Artrites idiopáticas Flashcards

1
Q

O que são artrites idiopáticas?

A

As artrites idiopáticas são doenças sistêmicas de fisiopatologia ainda obscura, com marco principal articular.

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2
Q

Como são divididas as artrites idiopáticas?

A

Entre esse grupo de doenças, podemos citar as artrites soropositivas, como a artrite reumatoide, e as artrites soronegativas, como a espondilite anquilosante, a artrite reativa e a artrite psoriásica.

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3
Q

O que é a artrite reumatoide?

A

A principal artropatia inflamatória crônica idiopática.

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4
Q

Qual o perfil epidemiológico da artrite reumatoide?

A

Acomete sobretudo mulheres de meia idade, entre 25 e 55 anos.

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5
Q

Como é o curso da artrite reumatoide?

A

Seu curso é frequentemente intermitente, sendo caracterizado por períodos de remissão e períodos de atividade da doença.

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6
Q

Quais os fatores de risco da artrite reumatoide?

A

O principal fator de risco para o quadro corresponde ao tabagismo, embora contribuam também para o desenvolvimento da doença a exposição ocupacional à sílica, ao asbesto e à madeira.

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7
Q

Como se estabelece a relação da artrite reumatoide com fatores genéticos?

A

Destaca-se que a AR apresenta grande associação com alelos HLA-DR4 (ou HLA-DRB1), os quais garantem a indução de resposta autoimune adaptativa pela associação entre epítopos compartilhados desses alelos e peptídeos artritogênicos, corroborando a relação da doença com fatores genéticos.

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8
Q

Como se estabelece a relação da artrite reumatoide com fatores imunológicos?

A

Dessa forma, além do componente genético, a doença apresenta também uma participação imunológica, marcada sobretudo pela produção de diversos autoanticorpos, entre os quais se destaca o fator reumatoide (um anticorpo IgM que ataca anticorpos IgG, sendo, portanto, um anti-IgG) e anticorpos contra peptídeos citrulinados cíclicos (anti-CCP).

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9
Q

Quais os principais autoanticorpos associados à artrite reumatoide?

A

fator reumatoide (um anticorpo IgM que ataca anticorpos IgG, sendo, portanto, um anti-IgG) e anticorpos contra peptídeos citrulinados cíclicos (anti-CCP).

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10
Q

Como é a fisiopatologia da artrite reumatoide?

A

De fato, quanto à sua fisiopatologia, o comprometimento articular característico da AR envolve, inicialmente, uma inflamação sinovial (sinovite), resultando na formação de um tecido inflamatório sinovial em proliferação, que recebe o nome de Pannus. Esse processo apresenta caráter crônico e persistente, podendo resultar, com a evolução do quadro, em lesão irreversível de estruturas articulares adjacentes, como a cartilagem articular e o osso subjacente. Todo esse processo é mediado por respostas autoimunes, inicialmente com a ativação de linfócitos T CD4, os quais ativam macrófagos e linfócitos B, levando à produção desordenada de citocinas (como TNF-alfa) que determinam a autoperpetuação do processo e a cronicidade da inflamação.

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11
Q

O que são articulações sinoviais? Qual seu sinônimo?

A

As articulações diartrodiais ou sinoviais são, em geral, articulações presentes na região de união entre ossos longos, permitindo grande amplitude de movimento. Tais articulações são envolvidas por uma cápsula articular, cuja porção mais interna é revestida pela membrana sinovial, responsável pela produção do líquido sinovial (ou sinóvia), o qual tem como função a lubrificação das articulações sinoviais, facilitando o deslizamento das superfícies cartilaginosas durante a movimentação das partes ósseas.

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12
Q

Como é feito o diagnóstico precoce de artrite reumatoide e qual sua importância?

A

Nos dias atuais, a instituição de diagnóstico precoce, através de métodos diagnósticos mais sensíveis, permite o início do tratamento em quadros menos avançados da doença, prevenindo, assim, ocorrência de destruição óssea e cartilaginosa.

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13
Q

Qual o padrão de comprometimento articular na artrite reumatoide?

A

O padrão articular da artrite reumatoide é marcado por evolução insidiosa (ao longo de semanas a meses), aditiva (acometimento de uma articulação sem que haja melhora de outra) e bilateral, resultando em uma poliartrite simétrica periférica cumulativa.

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14
Q

Como diferenciar a artrite reumatoide de quadros degenerativos de osteoartrose?

A

Além disso, é muito comum haver rigidez matinal por tempo superior a 1 hora (“não consigo fechar minhas mãos”), havendo ganho progressivo da mobilidade ao longo do dia; tal característica é importante para diferenciação entre a AR e osteoartropatias degenerativas, como a osteoartrose, por exemplo, em que a rigidez matinal se mantém por um período inferior a 30 minutos.

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15
Q

O que ocorre com a musculatura periarticular na artrite reumatoide e por quê?

A

Ainda, em associação ao acometimento articular, pode-se observar atrofia muscular periarticular, pelo desuso da musculatura e pela própria ação de citocinas inflamatórias locais.

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16
Q

Quais as principais articulações acometidas na artrite reumatoide? Quais outras articulações podem ser acometidas com a evolução do quadro?

