As vias biliares e os tumores hepatobiliares Flashcards
Homem, 82 anos, com rebaixamento do nivel de consciencia (RNC), taquicardia, ictericia, febre e dor discreta no andar superior do abdomen. Diagnostico e conduta:
Colangite* aguda (confirmada pela Triade de Charcot = ictericia + febre/calafrios + dor abdominal) supurativa ou grave (confirmada pela pentade de Reynold)
*obstrução e inflamação das vias biliares, principalmente por calculo ou tumor
RNC + taquicardia = instabilidade hemodinamica = instabilidade circulatoria = pensar em pentade de Reynolds
ictericia + febre + dor abdominal + confusão mental e hipotensão arterial = pêntade de Reynolds (indicam colangite supurativa, com pior prognóstico e aumento da morbi mortalidade.)
Antibioticoterapia para gram negativos, suporte clinico intensivo e desobstrução biliar. Devemos tambem solicitar USG de abdomen para comprovar se realmente temos obstrução biliar (poderia ser hepatite viral aguda)
OBS: hemograma e proteina c reativa nao mudam muito a conduta
OBS 2: CPRE só é indicado em colangites toxicas com calculos impregnados na papila (parte final). DO contrario, só antibioticoterapia resolve para colangite aguda (calculos pequenos passaram pelo ducto cistico e fizeram coledocolitiase). Lembrando que se tiver colelitiase associada, fazemos direto o CPRE tbm. A antbioticoterapia fica reservada pros casos de colangite isolada.
Os microorganismos mais comumente encontrados nas colangites agudas:
1) Escheria Coli;
2) Klebsiella sp;
3) Enterococcus sp.
4) Streptococcus sp.
5) Enterobacter sp.
6) Pseudomonas aeruginosa
Alem de demais germes intestinais (principalmente Gram-negativos, mas pode ter de tudo) :Clostridium, Bacteroides e Proteus
A triade colica biliar + ictericia obstrutiva + sangramento intestinal é sugestiva de:
Suas principais causas são:
Qual exame diagnostico:
Hemobilia (sangramento na arvore biliar) = sangramento na arvore biliar que obstrui a regiao e causa colica biliar e sindrome colestatica ( qualquer doença que leve a interrupção do fluxo da bile até ao duodeno-> ictericia, coluria e acolia fecal)
Triade de Philip Sanblom = hemorragia digestiva + dor no hipocondrio direito + ictericia
Trauma, manipulação cirurgica da via biliar e neoplasia hepatica
Arteriografia (diagnostica pq identifica o vaso sangrante e tbm terapeutica pq permite a embolização do mesmo)
OBS: EDA ate pode observar saida de sangue pela Ampola de Vater, mas nem sempre ocorre isso, o que pode dar laudo normal
Paciente de 62 anos com ictericia obstrutiva, submetido a duodenopancreatectomia (cirurgia de Whipple). Qual era seu diagnostico?
Adenocarcinoma de cabeça do pancreas
Paciente de 72 anos, icterica, submetida a hepatectomia com anastomose biliodigestiva intra-hepatica. Qual era seu diagnostico?
Tumor no coledoco (colangiocarcinoma)
Paciente de 53 anos, submetido a duodenopancreatectomia (cirurgia de Whipple) por pancreatite aguda de repetição. Qual era seu diagnostico?
Neoplasia que causa pancreatite aguda de repetição (neoplasia papilar mucinosa intraductal pancreatica)
Tumor hepatico benigno mais comum:
Hemangiomas (proliferação excessiva e desordenada de minúsculos vasos sanguíneos que se acumulam na pele, ou em órgãos internos. )
Paciente com ictericia progressiva e desconforto abdominal. Tomografia mostrou ser colangiocarcinoma. Qual a localização mais provavel? Sintomas e manifestações laboratoriais? Quais os principais fatores de risco? Como é feito o diagnostico? Tratamento?
