Analises Clinicas Flashcards

1
Q

As etapas dos exames laboratoriais podem ser divididas em 3, quais são elas?

A

Fase pré analítica: tudo que ocorre antes da análise da amostra (etapa mais susceptível a erros devido grande interferência da ação humana).
Fase analítica: análise da amostra.
Fase pós analítica: emissão do laudo.

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2
Q

Quais as vantagens relacionadas a variabilidade e reprodutibilidade no processo de automação?

A

A variabilidade diminui, a reprodutibilidade aumenta, o que consequentemente leva a um ganho na qualidade da análise.

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3
Q

Quais as características do soro? (Obtenção, tubo, coagulação?)

A

Tubos sem anticoagulante, que são posteriormente centrifugados.

Ocorre coagulação, não contém fatores da coagulação (foram consumidos), não contém fibrinogênio e CONTÉM FIBRINA.

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4
Q

Quais as características do plasma? (Obtenção, tubo, coagulação?)

A

Tubos COM anticoagulante, que são posteriormente centrifugados.

NÃO ocorre coagulação, contém fatores da coagulação (foram consumidos), contém fibrinogênio e NÃO CONTÉM FIBRINA.

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5
Q

Os tubos utilizados para coleta de sangue são identificados pelas cores das tampas. Qual corresponde a cor azul e qual sua utilidade?

A

O citrato de sódio é utilizado em estudos de coagulação e o efeito coagulante deve-se a quelação de cálcio.

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6
Q

Os tubos utilizados para coleta de sangue são identificados pelas cores das tampas. Qual corresponde a cor verde e qual sua utilidade?

A

A heparina é o anticoagulante mais utilizado nos testes de química (provas bioquímicas), na dosagem de eletrólitos e gasometria (heparina lítica). Ela inibe a ação da enzima polimerase (replica o DNA) e por isso não é aceita nos testes de reação em cadeia da polimerase (PCR).

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7
Q

Os tubos utilizados para coleta de sangue são identificados pelas cores das tampas. Qual corresponde a cor lilás e qual sua utilidade?

A

O ácido etilenodiaminotetracetico (EDTA) é o anticoagulante de escolha para hematologia, pois preserva a integridade das células no sangue. Seu mecanismo é através da quelação de cations divalentes (Ca2+ e Mg2+). Também pode ser usado no isolamento de DNA genômico e técnicas moleculares para vírus. Tbm é usado na dosagem de hemoglobina.

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8
Q

Os tubos utilizados para coleta de sangue são identificados pelas cores das tampas. Qual corresponde a cor cinza e qual sua utilidade?

A

O fluoreto de sódio é um anticoagulante fraco. É usado para conservação da glicose no sangue (através da inibição das enzimas envolvidas na glicólise - enolase). Útil para exames de glicemia.

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9
Q

Os tubos utilizados para coleta de sangue são identificados pelas cores das tampas. Qual significado das cores vermelho e amarelo?

A

Vermelho corresponde ao tubo sem anticoagulante (obtenção de soro). Já o amarelo corresponde ao tubo sem anticoagulante (ativador de coágulo) com gel separador.

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10
Q

Os tubos utilizados para coleta de sangue são identificados pelas cores das tampas. Qual corresponde a cor preta?

A

Citrato de sódio - VHS (velocidade de hemossedimentação).

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11
Q

Quais os anticoagulantes mais indicados para realização de testes moleculares?

A

EDTA e citrato são os mais indicados pra esse teste, como reação em cadeia da polimerase (PCR). A heparina não deve usada pois inibe fortemente a enzima polimerase, responsável pela replicação do DNA.

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12
Q

Qual a sequência de coleta para tubos plásticos de coleta de sangue?

A
  1. Frascos para hemocultura.
  2. Tubos com citrato (AZUL E/OU PRETO).
  3. Tubos com ativador de coágulo, com ou sem, gel separador (VERMELHO E AMARELO).
  4. Tubos com heparina (VERDE).
  5. Tubos com EDTA (LILÁS).
  6. Tubos com fluoreto (CINZA).

AZUL, PRETO, VERMELHO, amarelo, verde, lilás e cinza.

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13
Q

Qual a sequência de coleta para tubos de vidro de coleta de sangue?

A
  1. Frascos para hemocultura.
  2. Tubos para soro vidro-siliconizados (VERMELHO).
  3. Tubos com citrato (AZUL E/OU PRETO).
  4. Tubos com ativador de coágulo com gel separador (AMARELO).
  5. Tubos com heparina, com ou sem, gel separador de plasma (VERDE).
  6. Tubos com EDTA (LILÁS).
  7. Tubos com fluoreto de sódio (CINZA).

VERMELHO, AZUL, PRETO, amarelo, verde, lilás e cinza.

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14
Q

Por que é importante manter a sequência adequada de tubos para coleta de sangue?

A

Tal ordem deve ser respeitada para que se evite contaminação por aditivos nos tubos subsequentes e consequentemente gerar resultados alterados nas analíticos sensíveis a esse tipo de interferência.

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15
Q

Qual a importância do processo de inversão imediatamente após a coleta?

A

Para o processo de homogeneização das amostras. Falhas na homogeneização adequada em tubo com anticoagulante precipita a formação de microcoágulos, pois o anticoagulante não é distribuído por toda amostra.

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16
Q

Quais as precauções em relação ao uso de torniquete ou garrote durante a coleta venosa?

A

Não usar o garrote continuamente por mais de 1min: caso contrário pode levar a estase localizada, plaquetopenia, hemoconcentração e infiltração do sangue para os tecidos. Podendo levar a erros diagnósticos, como a hemólise (que pode alterar potássio e cálcio). Proteínas e lactato também podem ser afetados pelo uso prolongado do garrote.

O torniquete não deve ser mantido durante a coleta, deve ser afrouxado assim que o sangue começar q fluir para dentro da seringa ou tubo de coleta.

*Qnd a veia for localizada o torniquete deve ser afrouxado e deve-se esperar 2min para usá-lo novamente.

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17
Q

Como deve ser realizada a higienização da pele do paciente antes da coleta venosa?

A

(Para evitar contaminação de micro-organismos na amostra).

A gaze umedecida com solução antisséptica (álcool isopropílico 70% ou álcool etílico, iodeto de povidona 1% a 10% ou gluconato de clorexidina /// para hemocultura substâncias não alcoólicas como clorexidina e sabão neutro) deve ser utilizada em movimentos circulares do centro para fora. Deve-se aguardar secagem da região por 30s para prevenir hemólise.

*Caso haha solicitação de dosagem de álcool no sangue, deve ser usado um antisséptico sem álcool no local da punção, pois o álcool da antissepsia pode interferir no resultado do exame.

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18
Q

Quais as veias mais adequadas para coleta de sangue venoso?

A

O local mais indicado para venopunções é a fossa antecubital. Nessa região, as veias mais utilizadas são as veias Basílica mediana (ou cubital mediana) e Cefálica (mais dolorosas e mais propensa a hematomas).

No caso das veias da fossa antecubital não estejam acessíveis, pode-se usar as veias do dorso da mão. Nessa região o Arco venoso dorsal é mais recomendado, também pode ser utilizada a véia dorsal do metacarpo.

Locais como tornozelos ou pés não devem ser puncionados sem a permissão do médico devido ao risco de flebites, tromboses e necrose tissular.

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19
Q

Qual a recomendação do CLSI em relação a coleta a vácuo e com seringa?

A

O CLSI recomenda o uso de coleta de sangue venoso a vácuo devido vantagens como maior conforto para o paciente, maior qualidade nos resultados e segurança do profissional por se tratar de um sistema fechado.

O órgão recomenda que a coleta com seringa e agulha seja evitada devido potenciais erros pré analíticos, além de oferecer risco ao profissional de saúde. Ao utilizar esse método é recomendado o uso de um dispositivo de transferência para minimizar os riscos de acidentes e contaminação.

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20
Q

Quais as especificidades de conservação da amostra para obtenção de soro, plasma e sangue total?

A

Para soro e plasma a centrifugação deve ocorrer em até 2h após a coleta. As amostras com anticoagulante para exames em sangue total devem ser mantidas em refrigeração (4-8•C) até o momento da análise.

No transporte a caixa deve ser identificado com “risco biológico”.

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21
Q

Qual o indicativo que ocorreu hemólise na amostra e quais interferências bioquímicas?

A

Quando o soro ou plasma aparece vermelho após a centrifugação devido hemoglobina liberada das hemácias.

Elevação plasmática de lactato desidrogenase, potássio, magnésio e fosfato. Não é recomendado o uso de amostras hemolisadas para as análises.

Dentre os principais interferentes nos resultados de exames estão: excesso de EDTA, hemólise in vitro e proteínas monoclonais.
Icterícia não é tão relevante.

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22
Q

Em relação a coleta para hemocultura, qual o volume de sangue ideal? Quais os fatores que podem influenciar no resultado e quais as condições de transporte?

A

Pacientes adultos: 20 a 30ml por amostra.
Crianças: não mais do que 1% do volume total de sangue (calculado a partir do peso).

O CLSI recomenda a coleta no par de garrafas aeróbio/ anaeróbio. Quando o volume de sangue dor inferior ao recomendado, deve-se 1• usar a garrafa aeróbica e o que restar deve ser inoculado na garrafa anaeróbica. VOLUME IDEAL CORRESPONDE A 10% DO VOLUME TOTAL DA GARRAFA.

Após a coleta, as amostras devem ser transportadas até o laboratório em até 2h. As garrafas de hemocultura nunca devem ser refrigeradas/congeladas. Transporte a temperatura ambiente.

Fatores que influenciam os resultados de hemocultura: volume de sangue coletado na garrafa e método de antissepsia utilizado.

Antissépticos: álcool 70%, tintura de iodo, POVIDINE e CLOREXIDINA ALCOÓLICA (mais indicada para antissepsia final da pele).

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23
Q

Em relação a punção capilar, quais as situações em que será eleita e quais os locais de coleta?

A

O sangue capilar assemelha-se mais com o sangue arterial do que com o sangue venoso.

Nesse tipo de coleta o volume da amostra é limitado, em pacientes queimados ou enfaixados, tendências a trombos, pacientes com veias superficiais frágeis.

Os locais utilizados são a ponta do dedo médio ou anular, o lóbulo da orelha e o calcanhar.
Em crianças menores de 1 ano, a punção o deve ser realizada na superfície plantar lateral ou medial do calcanhar.

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24
Q

Em relação a coleta arterial para gasometria, quais os locais apropriados para punção e quais as condições de transporte?

A

A coleta de sangue arterial é utilizada principalmente para análise de GASOMETRIA ARTERIAL ACIDO-BASE (tbm é possível realizar gasometria com sangue venoso). Anticoagulante heparina lítica.

Locais por ordem de preferência: arterial radial do pulso, artéria braquial do cotovelo e artéria femoral da virilha.
Em recém nascidos: artérias do couro cabeludo ou artérias umbilicais (primeiras 24 a 48hrs de vida). Deve-se comprimir o local da punção por 5min.

Após a coleta a seringa deve-se manter em temperatura ambiente por no máximo 30min, REFRIGERAÇÃO NÃO É INDICADA.

Durante o transporte, a posição preferencial da seringa é HORIZONTAL, pois facilita a homogeneização e minimiza a sedimentação das hemácias.

*Seringas de vidro preservam melhor os gases presentes na amostra em comparação ao plástico (com heparinização da seringa).

*Após a obtenção da amostra, despreza-se a agulha, esgota-se o ar residual antes de se vedar a ponta da agulha. A não expulsão do ar da seringa de gasometria resultará em falsa elevação de PO2 e falsa redução da PCO2.