A

O acometimento articular ocorre, sobretudo, em pequenas articulações periféricas, com destaque para mãos, pés, punhos “e pronto”, havendo, entretanto, tendência a preservação de articulações interfalangeanas distais. Com a evolução do quadro, pode-se observar acometimento de articulações mais centrais, como joelhos e cotovelos.

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17
Q

Como pode se dar o início do quadro de artrite reumatoide?

A

É importante destacar que o início do quadro de artrite reumatoide pode ser marcado pelo acometimento de uma única articulação, de pequena intensidade, curta duração e mínima sequela articular, a chamada artrite indiferenciada.

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18
Q

A artrite reumatoide acomete com frequência articulações interfalangeanas distais?

A

Não, tende a poupá-las. Sendo assim, diante de manifestações clínicas de artrite em AID, é importante considerar outros diagnósticos diferenciais, como artrite psoriásica ou osteoartrite.

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19
Q

Como se justificam as deformidades articulares na artrite reumatoide?

A

Portanto, a evolução dos quadros de acometimento articular inclui, inicialmente, atrofia e contratura muscular, seguida então pela fibrose dos tecidos periarticulares, resultando em anquilose e subluxação da articulação. A combinação de todos esses fenômenos culmina no desenvolvimento de deformidades articulares.

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20
Q

Quais as principais deformidades de mão e punho na artrite reumatoide?

A

Entre as deformidades da mão e do punho, destaca-se desvio ulnar dos dedos, associado a desvio radial dos punhos; dedo em pescoço de cisne (hiperextensão da articulação interfalageana proximal); e dedo em abotoadura (subluxação em flexão da articulação interfalangeana proximal); mão em dorso de camelo (subluxação dos ossos do carpo, resultando em proeminências ósseas); e síndrome do túnel do carpo (complicação de quadros de mão em dorso de camelo, com a compressão do nervo mediano contra o ligamento transverso do carpo, resultando em manifestações neurológicas em primeiro, segundo e terceiro dedos).

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21
Q

Qual a principal complicação da mão em dorso de camelo?

A

síndrome do túnel do carpo (complicação de quadros de mão em dorso de camelo, com a compressão do nervo mediano contra o ligamento transverso do carpo, resultando em manifestações neurológicas em primeiro, segundo e terceiro dedos)

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22
Q

Como é feito o diagnóstico clínico da síndrome do túnel do carpo?

A

 O diagnóstico clínico de síndrome do túnel do carpo é realizado a partir das manobras de Tinel (percussão do punho no trajeto do nervo mediado) e de Phalen (flexão forçada dos punhos por 30 a 60 segundos). A manifestação de dor ou parestesia a essas manobras confirma o diagnóstico.

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23
Q

Como se manifestam as alterações articulares do pé na artrite reumatoide?

A

 Pelo fato de o pé ser uma importante estrutura encarregada da sustentação do peso corporal, em geral, alterações articulares nessa topografia comprometem a deambulação dos pacientes e tendem a evoluir de forma mais rápida para deformidades, em comparação com as alterações na mão.

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24
Q

Quais as principais deformidades articulares no joelho na artrite reumatoide?

A

Nos joelhos, as deformidades podem incluir a formação de cistos de Baker (em articulação de joelho) e o sinal da tecla de piano (acúmulo de líquido na cavidade sinovial, evidenciado por depressão da patela à compressão).

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25
Q

Qual a principal complicação dos cistos de Baker?

A

 Os cistos de Baker não são achados exclusivos de artrite reumatoide e podem se romper, contexto em que simulam quadros de TVP pelo extravasamento de seu conteúdo de líquido sinovial para a musculatura da panturrilha, com manifestação de dor e aumento do diâmetro e empastamento da panturrilha.

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26
Q

Como se dá o acometimento do esqueleto axial na artrite reumatoide?

A

No esqueleto axial, a artrite reumatoide pode acometer a coluna cervical superior, em especial a articulação atlantoaxial (C1-C2). Nesses casos, pode haver subluxação dessa articulação de grande gravidade. Como o processo ocorre de forma insidiosa, há, em um primeiro momento, manifestação de dor cervical que piora ao movimento; contudo, a partir da evolução da lesão, pode haver compressão medular alta, resultando em tetraplegia e parada cardiorrespiratória súbita. O tratamento desses quadros é feito com intervenção cirúrgica e artrodese.

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27
Q

O que fazer em pacientes com artrite reumatoide que manifestam dor cervical?

A

 Destaca-se que, diante de dor cervical em pacientes com artrite reumatoide, é necessária investigação com radiografia de coluna cervical em incidência lateral.

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28
Q

Como se diagnostica subluxação atlantoaxial?

A

Nesses casos, a subluxação atlantoaxial é confirmada na presença de espaço superior a 3mm entre o processo odontoide do axis e o arco do atlas.

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29
Q

Quais os principais tecidos acometidos pelas manifestações extra-articulares da AR?

A

Além do acometimento articular, a artrite reumatoide pode cursar com manifestações extra-articulares, entre as quais se destacam alterações cutâneas, cardíacas, pulmonares, dos olhos e do SNC.

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30
Q

Qual a relação entre as manifestações extra-articulares e os autoanticorpos na AR?

A

Frequentemente, as manifestações extra-articulares da AR se associam a altos títulos de FR e anti-CCP.

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31
Q

Quais as principais manifestações extra-articulares na AR?