Tumor de Klatskin (75% dos colangiocarcinomas). Se localiza na regiao peri-hilar, podendo acometer os ductos hepaticos direito e esquerdo, a confluencia dos ductos hepaticos ou o hepatocoledoco (depende do seu estágio).
SINTOMAS: Ictericia indolor. Com a evolução da doença, podem apresentar sinais de insuficiencia hepatica e alteração dos exames laboratoriais de função hepatica, assim como a elevação de marcadores tumorais como CEA e CA 19.9 (nao sao criterios diagnosticos, mas sao uteis no acompanhamento)
Fatores de risco para Klatskin: doenças que causam inflamação da via biliar (colangite esclerosante primaria, colangite piogenica recorrente e os cistos de coledoco
DIAGNOSTICO: TC com contraste com estudo trifasico (fase arterial, portal e venosa)
Tratamento: ressecção ampla do tumor, sempre que possivel.
OBS: colangiocarcinomas em geral sao adenocarcinomas
OBS 2: 25 % restantes se dividem entre intra-hepaticos e distais (coledoco)
Manifestação clinica dos colangiocarcinomas:
Intensa e progressiva sindrome colestatica (ictericia, coluria e acolia fecal) indolor. Há importante anorexia e emagrecimento. Tipicamente os niveis de bilirrubina sao bem elevados.
Lei de Courvoisier- Terrier: tumor de Klatskin nao distende a vesicula (pois fica acima dela). Ja o tumor distal distende a vesicula, que ganha grandes proporções e se torna palpavel e indolor.
Mulher, 34 anos, procura emergencia com dor epigastrica e vomitos. USG mostra colelitiase (é a presença de cálculos no interior da vesícula biliar) com vias biliares normais. Exame de sangue mostra aumento de leucocitos e amilase elevada. Foi internada. No 4º dia de internação, estava assintomatica e aceitando bem a dieta. Gama GT e fosfatase alcalina normais (nao tem coledocolitiase). Conduta:
A paciente apresentou um quadro de pancreatite aguda biliar (sintomas compativeis e confirmação laboratorial). Quando o quadro inflamatorio agudo se resolve (melhora dos sintomas e aceitação da dieta), devemos fazer tratamento cirurgico definitivo da colelitiase, pois a taxa de recidiva dentro de ate 1 ano é alta (20-30%)
OBS: calculos biliares sao a principal causa de pancreatite aguda, seguidos pelo alcoolismo
Paciente internada para realização de colecistectomia devido a litiase biliar (colecistectomia preferencialmente videolaparoscopica de urgencia realizada nas primeiras 72h de diagnostico*). Evolui com elevação de GGT, fosfatase alcalina e TGO. Hipotese diagnostica e conduta:
*tanto nas litiasicas (95% das colecistites) quanto alitiasicas (inflamação da vesícula biliar sem a evidência de cálculos biliares)
Migração do calculo para a via biliar (elevação de GGT, fosfatase alcalina e Transaminases), o que pode causar coledocolitiase ou pancreatite no pós-operatorio.
Conduta é postergar a cirurgia para melhor investigação, com USG, colangiorressonancia* ou mesmo colangiopancreatografia retrograda endoscopica (CPRE)** e tratamento pre-operatorio da coledocolitiase para só depois fazer colecistectomia eletiva.
*maquina de ressonancia mesmo
**tubo que entra pela boca com a pessoa sedada e vai ate as vias biliares
Melhor estrategia de screening para hepatocarcinoma em pacientes cirroticos/com fatores de risco isolados (como hepatite B cronica):
USG de abdomen superior e dosagem de alfafetoproteina, ambos a cada 6 meses.
Se tiver alteração em pelo menos um desses exames, fazemos metodo de imagem mais sensivel, como TC com estudo dinamico ou RNM com gadolinio.
OBS: resultados incertos em termo de reduçao da mortalidade por fazer screening
Quando a colecistectomia videolaparoscopica pode se tornar cirurgia aberta?