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25
A fotometria é o estudo do fenômeno de absorção da luz por moléculas em solução. A lei Lambert-Beer determina que…
A quantidade de luz transmitida diminui exponencialmente com o aumento da concentração ou com o aumento da espessura do meio absorvente. Ou seja, quanto mais concentrado ou espesso, maior a absorbância e menor a transmitância. (Quanto maior a distância que a luz percorres, mais luz será absorvida, alem disso, a transmissão é inversamente proporcional a [ ] e inversamente proporcional também ao caminho óptico percorrido pela radiação).
26
Quais os conceitos de absorbância ou absorvância e transmitância?
Absorbância é a capacidade da solução de absorver a luz e corresponde a fração luminosa que que será absorvida pela solução. Transmitância é a capacidade de transmitir luz e corresponde a fração luminosa que consegue atravessar uma determinada espessura ou solução sem ser absorvida. A absorção é diretamente proporcional ao caminho óptico percorrido pela radiação aplicada na amostra. E a transmissão é inversamente proporcional ao caminho óptico percorrido.
27
A lei de Lambert-Beer deve obedecer alguns quesitos, são eles…
1. As partículas devem absorver luz independente entre si. 2. Meio homogêneo e não dispersar radiação. 3. Radiação na forma colimada (raios paralelos entre si). 4. Radiação monocromática (único comprimento de onda). 5. O fluxo de radiação incidente não deve promover a desestabilização dos átomos, moléculas ou íons (como a excitação eletrônica que origina fluorescência).
28
O que é colorimetria?
A colorimetria é uma técnica usada para determinar a concentração de compostos COLORIDOS (analitos) na solução da amostra no ESPECTRO VISÍVEL DA LUZ (400 a 680 nm). Segue a lei de Lambert-Beer e são usadas 3 soluções: branco, padrão e teste. Colorimetria está contido em espectrofotometria.
29
O que é espectrofotometria?
Medição da intensidade da luz em comprimentos de onda entre o ULTRAVIOLETA E O INFRAVERMELHO. Reações calorimétricas podem ser realizadas em espectrofotômetros, pois o comprimento de onda abrangido por esse aparelho é mais amplo que o do colorímetro.
30
O que é químioluminescência?
Ensaios quimioluminescentes são reações colorimetricas com ANTICORPOS. Esses ensaios empregam anticorpos marcados com FOSFATASE ALCALINA que hidrolisam um substrato quimioluminescente (luminol, isoluminol, luciferina). Aparelho: luminômetro.
31
O que é nefelometria e turbidimetria?
A nefelometria mede o conteúdo de partículas em suspensão (gasoso) ou a turbidez (líquido) de um meio. Consiste em medir a luz DISPERSA (difundida) em um ângulo de 90• A turbidimetria mede o grau de turbidez de uma suspensão. Consiste na medida da luz TRANSMITIDA após contato com a solução turva. É uma técnica complementar a nefelometria.
32
O que é fotometria de chama?
É uma técnica simples baseada na espectrometria atômica. Uma amostra contendo cations metálicos é inserida em uma chama e analisada pela quantidade de radiação emitida.
33
O que é fluorimetria?
Esta técnica é usada para média a intensidade e distribuição do comprimento de onda do espetro de emissão após excitação por um determinado espectro de luz.
34
No que se baseia a técnica Citometria de Fluxo e o que significa FSC e SSC?
A citometria de fluxo é uma técnica utilizada para detectar e medir características físicas e químicas de uma população de células ou partículas. * uma célula por vez através de um feixe de laser e a luz dispersa é característica das células e de seus componentes. A dispersão da luz pode ser: • Dispersão frontal (forward scatter - FSC) se associa com o volume celular. • Dispersão lateral (side scatter - SSC) se associa com a granulosidade e complexidade celular. As informações são expressas em um HISTOGRAMA.
35
O que seria FACS (separador celular ativado por fluorescência)?
Uma versão mais moderna da citometria de fluxo que utiliza anticorpos monoclonais fluorescentes. Essa técnica fornece informações acerca das características das células, além de reconhecer com precisão o tamanho é granulosidade através da intensidade da fluorescência.
36
O que é eletroforese?
É uma técnica utilizada pra separação de moléculas de acordo com sua mobilidade em um campo elétrico. Algumas aplicações: eletroforese de proteínas plasmáticas, eletroforese de hemoglobina e eletroforese de DNA. * o SDS é um detergente aniônico capaz de promover lose celular, solubilizar lipídios e desnaturar proteínas, além de inibir a atividade enzimática.
37
Qual o princípio da cromatografia?
Técnica utilizada para separar os componentes de uma mistura baseada na PARTIÇÃO DIFERENCIAL. • A mistura é dissolvida na fase móvel, que a transporta através de uma estrutura, a fase estacionária. Os compostos da fase móvel interagem com a fase estacionária à medida que passam (tamanho e afinidade).
38
Qual o princípio da cromatografia gasosa? Quais as vantagens e desvantagens?
Útil para separar substâncias voláteis. A fase móvel é um gás como o Hélio, e a fase estacionária é um líquido com alto ponto de ebulição que é adsorvido em um sólido. • Alta eficiência, alta sensibilidade e velocidade de análise. Pequeno consumo de amostra. Boa seletividade e pode ser usado pra misturas azeotropicas e amostras com ponto de ebulição próximos. • Só pode ser usada pra analisar substâncias voláteis.
39
Qual o princípio da cromatografia líquida?
Técnica de separação em que a fase móvel é um LÍQUIDO, onde os íons ou moléculas da amostra são dissolvidos. É executada em uma coluna ou um plano. A cromatografia líquida de alta performance (HPLC) pode fornecer uma resolução muito alta (até partes por milhão) e um tempo de análise rápido.
40
Qual o princípio da técnica Eletrodo Íon Seletivo?
Essa técnica consiste em medir determinado íon em uma solução através de uma membrana seletiva que permite a passagem apenas do íon que será medido. Essa técnica é muito usada para dosagem de eletrólitos (íons) em amostras biológicas, tais como sódio, potássio, cloreto, magnésio, cálcio, lítio.
41
Qual o princípio da técnica de Volumetria (análise volumétrica, titulação, titrimetria)?
É uma técnica utilizada para determinar a concentração ou quantidade de um analito presente em uma solução, através da medição do volume de uma 2• solução de concentração conhecida (solução titulante) que reage com a 1•
42
Qual princípio da gravimetria?
Compreende um conjunto de métodos para determinação quantitativa indireta de um constituinte de uma amostra com base em sua massa. A substância é convertida em uma forma pura que é capaz de ser separada da mistura original. As principais formas de separação são: precipitação, volatilização, eletrodeposição ou extração.
43
Qual a estrutura básica de uma proteína? Qual a quantidade mínima de aminoácidos?
Proteínas são compostos orgânicos que contém 1 carbono central (quiral) ao qual estão ligados 1H e os grupamentos -NH2 (amina), -COOH) e uma cadeia lateral (grupamento R. Os aminoácidos se unem através de ligações peptidicas, que ocorrem entre o grupo amina + carboxilico, com a eliminação de 1 molécula de água. Para ser considerado uma proteína, a cadeia polipeptidica deve conter mais de 70 aminoácidos. Principalmente fonte: dieta.
44
Quais fatores influenciam a solubilidade das proteínas?
Estruturalmente: proteínas fibrosas apresentam baixa solubilidade em água, enquanto as proteínas globulares são mais hidrossolúveis. As proteínas tem grupos funcionais ácidos e básicos, conferindo uma carga + - ou neutra. A carga líquida da proteína é afetada pelo PH do ambiente. Um ph < PI carga líquida positiva. Um pH > PI carga líquida negativa.
45
Qual o método para determinação das proteínas totais?
Método colorimétrico de Biureto, onde as ligações peptidicas das proteínas (-HN -CO) reagem com íons cúpricos (Cu2+) em meio alcalino (reagente de Biureto) formando um complexo de coloração violeta. Jejum não obrigatório. Método alternativo: anéis aromáticos (bases purinas e pirimidinas) absorvem em comprimentos de onda específicos na região de UV.
46
O resultado da Eletroforese de Proteínas apresenta geralmente um pico mais acentuado a esquerda (polo +) e mais 4 picos menores. Quais seus componentes?
A albumina apresenta o maior pico mais próximo do eletrodo POSITIVO. Enquanto as globulinas (proteínas inflamatórias ou de fase aguda) representam o foco principal da interpretação da EPS. Alfa, beta e gama são subdivididas em 4 categorias: alfa1, alfa2, beta e gama (é composta pelas 5 classes de imunoglobulinas/anticorpos - IgG, IgA, IgM, IgD e IgE) com a fração gama mais próxima do eletrodo negativo.
47
Qual o fundamento da técnica Eletroforese de Proteínas?
É um teste que separa proteínas específicas do sangue de acordo com suas características elétricas. Amostra de soro -> gel de agarose -> potencial elétrico (cátodo negativo, ânodo positivo). Dessa forma, as proteínas migram de acordo com sua carga elétrica e peso molecular
48
Qual a importância da proteína albumina e qual método é utilizado para sua determinação?
A albumina tem papel fundamental na manutenção da pressão oncotica, sendo que, a hipoalbuminemia está relacionada a edema devido o extravasamento do líquido dos vasos sanguíneos para os tecidos. A albumina está relacionada ao aporte proteico e produção exclusiva pelo ficado, sendo utilizada como indicador do estado nutricional e da função de síntese hepática. Técnica para doseamento: colorimétrico - verde de bromocresol.
49
Quando presente na urina, a seguinte substância pode ser um preditor precoce de dano renal associado com diabetes mellitus tipo I…
A dosagem de baixas concentrações de albumina na urina pode ser utilizada como um marcador precoce da doença renal, em um exame chamado de microalbuminúria. Microalbuminúria é um termo usado para descrever um aumento moderado no nível de albumina na urina. Ocorre quando o rim libera pequenas quantidades de albumina na urina, ou seja, quando ocorre uma permeabilidade anormalmente alta para a albumina no glomérulo renal. Normalmente, os rins filtram a albumina, logo, se a albumina é encontrada na urina, este é um indício de doença renal.
50
O que é Proteína C Reativa, qual a utilidade de sua dosagem e quais técnicas podem ser empregados pra sua detecção?
A proteína C reativa (PCR) é uma proteína sintetizada pelo fígado e está presente no soro de pacientes com doença aguda (inflamação; infecção). A PCR exibe altas concentrações plasmáticas (dentro de 24 a 48h) em casos de infarto agudo do miocárdio (IAM), trauma, infecções (principalmente bacterianas), pós-cirúrgico e neoplasias e tbm auxilia no acompanhamento de doenças crônicas. A dosagem de PCR pelo método ultrassensível (US) tem sido aplicada no prognóstico de doenças coronarianas. A PCR pode ser determinada qualitativamente ou semiquantitativamente pela metodologia de aglutinação do látex, e quantitativamente através das metodologias imunológicas utilizando as técnicas de nefelometria e turbidimetria.
51
Uma manifestação importante do paciente portador de diabetes é a glicosúria, o que significa esse termo?
Presença de glicose na urina. Isso ocorre porque a concentração de glicose no sangue ultrapassa o limiar renal para a glicose, que é de 180 mg/dL de glicose plasmática.
52
O que Diabetes mellitus gestacional?
Um estado de hiperglicemia detectada pela primeira vez durante a gravidez, desde que os níveis glicêmicos sanguíneos não atinjam os critérios diagnósticos para DM (não gestacional). Caso os níveis glicêmicos sanguíneos atinjam os critérios da OMS para o DM em não gestantes, a gestante será enquadrada em diabetes mellitus diagnosticado na gestação (overt diabetes).
53
De acordo com a Diretriz Oficial da Sociedade Brasileira de Diabetes, para o indivíduo assintomático, é recomendado usar o seguinte critério de diagnóstico de diabetes mellitus…
A glicemia plasmática de jejum maior ou igual a 126mg/dL, a glicemia duas horas após uma sobrecarga de 75g de glicose igual ou superior a 200 mg/dl ou a HbA1c maior ou igual a 6,5%. Glicose plasmática aleatória ≥ 200 mg/dL associado a sinais e sintomas de diabetes melito. É necessário que dois exames estejam alterados. Se somente um exame estiver alterado, este deverá ser repetido para confirmação.
54
O que significa Glicose Pós Prandial?
A determinação da glicose pós-prandial se dá pela dosagem da glicemia após duas horas da ingestão de 75 g de glicose (solução aquosa de dextrosol). Valores iguais ou superiores a 200 mg/dL é sugestivo de intolerância à glicose ou diabetes.
55
O que significa Teste oral de tolerância à glicose (TOTG)?
Também chamado de curva glicêmica, é realizado a partir de medições seriadas da glicemia em jejum e a cada 30 minutos, durante 2 horas (em 0, 30, 60, 90 e 120 minutos), após a administração de 75 g de glicose anidra (dextrosol) dissolvida em água por via oral. O resultado final (após 2 horas) deve ser menor que 200 mg/dL
56
O que é teste de O’Sullivan e qual sua utilidade?
O teste de O'Sullivan é um tipo de curva de tolerância à glicose direcionada ao monitoramento do diabetes gestacional e deve ser realizado entre a 24a e 28a semana de gestação, podendo ser repetido na 32a semana. Uma solução contendo 100 g de glicose é administrada à paciente e realiza-se uma coleta de sangue a cada 60 minutos durante 3 horas (basal, 60', 120' e 180'). Os valores de referência são: • Jejum: menor que 95 mg/dL; • 1a hora: menor que 180 mg/dL; • 2a hora: menor que 155 mg/dL; • 3a hora: menor que 140 mg/dL * Jejum de 8 a 14 horas.
57
O que é Hemoglobina glicada, qual o método de determinação e quais os valores de referência?
Também chamada de glicohemoglobina ou HbA1C, é a combinação direta da glicose à hemoglobina adulta (HbA). A quantidade de hemoglobina glicada formada está diretamente relacionada à concentração de glicose plasmática e à vida média das hemácias (aproximadamente 120 dias). A formação da HbA1c é irreversível e seu nível sanguíneo é mantido ± constante por cerca de 120 dias. Ela é utilizada no monitoramento do controle de glicose a longo prazo em indivíduos diabéticos (coleta EDTA). Não é necessário jejum. Metodologias para determinação de hemoglobina glicada: cromatografia de troca iônica e turbidimetria. Valores de referência: 4,0 – 6,5% ou 20 – 48 mmol/mol: Não diabéticos. 6,0 – 7,0% ou 42 – 53 mmol/mol: Diabéticos – Meta do tratamento. 7,0 – 8,0% ou 53 – 64mmol/mol: Diabéticos com bom controle glicêmico. > 8,0% ou > 64mmol/mol: Diabéticos com controle glicêmico ruim. Necessitam atuação. * Condições clínicas que cursam com anemia hemolítica ou com hemorragia podem resultar em valores falsamente diminuídos de HbA1c.
58
Como o lactato é produzido e quais seriam as condições pra isso? Qual método de quantificação?
O lactato (ou ácido lático) é um intermediário do metabolismo de carboidratos (glicólise) com o objetivo de fornecer energia na ausência de oxigênio (condições anaeróbicas). Valores elevados de lactato estão relacionados à hipóxia tecidual. A determinação da concentração plasmática de lactato é uma forma de avaliar indiretamente a acidose metabólica depois da atividade física e patologias. Metodologia enzimática UV - Trinder.
59
Qual importância clínica da Frutosamina e qual método de determinação?
Frutosamina é o nome dado a um grupo de proteínas que, semelhantemente à HbA1C, sofrem glicosilação. A frutosamina é formada pela ligação não-enzimática da glicose a aminas de proteínas do soro ou de membrana celular. Possui um tempo de meia vida inferior à HbA (aproximadamente 20 dias), o que reflete o controle de glicose por um período de 2 a 3 semanas. A desvantagem da dosagem de frutosamina é que ela sofre interferência de fatores como desnutrição, insuficiência renal crônica e doenças hepáticas, não sendo, portanto, indicada para o diagnóstico do diabetes mellitus. Porém, é útil em pacientes com hemoglobinopatias (que é um fator que interfere na determinação de HbA1C). Na prática, é importante associar os valores de frutosamina com os valores de HbA1C. Método de determinação: cinética-calorimétrica
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O que são cetonas e como são formadas?
Na ausência de carboidratos (como no jejum prolongado e em dietas ricas em proteínas e pobres em carboidratos) o corpo passa a depender do metabolismo dos lipídeos para obter energia. 1) os triglicerídeos são hidrolisados em ácidos graxos e glicerol; 2) os ácidos graxos são hidrolisados em compostos intermediários menores conhecidos como cetonas (ou corpos cetônicos); e 3) os produtos intermediários são utilizados na respiração celular aeróbica. Quando a produção de cetonas excede a capacidade do organismo de metabolizar esses compostos, eles se acumulam no sangue (cetonemia) e podem ser eliminados na urina (cetonúria). A determinação dos níveis de cetonas no sangue e na urina pode ser realizada por métodos colorimétricos (tiras reativas).
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O que é uma lipoproteína e como elas podem ser separadas?
É uma estrutura bioquímica cujo objetivo principal é transportar moléculas lipídicas hidrofóbicas na água, como no sangue ou no fluido extracelular. As lipoproteínas plasmáticas podem ser separadas por meio da técnica de eletroforese e os parâmetros podem ser utilizados para caracterizar dislipidemias primárias e secundárias.
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Liste as lipoproteinas de acordo com a ordem crescente de tamanho e decrescente de densidade.
• Quilomícrons: Principal forma de transporte dos triglicerídeos da dieta (exógeno) até os tecidos. • VLDL: Transportam triglicerídeos de origem endógena a partir do fígado e intestino delgado, para os tecidos. • IDL: Molécula instável que se converte rapidamente em LDL. • LDL: Moléculas ricas em colesterol que são transportadas do fígado até as células. • HDL: Moléculas que captam o colesterol das células e o conduz até o fígado, onde ocorre o catabolismo e a eliminação.
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Qual a relação entre lipoproteína A e doenças cardiovasculares?
A lipoproteína A é uma lipoproteína de baixa densidade que consiste em uma partícula do tipo LDL e a apolipoproteína específica (apolipoproteína a). Ou seja, apolipo A + LDL = lipoproteína A. Altos níveis dessa proteína se relacionam com um risco aumentado de aterosclerose e doenças relacionadas, como trombose, doenças cardíacas coronarianas e AVE.
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Como é a produção de colesterol endógeno?
Cerca de 80% da produção diária total de colesterol ocorre no fígado e no intestino. A via da biossíntese do colesterol envolve enzimas presentes no citoplasma, microssomas e peroxissomos. A síntese de colesterol começa no grupo acetato de dois carbonos da acetil-CoA. As etapas iniciais na via da biossíntese de colesterol são coletivamente chamadas de via do mevalonato, que culminam com a síntese de isopentenil pirofosfato (IPP), uma molécula isoprenoide. Todas as reações de redução da biossíntese do colesterol usam o NADPH como cofator. O processo de síntese do colesterol é composto por cinco etapas principais em que as reações que culminam na síntese do isopentenil pirofosfato -> esqualeno -> colesterol. O colesterol é reciclado, cerca de 50% do que é excretado é absorvido pelo intestino delgado e bola a corrente sanguínea.
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O que é lipidograma e quais parâmetros são obtidos diretamente?
Também chamado de perfil lipídico, é formado por um grupo de testes que avaliam o colesterol total; as frações colesterol-HDL e colesterol-LDL; e os triglicerídeos. Métodos enzimáticos colorimétricos são os mais usados em laboratórios clínicos. Dentro dessa metodologia, o colesterol total, o colesterol-HDL e os triglicérides são medidos diretamente. Enquanto o colesterol-LDL, o colesterol-VLDL e o colesterol não-HDL são determinados a partir de cálculos envolvendo os valores dos parâmetros que são determinados diretamente.
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Jejum é necessário para traçar o perfil lipídico?
O jejum não é mais necessário para a realização do lipidograma, pois o estado pós-prandial não interfere na concentração de colesterol. Contudo, caso os níveis de triglicérides estejam acima de 440 mg/dL (sem jejum), o médico solicitante deve fazer outra prescrição para avaliação de triglicérides com jejum de 12 horas.
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Qual a composição do colesterol total e quais métodos de determinação de cada um?
O colesterol total é composto pelas frações HDL, LDL e VDLD. O método para determinação do colesterol total é o colorimétrico-enzimático (Trinder - cor vermelha). • HDL: enzimático-colorimétrico (precipitação seletiva). • Triglicérides: enzimática-colorométrico (Trinder). • VLDL = triglicérides/5 • LDL = (fórmula de Friedewald) Colest Total - (HDL + VLDL)
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Qual a grande limitação do uso da fórmula de Friedewald?
Quando os níveis de triglicérides são superiores a 400 mg/dL o uso da fórmula de Friedewald deixa de ser confiável. A fórmula também não é aplicável em casos de hiperlipoproteinemia tipo III, pois as amostras contêm beta-VLDL. Nessas situações existem duas alternativas para se determinar os níveis de LDL: dosagem direta (por ultracentrifugação) ou aplicação da fórmula de Martin.
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Através de quais equações pôde-se avaliar o risco coronariano com base em colesterol total e colesterol HDL?
Avaliação do risco coronariano: Risco = colesterol total / HDL Risco = LDL / HDL . A Apolipo B é o principal componente proteico do LDL, ou seja, constitui uma medida indireta de todas as partículas aterogênicas presentes no sangue.
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Qual a relação entre metabolitos nitrogenados não proteicos e função renal?
A ureia se origina do catabolismo de proteínas de uma forma geral, a creatinina é proveniente do catabolismo da creatina e o ácido úrico tem origem no catabolismo das bases púricas. Como o rim exerce papel fundamental na eliminação destes compostos do organismo, a dosagem desses metabólitos se relaciona com a função renal do paciente.
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Qual a importância da ureia e função renal?
A ureia é o principal produto metabólico nitrogenado. A ureia sofre muita influência de fatores como o nível de hidratação, a dieta, atividades físicas e filtração renal. Por este motivo, é um marcador muito sensível, porém pouco específico, sendo aplicada na investigação "grosseira" da função renal. A uremia pode ocorrer em casos de doenças renais ou por fatores não renais. Nem todo paciente que tem uremia, tem também doença renal. Mas todo paciente que tem doença renal tem uremia. . Determinação de ureia (dosagem de BUN) = enzimático- colorimétrico e cinético UV.
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Qual a relação entre creatinina e função renal?
A creatinina é um marcador mais seguro da função renal em comparação com a ureia, pois sofre pouca influência da dieta, dos níveis de hidratação ou do metabolismo proteico. Sua depuração (clearance ou clareamento) correlaciona-se com a taxa de filtração glomerular (TFG), sendo que quanto mais alta a TFG, menores são os níveis plasmáticos de creatinina. É diretamente proporcional à massa muscular. . Métodos para determinação de creatinina no sangue ou na urina se baseiam no surgimento de um produto de cor alaranjada resultante da interação da creatinina com o ácido Pícrico em meio alcalino (complexo de Janovski) -> reação de Jaffé.
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O que é clearance (ou depuração) de creatinina?
É a medida da velocidade de remoção da creatinina do sangue à medida que passa pelos rins. Este teste é usado para a avaliação da TFG. Deve-se proceder também com o cálculo da depuração de creatinina "corrigida" para que o resultado possa ser correlacionado aos valores de referência. Onde utiliza-se um fator que leva em consideração a superfície corporal do paciente.
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Qual a fórmula para o cálculo de depuração renal de creatinina? E corrigida?
Depuração (mL/min) = creatinina na URINA // creatinina no SORO (x volume urinário por minuto -> dividido por 1440 min) . Depuração corrigida = 𝐃𝐞𝐩𝐮𝐫𝐚çã𝐨 𝐬𝐞𝐦 𝐜𝐨𝐫𝐫𝐞çã𝐨 × 𝟏,𝟕𝟑 // 𝐒𝐮𝐩𝐞𝐫𝐟𝐢𝐜𝐢𝐞 𝐜𝐨𝐫𝐩𝐨𝐫𝐚𝐥 𝐝𝐨 𝐩𝐚𝐜𝐢𝐞𝐧𝐭𝐞
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Qual a importância da determinação do ácido úrico? Quais interferentes no exame?