A

Entre tais manifestações, as mais importantes seguem a seguinte regra mnemônica “PEGUEI NOJO DE VASCAino”. Assim, podemos citar pericardite, nódulos reumatoides (em diversos tecidos do organismo), síndrome de Sjögren, derrame pleural, vasculites (em diferentes territórios vasculares) e síndrome de Caplan.

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32
Q

Quais as principais manifestações cutâneas na AR?

A

Entre as manifestações cutâneas estão os nódulos reumatoides subcutâneos indolores, que constituem a manifestação cutânea mais importante da artrite reumatoide, acometendo, sobretudo, regiões extensoras dos membros. As vasculites cutâneas, por sua vez, podem acometer pequenos vasos, resultando em infartos acastanhados distais, ou vasos de médio calibre, levando à necrose de regiões periféricas.

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33
Q

Quais as principais manifestações cardiovasculares na AR?

A

Entre tais manifestações, a mais comum corresponde à pericardite crônica, geralmente assintomática. Além disso, pode ocorrer ainda aterogênese acelerada, pelo estado de inflamação crônica e tendência trombogênica. Nódulos cardíacos também podem estar presentes e afetam o sistema de condução, favorecendo a ocorrência de arritmias.

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34
Q

Quais as principais manifestações respiratórias na AR?

A

Quanto às alterações pulmonares, destaca-se o derrame pleural, frequentemente assintomático, do tipo exsudativo, com níveis de glicose extremamente baixos e redução do complemento e de leucócitos, embora curse com líquido estéril (ausência de infecção). Merece atenção também a síndrome de Caplan, marcada pela associação entre pneumoconiose e a ocorrência de nódulos reumatoides pulmonares.

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35
Q

Quais as principais manifestações do SNC na AR?

A

As principais manifestações neurológicas incluem a síndrome do túnel do carpo e a neuropatia cervical com subluxação da articulação atlantoaxial.

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36
Q

Quais as principais manifestações oculares na AR?

A

Nos olhos, a principal manifestação oftalmológica corresponde à síndrome de Sjögren secundária, caracterizada por xeroftalmia e xerostomia. Outras alterações nos olhos envolvem uveíte anterior, episclerite e esclerite (que, se persistente, pode evoluir para escleromalácia perfurante).

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37
Q

O que é a síndrome de Felty? Quando ocorre e qual seu principal risco?

A

Nos quadros de artrite reumatoide grave e avançada, com altos títulos de fator reumatoide e anti-CCP, pode-se observar a manifestação da síndrome de Felty, marcada por neutropenia (< 2000) e esplenomegalia. Pacientes com essa síndrome apresentam risco aumentado de sepse fulminante por bactérias gram-negativas ou fungos.

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38
Q

Qual a principal causa de morte em pacientes com AR?

A

As alterações cardiovasculares são a principal causa de morte associada à artrite reumatoide.

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39
Q

Como se evidencia processo inflamatório crônico na AR?

A

Quanto à avaliação complementar, na artrite reumatoide, espera-se evidência de processo inflamatório com níveis elevados de VHS e PCR, cujos valores são proporcionais à gravidade e à evolução do quadro.

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40
Q

Além de evidenciar processo inflamatório crônico, qual a importância do PCR e VHS na AR?

A

Tais marcadores são importantes também para o acompanhamento dos pacientes em tratamento para AR, por evidenciarem atividade da doença, de modo que a redução de seus níveis evidencia a eficácia da terapêutica adotada.

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41
Q

Quais autoanticorpos associados à AR podem ser evidenciados pelo exame de sangue?

A

Além disso, os exames de sangue também podem identificar a presença de dois autoanticorpos importantes: o fator reumatoide (uma IgM que ataca IgG) e os anticorpos antipeptídeos citrulinados cíclicos (anti-CCP)

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42
Q

Qual o autoanticorpo de maior especificidade para a AR?

A

anti-CCP

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43
Q

Como o fator reumatoide é detectado? Quais valores desse marcador são considerados positivos e qual seu comportamento em pacientes com AR?

A

O fator reumatoide pode ser dosado a partir do método do látex, sendo positivo em casos ≥ 1:20; contudo, em geral, pacientes com artrite reumatoide apresentam valores de FR > 1:80, o que confere maior especificidade a esse marcador.

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44
Q

O fator reumatoide é um marcador de grande especificidade para AR? Por quê?

A

De fato, o fator reumatoide é um marcador pouco específico, sobretudo quando em baixas titulações, podendo estar associado a outros quadros, como síndrome de Sjögren, hepatite B, endocardite, LES, vacinação ou hemotransfusão, entre outros.

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45
Q

Qual grande importância dos principais autoanticorpos na AR além de auxiliar em seu diagnóstico?

A

Ainda, vale reforçar que tais marcadores apresentam valor prognóstico, visto que, quanto maiores os títulos de FR e anti-CCP no sangue, maior o risco de desenvolvimento de manifestações extra-articulares e complicações da doença.

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46
Q

Como é a avaliação radiológica da AR?

A

À avaliação radiológica, nas fases iniciais, há apenas aumento das partes moles, sobretudo pelo processo inflamatório e o edema locais. Com a evolução do processo degenerativo, as radiografias podem evidenciar, progressivamente, osteopenia justarticular, destruição da cartilagem, erosões ósseas, anquilose e subluxações.

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47
Q

Por que os exames de imagem não fazem parte dos critérios diagnósticos de AR?

