dispositivos de acesso temporário à via aérea?
Os dispositivos de acesso temporário à via aérea são a máscara laríngea e o combitubo (tubo esôfago-traqueal). A máscara laríngea, quando insuflada, oclui tanto a orofaringe quanto o esôfago e permite a ventilação da traquéia. Já o combitubo é formado por dois tubos, um distal, que possui um balonete que oclui o esôfago e um proximal, que fica na laringe e possui também um balonete que oclui a orofaringe, permitindo assim a ventilação da traquéia
Qual a vantagem da máscara laríngea e do combitubo na manutenção das vias aéreas?
A máscara laríngea e o combitubo apresentam colocação mais simples, permitindo que isso seja feito às cegas e sem necessidade de laringoscopia
Quais são as indicações imediatas de via aérea cirúrgica? Qual outra indicação para o acesso cirúrgico?
A presença dos seguintes fatores indica que de imediato seja estabelecido um acesso cirúrgico às vias aéreas
- Trauma maxilofacial extenso (com fragmentos dentários e muita secreção e sangue na via aérea)
- Incapacidade de visualizar as cordas vocais (pelo acúmulo de sangue e secreções ou pelo edema das vias aéreas)
- Presença de distorções anatômicas por traumas no pescoço
Ainda, quando a IOT não é conseguida ou não é possível, as vias aéreas cirúrgicas estão indicadas. Lembrando que se for possível e disponível, podem ser usados métodos temporários de via aérea nesse meio tempo, mas que depois precisam passar a um método definitivo, seja ele a IOT ou, se ainda não for possível, os acessos cirúrgicos
Qual o método de via aérea cirúrgica de primeira escolha?
Cricotireoidostomia cirúrgica
Como podemos palpar e identificar a membrana cricotireóidea?
A membrana cricotireoidea pode ser palpada entre as cartilagens tireoide e cricoide na laringe
Como é realizada a cricotireoidostomia cirúrgica?
A cricotireoidostomia cirúrgica é realizada através de uma incisão transversa cervical na altura da membrana cricotireoidea, sendo o orifício então dilatado delicadamente com pinça hemostática e colocada uma cânula com balonete insuflado que terá sua extremidade distal na traquéia
Qual diâmetro de cânula é indicado para adultos na cricotireoidostomia cirúrgica?
Em adultos, a cricotireoidostomia cirúrgica deve ser realizada com cânulas de pequeno diâmetro (7-8mm Portex ou tubo de traqueostomia com mesmo diâmetro)
Qual contraindicação existe à cricotireoidostomia cirúrgica?
Idade abaixo de 12 anos é contraindicação relativa à cricotireoidostomia cirúrgica
A traqueostomia pode ser realizada em que faixas etárias?
A traqueostomia pode ser realizada em qualquer faixa etária, inclusive abaixo dos 12 anos
Qual espaço tem a traqueostomia no acesso às vias aéreas do paciente traumatizado em avaliação inicial? Quais são suas indicações?
A traqueostomia deve ser evitada e encarada como um método de exceção para acesso às vias aéreas na avaliação inicial. Como pode ser realizada em crianças ou qualquer faixa etária, é indicada nos casos onde há necessidade de acesso cirúrgico e há algo que contraindique a crico, como a idade abaixo dos 12 anos. Em pacientes com fratura da laringe, a IOT deve ser inicialmente tentada, sendo a traqueostomia indicada caso a IOT não seja bem sucedida
Como podemos identificar fraturas de laringe na avaliação inicial do paciente traumatizado?
As fraturas de laringe podem ser identificadas pela palpação, sendo percebidos os enfisemas subcutâneos pela crepitação, e também pela presença de rouquidão
O que é a Cricotireoidostomia por punção e quando é indicada?
A cricotireoidostomia por punção é um método cirúrgico e transitório de acesso às vias aéreas, sendo indicado quando há indicação cirúrgica do acesso e isso tenha que ser feito em segundos, sem atrasos. Por exemplo, quando o paciente apresenta trauma maxilofacial extenso e evolui com apneia
Em que faixas etárias é possível fazer a cricotireoidostomia por punção?
A cricotireoidostomia por punção pode ser realizada em qualquer faixa etária, inclusive abaixo dos 12 anos
Como é feita a cricotireoidostomia por punção?
A cricotireoidostomia por punção é realizada a partir da punção de uma agulha sobre a membrana cricotireoidea. A partir disso, se introduz uma cânula de grosso calibre na traquéia através da membrana cricotireoidea e se inicia a ventilação intermitente a jato
No que consiste a ventilação intermitente a jato?
Na ventilação intermitente a jato, o paciente estará acoplado e ventilado por uma fonte de oxigênio em alta pressão (40 a 50 psi) com 15 L/min
Qual a desvantagem da ventilação intermitente a jato? Por que?
A ventilação intermitente a jato tem como desvantagem a retenção de CO2, já que nessa modalidade a fase expiratória será curta
Por quanto tempo os parâmetros respiratórios podem ser mantidos na ventilação intermitente a jato?
Na ventilação intermitente a jato, a PaO2 pode ser mantida em níveis adequados por 30-45 minutos, enquanto o acúmulo de CO2 ocorre em menos tempo
Que pacientes vítimas de trauma devem receber O2 suplementar?
Todos os pacientes vítimas de trauma, sem exceção, devem receber O2 suplementar, de acordo com a modalidade indicada
Após garantir via aérea pérvia, observar e cumprir a necessidade ou não de via aérea avançada, o que deve ser feito no atendimento ao trauma?
Nesse momento, se inicia o B do ABCDE do trauma, que irá observar e garantir a ventilação adequada do paciente
O que deve ser utilizado na monitoração do paciente no início do B do ABCDE?
No início do B do ABCDE, devemos monitorar o paciente com oxímetro de pulso
Como é feita a avaliação da ventilação (B) no ABCDE do trauma?
A avaliação da ventilação, que corresponde ao B no ABCDE do trauma, é realizada através da monitoração com oxímetro de pulso e do exame físico com inspeção, palpação, percussão e ausculta da região torácica
Em pacientes sem prejuízo da ventilação, o que iremos observar na avaliação do B do ABCDE?
A avaliação do B do ABCDE no paciente sem prejuízo da ventilação irá mostrar esforço respiratório simétrico e murmúrios vesiculares universal e bilateralmente audíveis
Quais lesões podem comprometer a ventilação de forma imediata? Em que momento elas devem ser avaliadas?
As lesões que podem comprometer a ventilação de forma imediata são o pneumotórax aberto, o pneumotórax hipertensivo e o hemotórax maciço. Essas lesões devem ser por isso avaliadas de imediato no exame primário (B do ABCDE)
Quais lesões comprometem a ventilação de forma menos intensa e quando elas normalmente são avaliadas?
As lesões que comprometem a ventilação de forma menos intensa são o pneumotórax simples, contusão pulmonar, hemotórax simples, fraturas de arcos costais e tórax instável. Normalmente essas lesões são avaliadas no exame secundário
O que é o Pneumotórax Hipertensivo? Como ele ocorre?
O pneumotórax hipertensivo corresponde à presença de ar na cavidade pleural (pneumotórax), nos casos onde esse ar penetra no espaço pleural de forma contínua, com um mecanismo valvular que impede seu retorno, tendo fluxo unidirecional em direção ao espaço pleural