O ácido úrico é um composto nitrogenado proveniente do metabolismo de bases púricas por fontes endógenas ou exógenas. A hiperuricemia pode ser devida à superprodução de ácido úrico pelo organismo (por uma causa genética ou alimentar) ou pela doença renal (retenção de ácido úrico). . A gota é uma manifestação clínica da hiperuricemia, podendo ser genética (primária) ou adquirida (secundaria). Se manifesta mais em homens. . Enzimático-Colorimétrico. O ácido ascórbico leva a resultados falsamente diminuídos.
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Qual a importância da Cistatina C na avaliação de função renal?
A cistatina C é uma proteína de baixo peso molecular. As concentrações plasmáticas de cistatina C parecem não ser afetadas por (1) massa muscular, (2) dieta ou (3) sexo. . Além disso, não há vias de eliminação extrarrenais conhecidas e a depuração da circulação ocorre apenas por filtração glomerular. A medição da cistatina C parece não ser afetada pelas interferências ópticas que afetam os ensaios de creatinina. . Devido às suas múltiplas vantagens, a cistatina C é considerada por alguns como um marcador superior para a determinação da TFG. * Pode ser usada no cálculo da Taxa de Filtração Glomerular estimada (e-TGF).
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A função do tubo contendo a substância que desempenha o papel do branco na reação é…
Corrigir a absorvância acusada pela cor dos reagentes. Ao realizar uma técnica fotométrica, devemos fazer um "tubo branco" contendo apenas o reagente e água, para anular a interferência da cor inicial do reagente no tubo teste.
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Analise as afirmativas abaixo: I. A Nefelometria é uma técnica frequentemente empregada para medir as concentrações de IgA, IgM e IgG e outras proteínas plasmáticas. II. A Imunoturbidimetria mede a diminuição da luz ao passar por um complexo antígeno-anticorpo, ou seja, mede o quanto esta solução absorve da luz e o quanto ela deixa passar. Essa técnica, assim como a nefelometria, é usada para medir a concentração plasmática de diversas proteínas. III. A principal diferença entre nefelometria e turbidimetria é que na nefelometria a luz difundida, ou seja, aquela que atravessa a solução é medida, enquanto que na turbidimetria a luz não difundida (a absorvida) é medida.
I. Certa: a técnica de nefelometria pode ser empregada na medição de imunoglobulinas e outras proteínas plasmáticas. II. Certa: A turbidimetria é um método que se baseia na medida da redução da transmissão de luz em um meio, causada pela formação de partículas e consequente turvação da solução. III. Certa: Turbidimetria é a medida da luz transmitida após contato com solução turva. Nefelometria é a medida da luz dispersa após contato com solução turva.
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Qual a relação entre absorvância e coeficiente de extinção do composto?
Segundo a lei de Beer-Lambert, a absorbância de uma solução de um determinado composto é diretamente proporcional ao coeficiente de extinção do composto. Pois à medida que o composto se extingue, a absorbância também vai diminuindo. Assim como a absorvância é diretamente proporcional à concentração do composto.
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Algumas proteínas contêm grupos químicos além de aminoácidos, os quais ficam permanentemente associados a elas. Essas proteínas são denominadas…
As proteínas conjugadas são aquelas constituídas por aminoácidos mais um radical não peptídico, chamado de grupo prostético. Como exemplo temos a hemoglobina e a caseína.
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Considerando o diagrama eletroforético das proteínas do soro, qual o achado mais comum característico de infecções agudas?
As globulinas, de uma forma geral, são proteínas inflamatórias ou de fase aguda. Em casos de infecções agudas, o perfil eletroforético evidencia um aumento globulinas alfa, com a fração alfa-2 apresentando uma elevação mais expressiva que a fração alfa-1.
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hemoglobina glicada (HbA1c) é um dos testes laboratoriais utilizados para o diagnóstico do diabetes mellitus. Qual sua relação com insuficiência renal crônica?
Uma das principais complicações do diabetes mellitus é a insuficiência renal crônica, também chamada de nefropatia diabética. O comprometimento renal leva à diminuição da secreção de eritropoetina, hormônio que estimula a eritropoese. Como consequência, é comum que esses pacientes desenvolvam anemia e necessitem de transfusão sanguínea.
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A amostra de escolha para se determinar o percentual de HbA1c, através da técnica de cromatografia de troca iônica, é o (a):
A amostra de escolha para se determinar o percentual de hemoglobina glicada (HbA1c), através da técnica de cromatografia de troca iônica, é o sangue hemolisado. Como a hemoglobina está no interior das hemácias, não é possível ter acesso a ela em nenhum dos outros tipos de amostra, pois elas são livres de hemácias.
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O diagnóstico precoce do diabetes melitos realizado por exames de glicosúria e glicemia melhora muito o prognóstico dessa doença. Qual o nível sanguíneo em que cessa a reabsorção tubular é chamado de “limiar renal” no caso da glicose?
O nível sanguíneo em que cessa a reabsorção tubular é chamado de “limiar renal”, que, no caso da glicose, é de 160 a 180 mg/dL.
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De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, quais os valores desejáveis de colesterol total, LDL-C, HDL-C e triglicerídeos?
Os valores desejáveis do lipidograma para o controle das dislipidemias em adultos são: Colesterol total: <190 mg/dL LDL-C: <100 mg/dL HDL-C: ≥40 mg/dL Triglicerídeos: <150 mg/dL
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Como se calcula a fração de colesterol não-HDL?
Obtém-se o valor de colesterol não-HDL a partir da subtração da fração HDL do colesterol total: Colesterol não-HDL = Colesterol total - Colesterol HDL
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O aspecto lipêmico (turvo) do soro na lipemia pós-prandial demonstra a presença aumentada de:
O aspecto lipêmico (turvo) do soro na lipemia pós-prandial demonstra a presença aumentada de quilomícrons, que são a principal forma de transporte dos triglicerídeos da dieta (exógeno) até os tecidos.
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Quais analitos são dosados no exame de IONOGRAMA?
Um ionograma é um exame laboratorial que mede a concentração de diferentes íons (cátions e ânions) no sangue. Os principais íons medidos em um ionograma incluem: sódio (Na+), potássio (K+), cálcio (Ca2+), Cloreto (Cl-), bicarbonato (HCO3-), e fosfato (PO4-3). Alguns ionogramas também podem medir a concentração de outros íons, como magnésio (Mg2+), amônio (NH4+), e sulfato (SO42-). Também é possível avaliar a reserva alcalina através do ionograma. A reserva alcalina é uma medida da capacidade do sangue para neutralizar o excesso de ácido no organismo. Ela é geralmente medida através do bicarbonato (HCO3-), um componente importante do sistema tampão do sangue.
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Qual a importância dos níveis de potássio no meio intra e extracelular?
O potássio (K+) é o cátion intracelular de maior concentração. Ele é transportado constantemente para o interior das células por meio da "bomba de sódio" e possui uma difusão lenta para o ambiente extracelular. A concentração de potássio no líquido extracelular (LEC) deve ser controlada rigorosamente, uma vez que níveis baixos de K+(< 3,0 mmol/L) podem aumentar a irritabilidade muscular e levar a uma parada cardíaca. Níveis elevados (> 7,5 mmol/L) também são perigosos, uma vez que inibem a irritabilidade muscular, o que também pode levar a uma parada cardíaca.
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Como é feita a manutenção dos níveis de cálcio no corpo e de que forma ele está distribuído?
A manutenção dos limites fisiológicos do cálcio sérico é feita pela ação combinada do paratormônio (PTH) e da vitamina D, através de seus efeitos sobre os ossos, intestinos e rins. Dessa forma, a dosagem de cálcio no soro é utilizada na avaliação da função da paratireoide e do metabolismo do cálcio. O cálcio total pode ser dividido em duas frações: a fração livre (ionizada) e a fração combinada com proteínas, principalmente a albumina.
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Qual o pH considerada ideal para o sangue e quais os mecanismos de equilíbrio acido-base?
O equilíbrio ácido-base sistêmico é bem regulado com pH arterial entre 7,35 e 7,45. A manutenção da concentração do íon hidrogênio (H+) e a estabilidade do pH são realizadas pela combinação dos sistemas de tampões, sistema renal e sistema respiratório. Os rins têm papel predominante na regulação da concentração sistêmica de bicarbonato. Por outro lado, a ventilação alveolar mantém a pCO2 (pressão parcial de CO2) arterial em torno de 40 mmHg. Geralmente, quando um dos sistemas, metabólico ou respiratório, dá origem a uma acidose ou alcalose, o outro sistema entra em ação para tentar equilibrar o pH do sangue. Dessa forma, uma acidose metabólica é geralmente compensada por uma alcalose respiratória, e vice-versa.
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De que forma esses mecanismos de equilíbrio acido-base atuam?
Em relação ao mecanismo metabólico (renal), a elevação dos níveis de HCO3− leva a um estado de alcalose, enquanto a redução dos níveis de HCO3− desencadeia uma acidose. Em relação ao mecanismo respiratório, quando os níveis de pCO2 estão altos ocorre uma acidose, e quando estão baixos, uma alcalose. O mecanismo respiratório utiliza da frequência respiratória para controlar os níveis de pO2, pCO2 e, consequentemente, do pH. Quando um indivíduo está hiperventilando (aumento da frequência respiratória), ele está inspirando mais oxigênio e expirando mais dióxido de carbono, logo os níveis de pCO2 irão se reduzir e ele apresentará um estado de alcalose respiratória, com aumento do pH. Se este mesmo indivíduo entrar em estado de hipoventilação (diminuição da frequência respiratória), os níveis de pCO2 irão aumentar, e consequentemente o pH irá se reduzir, ocasionando uma acidose respiratória. A acidose causada pelo aumento da pCO2 ocorre porque o CO2 no plasma reage com a água (H2O) e forma o ácido carbônico (H2CO3), logo, quando os níveis de pCO2 se elevam, os níveis de ácido carbônico no plasma também se elevam, levando a um quadro de acidose.
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O que seriam distúrbios mistos (do mecanismo de equilíbrio ácido-base)?
A acidose mistase caracteriza pela redução do pH com diminuição da concentração de HCO3− e elevação da concentração de pCO2. Já a alcalose mista se manifesta através do aumento do pH com elevação da concentração de HCO3− e diminuição da concentração de pCO2.
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Qual tubo deve ser usado para gasometria e quais parâmetros são dosados? O que seria o Excesso de bases (BE ou EB) e quais os valores de referência?
O exame de gasometria pode ser realizado a partir de uma amostra de sangue arterial (avalia performance pulmonar e metabólica) ou venosa (avalia apenas a performance metabólica). Para realização do exame é necessária a coleta de 1 a 5 mL de sangue total heparinizado (colhido em heparina lítica ou sódica). O gasômetro avalia parâmetros como a pO2, a pCO2, H+, HCO3- e sódio (Na+). Um outro parâmetro que geralmente é reportado no resultado dos exames de gasometria é o excesso de base (BE ou EB), que sinaliza o excesso ou déficit de bases dissolvidas no plasma sanguíneo. A comparação do excesso de base com o intervalo de referência ajuda a determinar se um distúrbio ácidobásico é causado por um problema respiratório, metabólico ou misto. Assim, alterações nos níveis de HCO3- sérico são normalmente espelhadas por um desvio no excesso de base, que é indicativo de um distúrbio de origem *metabólica*. Valores de BE superiores a +3 mEq/L indicam *alcalose metabólica* e valores de BE inferiores a -2 mEq/L apontam para uma *acidose metabólica*.
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Quais os valores de referência para o exame de gasometria arterial?
pH: de 7,35 a 7,45 pO2: de 83 a 108 mmHg pCO2: de 35 a 45 mmHg HCO3-: de 21 a 28 mmol/L B.E.: de -2,0 a +3,0 mmol/L %SO2: de 95 a 99%
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Quais são as enzimas envolvidas na avaliação de lesão pancreatica?
A amilase presente no organismo humano sob a forma de duas isoenzimas: a amilase salivar (S-AMS) e a amilase pancreática (P-AMS). As técnicas de quantificação da amilase plasmática sofrem pouca interferência da S-AMS, com exceção de raros casos em que há uma infecção na região do pescoço. Logo, pode-se inferir que a determinação de amilase plasmática se refere apenas à isoforma pancreática. A amilase é a principal enzima pancreática e é utilizada como indicador de lesão celular no pâncreas, podendo inclusive ser utilizada como marcador precoce de pancreatite aguda. A amilase é secretada pelas células acinares do pâncreas para o ducto pancreático, e em seguida para o duodeno, onde exerce a função de hidrolisar carboidratos em glicose. Níveis elevados de amilase no sangue indicam lesão das células acinares (como ocorre na pancreatite) ou obstrução no ducto pancreático (como acontece no carcinoma pancreático). . A lipase é uma enzima digestiva secretada pelo pâncreas para o duodeno e exerce a função de hidrólise dos triglicerídeos em ácidos graxos. Semelhantemente à amilase, uma elevação nos níveis plasmáticos da lipase pode ser observada após uma lesão nas células acinares do pâncreas (Seus níveis se elevam um pouco mais tarde do que os níveis de amilase). Em condições fisiológicas, a lipase não é detectável na urina, pois é filtrada pelos glomérulos e totalmente reabsorvida pelos túbulos proximais. Contudo, na ocorrência de distúrbios renais que cursam com alteração da capacidade de reabsorção tubular, é possível a detecção de lipase urinária. . Uma terceira enzima pancreática, a elastase, é pouco utilizada, pois demora muito para se elevar (cerca de 24 horas).
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Quais são as enzimas correlacionadas com a avaliação da função hepática?
• Aspartato aminotransferase (AST) ou Transaminase glutâmico oxalacética (TGO); *ASTTGO* • Alanina aminotransferase (ALT) ou Transaminase glutâmico pirúvica (TGP); • Fosfatase alcalina (FAL); • Gama glutamil transferase (GGT). A fosfatase alcalina e a gama glutamil transferase estão mais relacionadas com a redução do fluxo biliar (colestase). As transaminases (aspartato aminotransferase e alanina aminotransferase) são indicadoras de lesão diretamente no parênquima hepático.
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Qual das enzimas é mais a específica pro fígado? Qual a relação das aminotransferases com condições agudas e crônicas? O que é índice de Ritis?
Quando as transaminases se elevam é sugestiva de hepatites virais, tóxicas, alcoólicas, hipóxia tecidual e acidose metabólica. A *ALT é a mais específica para o fígado* entre as quatro enzimas e a AST é a menos específica, pois também está presente no coração, no músculo esquelético e nas hemácias. Nas hepatites agudas a ALT se eleva de forma mais pronunciada que a AST, e em casos de hepatites crônicas, a elevação de AST é mais expressiva que de ALT. Logo, o índice AST/ALT (índice de Ritis) maior que 1 sugere lesão crônica (como doença hepática alcoólica). Por outro lado, quando este índice é inferior a 1, o resultado é sugestivo de lesão aguda, como ocorre na esteatohepatite não-alcoólica (EHNA) e hepatite C.
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Onde a fosfatase alcalina (FAL) pode-se encontrada?
A FAL (indicadora de colestase - redução do fluxo biliar) pode ser encontrada nos osteoblastos, por este motivo se encontra elevada em doenças ósseas, além de apresentar um aumento fisiológico em crianças (devido ao desenvolvimento ósseo), na recuperação de fraturas, em mulheres grávidas, além de casos de pancreatite e úlceras gastrointestinais. Em casos de obstrução biliar observa-se elevação da atividade da fosfatase alcalina. As transaminases estão mais relacionadas a lesões hepáticas e a bilirrubina indireta se associa a quadros de hemólise e defeitos na conjugação da bilirrubina.
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O aumento dos níveis de Gama glutamil transferase é sugestivo de...
A GGT se eleva na ocorrência de doenças malignas, sendo a enzima que aumenta de forma predominante em casos de tumores hepáticos. Além disso, a GGT é uma indicadora de cirrose, principalmente de origem alcoólica. A GGT é um marcador mais específico para distúrbios hepáticos em comparação com a AST e FAL, pois sua atividade não se eleva em doenças musculoesqueléticas, como ocorre com a AST, nem em doenças ósseas e gravidez, como acontece com a FAL.
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Qual o metabolismo da bilirrubina?
O metabolismo da bilirrubina se inicia a partir da degradação de hemácias pelo sistema retículoendotelial. O processo de degradação, que ocorre principalmente com hemácias senescentes, dá origem a moléculas de globina e heme. A globina é uma proteína e será reutilizada pelo organismo. O *grupo heme* (protoporfirina IX de ferro) é catabolizado e forma a *biliverdina*, que é posteriormente transformada em *bilirrubina indireta (BI)*, também chamada de *bilirrubina não conjugada ou livre*. A BI é *lipossolúvel* (tóxica - atravessa a BHE - fotossensível - fototerapia) e, por este motivo, é transportada na circulação sanguínea pela *albumina*. No fígado, a BI é conjugada com o ácido glicurônico, dando origem à *bilirrubina direta (BD)*, também chamada de *bilirrubina conjugada*. Ao contrário da BI, a BD é *hidrossolúvel* e é excretada do fígado para a bile, através do ducto biliar comum, chegando posteriormente ao *intestino delgado*. No intestino delgado, a BD sofre ação de bactérias e dá origem ao *urobilinogênio*, que sofre reações e, por fim, é eliminado nas fezes (na forma de estercobilina) e na urina (na forma de urobilina), contribuindo para a cor característica dessas secreções. Uma pequena fração do urobilinogênio também é reabsorvida para a circulação enterohepática. A principal forma de excreção da bilirrubina é através das fezes. *A bilirrubina é marcador de excreção hepática
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Por que a AST é mais associada a lesão hepática crônica enquanto ALT se relaciona mais a lesão aguda?
Nas células hepáticas, 40% da AST está no citoplasma e 60% nas mitocôndrias (precisando de uma lesão a longo prazo pra lesar também as mitocondrias). No entanto, 90% da ALT está localizada no citoplasma e apenas 10% está nas mitocôndrias (Seus níveis aumentam com mais facilidade).
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Em relação a icterícia por obstrução biliar (icterícia obstrutiva), quais eventos característicos ocorrem com a urina e fezes?
Em quadros de icterícia por obstrução biliar, ocorre um acúmulo de bilirrubina direta (conjugada) no fígado. Consequentemente, pouca bilirrubina atinge o intestino e sofre ação das bactérias locais para formação de urobilinogênio. Como pouca quantidade de urobilinogênio é reabsorvida e excretada, a quantidade de urobilina na urina se torna reduzida, assim como a estercobilina nas fezes. Porém, como há um acúmulo de bilirrubina direta no fígado (que é hidrossolúvel), esta consegue atingir a circulação e ser excretada por via renal. Como consequência destes eventos, são observadas *hipocolia fecal* (fezes claras) e *colúria* (urina escura), quadro característico da obstrução biliar. Em quadros de icterícia por obstrução biliar, ocorre um acúmulo de bilirrubina direta (conjugada) no fígado. A bilirrubina indireta, contudo, não sofre alterações, uma vez que o processo de conjugação não é afetado.
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A enzima lactato desidrogenase é estruturada de que forma? E pode ser utilizada em quais situações?
A lactato desidrogenase (LDH), também chamada de desidrogenase lática (DHL), é encontrada em quase todas as células vivas. Ela catalisa a conversão de lactato em piruvato e é expressa em vários tecidos do corpo, sendo um marcador de dano celular inespecifico. A LDH é composta por quatro subunidades, ou seja, é um tetrâmero. As duas subunidades mais comuns são as proteínas LDH-M (muscle) e LDH-H (heart). se apresenta na forma de cinco isoenzimas formadas por combinações dos monômeros LDH-M e LDH-H. A lactato desidrogenase (LDH ou DHL) é uma enzima encontrada em praticamente todos os órgãos e tecidos do corpo e sua elevação no plasma sanguíneo está associada a situações que cursam com dano celular. É um dos marcadores utilizados na investigação do infarto agudo do miocárdio, apesar de ser inespecífica para esta situação.
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Qual amostra ideal para medida da atividade enzimática?
O soro é a amostra de escolha para a medida da atividade enzimática.
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Quais as isoformas da enzima creatina quinase (CK) e em que situações seus níveis se elevam?
A creatinoquinase (CK) é encontrada no músculo cardíaco, no músculo esquelético e no cérebro. Logo, lesões nas células desses tecidos provocam um aumento nos níveis séricos da enzima. A CK é constituída a partir de duas subunidades: M (muscle) e B (brain). Dessa forma, ela se apresenta na forma de 3 isoenzimas: CK-MM (muscular), CK-MB (cardíaca), e CK-BB (cerebral). Em específico, a *CK-MB* é utilizada como marcador para auxílio no diagnóstico do *infarto agudo do miocárdio*, situação na qual os níveis da enzima se elevam dentro de 3 a 8 horas da ocorrência da lesão e atingem um pico em 24 horas. Se dentro de 12 horas do início dos sintomas os níveis de CK-MB não tiverem se alterado, pode-se descartar a hipótese de infarto agudo do miocárdio. Outros marcadores utilizados no diagnóstico de infarto agudo do miocárdio são a troponina e mioglobina (de forma menos específica, a AST e a LDH).
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Quais os marcadores bioquímicos utilizados no diagnóstico do IAM?
• Troponinas T e I • CK total e CK-MB • Mioglobina • AST (menos específico) • LDH (menos específico) * Alanina aminotransferase (ALT) não é utilizada no diagnóstico do IAM.
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A troponina é um importante marcador não enzimáticos em que situação?
A troponina é uma proteína responsável pela regulação da contração muscular (musculatura esquelética e cardíaca). Trata-se de um complexo de três proteínas (troponina T, Troponina I e troponina C). É considerada o padrão-ouro entre os marcadores bioquímicos para necrose do miocárdio, tornando-se detectável dentro de 4 a 6 horas após a lesão do tecido miocárdico, um pico é observado entre 24 e 48 horas e a troponina permanece elevada por mais 10 a 14 dias após a ocorrência da lesão. As troponinas são, portanto, consideradas os marcadores bioquímicos mais sensíveis e específicos para lesão isquêmica do miocárdio. Valores de referência pra troponina I são: • Homens: inferior a 53,5 ng/l • Mulheres: inferior a 38,6 ng/l
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A mioglobina é um importante marcador não enzimáticos em que situação?
A mioglobina, é encontrada no citoplasma de células musculares esqueléticas e cardíacas e tem a função de reservar e transportar oxigênio dentro dos miócitos. A determinação dos níveis séricos de mioglobina é de extrema importância no diagnóstico do infarto agudo do miocárdio, uma vez que os níveis da proteína se elevam muito precocemente, em apenas 2 horas após o início dos sintomas. Os valores de referência são iguais ou inferiores a 110,0 ng/mL.
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Qual utilidade clínica dos níveis de acetilcolinesterase e como ela é subdividida?