A

Como as alterações radiológicas mais específicas de artrite reumatoide ocorrem em estágios avançados da doença, a avaliação a exames de imagem não é utilizada atualmente como critério diagnóstico da doença.

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48
Q

Como é a avaliação da AR à RM?

A

 A RM também pode ser útil para estimar a extensão da doença, permitindo a identificação de sinovites, erosões ósseas e, sobretudo, edema de medula óssea justarticular, um sinal precoce de invasão óssea, que sinaliza alto risco de degeneração óssea.

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49
Q

Qual a principal alteração precoce da AR à RM e o que ela significa?

A

edema de medula óssea justarticular, um sinal precoce de invasão óssea, que sinaliza alto risco de degeneração óssea.

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50
Q

Qual a principal característica dos critérios diagnósticos de AR?

A

Os critérios diagnósticos de artrite reumatoide envolvem aspectos de grande sensibilidade para reconhecimento da doença em estágios mais iniciais.

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51
Q

Como é feito o diagnóstico de AR?

A

A partir de valores superiores ou iguais a 6 pontos em um score específico que leva em consideração 4 fatores?

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52
Q

Quais os principais critérios diagnósticos de AR?

A

Duração da doença (inferior a 6 semanas ou superior ou igual a 6 semanas)
Atividade inflamatória (níveis de VHS e PCR)
Sorologia (níveis de FR e anti-CCP)
Acometimento articulares (artrite e artralgia), excetuando AID.

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53
Q

Quando deve ser aplicado o score diagnóstico de AR?

A

O escore deve ser aplicado em pacientes que apresentam artrite em pelo menos uma articulação que não seja melhor explicada por outra doença.

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54
Q

Quais os cuidados gerais de tratamento da AR?

A

O tratamento da artrite reumatoide envolve, inicialmente, medidas gerais como acompanhamento com equipe multidisciplinar, repouso articular, uso preventivo de colar cervical (na suspeita de subluxação atlantoaxial) e fisioterapia. Além disso, todos os portadores de AR devem receber vacinação antipneumocócica, anti-influenza e contra hepatite B (esta em caso de uso de drogas hepatotóxicas).

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55
Q

Qual a relação de FAN com artrite reumatoide?

A

O FAN é um marcador pouco relacionado à artrite reumatoide, mas que pode estar elevado em alguns casos da doença.

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56
Q

Qual o objetivo do tratamento medicamentoso da artrite reumatoide? Quais fármacos usados?

A

O tratamento medicamentoso tem como objetivo colocar a doença em remissão e pode contar com dois grandes grupos de fármacos: as drogas sintomáticas e as drogas que alteram a evolução da doença.

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57
Q

Como deve ser iniciado o tratamento medicamentoso da artrite reumatoide?

A

Assim, frequentemente, há combinação de ambas as drogas, sobretudo no início da doença.

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58
Q

Quais são os fármacos sintomáticos da artrite reumatoide e qual sua indicação e objetivo?

A

Entre as drogas sintomáticas estão os AINES e os corticoides, estes utilizados em doses baixas não imunossupressoras (como prednisona de no máximo 10mg), indicadas nas fases agudas de atividade dos sintomas, em associação com as drogas modificadoras da doença, para promover alívio sintomático enquanto não houver efeito significativo das outras medicações.

59
Q

Qual o objetivo das drogas que alteram a evolução da doença no tratamento da AR?

A

As drogas que alteram a evolução da doença constituem o principal pilar do tratamento de AR, tendo como principal objetivo evitar ou postergar o aparecimento de deformidades.

60
Q

Em quanto tempo se dá o início dos efeitos das drogas que alteram a evolução da doença na AR?

A

Todavia, seus efeitos se manifestam após 6 a 12 semanas de início da terapia.

61
Q

Quais são as drogas que alteram a evolução da doença na AR?

A

Entre tais drogas estão: DARMDs convencionais (drogas antirreumáticas modificadoras de doença), como o metotrexate, a sulfassalazina, a leflunomida e a cloroquina;
fármacos biológicos

62
Q

Como deve ser o início da terapia medicamentosa da AR no que se refere às drogas que alteram a evolução da doença?

A

Em geral, recomenda-se o início do tratamento a partir de monoterapia de DARMD, preferencialmente com metotrexate.

63
Q

Quais os cuidados no uso de metotrexate?

A

Entretanto, o uso de metotrexate deve suscitar importantes cuidados, como dosagem periódica de transaminases, por ser uma droga muito hepatotóxica, e prescrição associada de ácido fólico com realização periódica de hemograma, por poder causar carência de ácido fólico e anemia megaloblástica.

64
Q

Quando se constata ausência de melhora clínica da AR com o metotrexate? O que fazer nesses casos?

A

Diante da ausência de melhora da doença apesar do uso de metotrexate por cerca de 3 meses (tempo necessário para início do efeito), deve-se adicionar à terapia outra DARMD ou, então, algum fármaco biológico.

65
Q

Quais as indicações de fármacos biológicos no início do tratamento de AR?

A

Além disso, o uso de drogas biológicas também está indicado no início do tratamento de quadros mais graves, com importantes complicações extra-articulares.

66
Q

Quais são as DARMDS biológicas?

A

As DARMDs biológicas podem ser separadas de acordo com seu mecanismo de ação biológico em inibidores de TNF-alfa (como infliximab ou etanercept) e não inibidores de TNF-alfa (como rituximab, um anti-CD20, e abatacept, um inibidor da estimulação de linfócitos).