OBS: lembrar que a conversao para aberta é baixa e geralmente usamos por video mesmo
Acometimento inflamatorio agudo da vesicula pode distorcer a anatomia da arvore biliar, implicando em maiores taxas de conversao para aberta do que uma colecistopatia cronica. Mesmo assim, a VL é a preferida na maior parte dos casos.
OBS: mesmo gravidas e pessoas com operações abdominais previas podem fazer por via videolaparoscopica
O que é sinal de Murphy e o que ele indica?
Durante a palpação do ponto cistico (hipocondrio direito, na regiao subcostal direita), pede-se ao paciente para inspirar fundo. O sinal é positivo quando o paciente para de respirar subitamente pela dor.
Colecistite aguda.
Mulher, 47 anos, obesa, com dor abdominal em colica, pós-prandial, localizada no quadrante superior direito do abdomen e irradiada para o dorso. Apresentava dor a palpação profunda do hipocondrio direito com parada abrupta da inspiração profunda. Ultrassom mostra calculo na vesicula (imagem hiperecoica = branca) e sombra acustica. Diagnostico, tratamento e principais complicações:
Colecistite aguda* (calculo no USG + sinal de Murphy positivo)
*é a inflamação aguda da vesícula biliar que se desenvolve em horas, geralmente como resultado da obstrução do ducto cístico por um cálculo.
OBS: diagnosticos diferenciais: pancreatite aguda, hepatite e apendicite aguda (topografia)
Colecistectomia videolaparoscopica em ate 72h, sendo a colecistotomia** reservada para pacientes com instabilidade hemodinamica, que nao suportariam o pneumoperitonio.
**é a drenagem externa da vesicula biliar. feita atraves de uma pequena incisao ou percutanea com material especifico de punçao.
Gangrena*** que gera depois perfuração (a perfuração é a complicação mais comum, podendo ocorrer em ate 10% dos casos)
***é um tipo de morte dos tecidos causada por falta de irrigação sanguínea.
OBS: a perfuração pode dar coleperitonio (peritonite por extravasamento de bile)
Conduta para paciente que tem adenocarcinoma da vesicula T1 (lesao restrita a mucosa):
Conduta para paciente que tem adenocarcinoma da vesicula T2 (lesao atingiu camada muscular):
Colecistectomia padrao + exames periodicos de imagem para avaliar recidiva tumoral.
Colecistectomia radical = colecistectomia + ressecção anatomica dos segmentos IVb e V do figado
Mulher, com dor em hipocondrio direito há 24h, associada a nauseas e vomitos, com sinal de Murphy positivo. Diagnostico:
Colecistite aguda/ colecistite aguda litiasica/ colecistite aguda por calculos
OBS: calculos sao 3x mais comuns em mulheres. Ocorrem entre 11-25% da população em geral.
Quase 80% dos pacientes são assintomaticos
Melhor exame para diagnostico é o USG (raio x pouco efetivo = 10% somente)
Mulher, 35 anos, assintomatica, chega encaminhada de um ginecologia por presença de nodulo hepatico identificado em USG de rotina. Usa anticontraceptivo oral combinado. Relata ter feito transfusao no seu primeiro parto e nao bebe. Realizou TC com contraste venoso que mostrou uma cicatriz central de aspecto estrelado. Diagnostico:
Hiperplasia nodular focal (HNF)
Possui aspecto variado no USG (pode ser hipoecoica, isodensa ou hiperdensa), sendo necessario a realização de uma TC com contraste venoso. Esse contraste é hipercaptado durante a fase arterial do exame (a cicatriz central é avascular e se torna mais evidente -> formato estrelado/roda de carruagem). Na fase venosa, o brilho da lesao diminui, mas a cicatriz pode se impregnar pelo contraste nesse momento, por difusao passiva.