A função da enzima colinesterase é catalisar a hidrólise da acetilcolina (além de outras colinas), o que leva à regulação da transmissão do impulso nervoso na sinapse nervosa e na junção neuromuscular. É possível determinar dois tipos de colinesterases: 1) a colinesterase verdadeira, denominada acetilcolinesterase, localizada nos eritrócitos e terminações nervosas colinérgicas, e 2) a pseudocolinesterase encontrada no plasma, além do músculo liso, fígado e adipócitos. A determinação da pseudocolinesterase sérica é empregada no diagnóstico de pacientes com intoxicação por inseticidas organofosforados e em casos de pacientes que possuem a forma atípica da enzima. Valores diminuídos são observados em casos de envenenamento por inseticidas organofosforados, hepatopatias, distrofia muscular, infarto agudo do miocárdio, embolia pulmonar, infecções agudas e desnutrição.
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Os leucócitos (ou glóbulos brancos) compreendem 5 tipos celulares diferentes. Quais são eles e quais os 2 grandes grupos que podem ser classificados?
Neutrófilos, eosinófilos, basófilos, linfócitos (T e B) e monócitos. ● Os neutrófilos, eosinófilos e basófilos são chamados de *granulócitos* ou de *leucócitos polimorfonucleares*, pois possuem grânulos no seu citoplasma e núcleo segmentado. ● Os linfócitos e monócitos são chamados de *agranulócitos* ou *mononucleares*.
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O que é hematopoese? Em que locais acontece e quais órgãos estão envolvidos?
A hematopoese ou hematopoiese constitui na formação, diferenciação e especialização das células do sangue desde a fase intrauterina. No início da vida embrionária a hematopoese é realizada pelo saco vitelino, entre a 6ª e a 8ª semana gestacional ocorre a migração das células hematopoéticas para o fígado e o baço e entre a 14ª e a 20ª semana acontece a transferência da hematopoese para a medula óssea, órgão que continua a exercer esta função no período pós-natal. A medula óssea é um tecido gelatinoso encontrado no interior dos ossos. Em crianças de até 2 anos de idade, a medula óssea pode ser encontrada virtualmente em qualquer osso. Porém, a quantidade deste tecido vai diminuindo à medida que envelhecemos e no indivíduo adulto ela está presente apenas em alguns ossos, como o osso ilíaco, vértebras, esterno e costelas.
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Como ocorre o processo de hematopoese, quais suas linhagens e como são subdivididas?
A hematopoese se inicia quando uma célula indiferenciada pluripotente (stem cell) da medula óssea se compromete com uma de duas linhagens: linhagem linfoide ou linhagem mieloide. ◇ A linhagem linfoide dá origem aos linfócitos (linfócito T, linfócito B e célula natural killer). ◇ A linhagem mieloide dá origem a todos os outros tipos de células sanguíneas, como hemácias, plaquetas, monócitos e os granulócitos (neutrófilos, eosinófilos e basófilos). A hematopoese pode ser dividida em eritropoese (produção de eritrócitos ou hemácias), leucopoese (produção de leucócitos - subdividida em granulopoese, monopoese e linfopoese) e trombopoese (produção de trombócitos ou plaquetas).
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Qual a relação entre o sistema renal e a eritropoese?
A eritropoese acontece sob o estímulo do hormônio eritropoetina, produzido pelos rins sob o estímulo de hipóxia. As causas comuns de hipóxia celular que resultam em níveis elevados de eritropoetina são as várias formas de anemias e a hipoxemia devida à doença pulmonar crônica. Em casos de doença renal crônica, o paciente pode apresentar quadros de anemia (baixa contagem de hemácias e baixos níveis de hemoglobina). Neste caso em específico, a causa da anemia é a deficiência na produção de eritropoetina, o que leva a uma hipoestimulação da medula óssea para a produção de hemácias. Como alternativa, estes pacientes podem fazer uso da eritropoetina exógena. * A maior parte (90%) da produção de eritropoetina ocorre nos rins. Porém, 10% produzido pelo fígado.
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Quais as fases de maturação no processo de eritropoese e quais nutrientes são importantes nesse processo?
Proeritroblasto 》Eritroblasto basófilo 》Eritroblasto policromatórilo 》Eritroblasto ortocromático 》Reticulócito 》Eritrócito À medida que os precursores eritroides amadurecem, várias características dessas células mudam. O tamanho total da célula precursora eritroide diminui juntamente com a razão núcleo/citoplasma (N/C). A cor do citoplasma muda de azul para um vermelho rosado como resultado da expressão crescente da hemoglobina à medida que a célula se desenvolve. Inicialmente, o núcleo é grande e apresenta cromatina frouxa. Mas, à medida que os glóbulos vermelhos amadurecem, o tamanho do núcleo diminui. Além da eritropoetina, o ferro, a vitamina B12 (cobalamina) e vitamina B9 (ácido fólico ou folato) também são essenciais para a maturação dos eritrócitos. A carência de um desses elementos causa falha na maturação no processo de eritropoese e consequente diminuição da produção de eritrócitos, que se manifesta clinicamente como reticulocitopenia. * cada eritroblasto basófilo se diferencia e dá origem a 8-32 eritrócitos.
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Quais as principais mudanças observadas de um Reticulócito pra um Eritrócito?
No estágio de reticulócito, a célula já não possui mais núcleo (não há mais síntese de RNA), pois este foi expulso no final do estágio de eritroblasto ortocromático. Contudo, ainda é capaz de produzir hemoglobina a partir de resquícios de RNA remanescente nessas células. Por esse motivo, o reticulócito apresenta coloração policromatófila (levemente azulada ou acinzentada). Essas células permanecem de 24 a 48 horas no sangue e ao passarem pelo baço sofrem ação dos macrófagos, tornando-se eritrócitos maduros. O eritrócito maduro apresenta formato bicôncavo e citoplasma acidófilo (devido à presença de hemoglobina). Por ser anucleado e não possuir mais vestígios de RNA, é incapaz de produzir mais hemoglobina.
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Qual a estrutura da hemoglobina e qual sua função?
A hemoglobina (Hb) é uma proteína complexa (tetrâmero) encontrada nos eritrócitos e sua principal função é transportar o oxigênio (O2) dos pulmões para os tecidos do corpo, trocar oxigênio por dióxido de carbono (CO2) e depois transportar o dióxido de carbono de volta para os pulmões, onde ele é trocado por oxigênio novamente. A molécula de hemoglobina é formada por heme e globina, sendo que o grupamento heme é composto por *ferro e protoporfirina*. O grupamento heme é sintetizado nas mitocôndrias de eritrócitos imaturos (uma vez que não existem mitocôndrias nos eritrócitos maduros), e a globina é sintetizada nos ribossomos, como toda proteína. A hemoglobina é responsável pela hematose (troca de gases entre os capilares sanguíneos e os alvéolos pulmonares). A estrutura da hemoglobina contém 4 sítios para ligação do oxigênio que se ligam na sua porção heme, mais especificamente no ferro na forma de íon ferroso (Fe2+).
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Quais as variantes hemoglobínicas podem ser encontradas num adulto normal?
Hemoglobina A1, A2 e F. A principal molécula de hemoglobina adulta, a hemoglobina A1 ou apenas hemoglobina A representa cerca de 95% da hemoglobina presente em adultos saudáveis. A hemoglobina A2 (HbA2) é uma variante normal da hemoglobina A é encontrada em baixos níveis no sangue humano de adultos normais (de 1,5 a 3,5%). Em fetos e bebês, as cadeias beta não são comuns e é mais encontrada a hemoglobina fetal (hemoglobina F ou HbF), que representa aproximadamente 1% da hemoglobina encontrada em adultos saudáveis. À medida que o bebê cresce, as cadeias gama são gradualmente substituídas por cadeias beta, formando a estrutura da hemoglobina adulta.
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O que é leucopoese e como ela é subdividida em relação aos elementos produzidos?
A leucopoese é o processo pelo qual são produzidos os leucócitos. É dividida em: 》Granulopoese (que origina neutrófilos, eosinófilos e basófilos) 》Agranulopoese, que é subdividida em: ○ Linfopoese (que dá origem aos linfócitos T e B) e ○ Monopoese (produção de monócitos).
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Como ocorre a granulopoese e quais mudanças ocorrem nas células durante o processo?
A granulopoese é dividida em uma fase de *divisão celular* (mieloblasto, promielócito e mielócito) e uma fase de *maturação celular* (metamielócito, bastonete e segmentado). É nesta segunda fase que ocorre o aparecimento de granulações e a lobulação nuclear. ●Mieloblasto 》Promielócito 》Mielócito 》Metamielócito 》Bastão 》Segmentado (neutrófilo). ●Mieloblasto 》Promielócito 》Mielócito eosinófilo 》Metamielócito eosinófilo 》Bastão eosinófilo 》Segmentado eosinófilo (linhagem especificada). ●Mieloblasto 》Promielócito 》Mielócito basófilo 》Metamielócito basófilo 》Bastão basófilo 》Segmentado basófilo (linhagem especificada). • Diminuição celular (exceto de mieloblasto para promielócito); • Perda de nucléolos; • Diminuição das granulações primárias (diminuem à medida que a célula se diferencia. Estão igualmente presentes nas linhagens neutrofílica, eosinofílica e basófila, qnd aparecem em células maduras são chamadas de granulações tóxicas); • Perda da basofilia citoplasmática; • Surgimento das granulações secundárias específicas (são menores, arredondados e variam a aparência de acordo com a linhagem celular, corando-se de forma diferente também. São visíveis a partir da fase de mielócito); • Segmentação nuclear.
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Quais as principais diferenças entre as células granulociticas segmentadas e quais suas características?
■ Neutrófilo segmentado (formato de rim): O neutrófilo segmentado tem um diâmetro de 10 a 16μm. Núcleo com 2 a 5 lobos unidos entre si por filamentos estreitos. O citoplasma apresenta cor rosa-clara a azulada, numerosos grânulos pequenos de distribuição uniforme cor-de-rosa a rosa-violeta. O neutrófilo tem importante participação na resposta contra patógenos. Quando ocorre uma infecção, essas são as primeiras células que migram para o tecido para atuar na defesa do organismo. ■ Eosinófilo segmentado (grânulos maiores azuis e menores rosa): O eosinófilo segmentado difere do neutrófilo por possuir núcleo com 2 a 3 lobos unidos entre si por filamentos estreitos. Representam 2 a 5% do total de leucócitos no sangue periférico. Possui grânulos acidófilos (vermelho/laranja) proeminentes contendo proteína básica. Sua principal função está associada a reações alérgicas e defesa contra parasitas. ■ Basófilo segmentado (quase não possui citoplasma - aparenta ter só nucleo): O basófilo segmentado apresenta núcleo obscurecido pela densidade dos seus grânulos, que são azul escuros específicos contendo histamina, heparina e outros. Sua função está associada com resposta imune inata a antígenos externos, assim como na ocorrência de asma e anafilaxias. Representa menos de 1% do total de leucócitos, sendo as células mais incomuns do sangue.
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Quais são os estágios celulares na monopoese?
A monopoese ou monocitopoese é a formação dos monócitos a partir de um precursor mieloide. Sua formação é caracterizada pelas seguintes fases de maturação: monoblastos, promonócitos e monócitos. Os monócitos são as maiores células encontradas no sangue periférico (cerca de 20 μm de diâmetro) e representam de 5 a 8% do total de leucócitos. Possui núcleo em forma de U com cromatina reticular e citoplasma abundante com grânulos lisossomais (levemente basófilo). Os monócitos permanecem pouco tempo no sangue periférico, migrando para os tecidos e transformando-se em macrófagos responsáveis pela defesa contra invasores (fagocitose). Essas células podem assumir formas diferentes dependendo do tecido onde se encontram. *Os macrófagos não são encontrados no sangue*.
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Como funciona a linfopoese e quais as células envolvidas?
Linfoblasto 》Prolinfócito 》Linfócito 》Plasmócito A função do linfócito está relacionada com a resposta imune adquirida, sendo as principais células do sistema imunológico, produzindo anticorpos (linfócitos B) ou atuando em infecções virais (linfócitos T). Os plasmócitos possuem núcleo roxo-- escuro, sem nucléolos e excêntrico. O escuro e abundante, apresentando uma área clara junto ao núcleo. Linfócitos reativos ou atípicos - Como resposta a antígenos, os linfócitos podem aumentar de tamanho e desenvolver uma cromatina mais frouxa e um citoplasma basofílico, o que evidência a produção de anticorpos. A maioria destas células está localizada em tecidos linfoides periféricos, porém algumas podem atingir a circulação.
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O que é trombopoese e como ela acontece?
A trombopoese ou trombocitopoese é um processo de desenvolvimento dos megacariócitos que se caracteriza por endomitose. Megacarioblasto 》Promegacariócito 》Megacariócito granular 》Megacariócito maduro (a célula aumenta de tamanho). O megacariócito maduro (desprendedor de plaquetas) apresenta núcleo lobulado, cromatina densa e citoplasma abundante. Os grânulos se agrupam na periferia, sendo separados por membranas (futuras plaquetas). Os megacariócitos desprendedores de plaquetas são formados em 4-5 dias e cada megacariócito dá origem a mil plaquetas, que se desprendem como fragmentos citoplasmáticos. As plaquetas possuem formato variável e medem de 1 a 4 μm de diâmetro. Caracterizam-se como corpúsculos anucleados de citoplasma azul com prolongações no exterior. Elas agregam formando conglomerados e desempenham um papel importante nos processos de hemostasia e coagulação sanguínea, em conjunto com os vasos sanguíneos e os fatores da coagulação.
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As hemácias se apresentam sob a forma de discos bicôncavos anucleados que medem aproximadamente 7 μm de diâmetro. Quais alterações relacionadas a tamanho e coloração podem ser observadas nos eritrócitos?
Alterações no tamanho da hemácia =》anisocitose. Quando as hemácias se apresentam em um tamanho maior que o normal, utilizamos o termo macrocitose (deficiência de vitamina B12 e de ácido fólico, além de anemia aplástica e cirrose hepática), e quando o tamanho está diminuído, chamamos de microcitose (anemias com deficiência de ferro e hemolitica, e talassemias). Utiliza-se o termo RDW para indicar que existe uma diferença na distribuição por tamanho das hemácias, quanto maior o valor de RDW, maior o grau de anisocitose na amostra de sangue. São considerados normais valores de RDW de até 14,0%. Além de micrócito e macrócito, os megalócitos são eritrócitos grandes de formato oval, com mais de 10 μm de diâmetro. São encontrados em casos de anemia megaloblástica. A condição é chamada megalocitose. As alterações de coloração das hemácias => anisocromia e relacionam-se ao conteúdo de hemoglobina presente na célula, uma vez que a hemoglobina (responsável por conferir a cor vermelha às hemácias). * hipocromia: conteúdo hemoglobínico das hemácias está diminuído => aumento do tamanho do halo central dessas células (que ocupa cerca de 1/3 do diâmetro celular). * hipercromia => quantidade de hemoglobina maior nas hemácias => diminuição do halo central da célula (o eritrócito fica saturado de hemoglobina). Um outro termo utilizado referente à coloração das hemácias é policromasia ou policromatofilia => hemácias com coloração mais basófila (arroxeada ou acinzentada), o que é sugestivo de presença de reticulócitos na amostra, uma vez que os reticulócitos possuem resquícios de RNA, que são moléculas basofílicas.
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As hemácias se apresentam sob a forma de discos bicôncavos anucleados que medem aproximadamente 7 μm de diâmetro. Quais alterações de forma podem ser observadas nos eritrócitos?
Poiquilocitose (ou pecilocitose) =》alterações na forma dessas células. ■ Esferócito: Hemácia microcítica e hipercrômica. ■ Ovalócito ou eliptócito: Hemácia oval com bordas arredondadas. ■ Estomatócito: Halo central da hemácia se assemelha a uma fenda. ■ Drepanócito: Hemácia em forma de foice ou banana, devido à presença de hemoglobina S. Característica da doença falciforme. ■ Equinócito ou hemácia crenada: Membrana da hemácia apresenta espículas pequenas em toda a sua superfície. Pode ser um artefato da lâmina. ■ Acantócito: Membrana da hemácia apresenta espículas, porém mais espaçadas e irregulares do que nos equinócitos. Assemelha-se a estrelas. ■ Hemácia em alvo, leptócito, codócito ou target cell (alvo): Ocorre a concentração de hemoglobina na região central da célula (em formato de sino). ■ Dacriócito: Hemácia em forma de gota, lágrima ou coxinha. ■ Esquizócito: Hemácia deformada ou fragmentada. Bite cell.
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De que forma o esfregaço deve ser feito e qual a melhor forma de analisa-lo em microscópico?
O esfregaço é composto por cabeça, corpo e cauda, sendo que a melhor área para visualização das células é o corpo. A cabeça e a cauda do esfregaço são áreas ruins para a visualização do esfregaço, pois a primeira é muito espessa e a última é muito fina. A distensão sanguínea (também chamada de extensão ou esfregaço sanguíneo) é uma fina camada de sangue espalhada em uma lâmina de vidro à qual posteriormente é aplicada uma coloração de modo a permitir que as várias células sanguíneas sejam examinadas microscopicamente. A partir de um esfregaço de sangue corado é possível realizar a contagem diferencial dos leucócitos, além de uma análise morfológica dos eritrócitos, leucócitos e plaquetas. A forma ideal de se analisar a lâmina de um esfregaço sanguíneo é percorrendo a lâmina toda em movimento de zigue-zague. Aconselha-se iniciar a contagem da região média do esfregaço (corpo) para a cauda. Após a confecção do esfregaço, este deve ser fixado (normalmente com metanol) e corado antes de poder ser visualizado ao microscópico.
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Como acontece a hemostasia da coagulação e qual sua importância?
A hemostasia envolve o equilíbrio entre substâncias pró-coagulantes (fator tissular, fator de von Willebrand, plaquetas, fatores da coagulação) e anticoagulantes (plasminogênio, óxido nítrico, anticoagulantes naturais, sistema fibrinolítico). A coagulação tem início logo após a ocorrência da lesão vascular. Através de um mecanismo denominado HEMOSTASIA PRIMÁRIA, as plaquetas aderem umas às outras no local da lesão e formam um tampão hemostático primário temporário e frouxo. O mecanismo de HEMOSTASIA SECUNDÁRIA ocorre simultaneamente, quando o Fator Tissular (ou Fator Tecidual - FT) exposto pelo endotélio do vaso lesado entra em contato com o Fator VII (único fator que faz parte apenas da via extrínseca) da coagulação e desencadeia uma resposta em cascata com ativação de outros fatores da coagulação, o que culmina na formação de fibrina. Os filamentos de fibrina formam uma trama rígida aderida à parede vascular e às plaquetas ativadas e ajudam a fortalecer o tampão hemostático primário. Também existe a chamada HEMOSTASIA TERCIÁRIA, que envolve o sistema fibrinolítico. A cascata de coagulação tem duas vias que levam a formação de fibrina: a via intrínseca (também conhecida como via de ativação por contato) e a via extrínseca (também conhecida como via do fator tecidual). As vias intrínseca e extrínseca ativam a via comum do fator X, trombina (Fator IIa) e fibrina. O fígado é o órgão responsável pela síntese da maioria dos fatores da coagulação. Os anticoagulantes mais comumente usados são a varfarina e a heparina. Enquanto a varfarina age sobre os fatores de coagulação dependentes da vitamina K (II, VII, IX, X), da proteína C e da proteína S (que são anticoagulantes naturais), a heparina aumenta a ação da antitrombina na trombina e no fator Xa.
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Na contagem manual de células é utilizada a câmara de Neubauer. Como é realizado essa contagem? Quais celulas e quais as peculiaridades em cada análise?
A câmara de Neubauer, ou hemocitômetro, é usada para contagemde celulas, através do cálculo do volume exato de líquido que cada quadrado comporta (profundidade e linhas em distâncias conhecidas) podendo então calcular a concentração das células contadas em cada quadrado. Antes de ser introduzida na câmara de Neubauer, a amostra deve ser homogeneizada e diluída com um líquido diluidor. A contagem das células deve ser realizada no microscópio. Para a contagem de leucócitos (APENAS CONTAGEM GLOBAL), utiliza-se o líquido de Turk (composto por ácido acético glacial e violeta genciana) que causa hemólise dos eritrócitos e facilita a visualização dos leucócitos na câmara: setores A1, A2, A3 e A4. Para realizar a contagem de eritrócitos, deve-se utilizar uma solução isotônica que evite a lise dos eritrócitos: 5 campos do setor central. ■ ATENÇÃO ■ O volume do líquido não é considerado no cálculo.
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O hemograma é realizado a partir de uma amostra de sangue total colhido em EDTA, pois este é o anticoagulante que melhor preserva a morfologia dos elementos do sangue. O resultado é dividido em três partes, quis são elas?
• Eritrograma: apresenta a contagem de hemácias, a quantidade de hemoglobina e o valor de hematócrito (porcentagem do sangue total correspondente ao volume das hemácias), os índices hematimétricos VCM, HCM e CHCM e os valores de RDW. Valores reduzidos de eritrócitos, hemoglobina e hematócrito indicam anemia. • Leucograma: apresenta o valor global de leucócitos e os valores relativos (porcentagem dos leucócitos globais) e absolutos (número total de células) de cada tipo de leucócito. Além dos cinco tipos de leucócitos (neutrófilo, eosinófilo, basófilo, linfócito e monócito), o leucograma também indica os valores de bastonetes (neutrófilos jovens) e de ouras células imaturas, caso estejam presentes. Valores aumentados de leucócitos sugerem infecções bacterianas ou virais, processos alérgicos, parasitoses, leucemias, etc. • Plaquetas: indicam a contagem global de plaquetas. Contagem de plaquetas abaixo da faixa de referência aponta risco de hemorragia e valores acima da faixa de referência indicam risco aumentado para eventos trombóticos.
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O que são os índices hematimétricos e qual sua importância?
Os índices hematimétricos são calculados a partir da contagem de hemácias, dos valores de hemoglobina e de hematócrito. ● O volume corpuscular médio (VCM) é calculado a partir da relação entre o hematócrito (% sabguetotal correspondente a hemácias) e as hemácias (VCM = hematócrito x 10 / hemácias) e é expresso em fentolitro (fl). Este índice dá informações sobre o tamanho das hemácias e indica microcitose, normocitose ou macrocitose. ● A hemoglobina corpuscular média (HCM) é calculada a partir da relação entre hemoglobina e hemácias (HCM = hemoglobina x 10 / hemácias) e é expressa em picograma (pg). Este índice dá informações sobre a quantidade de hemoglobina presente nas hemácias e indica hipocromia, normocromia ou hipercromia. ● A concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM) é calculada a partir da relação entre hemoglobina e hematócrito (CHCM = hemoglobina x 100 / hematócrito) ou ainda pela relação entre HCM e VCM (CHCM = HCM x 100 / VCM). Este índice dá informações sobre a concentração de hemoglobina das hemácias por unidade de volume e é expressa em gramas/decilitro (g/dl). ◇ resumo ◇ VCM: tamanho da hemácia HCM: quantidade de hemoglobina CHCM: quantidade de hemoglobina por unidade de volume RDW: distribuição de tamanho entre elas
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Como é realizado o exame de contagem de reticulócitos?
O exame contagem de reticulócitos é realizado para avaliar o índice de capacidade regenerativa da medula óssea em casos de anemia. Utiliza-se uma amostra de sangue total colhido em EDTA e o exame pode ser realizado de forma manual ou automatizada. No exame manual, confecciona-se um esfregaço sanguíneo, que é posteriormente corado por azul de cresil brilhante e analisado no microscópio. Na metodologia automatizada, utiliza-se um corante fluorescente com afinidade por ácidos nucleicos (DNA e RNA), que se liga apenas aos reticulócitos, uma vez que hemácias maduras não possuem ácidos nucleicos. Em ambas as metodologias, deve-se determinar a proporção de reticulócitos em relação aos eritrócitos totais no sangue circulante. A contagem de Reticulócitos é usada para determinar se a medula óssea está respondendo de modo adequado às necessidades do corpo na produção de hemácias e para esclarecer o mecanismo de diferentes tipos de anemia.
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Qual utilidade clínica do exame eletroforese de hemoglobina?