67
Q

Os fármacos biológicos são imunossupressores?

A

Destaca-se que as DARMDs biológicas não são drogas imunossupressoras, mas sim imunomoduladoras, pois inibem alguma característica específica do sistema imune do indivíduo, como uma citocina inflamatória, e não a resposta imunológica como um todo; dessa forma, tais fármacos reduzem em algum grau a competência imune do indivíduo.

68
Q

Quais os principais riscos associados ao uso de fármacos biológicos?

A

Por essa razão, o uso de drogas biológicas, sobretudo de inibidores do TNF-alfa, pode levar à manifestação de quadros de tuberculose doença a partir de focos latentes preexistentes. Além disso, as drogas biológicas também podem induzir um quadro LES-like pela formação de autoanticorpos anti-DNA.

69
Q

O que fazer antes do início de terapia com DARMDS biológicas?

A

Sendo assim, um importante cuidado a ser tomado antes da prescrição de drogas biológicas consiste em pesquisar focos latentes de TB pela realização de PPD, com instituição adequada de tratamento se necessário com isoniazida por seis meses.

70
Q

É possível associar DARMDs convencionais? E fármacos biológicos?

A

 Não deve haver associação entre drogas biológicas, diferentemente do que ocorre para as DARMDs convencionais, visto que tais situações estão relacionadas a alto risco de infecções oportunistas fulminante e óbito.

71
Q

Quais os principais fatores de mau prognóstico na AR?

A

Os principais marcadores de mau prognóstico da artrite reumatoide envolvem: (a) altos títulos de FR e anti-CCP; (b) achados extra-articulares; (c) HLA-DRB1 positivo; (d) erosões ósseas precoces (antes de 1 ano de atividade da doença); e (e) síndrome de Felty.

72
Q

Quais as principais características gerais das enpondiloartropatias soronegativas quanto à sorologia, epidemiologia e fatores genéticos associados?

A

Diferentemente das artropatias idiopáticas soropositivas, as espondiloartropatias soronegativas não cursam com a presença de autoanticorpos. Além disso, contrariando a tendência das doenças autoimunes, essas artropatias acometem preferencialmente homens jovens. Ainda, sua frequente associação a alelos HLA-B27 indica a importância do componente genético na gênese desses quadros.

73
Q

Qual o tipo de padrão de acometimento articular das espondiloartropatias soronegativas?

A

É importante destacar, nesse contexto, que as espondiloartropatias soronegativas acometem, em geral, grandes articulações sustentadoras de peso do esqueleto axial, cursando frequentemente com artrites sacroilíacas e vertebrais; em alguns pacientes, pode haver também manifestação de artrite periférica assimétrica. De fato, tais artropatias cursam com quadros de entesopatias (diferentemente das sinovites características da artrite reumatoide).

74
Q

O que são ênteses?

A

 As ênteses correspondem a locais de inserção de tendões, ligamentos e cápsulas articulares em estruturas ósseas, estando presentes em todos os tipos de articulação.

75
Q

Quais os tipos de espondiloartropatias soronegativas?

A

As artrites soronegativas apresentam cinco representantes principais, a saber: espondilite anquilosante (principal representante do grupo), artrite reativa, artrite psoriásica (associação com psoríase), artrite enteropática e espondiloartrite indiferenciada

76
Q

O que são as espondiloartrites indiferenciadas?

A

Por fim, as espondiloartropatias indiferenciadas, por sua vez, são artropatias soronegativas não enquadradas nos critérios diagnósticos das demais categorias.

77
Q

Qual a principal característica da artrite psoriásica? E da artrite enteropática?

A

Destaca-se que a artrite enteropática frequentemente constitui uma manifestação extraintestinal de quadros de doença inflamatória intestinal, enquanto a artrite psoriásica pode se apresentar como uma manifestação da psoríase.

78
Q

O que é a espondilite anquilosante?

A

É uma artrite crônica do esqueleto axial

79
Q

Qual a epidemiologia da espondilite anquilosante?

A

Doença típica de homens jovens, abaixo dos 45 anos, tendo início, em geral, no final da adolescência.

80
Q

Quais as principais articulações acometidas na espondilite anquilosante?

A

As principais articulações comprometidas nessa doença são as articulações sacroilíacas, cursando com sacroileíte.

81
Q

Qual a fisiopatologia da espondilite anquilosante?

A

As principais articulações comprometidas nessa doença são as articulações sacroilíacas, cursando com sacroileíte que se manifesta com lombalgia. A partir de então, observa-se um acometimento ascendente do esqueleto axial, resultando em entesites discais e artrites interfacetárias com evolução para anquilose devido à formação de pontes ósseas ou sindesmófitos (neoformação óssea) entre as vértebras e calcificações dos ligamentos vertebrais, que dão origem a uma coluna em bambu, com perda significativa de sua mobilidade.

82
Q

Qual a relação da espondilite anquilosante com fatores genéticos?

A

Destaca-se ainda que, entre todas as espondiloartropatias soronegativas, a espondilite anquilosante é a que mais apresenta relação com o alelo HLA-B27, embora a simples presença desse alelo não confirme o diagnóstico.

83
Q

Pode haver acometimento articular periférico na espondilite anquilosante?

A

Sim. Alguns pacientes podem desenvolver ainda oligoartrite periférica assimétrica.