Homem, 33 anos, com colecistite cronica calculosa foi submetido a colecistectomia. Como o paciente estava com ictericia obstrutiva, durante o intraoperatorio, foi realizada uma colangiografia, que mostrou um coledoco aumentado de 2,8 cm ( > 0,6 cm) e com 10 calculos. Conduta:
Necessaria a exploração laparoscopica do ducto biliar principal e a retirada dos calculos, que pode ser feita por acesso atraves do ducto cistico ou por coledocotomia.
Se:
1) coledoco > 2 cm
2) mais de seis calculos
3) calculos intra-hepaticos residuais e/ou
4) coledocolitiase primaria (calculospigmentados castanhos)
temos que fazer a derivação (anastomose) biliodigestiva, realizada atraves de coledocoduodenostomia ou coledocojejunostomia (lembrando que antes da derivação é mandatorio coledocotomia para retirar os calculos
Paciente com CHC procura emergencia por hemorragia intra-abdominal. Descorado, com FC elevada e PA = 80 x 40 mmHg. Conduta:
O CHC é um tumor bastante vascularizado, por isso, uma das suas mais graves complicações é o risco de ruptura espontanea e hemorragia intraperitoneal, que pode levar o paciente ao obito por exsanguinação aguda (hemorragia interna).
Nosso paciente esta em CHOQUE CIRCULATORIO (instabilidade hemodinamica), portanto, nao suportaria abordagem cirurgica nesse momento. Devemos entao optar pela abordagem menos invasiva, que seria ARTERIOGRAFIA PARA ANGIOEMBOLIZAÇÃO DA LESÃO + RESSUSCITAÇÃO VOLÊMICA + HEMOTRANSFUSÃO.
Primeiro estabilizamos o doente. Depois, em um segundo momento, estadiaremos sua lesao e decidiremos a estrategia terapeutica definitva (hepatectomia para ressecção do tumor? transplante?)
OBS: laparotomia deve ser evitada em pacientes instaveis
Homem, 34 anos, fez uso de anabolizantes, apresenta massa indolor em hipocondrio direito. Feito TC com contraste venoso que mostrou massa com captação de contraste periferico assimetrico no segmento posterolateral inferior direito hepatico. Hipotese diagnostica e classificação de Couinaud para segmento:
Segmento VI (dificil acertar mesmo!)
A questao deve ser feita pela epidemiologia (uso de anabolizantes) e pelo padrao do contraste (periferico assimetrico)
HEMANGIOMA* = captação periferica de contraste. Na fase tardia, o contraste se dirige ao centro da lesao. O hemangioma é o tumor mesenquimal benigno mais comum do figado, de etiologia desconhecida, mas exibe alguma relação com o uso de estrogenios e anabolizantes
*pequeno nódulo formado por um emaranhado de vasos sanguíneos, que normalmente é benigno e não evolui para câncer, com raríssimos sintomas.
OBS: adenomas teriam margens bem definidas e captações heterogeneas devido a hemorragias no interior da lesao
Em principio, pacientes assintomaticos nao possuem indicação de colecistectomia em vigencia de colelitiase. Mas alguns pacientes precisam fazer a cirurgia devido ao risco de complicações (evolução para colecistite, coledocolitiase, pancreatite aguda, cancer):
OBS: lembrar que pacientes sintomaticos sao orientados a fazerem cirurgia pois possuem maior risco de complicação (colecistite, coledocolitiase com colangite, pancreatite aguda, etc)
- vesicula em porcelana = calcificação da parede da vesicula (fator de risco para câncer de vesícula biliar)
- polipos de alto risco (idade > 60 anos; > 1 cm; crescimento documentado na USG seriada
- calculos grandes ( >2,5-3 cm)
- vesiculas com anomalias congenitas (ex:vesicula duplicada)
- anemias hemoliticas (anemia falciforme - calculos pretos formados sao pequenos, tendo maior risco de escapar da vesicula e causar complicações
- portadores de um longo ducto após junção do coledoco e ducto pancreatico
Considerar em alguns casos:
- candidatos a cirurgia bariatrica
- pacientes na fila de transplante