A eletroforese de hemoglobina (proteína carregada negativamente) é um exame que faz uso dos princípios da eletroforese em gel para detectar diferentes tipos de hemoglobina presentes no sangue. Existe uma grande variedade de tipos de hemoglobina. As variantes de hemoglobina que são encontradas em adultos normais são HbA, HbA2 e HbF. Mas também existem tipos raros de hemoglobinas anormais, como hemoglobinas C, D, E, M e S. Essas variantes anormais são causadas por mutações que resultam em oxigenação insuficiente para os órgãos e tecidos. Dessa forma, através da eletroforese de hemoglobina é possível diagnosticar distúrbios como a doença falciforme (caracterizada pela presença de hemoglobina S), bem como outros distúrbios sanguíneos relacionados à hemoglobina, como as talassemias e hemoglobina C. A detecção de algumas hemoglobinopatias pode ser realizada por meio da eletroforese em pH alcalino, seguida, de forma complementar, pela eletroforese em pH ácido.
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Como é realizado o exame de VHS e qual sua utilidade clínica?
A velocidade de hemossedimentação (VHS) é a taxa na qual as hemácias de uma amostra de sangue total não coagulado descem em um tubo padronizado em um determinado intervalo de tempo (geralmente uma hora). Para a realização do teste, uma amostra de sangue não coagulado é colocada em um tubo vertical, conhecido como tubo Westergren, e a distância que as hemácias caem é medida e registrada em milímetros (mm) ao final de uma hora. Este teste hematológico serve como uma medida inespecífica de inflamação. Trata-se de um teste bastante sensível, pois seus valores se elevam de forma precoce em processos inflamatórios, porém pouco específico, uma vez que seus resultados se mostram aumentados por virtualmente qualquer processo inflamatório que ocorra no organismo. A VHS apresenta valores aumentados na inflamação, nas infecções, na gravidez, na anemia, em distúrbios autoimunes. A VHS apresenta valores diminuídos em casos de policitemia, anemia falciforme, leucemia, situações que cursam com baixos níveis de proteínas plasmáticas (devido à doença hepática ou renal). * colesterol é um interferente na análise.
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O que é Prova de falcização e como é realizada?
Nos portadores de doença falciforme, os eritrócitos contêm a hemoglobina (HbS). Quando expostos a condições de hipóxia eritrócitos falcilizam (assumem a forma de foice, drepanócitos). Dessa forma, substâncias capazes de promover a desoxigenação são capazes de provocar o fenômeno de falcização nos eritrócitos que contêm HbS. A prova ou teste de falcização é realizado com metabissutfito de sódio a 2% , substância que tem a propriedade de remover o oxigênio, estimulando a falcização dos eritrócitos portadores de HbS.
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Qual utilidade clínica do exame Dosagem de fibrinogênio?
O fibrinogênio é o fator I da coagulação , sendo a proteína precursora do coágulo de fibrina, após sofrer ativação da trombina. Alterações nos seus valores podem estar relacionadas a distúrbios da coagulação. Além disso, por ser uma proteína de fase aguda, o fibrinogênio se encontra elevado na ocorrência de processos inflamatórios. A dosagem do fibrinogênio pode ser realizada de métodos baseados no processo de coagulação.
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Qual o exame laboratorial utilizado para avaliação de fibrinogenólise e/ou coagulação continuada? Quais os métodos para determinação laboratorial?
Os chamados dímeros D plasmáticos são produzidos a partir da ação da plasmina sobre fragmentos de fibrina D de ligação cruzada. O seu surgimento indica que o mecanismo de coagulação foi ativado e que ocorreu formação de trombina. Apesar de ser um marcador de fibrinólise, ele é usado na prática clínica como um marcador indireto da coagulação continuada. Existem duas possibilidades para a determinação laboratorial de dímero D, que possuem aplicações clínicas diferentes: • Determinação do dímero D por aglutinação do látex; • Determinação do dímero D ultrassensível por ELISA ou técnicas imunoturbidimétricas.
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Os métodos automatizados são menos sujeitos a erros do que as metodologias manuais, porém algumas falhas ainda podem ocorrer com os contadores de células automatizados como o flag. O que é esse erro e como proceder quando são detectados mais do que 5 eritroblastos para cada 100 células contadas?
Uma falha relativamente comum conhecido como flag é a não diferenciação entre leucócitos e eritroblastos (eritrócitos imaturos). A presença de eritroblastos em amostras de sangue periférico é rara, mas quando ocorre, os contadores automatizados contabilizam essas células como leucócitos, uma vez que elas possuem núcleo (estrutura que está ausente em eritrócitos maduros), o que pode resultar em uma contagem global de leucócitos falsamente elevada. Quando são detectados mais do que 5 eritroblastos para cada 100 células contadas, deve-se proceder com um cálculo para correção da leucometria através de uma fórmula.
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Quais são os órgãos linfoides primários e secundários? Qual sua importância?
■ PRIMARIOS: Medula ossea e timo Ao longo da vida, a medula óssea vermelha vai se transformando gradativamente em tecido adiposo. Os adultos têm apenas medula óssea vermelha em alguns ossos, por exemplo nas costelas, no esterno e no osso pélvico. O timo só é totalmente desenvolvido em crianças. A partir da adolescência, é lentamente transformado em tecido adiposo. O órgão está situado atrás do esterno, acima do coração. Os linfócitos T são diferenciados no timo, e lá eles "aprendem" quais estruturas nas superfícies celulares são "próprias" e quais "não são próprias". Ao entrar em contato com um elemento não-próprio, os linfócitos T se transformam nos chamados linfócitos T efetores, que desencadeiam e regulam diferentes reações de defesa. Esse tipo de célula inclui linfócitos T citotóxicos, que podem destruir células infectadas por um patógeno. SECUNDARIOS: ■ Os linfonodos filtram e limpam a linfa em direção aos vasos linfáticos maiores. Por fim, a linfa viaja para a veia cava superior, onde entra na corrente sanguínea. Dessa forma, os linfonodos funcionam como estações de "filtro biológico" que contêm células de defesa que capturam patógenos e ativam a produção de anticorpos específicos no sangue. ■ Baço: Armazenamento de diferentes células imunológicas: 1) macrófagos 2) linfócitos T 3) linfócitos B; reciclagem de hemácias (eritrócitos); armazenamento e reciclagem de plaquetas (trombócitos). ■ As tonsilas palatinas (amígdalas) estão na garganta e palato, suas células de defesa entram em contato com patógenos muito facilmente e podem ativar o sistema imunológico imediatamente. Seu tecido é composto principalmente por linfócitos. ■ Tecido linfático associado ao intestino e a outras membranas mucosas do corpo: Mais da metade de todas as células que produzem anticorpos são encontradas na parede intestinal. O intestino grosso também contém bactérias residentes, a chamada flora intestinal que dificultam que outros patógenos se estabeleçam e entrem no corpo. Outras partes do corpo que podem servir como porta de entrada para patógenos também contêm tecido linfoide nas membranas mucosas.
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Quais as principais características e funções da imunidade inata?
As respostas imunes inatas não são específicas, o que quer dizer que esses sistemas respondem aos patógenos de maneira genérica através do reconhecimento de padrões, que reconhecem componentes que são conservados entre grandes grupos de microrganismos. Além disso, este sistema não confere imunidade duradoura (memória) contra um patógeno. • Recrutamento de células imunes para locais de infecção através da produção de mediadores químicos, como as citocinas; • Ativação da cascata de complemento; • Identificação e remoção de substâncias estranhas presentes em órgãos, tecidos, sangue e linfa, por leucócitos especializados; • Ativação do sistema imunológico adaptativo através de um processo conhecido como apresentação de antígenos; • Atuação como barreira física (como a pele) e química (como fatores de coagulação no sangue, que são liberados após uma contusão ou outra lesão que rompe a barreira física de primeira linha) aos agentes infecciosos.
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Como funciona o sistema de reconhecimento de antígenos na imunidade inata?
As células do sistema imunológico inato usam receptores de reconhecimento de padrões (PRRs) para reconhecer estruturas moleculares produzidas por patógenos. PRRs são sensores do hospedeiro que detectam moléculas típicas dos patógenos e são expressas, principalmente, por células do sistema imunológico inato, como células dendríticas, macrófagos, monócitos, neutrófilos e células epiteliais, para identificar duas classes de moléculas: padrões moleculares associados a patógenos microbianos (PAMPs), e padrões moleculares associados a danos (DAMPs), que estão associados a componentes das células do hospedeiro que são liberados durante a lesão ou a morte celular. O reconhecimento de PAMPs extracelulares ou endossômicos é mediado por proteínas transmembranares conhecidas como receptores do tipo toll (TLRs). Os TLRs compartilham um motif estrutural típico, o Leucine rich repeats (LRR), que lhes confere uma aparência específica e também é responsável pela funcionalidade do TLR. Dentre os outros receptores da imunidade inata podemos citar: o receptor de formil peptídeo, o receptor de manose e o receptor scavenger.
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Quais são as celulas fagocíticas que fazem parte da imunidade inata e quais suas funções?
Os leucócitos da imunidade inata incluem: células assassinas naturais (NK), mastócitos, eosinófilos, basófilos, e as células fagocíticas (macrófagos, neutrófilos e células dendríticas). ● As células fagocíticas do sistema imunológico incluem neutrófilos, macrófagos e células dendríticas. Depois que um patógeno é englobado por um fagócito, ele fica preso em uma vesícula intracelular chamada *fagossomo*, que posteriormente se funde com outra vesícula chamada *lisossomo* para formar um *fagolisossomo*. O patógeno é morto pela atividade das enzimas digestivas ou por radicais livres liberados no fagolisossomo. ● Os neutrófilos são normalmente encontrados na corrente sanguínea e são o tipo de fagócito mais abundante. Durante a fase aguda da inflamação, principalmente como resultado de infecção bacteriana, os neutrófilos migram para o local da inflamação em um processo chamado quimiotaxia e são geralmente as primeiras células a chegar ao local da infecção. Seus grânulos contêm uma variedade de substâncias tóxicas que matam ou inibem o crescimento de bactérias e fungos, além de produzir agentes oxidantes fortes, como peróxido de hidrogênio, radicais livres de oxigênio e hipoclorito. ● Macrófagos são grandes leucócitos fagocíticos, capazes de se mover para fora do sistema vascular. Nos tecidos, os macrófagos específicos de órgãos são diferenciados das células fagocíticas presentes no sangue (monócitos). Os macrófagos são os fagócitos mais eficientes e podem fagocitar um número substancial de bactérias ou outras células ou microrganismos através da geração de uma “explosão respiratória”, causando a liberação de espécies reativas de oxigênio. Os patógenos também estimulam o macrófago a produzir quimiocinas, que recrutam outras células para o local da infecção. Eles também podem atuar células apresentadoras de antígenos que ativam o sistema imunológico adaptativo. ● As células dendríticas são células fagocíticas que estão presentes em tecidos que fazem contato com o ambiente externo, principalmente a pele (onde geralmente são chamadas de células de Langerhans) e o revestimento mucoso interno do nariz, pulmões, estômago e intestinos. As células dendríticas servem como um elo entre os tecidos corporais e o sistema imunológico inato e adaptativo, pois apresentam antígenos aos linfócitos T.
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Quais são os granulócitos que fazem parte da imunidade inata e quais suas funções? E a respeito das células NK?
Granulócitos são leucócitos que possuem grânulos no citoplasma. Nesta categoria estão os neutrófilos, mastócitos, basófilos e eosinófilos. Eles secretam mediadores químicos envolvidos na defesa contra parasitas e em reações alérgicas. ● Após a ativação, os eosinófilos secretam uma gama de proteínas e radicais livres altamente tóxicos e eficazes na morte de parasitas, mas também podem danificar os tecidos durante uma reação alérgica. ● Quando ativados por um encontro com patógenos, os basófilos liberadores de histamina desempenham um importante papel em reações alérgicas, como a asma. ● Os mastócitos residem no tecido conjuntivo e nas membranas mucosas. Eles estão intimamente associados à cicatrização de feridas e à defesa contra patógenos, mas também são frequentemente associados à alergia e anafilaxia. Quando ativados, os mastócitos liberam rapidamente grânulos característicos, ricos em histamina e heparina, juntamente com vários mediadores hormonais e quimiocinas, ou citocinas quimiotáticas no ambiente. A histamina dilata os vasos sanguíneos, causando os sinais característicos de inflamação e recruta neutrófilos e macrófagos. ☆ Células natural killers ☆ As células exterminadoras naturais (NK) são linfócitos pertencentes ao sistema imune inato que não atacam diretamente os microrganismos invasores. Em vez disso, as células NK destroem as células hospedeiras comprometidas, como células tumorais ou infectadas por vírus, reconhecendo essas células por uma condição conhecida como "perda de expressão do próprio". Este termo descreve células com baixos níveis de um marcador de superfície celular chamado MHC I (complexo principal de histocompatibilidade) - uma situação que pode surgir em infecções virais de células hospedeiras. Elas receberam o nome de exterminadoras naturais por causa da ideia inicial de que não precisam ser ativadas para matar células com "perda de expressão do próprio", porque a composição do MHC na superfície dessas células é alterada As células normais do corpo não são reconhecidas e atacadas pelas células NK porque expressam antígenos MHC-próprios intactos.
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Quais são os sinais clássicos da inflamação e quais os mediadores químicos envolvidos?
A resposta inflamatória é caracterizada pelos seguintes sinais e sintomas: rubor, calor, tumor, dor, perda da função e aumento da produção de muco. Os fatores químicos produzidos durante a inflamação (histamina, bradicinina, serotonina, leucotrienos e prostaglandinas) sensibilizam os receptores de dor, causam vasodilatação local dos vasos sanguíneos e atraem fagócitos, especialmente neutrófilos. Os neutrófilos estimulam outras partes do sistema imunológico, liberando fatores que recrutam leucócitos e linfócitos adicionais. Citocinas produzidas por macrófagos e outras células do sistema imunológico inato mediam a resposta inflamatória. Essas citocinas incluem TNF, HMGB1 e IL-1.
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Como funciona o sistema complemento e qual o objetivo final desse sistema?
O sistema complemento é caracterizado como uma cascata bioquímica que tem como função atacar as superfícies de células invasoras. Ele contém mais de 20 proteínas que circulam no sangue como precursores inativos. Quando estimuladas por um dos vários gatilhos, as proteases do sistema clivam proteínas específicas para liberar citocinas e iniciam uma cascata amplificadora de clivagens adicionais. O complemento é o principal componente humoral da resposta imune inata. A ativação do sistema complemento se dá pela ligação direta aos patógenos ou pela ligação das proteínas do complemento aos anticorpos que se ligaram aos patógenos. Depois que as proteínas do complemento se ligam ao patógeno, elas ativam sua atividade de protease, que por sua vez ativa outras proteases do complemento, e assim por diante. Isso produz uma cascata catalítica que amplifica o sinal inicial por feedback positivo controlado. A cascata resulta na produção de peptídeos que atraem células imunológicas, aumentam a permeabilidade vascular e opsonizam (revestem) a superfície de um patógeno, marcando-o para destruição. Essa deposição de complemento também pode matar células diretamente, ao causar alterações na sua membrana plasmática. ● Complexo de ataque à membrana - MAC. • desencadear o recrutamento de células inflamatórias; • "marcar" patógenos para destruição por outras células, opsonizando ou revestindo a superfície do patógeno; • formar "buracos" na membrana plasmática do patógeno, resultando em citólise e morte da célula patogênica; • eliminar do corpo complexos antígeno-anticorpo neutralizados. A C5a é uma proteína quimiotática importante (ajudando a recrutar células inflamatórias) que inicia a via de ataque à membrana, resultando no complexo de ataque à membrana (MAC). MAC é o produto final citolitico da cascata de complemento, forma um canal transmembranar, que causa lise osmótica da célula alvo. Por fim, as células de Kupffer e outros tipos de células macrófagos ajudam a limpar patógenos revestidos por complemento. Resumindo, o sistema complemento aciona as seguintes funções imunológicas: * fagocitose * inflamação * complexo de ataque à membrana(MAC)
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Os linfócitos B são as células responsáveis pela síntese de anticorpos que circulam no plasma sanguíneo e na linfa e são os principais componentes da imunidade humoral. Qual diferença importante entre os linfócitos B e os linfócitos T em relação a como cada célula "vê" um antígeno?
Os linfócitos B expressam um único receptor de célula B (BCR - do inglês B cell receptor), neste caso, uma molécula de anticorpo ligada à membrana. Todo BCR de qualquer clone de linfócitos B reconhece e se liga a apenas um antígeno específico. Uma diferença importante entre os linfócitos B e os linfócitos T é como cada célula "vê" um antígeno. Os linfócitos T reconhecem seu antígeno cognato em uma forma processada (um peptídeo em uma molécula de MHC), enquanto os linfócitos B reconhecem antígenos em sua forma nativa. Depois que um linfócito B encontra seu antígeno específico e recebe sinais adicionais de um linfócito T auxiliar (tipo predominantemente Th2), diferencia-se em uma célula efetora, conhecida como plasmócito (secretam anticorpos). ■ Os linfócitos T citotóxicos (TCD8) reconhecem apenas antígenos acoplados às moléculas de MHC de classe I, enquanto os linfócitos T auxiliares (TCD4) e linfócitos T reguladores reconhecem apenas antígenos acoplados às moléculas de MHC de classe II.
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A ligação antígeno-anticorpo pode desencadear cinco mecanismos imunológicos diferentes, quais são eles?
• Aglutinação: reduz o número de unidades infecciosas a serem tratadas; • Ativação do complemento: causa inflamação e lise celular; • Opsonização: revestimento do antígeno com o anticorpo para aumentar a fagocitose; • Citotoxicidade mediada por células dependente de anticorpos (ADCC): anticorpos ligados à célula alvo causam destruição por macrófagos, eosinófilos e células NK; • Neutralização: bloqueia a adesão de bactérias e vírus à mucosa. RESUMINDO: Nas respostas por anticorpos, os linfócitos B são ativados para secretar anticorpos (também chamados de imunoglobulinas). Os anticorpos circulam pela corrente sanguínea e se ligam a um antígeno estranho, causando a sua inativação. Antígenos são quaisquer substâncias que estimulam a resposta imune adquirida.
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Como é a estrutura de um anticorpo e qual a importância de cada subunidade?
os anticorpos são tipicamente compostos por unidades estruturais básicas - cada uma com duas grandes cadeias pesadas e duas pequenas cadeias leves. Cada ponta do "Y" (região Fab) de um anticorpo contém um paratopo (análogo a uma fechadura) que é específico para um epítopo específico (análogo a uma chave) em um antígeno, permitindo que essas duas estruturas se liguem com precisão. Usando esse mecanismo de ligação, um anticorpo pode marcar um microrganismo ou uma célula infectada para ser atacada por outros componentes do sistema imunológico ou neutralizar diretamente seu alvo (por exemplo, inibindo uma parte de um microrganismo essencial para sua invasão e sobrevivência). A capacidade de um anticorpo se comunicar com os outros componentes do sistema imunológico é mediada por sua região Fc (localizada na base do "Y"), que contém um sítio de glicosilação conservado envolvido nessas interações.
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Como ocorre a interação antígeno-anticorpo e quais a relação das forças moleculares com a chamada reação cruzada?
O paratopo do anticorpo interage com o epítopo do antígeno. Normalmente, um antígeno contém epítopos distintos em sua superfície, que se organizam de forma descontínua. Anticorpo e antígeno interagem por complementaridade espacial (modelo chave e fechadura). As forças moleculares envolvidas na interação Fab-epítopo são fracas e inespecíficas, o que significa que a ligação entre anticorpo e antígeno é reversível e a afinidade do anticorpo em relação a um antígeno é relativa, e não absoluta. Essa ligação relativamente fraca quer dizer que é possível que um anticorpo reaja de maneira cruzada com antígenos distintos com diferentes afinidades relativas. Frequentemente, uma vez que um anticorpo e um antígeno se ligam, eles se tornam um imunocomplexo, que funciona como uma estrutura única e pode atuar como um antígeno por si só, sendo reconhecido por outros anticorpos. Da mesma forma, os haptenos são pequenas moléculas que não provocam resposta imune por si mesmas, mas uma vez que se ligam às proteínas, o complexo resultante hapteno-carreador se torna antigênico.
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Os anticorpos se apresentam sob diferentes categorias conhecidas como classes ou isotipos, totalizando 5 categorias. Quais são elas, quando e onde pode ser encontradas?
● IgA: Encontrado em áreas mucosas, como intestino, trato respiratório e trato urogenital. Também encontrado na saliva, lágrimas e leite materno. ● IgD: Funciona principalmente como um receptor de antígeno nos linfócitos B imaturos (que não foram expostos a antígenos). É capaz de ativar basófilos e mastócitos para produzir fatores antimicrobianos. ● IgE: Liga-se a alérgenos e desencadeia a liberação de histamina dos mastócitos e basófilos e está envolvido na alergia (hipersensibilidade imediata). Também protege contra parasitas helmínticos. ● IgM: Fornece a maioria da imunidade baseada em anticorpos contra patógenos invasores (opsonização, ativação do complemento, citotoxicidade mediada por célula e dependente de anticorpo, imunidade neonatal, inibição por retroalimentação dos linfócitos B). O único anticorpo capaz de atravessar a placenta para conferir imunidade passiva ao feto. ● IgM: Expresso na superfície dos linfócitos B (como monômero) e na forma secretada (como pentâmero) com avidez muito alta. Elimina patógenos nos estágios iniciais da imunidade humoral mediada por linfócitos B antes que haja IgG suficiente. ************ O isotipo de anticorpo de um linfócito B muda durante o desenvolvimento e a ativação da célula. Os linfócitos B imaturos, que nunca foram expostas a um antígeno, expressam apenas o isotipo IgM em uma forma ligada à superfície celular. O linfócito B, nesta forma pronta para responder, é conhecido como "linfócito B naive" e expressa na superfície IgM e IgD. A co-expressão de ambos os isotipos de imunoglobulina torna o linfócito B pronto para responder ao antígeno.
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Como acontece a ativação e funcionamento dos linfócitos TCD8 (citotóxico)?