84
Q

Qual o quadro clínico inicial da espondilite anquilosante?

A

O quadro clínico inicial da doença é marcado, portanto, por lombalgia insidiosa e crônica (superior a 3 meses), a qual tem caráter inflamatório, piorando com o repouso (de modo que frequentemente acorda o paciente à noite) e melhorando com a atividade, além de cursar com rigidez matinal.

85
Q

Como se difere a espondilite anquilosante de doenças degenerativas?

A

A espondilite anquilosante cursa com lombalgia inflamatória (piora ao repouso e melhora ao movimento). Essas características diferem a lombalgia da espondiloartrite anquilosante daquela mecânica, típica de doenças degenerativas, que tende a piorar com o movimento e melhorar em repouso.

86
Q

O que ocorre nos estágios mais avançados da espondilite anquilosante quanto ao acometimento articular?

A

Devido a todo o comprometimento da coluna vertebral, a espondilite anquilosante, em fases mais avançadas, pode levar à redução da lordose lombar e intensificação da cifose cervical, resultando na chamada “postura do esquiador”. Lesões degenerativas do ombro e do joelho também podem se manifestar nas fases terminais do quadro, levando a leve flexão dessas estruturas.

87
Q

Qual é um importante marcador de mau prognóstico na espondilite anquilosante?

A

Um importante marcador de mau prognóstico na espondilite anquilosante corresponde ao desenvolvimento de artrite precoce de quadril, nos primeiros 2 anos de evolução da doença.

88
Q

Há acometimento articular periférico na espondilite anquilosante? Como se dá?

A

Ainda, a espondilite anquilosante pode cursar com oligoartrite periférica assimétrica em alguns pacientes, a qual, em geral, acomete articulações mais proximais, como joelho, ombros e quadril. Tal manifestação ocorre de forma transitória em 50% dos pacientes e de forma permanente em 25% deles.

89
Q

Quais os principais tipos de entesites na espondilite anquilosante?

A

Além disso, quadros de entesopatia podem acometer o tendão de Aquiles, a fáscia plantar (cursando com quadros de fasciite plantar e esporão calcâneo) e os dedos (resultando em dactilite, conhecida como “dedo em salsicha”).

90
Q

Quais as principais manifestações extra-articulares na espondilite anquilosante?

A

É importante destacar que a espondilite anquilosante também cursa com manifestações extra-articulares, como uveíte anterior, insuficiência aórtica, fibrose pulmonar e síndrome da cauda equina

91
Q

Como se caracteriza a síndrome da cauda equina na espondilite anquilosante?

A

Com anestesia em sela, flacidez e hiporreflexia e perda do tônus do esfíncter urinário e retal

92
Q

Como se caracteriza a insuficiência aórtica na espondilite anquilosante?

A

Por fim, a insuficiência aórtica resulta de anquilose dos folhetos valvares, sendo identificada pela presença de sopro diastólico à ausculta cardíaca; com a evolução do quadro, pode evoluir para insuficiência cardíaca congestiva.

93
Q

Como se caracteriza a uveíte anterior na espondilite anquilosante?

A

A uveíte anterior é a mais comum manifestação extra-articular da espondilite anquilosante, sendo tratada com corticoterapia tópica; se não manejada adequadamente, pode levar à cagueira.

94
Q

Como se caracteriza a fibrose pulmonar na espondilite anquilosante?

A

A fibrose pulmonar, por sua vez, afeta sobretudo os lobos superiores do pulmão, podendo evoluir com cavitações pulmonares e bronquiectasias, de modo que faz importante diagnóstico diferencial com tuberculose pulmonar.

95
Q

Como se dá a avaliação de imagem da espondilite anquilosante?

A

Quanto à avaliação complementar, exames de radiografia normais não descartam o diagnóstico da doença, visto que as alterações a esse exame são percebidas, em geral, apenas nos estágios mais avançados do quadro. Assim, os principais achados tardios da doença à radiografia incluem esclerose subcondral, anquilose e irregularidade das articulações. Por outro lado, a RM tende a manifestar alterações mais precoces, como edema de medula óssea.

96
Q

Quando deve se suspeitar de espondilite anquilosante?

A

O diagnóstico de espondilite anquilosante deve ser suspeitado em pacientes homens jovens (< 45 anos), com dor lombar por período ≥ 3 meses.

97
Q

Como confirmar o diagnóstico de espondilite anquilosante?

A

A confirmação do quadro depende de presença de sacroileíte aos exames de imagem associada a mais um comemorativo ou HLA-B27 positivo mais dois outros comemorativos.

98
Q

Quais os principais comemorativos da espondilite anquilosante?

A

Os principais comemorativos da espondilite anquilosante incluem: artrite, entesite, uveíte, dactilite, psoríase, DII, resposta a AINEs, história familiar positiva, HLA-B27 e níveis elevados de PCR.

99
Q

Como é feito o tratamento de espondilite anquilosante?

A

O tratamento é feito inicialmente com fisioterapia (priorizando exercícios posturais para evitar a anquilose) e uso de drogas (em geral, AINES, os quais atrasam a evolução do quadro). Na ausência de resposta clínica, recomenda-se a substituição do AINE selecionado por outro. Nos casos refratários a AINES, pode-se utilizar inibidores de TNF-alfa.

100
Q

Qual a relevância de corticoterapia no tratamento da espondilite anquilosante?

A

Destaca-se que o uso de corticoides não tem benefícios comprovados no tratamento sistêmico da espondilite anquilosante, podendo causar inclusive efeitos adversos de osteopenia, agravando o quadro.

101
Q

Qual o melhor exame de imagem para avaliar espondilite anquilosante?

A

RM de sacroilíacas

102
Q

Qual a epidemiologia da artrite reativa?

A

A artrite reativa acomete sobretudo homens jovens

103
Q

Quando ocorre, em geral a artrite reativa?

A

Desenvolve-se, em geral, cerca de 1 a 4 semanas após infecções bacterianas extra-articulares, embora não seja considerada uma complicação infecciosa (a cultura sinovial é negativa!).

104
Q

Quais os principais processos infecciosos associados à artrite reativa?

A

Os principais quadros infecciosos associados à artrite reativa incluem infecções intestinais (disenteria por Shigella, Salmonella, Yersinia ou Campylobacter) ou genitais (uretrites ou cervicites por Chlamydia trachomatis).

105
Q

Qual o principal padrão de acometimento articular da artrite reativa?

A

O principal padrão de acometimento articular, nesses contextos, é uma oligoartrite assimétrica de grandes articulações de membros inferiores, apesar de a doença poder acometer também, com cerca frequência, articulações do esqueleto axial.

106
Q

Quais as principais articulações acometidas na artrite reativa?

A

As articulações mais comumente atingidas pela artrite reativa incluem joelhos e tornozelos

107
Q

Qual a principal diferença entre espondilite anquilosante e artrite reativa quanto ao acometimento articular?

A

Diferentemente da espondilite anquilosante, as sacroilíacas são acometidas em apenas 20% dos casos na artrite reativa.

108
Q

Como se manifesta a relação de artrite reativa com fatores genéticos?

A

Há importante associação da artrite reativa com a presença de alelos HLA-B27.

109
Q

Quais as principais manifestações extra-articulares da artrite reativa?

A

Por outro lado, as manifestações extra-articulares mais frequentes envolvem uretrite e conjuntive.

110
Q

O que é a Síndrome de Reiter?

A

Uretrite e conjuntive, quando associadas à artrite propriamente dita, caracterizam e tríade da síndrome de Reiter.

111
Q

Além da síndrome de Reiter, quais outras importantes manifestações extra-articulares da artrite reativa?

A

Outras importantes manifestações que podem ocorrer são dactilite, balanite circinada (inflamação da glande peniana com formação de vesículas iniciais que se rompem), ceratoderma blenorrágico (lesões ceratóticas e queratinizadas na palma das mãos e na planta dos pés), uveíte anterior e úlceras orais.

112
Q

Como se manifesta a uretrite como manifestação extra-articular da artrite reativa?

A

 Destaca-se que a uretrite como manifestação extra-articular da artrite reativa pode ser estéril, a partir de infecções intestinais, ou ainda causada por C. trachomatis.

113
Q

Como é feito o diagnóstico de artrite reativa de síndrome de Reiter?

A

O diagnóstico de artrite reativa e síndrome de Reiter é clínico, baseado na observação das principais manifestações associadas a essas condições, sendo importante descartar outras patologias.

114
Q

Como é o prognóstico de artrite reativa de síndrome de Reiter?

A

O prognóstico é bom, em geral, com recuperação completa das articulações na maioria dos casos.

115
Q

Como é feito o tratamento de artrite reativa de síndrome de Reiter?

A

O tratamento, por sua vez, apresenta como droga de primeira escolha os AINEs, visto que, na maioria dos casos, a artrite reativa é autolimitada. Alguns pacientes, todavia, desenvolvem doença persistente ou recidivante, irresponsiva ao uso de AINEs, contexto em que há indicação de uso de metotrexato ou sulfassalazina. Por fim, nos casos refratários, pode-se utilizar drogas anti-TNF.

116
Q

Qual a importância da antibioticoterapia na artrite reativa?

A

A antibioticoterapia deve ser utilizada para o tratamento agudo das infecções intestinais ou genitais, o que reduz o risco de desenvolvimento de artrite reativa. Além disso, pode-se lançar mão ainda de azitromicina por 6 meses nos quadros crônicos de artrite reativa associada a infecções por C. trachomatis.

117
Q

a artrite psoriásica guarda grande relação com qual doença?

A

Psoríase

118
Q

A psoríase sempre se manifesta antes da artrite psoriásica. V ou F?

A

Falso! De fato, a psoríase cutânea precede o aparecimento das artrites em 80% dos casos

119
Q

Como é feito o diagnóstico de artrite psoriásica?

A

Diagnóstico, pela associação do acometimento articular com lesões cutâneas eritemato-descamativas e/ou lesões ungueais características (como depressões puntiformes)

120
Q

Qual a relação entre a extensão da psoríase e a artrite psoriásica?

A

É importante destacar também que lesões psoriásicas extensas e graves estão associadas a um maior risco de ocorrência de artrite psoriásica.

121
Q

Qual a forma mais grave de psoríase? Qual sua relação com a artrite psoriásica?

A

A forma mais grave e extensa de psoríase cutânea corresponde a forma pustular, a qual está relacionada a quadros mais graves de doença articular.

122
Q

Quais os principais padrões de artrite psoriásica? Como eles se manifestam?