Os linfócitos T citotóxicos induzem a morte de células infectadas por vírus (e outros patógenos), células danificadas ou disfuncionais. Assim como nos linfócitos B, cada tipo de linfócito T reconhece um antígeno diferente. Os linfócitos T citotóxicos são ativados quando seu receptor de células T (TCR) se liga a esse antígeno específico em um complexo com o receptor MHC de classe I de outra célula (reconhecimento auxiliado pelo co-receptor CD8). Uma vez ativado, o linfócito T citotóxico passa por um processo chamado seleção clonal, no qual ganha funções e se divide rapidamente para produzir um exército de células efetoras. O linfócito T circula por todo o corpo em busca de células onde os receptores do MHC I carreguem esse antígeno. Quando um linfócito T ativado entra em contato com essas células, libera citotoxinas, como a perfurina (forma poros na membrana plasmática da célula alvo, permitindo a entrada de íons, água e toxinas, causando a ruptura ou lise) e granulisina (induz a célula alvo a sofrer apoptose). A morte de células hospedeiras pelos linfócitos T é particularmente importante na prevenção da replicação de vírus. Na resolução da infecção, a maioria das células efetoras morre e os fagócitos as eliminam, mas algumas dessas células permanecem como células de memória (se diferenciam rapidamente em células efetoras, reduzindo drasticamente o tempo necessário para montar uma resposta eficaz).
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Como acontece a ativação e funcionamento dos linfócitos TCD4 (auxiliares)?
Os linfócitos T auxiliares (TCD4) regulam as respostas imunes inatas e adaptativas e ajudam a determinar quais respostas imunes o corpo produz para um determinado patógeno. Essas células não possuem atividade citotóxica e não matam células infectadas ou eliminam patógenos diretamente. Em vez disso, elas controlam a resposta imune direcionando outras células para realizar essas tarefas. Os linfócitos T auxiliares expressam receptores de células T (TCRs) que reconhecem o antígeno ligado às moléculas de MHC de Classe II (também é reconhecido pelo coreceptor CD4), que recruta moléculas dentro do linfócito. Os linfócitos T auxiliares apresentam uma associação mais fraca com o complexo MHC-antígeno do que a associação observada para os linfócitos T citotóxicos, o que significa que muitos receptores devem ser ligados por um complexo MHC-antígeno para ativar o linfócito auxiliar. A ativação dos linfócitos T auxiliares também requer maior tempo de interação com uma célula apresentadora de antígeno. Os sinais de citocinas produzidos pelos linfócitos T auxiliares aumentam a função microbicida dos macrófagos e a atividade dos linfócitos T citotóxicos. Além disso, a ativação dos linfócitos T auxiliares provoca uma regulação positiva das moléculas expressas na superfície do linfócito T, como o ligante CD40 (também chamado CD154), que fornece sinais estimuladores extras normalmente necessários para ativar os linfócitos B produtores de anticorpos.
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Como funcionam as respostas imunológicas mediadas por Th1, Th2, Treg e Th17?
■ Linfócitos Th1: Um subgrupo de linfócitos T auxiliares CD4+ que secretam um grupo particular de citocinas, incluindo interferon-gama (IFN-γ), e cuja principal função é estimular a defesa contra infecções mediada por fagócitos, especialmente contra microrganismos intracelulares. ■ Linfócitos Th2: Um subgrupo funcional de linfócitos T auxiliares CD4+ que secretam um grupo particular de citocinas, incluindo IL-4, IL-5 e IL-3 (Interleucina), e cuja principal função é estimular reações imunes mediadas por IgE e eosinófilo/mastócito. Em geral, as respostas Th2 são mais eficazes contra bactérias extracelulares, parasitas, incluindo helmintos e toxinas. ■ Linfócitos Th17: Um subgrupo funcional de linfócitos T auxiliares CD4+ que secretam um grupo particular de citocinas, incluindo IL-17 e IL-22, que são protetoras contra infecções bacterianas e fúngicas e também medeiam reações inflamatórias nas doenças autoimunes e outras doenças inflamatórias, principalmente nas mucosas. ■ Linfócitos T reguladores (Treg): são importantes reguladores negativos da imunidade adaptativa, pois limitam e suprimem o sistema imunológico para controlar respostas imunes aberrantes a autoantígenos, um mecanismo importante no controle do desenvolvimento de doenças autoimunes.
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O que é MHC? Quais seus tipos e onde podem ser encontrados?
Molécula do complexo maior de histocompatibilidade (MHC) é uma proteína heterodimérica membranar codificada no lócus MHC que serve como uma molécula apresentadora de peptídeos para o reconhecimento pelos linfócitos T. Existem dois tipos estruturalmente distintos de moléculas de MHC. ■ MHC I: presentes na maioria das células nucleadas e são reconhecidas pelos linfócitos TCD8+. ■ MHC II: estão amplamente restritas a células dendríticas, macrófagos e linfócitos B, ligam peptídeos derivados de proteínas extracelulares que são internalizadas pelas vesículas endocíticas ou fagocíticas e são reconhecidas pelos linfócitos TCD4+. ** Todas as células nucleadas são capazes de apresentar antígenos através das moléculas do MHC de classe I. Algumas células denominadas "células apresentadoras de antígenos profissionais" (APCs), possuem tanto o MHC de classe I quanto o MHC de classe II, como as células dendríticas, os linfócitos B e os macrófagos
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O sistema Imune pode adquirir auto-tolerância por meio de alguns mecanismos. Quais são esses mecanismos?
■ A deleção clonal de linfócitos T e B autorreativos contribui para eliminar linfócitos que reagem com moléculas "próprias", logo, é um mecanismo que contribui para a auto-tolerância. ■ A supressão de linfócitos autorreativos contribui para inibir a ação de linfócitos que reagem com moléculas "próprias", logo, é um mecanismo que contribui para a auto-tolerância. ** As células apresentadoras de antígeno profissionais (APCs) não interferem nos mecanismos de auto-tolerância ou auto-reatividade.
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O que é imunidade passiva e ativa? Qual o fundamento da vacinação?
● A memória passiva é geralmente de curto prazo, durando entre alguns dias e vários meses. Várias formas de proteção passiva são fornecidas pela mãe. No útero, a IgG materna é transportada diretamente através da placenta, com a mesma gama de especificidades de antígenos que sua mãe. O leite materno também contém anticorpos (principalmente IgA) que são transferidos para o intestino do bebê, protegendo contra infecções bacterianas, até que o recém-nascido possa sintetizar seus próprios anticorpos. Essa imunidade é considerada passiva porque o feto, na verdade, não produz células de memória ou anticorpos, mas apenas os "empresta". A imunidade passiva de curto prazo também pode ser transferida artificialmente de um indivíduo para outro através de soro rico em anticorpos. ● Em geral, a imunidade ativa é de longo prazo e pode ser adquirida por uma infecção seguida pela ativação dos linfócitos B e T, ou adquirida artificialmente por vacinas, em um processo chamado imunização. A maioria das vacinas virais é baseada em vírus vivos atenuados, enquanto muitas vacinas bacterianas são baseadas em componentes acelulares de microrganismos, incluindo componentes de toxinas inofensivos.
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As citocinas são um grupo de pequenas proteínas que são importantes na sinalização celular. Elas podem ser subdivididas em quais grupos?
• O termo interleucina foi inicialmente usado para as citocinas cujos alvos presumidos são principalmente leucócitos. Hoje em dia este termo é amplamente utilizado para designar moléculas de citocinas mais recentes e tem pouca relação com sua função presumida. A grande maioria é produzida por linfócitos T auxiliares. • Linfocinas: produzidas por linfócitos; • Monocinas: produzidas por monócitos; • Interferons: envolvidos em respostas antivirais; • Fatores estimuladores de colônias: auxiliam no crescimento de células em meios semissólidos; • Quimiocinas: mediadoras da quimioatração (quimiotaxia) entre células.
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O que é sorologia?
O termo sorologia se refere ao estudo do soro sanguíneo e outros fluidos corporais para a identificação de anticorpos. Na prática, o termo geralmente se refere à identificação diagnóstica de anticorpos no soro ou à detecção de antígenos de agentes infecciosos no soro. Tais anticorpos são tipicamente formados em resposta a uma infecção (contra um determinado microrganismo), contra outras proteínas estranhas (como em resposta a uma transfusão de sangue incompatível) ou às próprias proteínas (em casos de doença autoimune). A sorologia é baseada na detecção dos níveis de imunoglobulina durante o curso de uma infecção. As técnicas sorológicas podem diferenciar os anticorpos IgM e IgG, determinando o estágio da infecção (agudo ou crônico, respectivamente).
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Para auxiliar o diagnóstico de doenças causadas por microrganismos infecciosos, foram desenvolvidos vários tipos de imunoensaios. Essas técnicas bioquímicas e sorológicas são baseadas na detecção e quantificação de antígenos ou anticorpos gerados contra um agente infeccioso. Nesse contexto, um imunoensaio é um teste bioquímico que mede a presença ou concentração de uma molécula em uma solução através do uso de um anticorpo ou um antígeno. Quais são principais tipos de imunoensaios?
• Precipitação: As reações de precipitação são baseadas na interação de anticorpos e antígenos. Elas são realizadas com o uso de dois reagentes solúveis que se unem para formar um produto insolúvel, o precipitado. Essas reações dependem da formação de redes (ligações cruzadas) quando o antígeno e o anticorpo existem em proporções ótimas (zona de equivalência). • Aglutinação: O ponto final do teste é a observação de aglomerados resultantes da formação do complexo antígeno-anticorpo. Vários métodos de aglutinação são usados na imunologia diagnóstica e incluem a aglutinação do látex, testes de floculação, aglutinação bacteriana direta e hemaglutinação. • ELISA: uma técnica de ensaio em placa projetada para detectar e quantificar substâncias como peptídeos, proteínas, anticorpos e hormônios. Em um ELISA, um antígeno deve ser imobilizado em uma superfície sólida e depois complexado com um anticorpo que está ligado a uma enzima. A quantidade de anticorpo que se liga ao antígeno é proporcional à quantidade de antígeno presente, que é determinada medindo espectrofotometricamente a conversão de uma substância clara em um produto colorido pela enzima acoplada. O elemento mais importante dessa técnica é uma interação anticorpo-antígeno altamente específica. Tipos: ELISA indireto, sanduíche e competitivo. ELFA: etapa final de detecção fluorescente. MEIA: micropartículas revestidas de anticorpos. • Imunocromatografia: também chamado de teste de fluxo lateral, é um dispositivo simples destinado a detectar a presença ou ausência do analito alvo. Combinação de cromatografia (movimento através de um sorvente) e reações imunoquímicas. O sistema imunocromatográfico mais difundido é o teste em tira (teste rápido). • Imunoblot (Western Blotting): Os ensaios de imunoblot são geralmente realizados para confirmar os resultados obtidos por ELISA ou de outros imunoensaios . Etapas: 1) eletroforese 2) sondagem com anticorpos específicos. • Imunofluorescência: Consiste em marcar o anticorpo com corantes fluorescentes, como isotiocianato de fluoresceína (FITC). Estes compostos têm alta afinidade por proteínas com as quais se conjugam. Tipos: ensaio de imunofluorescência direta, indireta e de inibição. Os anticorpos fluorescentes podem ser detectados com um microscópio fluorescente ou um classificador de células de fluxo (citometria de fluxo). • Imuno-histoquímica: Usa anticorpos para detectar antígenos celulares (como proteínas ou outras macromoléculas) em uma amostra de tecido. Os anticorpos geralmente estão ligados a uma enzima ou um corante fluorescente. Depois que os anticorpos se ligam ao antígeno na amostra de tecido, a enzima ou corante é ativado e pode ser visualizado por microscopia. Usada no auxílio diagnóstico de doenças como o câncer, sendo também usada para ajudar a diferenciar os tipos de câncer.
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Para auxiliar o diagnóstico de doenças causadas por microrganismos infecciosos, foram desenvolvidos vários tipos de imunoensaios. Essas técnicas bioquímicas e sorológicas são baseadas na detecção e quantificação de antígenos ou anticorpos gerados contra um agente infeccioso. Nesse contexto, um imunoensaio é um teste bioquímico que mede a presença ou concentração de uma molécula em uma solução através do uso de um anticorpo ou um antígeno. Quais são principais tipos de imunoensaios? 2
• Quimioluminescência e Eletroquimioluminescência: A quimioluminescência é definida como a emissão de radiação eletromagnética causada por uma reação química para produzir luz; que ocorre quando um elétron retorna de um nível de energia superior para um nível inferior. A excitação é decorrente de uma reação química envolvendo compostos como: luminol, isoluminol, luciferina, ésteres de acridínio, hipoclorito, peróxido de hidrogênio e oxigênio. A eletroquimioluminescência, por sua vez, emprega precursores estáveis na superfície de um eletrodo que são capazes de gerar a reação quimioluminescente eletroquimicamente. O marcador mais utilizado nesta técnica é um quelato de tris(bipiridil) rutênio (Ru2+), sendo a reação gerada em um eletrodo através uma reação do tipo oxidação-redução com tripropilamina. A eletroquimioluminescência tem sido empregada para avaliação de ácidos nucleicos. • Citometria de fluxo: utilizado para analisar a expressão da superfície celular e de moléculas intracelulares, caracterizando e identificando diferentes tipos de células em uma população celular heterogênea, avaliando subpopulações isoladas e o tamanho e a complexidade das células. Também é possível separar populações celulares diferentes bem como análise simultânea multiparâmetros de diferentes populações celulares. • Radioimunoensaio: imunoensaio que utiliza moléculas radiomarcadas em uma formação gradual de complexos imunes. Extremamente sensível e específica, exigindo equipamentos especializados. • Imunodifusão: difusão através de uma substância como o ágar, usado para a detecção de anticorpos ou antígenos. O precipitado é fixado no gel de suporte e aparece como uma linha de precipitina discreta. Em geral, nas reações mistas antígeno-anticorpo, cada combinação antígeno-anticorpo formará uma linha separada de precipitação, distinta da de outras interações antígeno-anticorpo. Imunodifusão radial simples e Imunodifusão radial dupla. • Imunofixação (Eletroforese de Imunoglobulinas): A imunofixação (também chamada de eletroforese de imunoglobulinas ou eletroforese por imunofixação) permite a detecção e tipagem de anticorpos monoclonais em função de sua mobilidade eletroforética específica. A imunofixação identifica o tipo de proteína(s) de imunoglobulina presente(s) em bandas monoclonais em um padrão de eletroforese de proteínas. Fases: 1) eletroforese; 2) fase de fixação (um precipitado se formará); 3) lavagem e coloração do gel. • Fixação do complemento: a ativação do complemento leva à formação do complexo de ataque à membrana (MAC), que promove a lise celular. Como na reação de fixação do complemento os antígenos estão adsorvidos em hemácias, uma reação positiva levará à hemólise, que é um indicativo de presença de anticorpos na amostra do paciente. Para a visualização dos resultados, a solução deve ser centrifugada, e um teste positivo apresentará coloração vermelho-amarronzada homogênea, devido à liberação da hemoglobina. Já um teste negativo se apresentará na forma de um precipitado vermelho no fundo do tubo. Já na reação de inibição da fixação do complemento, uma reação positiva se caracterizará pela ausência de hemólise, com visualização de um precipitado vermelho no fundo do tubo. E em uma reação negativa haverá hemólise. • Imunocitoaderência: ou formação de rosetas, se baseia principalmente no fenômeno de aglutinação. O fenômeno da imunocitoaderência é a base de um método simples e quantitativo de detecção e contagem populações específicas de células produtoras de anticorpos.
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O que é o sistema ABO e qual sua importância?
O sistema de grupos sanguíneos ABO é a classificação do sangue humano com base nas propriedades herdadas das hemácias, conforme determinado pela presença ou ausência dos antígenos A e B, que são transportados na superfície das hemácias. Os anticorpos do sistema ABO são chamados de naturais, pois ocorrem de maneira natural nos indivíduos desde o seu nascimento, sem necessidade de sensibilização prévia. ▪︎ O sangue tipo O pode ser transfundido em pessoas com sangue tipo A, B, AB ou O, a menos que haja incompatibilidade em relação ao fator Rh. Pessoas com sangue do tipo AB podem receber sangue do tipo A, B, AB ou O.
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O que é o sistema RhD e qual sua importância?
O sistema de grupos sanguíneos RhD (fator Rh) é o segundo sistema sanguíneo mais importante, depois do sistema ABO. São cinco os antígenos mais importantes: "D", "C", "c", "E" e "e", sendo que não existe antígeno "d". O status RhD de um indivíduo é normalmente descrito com um sufixo positivo ou negativo após o tipo ABO. Indivíduos RhD+ podem doar sangue apenas para quem também é RhD+, e receber de quem é RhD+ e RhD- ; e indivíduos que são RhD- podem doar sangue para quem é RhD+ e RhD-, mas só podem receber de quem é RhD-. Anticorpos para antígenos Rh podem estar envolvidos em reações transfusionais hemolíticas e estão relacionados com o risco de desenvolvimento de doença hemolítica do recém-nascido (eritroblastose fetal). Ao contrário do sistema ABO, os anticorpos do sistema RhD não ocorrem de forma natural, mas necessitam de inoculação prévia para que ocorra a sensibilização e produção dos anticorpos.
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Quais métodos podem ser utilizados para realização de tiragem sanguínea?
A tipagem sanguínea pode ser realizada por aglutinação direta em lâminas, tubos e tubos-gel, através da reação das hemácias do paciente com soros comerciais contendo anticorpos anti-A, anti-B e anti-D (não é recomendada a realização do teste em lâmina). Os antígenos Rh são encontrados nas hemácias, os anticorpos são encontrados no soro. A aglutinação indica resultado positivo, assim, se o sangue do paciente aglutinar com os três soros, o seu tipo sanguíneo é AB positivo, e se não aglutinar com nenhum, é O negativo. ● Para a determinação do sistema ABO realiza-se a *prova direta* (sangue do paciente + soros comerciais) e a *prova reversa* (soro do paciente com hemácias de um grupo conhecido). ***Não existe prova reversa para o sistema RhD***
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O teste de Coombs, também chamado de teste antiglobulina humana, se apresenta sob duas formas: teste de Coombs direto e indireto. Descreva-os.
• O teste de Coombs direto é usado para investigar casos de anemia hemolítica autoimune (sistema imunológico destrói as hemácias, levando à anemia). Através do teste de Coombs direto é possível detectar anticorpos ou proteínas do sistema complemento ligadas à superfície das hemácias. Para realizar o teste, uma amostra de sangue é coletada e as hemácias são lavadas (removendo o próprio plasma do paciente e anticorpos não ligados às hemácias) e depois incubadas com antiglobulina humana (reagente de Coombs). Se as hemácias se aglutinarem, o teste de Coombs direto é considerado positivo, pois esse resultado é um indicativo de que os anticorpos ou proteínas do complemento estão se ligando à superfície das hemácias e podem causar a destruição dessas células. • O teste de Coombs indireto tem aplicação no exame pré-natal de gestantes (para avaliação do risco de doença hemolítica do recém-nascido) e em testes que antecedem uma transfusão sanguínea. O teste detecta anticorpos livres no plasma contra hemácias estranhas. Nesse caso, o soro é extraído de uma amostra de sangue colhida do paciente. O soro é incubado com hemácias estranhas de antigenicidade conhecida. Por fim, é adicionada antiglobulina humana. Se ocorrer aglutinação, o resultado do teste de Coombs indireto é considerado positivo.
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O que é Doença hemolítica do feto e recém-nascido e quais suas complicações?
A causa mais frequente e mais grave de doença hemolítica do feto e recém-nascido é a incompatibilidade Rh(D) entre a mãe e o feto. Os antígenos do tipo Rh localizam-se na superfície das hemácias, o que pode levar a um quadro de hemólise ainda na vida intrauterina. Na primeira gestação de uma mãe Rh negativo com um feto Rh positivo, os anticorpos produzidos são da classe IgM (não ultrapassa a barreira placentária, não causando prejuízo ao feto). Contudo, em uma segunda gestação de feto Rh positivo, os anticorpos maternos da classe IgG, que consegue atravessar a placenta, podem comprometer a sobrevida das hemácias fetais. Apesar de o teste de Coombs indireto ser aplicado no exame pré-natal de gestantes (para avaliação do risco de doença hemolítica do recém-nascido), para o diagnóstico pós-natal da doença hemolítica do recém-nascido o teste utilizado é o Coombs direto. Recém-nascidos com esta patologia costumam apresentar um quadro de icterícia (causada pelo excesso de bilirrubina indireta no sangue). Esses recém nascidos podem ser tratados com fototerapia; imunoglobulina endovenosa (que bloqueia os receptores Fc no sistema retículoendotelial e impede a destruição das hemácias sensibilizadas); ou ainda por exsanguíneotransfusão (é uma técnica que remove a bilirrubina sérica e os anticorpos maternos, reduzindo assim a hemólise).
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Qual a importância da Pesquisa de anticorpos irregulares (PAI) no sangue?
Os anticorpos regulares são aqueles dirigidos contra os antígenos A e B do grupo sanguíneo ABO (chamados de anticorpos naturais). Por outro lado, os anticorpos irregulares referem-se a todos os anticorpos, com exceção daqueles pertencentes ao sistema ABO. Esses anticorpos não estão presentes em condições normais, mas podem ser produzidos após sensibilização por antígenos eritrocitários estranhos, como resultado de transfusões de sangue, incompatibilidade de grupo sanguíneo entre a mãe e o feto durante a gravidez, dentre outros estímulos. Se anticorpos irregulares estiverem presentes no sangue de um receptor ou doador, podem ocorrer reações transfusionais imediatas ou tardias. Por este motivo, a pesquisa de anticorpos irregulares antes dos procedimentos transfusionais é realizada com o intuito de reduzir a incidência de reações hemolíticas após a transfusão de sangue, garantindo a segurança dos pacientes.
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Antes de interpretar o histograma, quais células possuem marcadores CD3⁺ e CD8⁺?
Linfócitos T: CD45⁺, CD3⁺ Linfócito T auxiliar: CD45⁺, CD3⁺, CD4⁺ Linfócito T citotóxico: CD45⁺, CD3⁺, CD8⁺
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O sistema imunológico é uma estrutura notavelmente eficaz que incorpora especificidade, indutibilidade e adaptação. Entretanto, falhas na defesa do hospedeiro ocorrem em situações que se enquadram dentro de três grandes categorias: imunodeficiências, autoimunidades e hipersensibilidades. Quais os tipos de hipersensibilidade?
A hipersensibilidade (também chamada reação de hipersensibilidade ou intolerância) é uma resposta imune que danifica os próprios tecidos do corpo. As reações de hipersensibilidade são divididas em quatro classes: • Tipo 1: Alergia imediata, anafilática. Anticorpos IgE (que desencadeia a degranulação de mastócitos e basófilos quando em contato com o antígeno). O método laboratorial mais utilizado para dosagem de IgE é o ELISA. • Tipo 2: Citotóxica, dependente de anticorpos. Anticorpos IgM e IgG, sistema complemento, MAC. • Tipo 3: Complexo imune. Anticorpos IgG, sistema complemento, neutrófilos. • Tipo 4: Tardia, imunidade mediada por célula, independente de anticorpos. Linfócitos T.
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O sistema imunológico é uma estrutura notavelmente eficaz que incorpora especificidade, indutibilidade e adaptação. Entretanto, falhas na defesa do hospedeiro ocorrem em situações que se enquadram dentro de três grandes categorias: imunodeficiências, autoimunidades e hipersensibilidades. O que são doenças autoimunes e quais fatores podem contribuir para essa condição?
Nas doenças autoimunes, o sistema imunológico não consegue distinguir adequadamente entre o "próprio" e o "não-próprio" e ataca estruturas pertencentes ao próprio corpo, e são frequentemente tratadas com corticosteroides. Pode existir predisposição genética. Existe uma associação entre alguns microrganismos e o desenvolvimento de doenças autoimunes. Agentes químicos e drogas também podem estar associados à gênese de distúrbios autoimunes ou condições que simulam doenças autoimunes, como hidralazina, metildopa, procainamida e halotano. O tabagismo também já foi estabelecido como um importante fator de risco para a incidência e a gravidade da artrite reumatoide. ** De uma forma geral, as doenças autoimunes afetam mais mulheres do que homens, isso porque mulheres tendem a desenvolver respostas inflamatórias mais intensas do que homens quando seu sistema imune é estimulado. Situações como gestação, ciclo menstrual ou uso de contraceptivos tambemparecem contribuir. Existe também uma teoria da inativação do cromossomo X. Um retrovírus é um tipo de vírus de RNA que insere uma cópia de seu genoma no DNA de uma célula hospedeira que ele invade, alterando assim o genoma dessa célula. Por possuir capacidade de interromper o DNA do hospedeiro, pode interromper a síntese de alg doenças autoimunes.
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As doenças autoimunes podem ser classificadas em sistêmicas e locais, descreva.
As doenças autoimunes sistêmicas incluem doença celíaca, lúpus eritematoso sistêmico, síndrome de Sjögren, sarcoidose, esclerodermia, artrite reumatoide, psoríase, vasculite crioglobulinêmica e dermatomiosite. Estas condições tendem a estar associadas a autoanticorpos contra antígenos que não são específicos de algum tecido. Já as doenças autoimunes localizadas, que afetam um órgão ou tecido específico, podem ser subclassificadas em: • Endocrinológicas: diabetes mellitus tipo 1, tireoidite de Hashimoto, doença de Addison; • Gastrointestinais: doença de Crohn, anemia perniciosa; • Dermatológicas: pênfigo vulgar, vitiligo; • Hematológicas: anemia hemolítica autoimune, púrpura trombocitopênica idiopática; • Neurológicas: esclerose múltipla, miastenia gravis, encefalite autoimune, ataxia do glúten.
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Qual o quadro clínico das doenças autoimunes Tireoidite de Hashimoto e Doença de Graves?
• A Tireoidite de Hashimoto é uma doença autoimune na qual a glândula tireoide é gradualmente destruída. Com o tempo, a tireoide pode aumentar de tamanho, formando um bócio indolor. Algumas pessoas acabam desenvolvendo hipotireoidismo, com ganho de peso, cansaço, constipação, depressão e dores em geral. O desenvolvimento de tireoidite de Hashimoto se deve principalmente a fatores genéticos. • A doença de Graves, também conhecida como bócio difuso tóxico. Ao contrário da tireoidite de Hashimoto, frequentemente resulta e é a causa mais comum de hipertireoidismo, pois os autoanticorpos anti-receptor de TSH (TRAb) hiperestimulam a atuação da tireoide, tendo como antígeno-alvo os receptores do hormônio estimulador da tireoide (TSH). Sinais e sintomas de hipertireoidismo podem incluir irritabilidade, fraqueza muscular, problemas para dormir, espessamento da pele nas canelas, conhecido como mixedema pré-tibial, e abaulamento ocular, uma condição causada pela oftalmopatia de Graves. Cerca de 25 a 80% das pessoas com a doença desenvolvem problemas oculares. ** A determinação sérica do TRAb está indicada em gestantes com doença de Graves ou história médica pregressa de doença de Graves, para avaliação de risco da tireotoxicose neonatal por passagem transplacentária dos anticorpos.
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O sistema imunológico é uma estrutura notavelmente eficaz que incorpora especificidade, indutibilidade e adaptação. Entretanto, falhas na defesa do hospedeiro ocorrem em situações que se enquadram dentro de três grandes categorias: imunodeficiências, autoimunidades e hipersensibilidades. O que são imunodeficiências e quais seus tipos?
As imunodeficiências ocorrem quando um ou mais componentes do sistema imunológico estão inativos. A imunodeficiência ou imunocomprometimento é um estado em que a capacidade do sistema imunológico de combater doenças infecciosas e câncer é comprometida ou totalmente ausente. No cenário clínico, a imunossupressão causada por alguns medicamentos, como os esteroides, pode ser um efeito adverso ou o objetivo pretendido do tratamento. • Imunodeficiência primária: Várias doenças raras apresentam uma suscetibilidade aumentada a infecções desde a infância. As imunodeficiências primárias também são conhecidas como imunodeficiências congênitas. Muitos desses distúrbios são hereditários e são autossômicos recessivos ou ligados ao X. • Imunodeficiência secundária: Imunodeficiências secundárias, também conhecidas como imunodeficiências adquiridas, podem resultar de vários agentes imunossupressores, por exemplo, desnutrição, envelhecimento, medicamentos específicos e toxinas ambientais, como mercúrio e outros metais pesados, pesticidas e petroquímicos, como estireno, diclorobenzeno, xileno e etilfenol. Muitas doenças específicas direta ou indiretamente causam imunossupressão. Isso inclui muitos tipos de câncer, principalmente os da medula óssea e das células sanguíneas (leucemia, linfoma, mieloma múltiplo) e certas infecções crônicas. A imunodeficiência também é a marca registrada da síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS). A maioria dos casos de imunodeficiência é adquirida (secundária) devido a fatores extrínsecos que afetam o sistema imunológico do paciente.
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Como ocorre o diagnóstico de HIV?
O HIV infecta células vitais do sistema imunológico humano, como linfócitos T auxiliares (TCD4+), macrófagos e células dendríticas. A infecção pelo HIV leva à redução dos níveis de linfócitos TCD4+ através de vários mecanismos. Quando o número desses linfócitos alcança níveis críticos, a imunidade mediada por células é perdida e o corpo se torna progressivamente mais suscetível a infecções oportunistas, levando ao desenvolvimento da AIDS. O diagnóstico do HIV-1 é feito inicialmente usando um ensaio imunossorvente ligado à enzima (ELISA) para detectar anticorpos contra o HIV-1. As amostras com um resultado não reativo no ELISA são consideradas negativas para o HIV. As amostras com um resultado de ELISA reativo são testadas novamente em duplicata. Se o resultado de qualquer uma das repetições for reativo, a amostra é considerada reativa e passa por teste confirmatório com uma técnica suplementar mais específica, geralmente Western Blot (mais comum) ou imunofluorescência (menos usada) e reação em cadeia da polimerase (PCR). A PCR é mais usada para quantificação da carga viral em indivíduos já diagnosticados e como teste confirmatório em caso de resultados inconclusivos em testes anteriores. Apenas amostras que são repetidamente reativas no ELISA e positivas em um teste confirmatório (Western blot, imunofluorescência ou PCR) são consideradas HIV positivas e indicativas de infecção por HIV. Além disso, o diagnóstico sorológico somente é estabelecido após a análise de mínimo duas amostras colhidas em momentos diferentes, de preferência após 30 dias. O indivíduo que apresentar resultados reagentes em dois testes deverá ser encaminhado para consulta médica na qual deverá ser solicitado o teste para quantificação de carga viral e contagem de linfócitos T CD4/CD8. ☆ Durante o período da janela imunológica, uma pes soa infectada pode transmitir o HIV a outras pessoas, embora a infecção pelo HIV possa não ser detectável com um teste de anticorpos. O teste de ELISA é utilizado na triagem da infecção pelo HIV e detecta anticorpos anti-HIV. *Não antigenos* O diagnóstico precoce da infecção por HIV em lactentes nascidos de mães infectadas deve ser feito pela determinação do RNA viral no plasma, visto que a presença de anticorpos maternos pode interferir em testes sorológicos.
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De acordo com o Manual Técnico para Diagnóstico da Sífilis do Ministério da Saúde, existem quatro tipos de testes não treponêmicos que utilizam a metodologia de floculação. Quais são eles? Devido à possibilidade de resultados falso-positivos com testes não treponêmicos, é necessária a confirmação da infecção com um teste treponêmico. Quais são eles?
• VDRL (do inglês Venereal Disease Research Laboratory): baseia-se no uso de uma suspensão antigênica composta por uma solução alcoólica contendo cardiolipina, colesterol e lecitina purificada e utiliza soro inativado como amostra; • RPR (do inglês, Rapid Test Reagin); • USR (do inglês Unheated Serum Reagin); • TRUST (do inglês Toluidine Red Unheated Serum Test). O VDRL é o único teste não treponêmico que pode ser utilizado em amostra de líquido cefalorraquidiano. ----‐-------------------------‐------------- Testes treponêmicos: • Teste de anticorpos treponêmicos com absorção (FTA-Abs, do inglês fluorescent treponemal antibody absorption test): usa a técnica de imunofluorescência indireta; • Ensaio imunossorvente ligado à enzima – ELISA; • Teste imunológico com revelação quimioluminescente e suas derivações; • Ensaio de hemaglutinação para T. pallidum (TPHA, do inglês T. pallidum haemagglutination test): usa o princípio da hemaglutinação indireta; • Testes rápidos treponêmicos: utilizam os princípios metodológicos de imunocromatografia • Testes específicos para detecção de anticorpos anti-T. pallidum do tipo IgM: versões modificadas do FTA-Abs (FTA-IgM) e de imunoensaios em linha que detectam somente IgM e podem ser utilizados para a detecção de IgM específico anti-T. pallidum. ** O teste com melhor performance para diagnóstico de sífilis congênita no recémnascido é o FTA-Abs para detecção de anticorpos IgM.
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Quais as principais diferenças entre os testes treponêmicos e não treponêmicos?
Testes não treponêmicos: se baseiam na detecção de anticorpos anti-fosfolipídeo (cardiolipina) IgG e IgM que se encontram aumentados em pacientes com sífilis. Esses anticorpos são formados pelo hospedeiro em resposta ao material lipoidal liberado pelas células hospedeiras danificadas no início da infecção e aos lipídios das superfícies celulares do T. pallidum. • Pesquisa de anticorpos anti-fosfolipídios • Usados para rastreamento • Menor sensibilidade e especificidade • Baixo custo • VDRL, RPR, USR e TRUST --------------------------------- Pesquisa de anticorpos anti-treponema: • Testes confirmatórios • Alta sensibilidade e especificidade • Custo mais elevado • TPHA, FTA, ELISA, teste rápido
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Qual a relação entre testes não treponêmicos e o efeito prozona?
Nos testes não treponêmicos (especialmente na sífilis secundária, quando excesso de anticorpos) podem ocorrer resultados falso-negativos em decorrência do fenômeno de prozona. Esse fenômeno consiste na ausência de reatividade aparente no teste realizado em uma amostra não diluída que, embora contenha anticorpos anticardiolipina, apresenta resultado não reagente quando é testada. Esse fenômeno decorre da relação desproporcional entre as quantidades de antígenos e anticorpos presentes na reação não treponêmica, gerando resultados falso-negativos. Por esse motivo é fundamental que, ao se realizar qualquer teste qualitativo não treponêmico, a amostra sempre seja testada pura e na diluição 1:8. O fenômeno de prozona não ocorre nos testes treponêmicos.
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Quais os sintomas de dengue e como pode ser realizado o diagnóstico?
A dengue é transmitida a partir da picada de mosquitos fêmeas do gênero Aedes, principalmente A. aegypti. O vírus tem cinco tipos e a infecção com um tipo geralmente confere imunidade por toda a vida para esse tipo, mas apenas imunidade de curto prazo para os outros. A infecção subsequente com um tipo diferente aumenta o risco de complicações graves. O diagnóstico da dengue é predominantemente clínico, com base nos sintomas relatados pelo paciente e no exame físico, principalmente em áreas endêmicas. Um diagnóstico provável é baseado nos achados de febre acompanhada por náusea e vômito, erupção cutânea, dores generalizadas, trombocitopenia, prova do laço positiva, dor abdominal, sangramento de mucosas em indivíduos que vivem em uma área endêmica. O diagnóstico da dengue pode ser confirmado pela detecção do antigeno viral (NS1) durante a fase febril de uma infecção primária pode apresentar sensibilidade superior a 90%, no entanto, é de apenas 60 a 80% nas infecções subsequentes. A prova do laço deverá ser realizada obrigatoriamente em todos os casos suspeitos de dengue durante o exame físico: • desenhar um quadrado de 2,5cm de lado no antebraço e verificar a PA (deitada ou sentada); • calcular o valor médio: (PAS+PAD)/2; • insuflar novamente o manguito até o valor médio e manter por cinco minutos em adultos (em crianças, 3 minutos) ou até o aparecimento de petéquias ou equimoses; • contar o número de petéquias no quadrado. A prova será positiva se houver 20 ou mais petéquias em adultos e 10 ou mais em crianças. A prova do laço é importante para a triagem do paciente suspeito de dengue, pois é a única manifestação hemorrágica do grau I de FHD representando a fragilidade capilar. ** mosquito Aedes aegypti adquire o vírus da dengue ao picar um indivíduo virêmico ou ao recebêlo, por transmissão, de uma geração de mosquitos para outra (transmissão vertical).
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Como é transmitida a febre amarela, como ocorre o diagnóstico e qual o método padrão-ouro em casos fatais?
A febre amarela é uma doença hemorrágica viral aguda transmitida por fêmeas de mosquitos infectadas (Aedes aegypti). O "amarelo" no nome refere-se à icterícia que afeta alguns pacientes. Às vezes, os testes de PCR no sangue e na urina podem detectar o vírus nos estágios iniciais da doença. Em estágios posteriores, são necessários testes imunológicos para identificar anticorpos (IgM e IgG), tais como ELISA, imunofluorescência indireta e PRNT (usado para quantificar o título de anticorpo neutralizante para um vírus). Atualmente é o teste sorológico mais específico para vírus entre os flavivírus e o teste sorotipo-específico entre os vírus da dengue. A biópsia hepática pode verificar a inflamação e necrose dos hepatócitos e detectar antígenos virais. Porém, devido à tendência de sangramento de pacientes com febre amarela, uma biópsia é apenas aconselhável post mortem para confirmar a causa da morte. O estudo histopatológico com imunohistoquímica em cortes de fígado (e outros tecidos) constitui o “método padrão ouro” para o diagnóstico da febre amarela em casos fatais.
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Qual o teste de referência para o diagnóstico de leptospirose?
O teste de aglutinação microscópica (MAT) é o teste de referência para o diagnóstico de leptospirose. O MAT é um teste em que o soro humano ou animal é misturado com vários tipos de sorovares de antígenos de Leptospira. A mistura é examinada ao microscópio para procurar aglutinação e o MAT é lido por microscopia de campo escuro. A maior diluição em que ocorre 50% de aglutinação é o resultado final. Os títulos de MAT de 1: 100 a 1: 800 são diagnósticos de leptospirose.
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Quais são as formas de transmissão das hepatites e quais possuem vacina?
•As hepatites A e E são transmitidas principalmente por alimentos e água contaminados. •A hepatite B é transmitida principalmente por contato sexual, mas também pode ser transmitida de mãe para filho durante a gravidez ou parto, ou ainda pelo contato com sangue infectado. •A hepatite C é comumente disseminada através do contato com sangue infectado (compartilhamento de seringas por usuários de drogas intravenosas). •As hepatites A, B e D podem ser prevenidas através da imunização (vacinas), sendo que a hepatite D pode ser prevenida através da vacina para hepatite B, uma vez que a hepatite D só pode infectar pessoas já infectadas pela hepatite B. ** Marcador de infecção recente: Anti-HBc IgM ** Marcador de replicação viral do HBV: HBeAg (qnd + é indicativo de alta infectividade) ** Marcador de viremia aguda: HBsAg O antígeno de superfície da hepatite B (HBsAg) é o mais frequentemente usado para rastrear a presença dessa infecção, por ser o primeiro antígeno viral detectável a aparecer.
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Qual o agente etiológico da tuberculose e qual principal método diagnóstico? E para a forma latente?
A tuberculose (TB) é uma doença infecciosa geralmente causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis. Pessoas com tuberculose latente não espalham a doença. A infecção ativa ocorre com mais frequência em pessoas com HIV/AIDS e em tabagistas. A tuberculose pode ser diagnosticada por exames de laboratório, por exemplo, a amostra do escarro, conhecido por baciloscopia. E também por exames complementares como a radiografia do tórax do paciente. O diagnóstico da tuberculose latente baseia-se no teste tuberculínico (também chamado de prova de Mantoux ou PPD). É um dos principais testes cutâneos de tuberculina usados em todo o mundo. No PPD, uma dose padrão de tuberculina é injetada por via intradérmica e a leitura é realizada 48 a 72 horas depois. Espera-se que uma pessoa exposta à bactéria monte uma resposta imune na pele que contém as proteínas bacterianas. A resposta é um exemplo clássico de reação de hipersensibilidade tardia (hipersensibilidade do tipo IV). A reação é lida medindo o diâmetro do nódulo (área palpável elevada e endurecida) no antebraço em milímetros. Se não houver nódulo, o resultado deve ser registrado como "0 mm". O eritema (vermelhidão) não deve ser medido. É considerado como infectado pelo M. tuberculosis o paciente que tiver nódulo igual ou superior a 5 mm. • não reator - inferior a 5 mm • reator fraco - entre 5 e 9 mm • reator forte - 10 mm ou mais
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Como é realizado o tratamento da tuberculose?
O tratamento é feito com esquema preconizado pelo Ministério da Saúde com 4 medicamentos (rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol). O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento gratuito que é 100% eficaz e dura cerca de seis meses a um ano. O paciente precisa seguir o tratamento à risca, pois, caso contrário, a doença pode se tornar resistente aos remédios e se espalhar para outros órgãos e sistemas do corpo.
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A mononucleose infecciosa é causada pelo vírus _____________ e o diagnóstico laboratorial pode ser realizado pela pesquisa de ______________, que reagem com antígenos de superfície de ________________ mas não com antígenos renais de cobaia, e por anticorpos específicos, utilizando imunofluorescência ou ELISA.
A mononucleose infecciosa é causada pelo vírus *Epstein-Barr (VEB)* e o diagnóstico laboratorial pode ser realizado pela pesquisa de *anticorpos heterófilos*, que reagem com antígenos de superfície de *hemácias de carneiro ou cavalo*, mas não com antígenos renais de cobaia, e por anticorpos específicos, utilizando imunofluorescência ou ELISA.
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Qual o agente etiológico da hanseníase e quais os métodos diagnósticos? Como pode ser classificada?
A hanseníase é uma infecção de longa duração causada pelas bactérias Mycobacterium leprae ou Mycobacterium lepromatosis. A infecção pode levar a danos nos nervos, trato respiratório, pele e olhos. O dano nos nervos pode resultar na falta de capacidade de sentir dor, o que pode levar à perda de partes das extremidades do corpo devido a lesões ou infecções repetidas relacionadas a feridas que não foram percebidas. Uma pessoa infectada também pode experimentar fraqueza muscular e problemas de visão. A hanseníase é contagiosa, embora seja necessário um contato extenso. Como formas auxiliares no diagnóstico, pode-se usar a intradermorreação de Mitsuda, baciloscopia de raspado dérmico de lesão pelo método de Ziehl-Neelsen e o exame histopatológico. Técnicas de sorologia, inoculação, imunohistoquímica e PCR são utilizadas principalmente em pesquisas. De acordo com a classificação de Madri, a hanseníase se apresenta sob quatro formas clínicas: indeterminada, tuberculoide, dimorfa e virchowiana. •Em um extremo (polo) estão os pacientes que apresentam vigorosa resposta imune celular que limita a doença a poucas e bem definidas lesões (polo tuberculoide). Há predomínio de linfócitos T auxiliares CD4+, e citocinas Th1, como IL-2 e IFN-gama. •No outro extremo (polo virchowiano), que se caracteriza pela ausência de imunidade celular específica, ocorre uma proliferação incontrolável de bacilos, com várias lesões e infiltração extensa de pele e nervos. Predomínio é de linfócitos T supressores CD8+ e citocinas Th2, como IL-4, IL-5 e IL-10.
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Como se dá a transmissão do citomegalovírus?
Citomegalovírus (CMV) é um gênero de vírus pertencentes à família Herpesviridae. Esta infecção costuma ser assintomática em adultos saudáveis, ou pode apresentar um quadro autolimitado semelhante à mononucleose. Contudo, um quadro mais grave pode se manifestar em indivíduos imunossuprimidos. Além disso, a infecção por CMV é de especial importância no período gestacional, sendo considerada a principal causa de infecção congênita. A transmissão de CMV se dá a partir do contato com fluidos corporais de indivíduos contaminados. O vírus pode ser transmitido sexualmente, através de transplante de órgãos e ainda por transmissão vertical.
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Quais as manifestações de uma infecção por HTLV? como se dá a transmissão e diagnóstico?
O HTLV (vírus linfotrópico da célula T humana) é um retrovírus (como o HIV) associado a quadros de leucemia e linfoma de células T, além de paralisia espástica tropical, um distúrbio neurológico crônico. A transmissão se dá por contato sexual ou através de sangue infectado, além da amamentação. O diagnóstico sorológico do HTLV é realizado de forma semelhante ao do HIV. Um teste imunoenzimático é utilizado para triagem e a confirmação se dá a partir de imunoblot ou PCR. É importante ressaltar que a triagem para HTLV é obrigatória em bancos de sangue, visando à redução da transmissão parenteral.
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Qual a etiologia da doença de Chagas e quais os métodos diagnóstico?
A doença de Chagas (tripanossomíase americana) é causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi e transmitida a partir da picada de triatomíneos (barbeiros). Outras formas de transmissão são transfusão de sangue, transplante de órgãos, ingestão de alimentos contaminados com os parasitas e transmissão vertical. A doença em fase aguda geralmente é assintomática, ou pode apresentar sintomas inespecíficos. Lesões nodulares ou furúnculos podem ser observados no local da picada, chamados de chagomas de inoculação. Os exames indicados para diagnóstico da doença de Chagas na fase aguda são: • Exames parasitológicos: exame de sangue a fresco, exame de sangue em gota espessa, esfregaço sanguíneo corado pelo Giemsa, cultura de sangue ou material de biópsia, métodos de concentração, inoculação do sangue em camundongos, xenodiagnóstico e hemocultura. Os exames indicados para diagnóstico da doença de Chagas na fase crônica são: • Exames parasitológicos indiretos: xenodiagnóstico, hemocultura, inoculação em camundongos, reação em cadeia da polimerase. ☆ Os testes sorológicos mais indicados para a detecção do Trypanosoma cruzi são: reação de precipitação ou precipitina, reação de fixação do complemento (Machado Guerreiro), reação de imunofluorescência indireta (RIFI), reação de hemaglutinação indireta (HAI) e ELISA.
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Qual a etiologia da malária e qual o padrão-ouro para o diagnóstico?
A malária é uma doença causada por protozoários do gênero Plasmodium e transmitida principalmente pela picada de uma fêmea do mosquito Anopheles infectada pelos hemoparasitas. Os sintomas mais frequentes da doença são: febre e calafrios. O padrão-ouro para o diagnóstico de malária é o exame em gota espessa corado por Giemsa. Alternativamente, pode-se realizar um esfregaço sanguíneo em camada delgada, que deve ser fino e uniforme e corado por Giemsa ou Leishman.
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Qual o parâmetro indicativo de Infecções estreptocócicas e qual diagnóstico sorológico?