A

Existem cinco padrões principais de artrite psoriásica, a saber: poliartrite simétrica (semelhante à artrite reumatoide, porém soronegativa), espondiloartrite axial (semelhante à espondilite anquilosante), oligoartrite assimétrica (semelhante a artrite reativa, embora não haja associação com infecções prévias), artrite das articulações interfalangeanas distais (frequentemente associadas a alterações ungueais) e artrite mutilante.

123
Q

O que é artrite mutilante?

A

Esta é marcada por acometimento de pequenas articulações periféricas, sobretudo em mão, evoluindo com intenso processo degenerativo e osteólise, o que leva a gravíssimas deformidades

124
Q

Quais as principais deformidades assocaidas à artrite mutilante?

A

“dedo em telescópio” (retração do dedo pela destruição óssea) e “ lápis no copo” (destruição da extremidade de uma falange associada à concavidade da extremidade da falange adjacente).

125
Q

Qual a relação da artrite psoriásica com fatores genéticos?

A

A artrite psoriásica também apresenta grande associação com os alelos HLA-B27, sobretudo em casos de envolvimento do esqueleto axial.

126
Q

Qual o tratamento para a artrite psoriásica?

A

O tratamento para a artrite psoriásica é feito inicialmente com AINES. Na ausência de melhora clínica, está indicado o uso de DARMD convencional, com preferência pelo metotrexato. Nos casos refratários, pode-se utilizar ainda agente anti-TNF-alfa. As DARMDs convencionais e os fármacos biológicos auxiliam não apenas no controle da artrite psoriásica, como também no tratamento da psoríase subjacente.

127
Q

Qual a relevância de corticoterapia no tratamento da artrite psoriásica?

A

A corticoterapia é contraindicada nesses contextos pelo risco de desenvolvimento de psoríase pustular após desmame do corticoide.

128
Q

Qual a doença reumática mais comum na infância?

A

Artrite idiopática juvenil (AIJ)

129
Q

Como se caracteriza a artrite idiopática juvenil (AIJ)?

A

A artrite idiopática juvenil é a doença reumática mais comum na infância, sendo caracterizada pela presença de artrite crônica de duração ≥ 6 semanas como manifestação essencial em crianças com menos de 16 anos de idade.

130
Q

O que se sabe sobre a fisiopatologia da AIJ?

A

Sua fisiopatologia, embora pouco conhecida, envolve a associação entre fatores genéticos e fatores ambientais (infecções virais e bacterianas, por exemplo).

131
Q

Quais as principais formas de AIJ e como são caracterizadas?

A

Existem três formas principais da doença, a saber: forma pauciarticular (acometimento ≤ 4 articulações), forma sistêmica (doença de Still) e forma poliarticular (acometimento > 4 articulações).

132
Q

Qual a forma mais comum de AIJ e qual a população mais acometida por ela?

A

A forma pauciarticular, ou oligoarticular, é a forma mais comum da doença, ocorrendo sobretudo em meninas de idade ≤ 4 anos.

133
Q

Qual a distribuição das formas de AIJ por sexo?

A

De fato, as formas oligoarticular e poliarticular são mais comuns no sexo feminino, embora não haja preferência por sexo na doença de Still.

134
Q

Como se manifesta a forma oligoarticular de AIJ?

A

A forma oligoarticular acomete, sobretudo, articulações de MMII, e cursa com FR negativo.

135
Q

Qual a principal complicação da forma oligoarticular de AIJ? Ela se associa a que marcador?

A

A principal complicação dessa forma de AIJ é a uveíte anterior, a qual está frequentemente associada a quadros de FAN positivo.

136
Q

O que é importante no acompanhamento de crianças com forma oligoarticular de AIJ?

A

Por essa razão, é mandatória dosagem periódica de FAN e acompanhamento com oftalmologista nessas pacientes, o qual é capaz de detectar até mesmo uveítes subclínicas.

137
Q

Como se manifesta a forma poliarticular de AIJ?

A

A forma poliarticular, por sua vez, acomete articulações de MMSS e MMII e cursa com FR variável, sendo que, em caso de FR positivo, assemelha-se à AR do adulto; nesses casos, é comum a presença de nódulos reumatoides subcutâneos.

138
Q

Qual a relação de forma poliarticular de AIJ ao marcador FAN?

A

Assim como na forma pauciarticular, nesses contextos, FAN positivo indica risco aumentado para uveíte anterior.

139
Q

Como se chama a forma sistêmica de AIJ?

A

Doença de Still

140
Q

Como se manifesta a doença de Still?

A

A doença de Still se caracteriza por febre alta diária, linfonodomegalia generalizada, rash em cor rósea-salmão e hepatoesplenomegalia, além da artrite.

141
Q

A doença de Still é reservada à população pediátrica?

A

Não. Existe a doença de Still do adulto.

142
Q

Qual um importante diagnóstico diferencial de doença de Still? Como diferenciá-las?

A

Doença de Still faz diagnóstico diferencial com leucemia aguda, mas, nestes casos, há presença de células blásticas em grandes quantidades.

143
Q

Como é feito o tratamento da AIJ?

A

O tratamento é feito com o uso de AINEs, glicocorticoides, DARMDs convencionais e fármacos biológicos, em geral escalonados. A exceção se faz por conta da forma poliarticular, geralmente tratada de forma semelhante à artrite reumatoide.