A anti-estreptolisina O (ASLO) é um anticorpo produzido contra a estreptolisina O, uma exotoxina oxigênio-lábil produzida por algumas cepas de Streptococcus. A estreptolisina O é hemolítica, causando principalmente beta-hemólise. Um aumento nos níveis de ASLO no sangue pode indicar infecção passada ou presente, sendo que títulos elevados podem causar danos ao coração e às articulações. Este foi um dos primeiros marcadores bacterianos utilizados no diagnóstico e acompanhamento da febre reumática ou escarlatina. O diagnóstico sorológico pode ser realizado através de métodos como aglutinação do látex ou ELISA, sendo que este último pode ser empregado para detecção do valor exato do título.
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A Artrite Reumatoide (AR) é uma doença autoimune inflamatória crônica que ocorre em cerca de 1% da população mundial. Quais elementos imunológicos são considerados biomarcadores sorológicos que auxiliam no diagnóstico laboratorial da Artrite Reumatoide?
Em casos de suspeita clínica de AR, pode-se testar o fator reumatoide (um anticorpo dirigido contra a porção Fc da IgG - macroglobulina anti-IgG), o anticorpo antivimentina citrulinada mutada (anti-MCV), o anticorpo antipeptídeo citrulinado (ACPA) e os anticorpos antipeptídeos citrulinados cíclicos (anti-CCP).
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Qual a principal utilidade da tinta da China?
Nanquim é principalmente indicada para a pesquisa do fungo criptococos em amostras de líquido cefalorraquidiano (LCR), mas também pode ser utilizada em outros materiais. Este método destaca a cápsula de criptococos contra um fundo negro.
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Qual procedimento para coloração de Gram?
A coloração de Gram é uma técnica comum usada para diferenciar dois grandes grupos de bactérias com base em seus diferentes constituintes da parede celular (Gram-positivo e Gram-negativo). Antes da realização da coloração de Gram em si, deve-se preparar esfregaços em lâminas da amostra que se deseja analisar. Estes esfregaços devem ser então ser fixados pelo emprego do calor brando (50ºC) ou pela utilização de etanol ou metanol. 1. Cobrir a área com a solução de cristal-violeta por cerca de um minuto. 2. Decantar o cristal-violeta e lavar suavemente com a própria solução de iodo (lugol) ou água da torneira. (Obs.: lavagem excessiva nessa etapa pode causar a retirada do cristal violeta das células Gram-positivas). 3. Cobrir a área do esfregaço com a solução de iodo durante cerca de um minuto. 4. Descorar a lâmina com a mistura álcool-acetona (1:1), até que o solvente escorra incolor. 5. Alternar com água corrente (jato fraco). O tempo usualmente utilizado nessa etapa é de cerca de 10 segundos. (Obs.: lavagem excessiva nessa etapa pode causar a retirada do cristal violeta das células Gram-positivas, assim como, a pouca descoloração pode resultar em pouca retirada do cristal violeta, ocasionando uma tonalidade azulada nas bactérias Gram-negativas). 6. Cobrir o esfregaço com a solução de safranina (ou Fucsina básica 0,1% a 0,2%), por cerca de 30 segundos. As células Gram-negativas descoloridas são coradas de vermelho. 7. Lavar com água corrente. 8. Deixar secar ao ar, ou em temperatura branda (50ºC) usando secador de cabelos. A sequência correta do método de coloração de Gram é Cristal de violeta, lugol, álcool-acetona, fucsina/safranina.
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O que é a coloração de Ziehl-Neelsen é como esse procedimento é realizado?
A parede celular das micobactérias contém alta concentração de lipídios, tornando-as cerosas, hidrofóbicas e impermeáveis a colorações de rotina, como a coloração de Gram. Elas também são resistentes ao ácido e ao álcool e são descritas como Bacilos Álcool-Ácido Resistentes (BAAR). Essa coloração é usada para corar espécies de Mycobacterium, incluindo M. tuberculosis, M. ulcerans e M. leprae e micobactérias não tuberculosas (MNT). Inicialmente, a carbolfucsina cora todas as células. Quando se realiza a remoção com ácido-álcool, apenas as bactérias que NÃO são álcool-ácido resistentes são descoradas, pois NÃO possuem uma camada lipídica espessa e cerosa, como as bactérias álcool-ácido resistentes. Quando o contracorante (azul de metileno) é aplicado, as bactérias não álcool-ácido resistentes o capturam e tornam-se azuis quando vistas ao microscópio. As bactérias álcool-ácido resistentes retêm a carbolfucsina e ficam vermelhas.
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Quais os meios de cultura simples e enriquecidos?
Meios simples: Os meios de cultura simples possuem nutrientes que permitem o crescimento da maioria dos microrganismos não exigentes e geralmente são usados para o isolamento primário de microrganismos. Exemplos de meios simples são: Água peptonada, caldo nutritivo e ágar nutriente. Meios enriquecidos: contêm os nutrientes necessários para favorecer o crescimento de uma grande variedade de organismos, incluindo alguns microrganismos mais exigentes (fastidiosos). Eles são comumente usados para promover o crescimento de todos os tipos diferentes de microrganismos presentes na amostra. Este meio pode ser acrescido de substâncias como sangue, soro, gema de ovo, etc. Exemplo: -Ágar sangue -Ágar chocolate (obtido a partir da adição de sangue -cavalo, carneiro ou coelho- que é "achocolatado" em banho-maria por 15 minutos na temperatura de 80-85°C. Neste processo, ocorre a lise das hemácias e consequente liberação de hemina e hematina, que são compostos que favorecem o crescimento dos microrganismos exigentes); -Meio de Loeffler: usado para o cultivo e isolamento de Corynebacterium diphteriae. -Caldo Selenito (enriquecimento e isolamento das bactérias Salmonella spp. e Shigella spp. em amostras de fezes, urina e alimentos).
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O que é um meio seletivo? Quais são eles?
O meio seletivo é formulado para inibir o crescimento de alguns microrganismos enquanto permite o crescimento de outros (promove a supressão diferencial do crescimento). - Ágar MacConkey (MC): contém sais biliares e cristal violeta, que inibem o crescimento de bactérias Gram-positivas (estafilococos e enterococos) e permitem o crescimento de bactérias Gram-negativas (enterobactérias e não fermentadores). - Ágar manitol (Meio de Chapman): apresenta alta concentração de cloreto de sódio (NaCl 7,5%). É um meio seletivo para bactérias halófilas (capazes de viver em altas concentrações de sal), como espécies do gênero Staphylococcus. Ex: Staphylococcus aureus. - Meio Sabouraud: possui pH ácido e alta concentração de glicose. Favorece o crescimento de fungos e inibe o crescimento de bactérias. Também pode conter antibióticos (gentamicina, cloranfenicol) para prevenir o crescimento de bactérias contaminantes. - Meio BDA (batata-dextrose-ágar) acidificado: seu pH é seletivo para fungos. - Ágar Thayer-Martin: contém antibióticos (vancomicina, colistina e nistatina). Usado para selecionar Neisseria meningitidis e N. gonorrhoeae. - Ágar Eosina Azul de Metileno (EMB) ou ágar Teague: contém corantes tóxicos para bactérias Gram-positivas, permitindo apenas o crescimento de bactérias Gram-negativas. É um meio seletivo e diferencial para coliformes. - Meio Löwenstein Jensen: contém verde de malaquita que inibe o crescimento de bactérias Grampositivas. Rico em lipídios, por ter ovos em sua composição. É um meio seletivo para micobactérias, como a M. tuberculosis. - Ágar Hektoen Enteric (HE): seletivo para bactérias Gram-negativas, como Salmonella e Shigella. - Ágar Salmonella-Shigella (SS): seletivo para Salmonella e Shigella. - Ágar Cetrimide: possui brometo de cetiltrimetilamônio (cetrimida), que inibe o crescimento de várias bactérias, com exceção da Pseudomonas aeruginosa. É, portanto, um meio seletivo para P. aeruginosa.
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O que é um meio diferencial ou indicador? Quais são eles? 1
São utilizados para distinguir um tipo de microrganismo de outro que cresce no mesmo meio. Esse tipo de meio utiliza as características bioquímicas de um microrganismo para indicar visivelmente as características morfológicas inerentes a um determinado microrganismo (como a cor das colônias). São meios de cultura diferenciais: - Ágar MacConkey (MC): além de ser um meio seletivo para bactérias Gram-negativas, também é um meio diferencial para a fermentação da lactose (colônias avermelhadas ou rosadas) e produção de ácido. - Ágar manitol (Meio de Chapman): além de ser um meio seletivo pra bactérias halófilas, também é um meio diferencial por conter manitol. O S. aureus é a única espécie de estafilococos que é capaz de fermentar o manitol (mudam a cor do meio de vermelho para amarelo). - Ágar sangue: contém sangue cardíaco bovino e é usado para identificar microrganismos causadores dos diferentes tipos de hemólise (hemólise α, β e γ). O meio, que é originalmente vermelho, forma um halo transparente ao redor das colônias de microrganismos β-hemolíticos (hemólise completa). Os microrganismos que causam alfahemólise apresentam um halo esverdeado ao redor das colônias, o que evidencia a lise parcial de hemácias. E os microrganismos gama-hemolíticos não causam hemólise, logo, não se forma um halo ao redor das colônias. - Ágar Eosina Azul de Metileno (EMB): é um meio seletivo para coliformes e diferencial para a fermentação de lactose. Microrganismos fermentadores de lactose e produtores de ácido, como a Escherichia coli, produzem colônias escuras com tom esverdeado e brilho metálico. Microrganismos que são produtores fracos de ácido, como Klebsiella, Enterobacter e Serratia, dão origem a colônias acinzentadas. E os microrganismos que não fermentam lactose (e não produzem ácido), como Salmonella e Shigella, formam colônias transparentes.
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O que é um meio diferencial ou indicador? Quais são eles? 2
- Ágar de tiossulfato, citrato, bílis e sacarose (ágar TCBS): é um meio diferencial para Vibrio cholerae, que produz colônias amarelas devido à fermentação da sacarose. - Ágar Salmonella-Shigella (SS): meio seletivo para Salmonella e Shigella e diferencial para a utilização de lactose (coloração rósea) e produção de H2S (coloração negra). O ágar SS é um meio originalmente vermelho alaranjado que contém sais de bile (inibem o crescimento de microrganismos Gram-positivos). O meio também contém lactose, cuja fermentação ajuda a diferenciar as colônias em lactose positivas (que produzem ácido na presença de um indicador vermelho neutro e formam colônias cor de rosa) e lactose negativas (colônias transparentes). A presença de tiossulfato de sódio e citrato férrico na composição permite a identificação de H2S, que é evidenciado pela formação de colônias com centro negro. Colônias incolores ou com o centro negro (sulfeto de hidrogênio - H2S) são sugestivas de Salmonella. Porém, colônias incolores também podem ser Shigella spp. Espécies de Proteus spp. produzem colônias com centro negro. Já colônias cor de rosa ou vermelhas são sugestivas de Escherichia coli ou Klebsiella spp. - Ágar Hektoen Enteric (HE): meio seletivo para espécies enteropatogênicas de Salmonella e Shigella e diferencial para a utilização de carboidratos (lactose, sacarose e salicina) e produção de H2S (coloração negra). - Ágar Xilose-Lisina-Desoxicolato (XLD): Semelhantemente ao que ocorre no ágar Salmonella-Shigella microrganismos que produzem H²S formam um pigmento negro. Colônias negras sem halo cor de rosa são mais características de cepas de Proteus spp produtoras de H²S. - Agar CLED: meio originalmente azul claro usado no isolamento e na quantificação de microrganismos em amostras de urina.
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O que são meios de transporte? Quais são eles?
Esses meios evitam a secagem (dessecação) da amostra, mantêm a relação patógeno/comensal e inibem o crescimento excessivo de bactérias indesejadas (apenas a quantidade necessária de nutrientes para permitir que os organismos sobrevivam). Dessa forma, os meios de transporte são capazes de conservar as características da amostra desde o momento da coleta até a realização do semeio em laboratório. - Meio Stuart: é um gel de ágar mole não nutritivo que mantém os microrganismos vivos, mas impede a sua multiplicação (devido à carência de uma fonte de nitrogênio). O meio é de cor branca opalescente e é capaz de conservar microrganismos patogênicos como: Haemophilus spp., Streptococcus pneumoniae, Salmonella spp., Shigella spp. etc. **Cary Blair: meio branco opalescente derivado do meio Stuart usado para transportar fezes de pacientes com suspeita de cólera. - Salina tamponada: meio líquido tamponado usado para transportar fezes de pacientes suspeitos de sofrer de disenteria bacilar. A turbidez do meio é um indicativo de crescimento bacteriano. - Ágar nutriente: meio simples, barato e fácil de preparar. Possui coloração branca opalescente e é usado principalmente na manutenção e conservação de amostras, além de possuir aplicação na análise de alimentos e água.
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Dependendo do tipo de amostra clínica que deve ser investigada, um ou outro meio de cultura pode ser mais adequado. Quais os meios ideais para amostras de...
● CULTURA PARA FUNGOS - Sabouraud e Mycosel ● CULTURA PARA MICOBACTÉRIAS - Lowenstein Jensen ● COPROCULTURA - Caldo enriquecedor do tipo Selenito, Tetrationato, etc. ● ESCARRO PARA TUBERCULOSE - Conservado em geladeira ou tratado para descontaminação, antes de semear em Lowenstein Jensen ● LAVADO BRÔNQUICO - Ágar Chocolate, ágar Mac Conkey ● LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO (LCR) - Semear em Ágar Chocolate + Ágar Sangue. Pesquisa de Cryptococcus: coloração com tinta da China ● PONTA DE CATETER - Ágar Sangue ● HEMOCULTURAS POSITIVAS - Fazer bacterioscopia (Gram) e semear em Ágar chocolate, Ágar sangue e Ágar MacConkey. Frascos para micobactérias, fazer bacterioscopia (Ziehl). URINA Ágar CLED. Pode-se optar por semear em Ágar sangue e Ágar MacConkey. ● SECREÇÃO VAGINAL, ENDOCERVICAL, URETRAL E URINA - Exame a fresco de secreção vaginal para pesquisa de Trichomonas. Na cultura para Neisseria gonorrhoeae é suficiente Ágar chocolate; para melhorar o isolamento, semear material endocervical e uretral, utilizando o meio seletivo de Thayer Martin ou outro meio seletivo similar.
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O que são provas de identificação? Quais são elas?
A forma como cada microrganismo reage aos testes bioquímicos funciona como uma impressão digital para a sua identificação. Portanto, diferentes espécies de microrganismos respondem de forma única a um conjunto de testes bioquímicos. ● Prova de catalase: A catalase decompõe o peróxido de hidrogênio (H2O2) em água e oxigênio. Positivo: Presença imediata de bolhas. ● Prova de coagulase: Verificar a capacidade de microrganismos reagirem com o plasma e formarem um coágulo. Utilidade: Separar as espécies de Staphylococcus de importância clínica, S. aureus – coagulase positiva, das demais espécies - coagulase negativa. ● Prova de gelatinase: Determina a habilidade do microrganismo de produzir enzimas proteolíticas (gelatinase) que liquefaz/hidrolisa gelatina. Positivo: gelatina (cor verde) na porção submersa do filme torna-se transparente (clara). ● Prova de Lecitinase Cepas produtoras de lecitinase produzem zona opaca ao redor do inóculo. Positivo: formação de halo branco ao redor das colônias (Meio originalmente amarelo). ● Prova de oxidase: Baseado na produção intracelular da enzima oxidase pela bactéria. Ajuda a caracterizar espécies de Neisseria e diferenciar não fermentadores (oxidase positivos) de enterobactérias (oxidase negativas). Cor original: branca ou levemente azulada. Oxidase positiva: produção de cor roxa imediatamente no local da inoculação da bactéria. ● Fermentação de carboidratos: Identificar e separar espécies de Enterococcus spp., Streptococcus spp. e Staphylococcus coagulase negativa. Cor original do meio: púrpura. Positivo: crescimento bacteriano (turvação do meio) com viragem do indicador para amarelo. ● Prova PYR: A hidrólise do substrato PYR libera ßnaphtylamide, que é detectada com a adição do um reagente, que forma uma base de Schiff de coloração vermelha (Prova positiva). ● Crescimento a 42 E 44°C: Verificar a capacidade de o microrganismo crescer em altas temperaturas. Identificação de bacilos Gram-negativos não fermentadores. Cor original do meio: púrpura. Positivo: presença de turvação e viragem do indicador de cor púrpura para amarelo = crescimento bacteriano. ● Teste de motilidade: Determinar se o microrganismo é ou não móvel. • Motilidade positiva: organismos móveis migram pela linha do inóculo e difundem-se no meio, causando turbidez. • Motilidade negativa: bactéria tem um crescimento acentuado ao longo da linha de inóculo, em volta continua límpido. ● Prova de tolerância ao NaCl 6,5% A tolerância ao NaCl a 6,5% é uma prova utilizada para verificar a capacidade de alguns microrganismos crescerem em presença do sal. Separa Enterococcus spp., que são NaCl 6,5 % positivos dos demais Streptococcus spp., que são NaCl 6,5% negativos. Positivo: Crescimento bacteriano (turvação do meio).
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O teste de sensibilidade aos antimicrobianos (TSA), também chamado de antibiograma é uma forma de avaliar a sensibilidade de um microrganismo a determinados antimicrobianos. Geralmente é realizado para determinar qual antibiótico terá mais sucesso no tratamento de uma infecção bacteriana in vivo. Qual o método utilizado? O que é CIM?
O TSA mais comumente utilizado é o método de Kirby-Bauer, que utiliza o princípio da difusão em disco e oferece um resultado qualitativo ou semiquantitativo. No método de Kirby-Bauer, discos de papel pequenos contendo antibióticos diferentes são colocados em uma placa de Petri na qual os microrganismos foram anteriormente inoculados, sendo o ágar Müeller-Hinton o meio mais utilizado para este fim. A seguir, deve-se incubar a placa por 18 horas a 35°C em uma estufa bacteriológica. O antibiótico difunde-se na área ao redor de cada disco e um halo de inibição (evidenciando lise bacteriana) se formará ao redor do disco se o microrganismo for sensível ao antibiótico. Este halo deve ser medido em milímetros. Como a concentração do antibiótico é mais alta no centro e mais baixa na borda dessa zona, o diâmetro do halo é sugestivo da concentração inibitória mínima (CIM), que é inversamente proporcional à medida do halo de inibição. Os componentes do meio de cultura podem interferir no diâmetro do halo de inibição. O tempo estabelecido para se realizar a leitura do antibiograma é 18 horas após a incubação. Caso este tempo não seja respeitado, isso pode favorecer o surgimento de bactérias resistentes por mutação. A temperatura da estufa bacteriológica deve ser de 35°C. O não cumprimento desta diretriz pode resultar em interferência na atividade dos antimicrobianos.
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Quais as causas e sintomas de meningite?
É um tipo de inflamação aguda das meninges, que são membranas que recobrem e protegem o cérebro e a medula espinhal. Os principais sintomas da meningite são dor de cabeça, febre e rigidez no pescoço. Outros sintomas incluem confusão ou consciência alterada, vômito e incapacidade de tolerar ruídos leves ou altos. Crianças geralmente exibem apenas sintomas inespecíficos, como irritabilidade, sonolência ou má alimentação. Por se tratar de uma inflamação que ocorre próxima ao cérebro e medula espinhal, a meningite pode ser fatal, sendo, portanto, classificada como uma emergência médica. Uma amostra de LCR, coletada por punção lombar, pode ser usada para diagnosticar ou excluir a meningite. De com a ANVISA, as principais causas de meningite aguda infecciosa são: • Bacteriana: S. pneumoniae, H. influenzae, N. meningitidis, Enterobactérias, Streptococcus agalactiae (grupo B), Listeria monocytogenes, Staphylococcus spp., M. tuberculosis; • Meningite por outros agentes ou não determinada; • Espiroquetas: T. pallidum, Borrelia burgdorferi (doença de Lyme, Leptospira spp.); • Rickettsias; • Protozoários: Naegleria fowleri, Strongiloides stercoralis; • Vírus: Echovirus e Coxackievirus, Sarampo, Arbovírus, Herpesvírus, Coriomeningite linfocítica, HIV, Adenovírus, Poliovírus; • Fungos: Cryptococcus spp., Candida spp., Histoplasma capsulatum, Aspergillus spp. e outros fungos filamentososos oportunistas;
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Quais os casos podemos considerar que é um quadro de Infecção Hospitalar?
"é aquela adquirida após a admissão do paciente e que se manifeste durante a internação ou após a alta, quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares" • Quando o paciente dá entrada no hospital sem evidência de infecção e não se sabe o período de incubação do microrganismo causador, consideramos então infecção hospitalar as manifestações infecciosas que ocorram a partir de 72 horas da admissão do paciente. • Também são considerados casos de infecção hospitalar aqueles que se manifestam antes das 72 horas, desde que seja possível relacionar o quadro infeccioso com procedimentos médicos que tenham sido realizados dentro deste período de tempo. • No caso de infecções em recém-nascidos, todas são consideradas infecções hospitalares, com exceção dos casos de infecções transplacentárias (aquelas transmitidas da mãe para o bebê) e em casos de bolsa rota superior a 24 horas. • Quando um paciente vem de um outro hospital e é internado com um quadro de infecção também é considerado um caso de infecção hospitalar, só que neste caso adquirido no hospital de origem.
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Quais os casos podemos considerar que é um quadro de Infecção Comunitária?
"é aquela constatada ou em incubação no ato de admissão do paciente, desde que não relacionada com internação anterior no mesmo hospital". • Quando há agravamento ou extensão de uma infecção que já estava presente no momento da admissão do paciente. Nestes casos, deve-se verificar se não há indícios de que tenha havido uma nova infecção que possa ter sido adquirida após a entrada do paciente no hospital. • Também consideramos infecção comunitária os casos de infecção em recém-nascidos identificados logo após o nascimento em que se constate transmissão transplacentária. Alguns exemplos de doenças que tenham infecção transplacentária são: sífilis, toxoplasmose, rubéola, herpes simples, AIDS e citomegalovirose. • Os casos de infecção em recém-nascidos que estejam relacionados a bolsa rota superior a 24 horas também são considerados infecção comunitária.
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A Portaria 2616/98 recomenda ainda que a lavagem das mãos seja feita com antisséptico nos seguintes casos:
• Na realização de procedimentos invasivos; • Na prestação de cuidados a pacientes críticos; • E no contato direto com feridas abertas ou dispositivos invasivos como cateteres e drenos. Outro ponto importante, é que cada hospital ou instituição de saúde deve formar a sua Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH). Este órgão deverá ser constituído por profissionais da saúde e será responsável por executar as ações de controle de infecção hospitalar dentro da sua instituição.
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Quais legislações existem a respeito do controle da água potável?
Em 2001, a ANVISA estabeleceu a RDC nº 12, que fala sobre os padrões microbiológicos sanitários para os alimentos. Esta RDC traz os padrões microbiológicos aceitáveis para diversos grupos de alimentos. A Portaria 2914 de 12 de dezembro de 2011 legisla sobre a qualidade da água potável no território nacional A RDC nº173 de 13 de setembro de 2006 aborda as boas práticas para produção e comercialização de água mineral natural e de água natural. •As legislações que estabelecem os padrões legais aceitos para potabilidade de água para consumo humano no Brasil são: Resolução nº 274, de 22 de setembro de 2005: aprova o regulamento técnico para águas envasadas e gelo; • Resolução RDC nº 91, de 30 de junho de 2016 Abastecimento de Água ou e Passagens Solução : d ispõe sobre as Boas Práticas para o Sistema Alternativa Coletiva de Abastecimento de Fronteiras. • Portaria nº 2.914, de 12 de dezembro de 2011 : d de de Água em Portos, Aeroportos ispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu pa drão de potabilidade.
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No processo de avaliação microbiológica dos alimentos, alguns microrganismos específicos devem ser pesquisados mais atentamente, de modo que alguns deles não podem estar presentes nem mesmo em baixas concentrações, pelo fato de representarem risco à saúde humana. Alguns dos microrganismos, ou grupos de microrganismos, citados pela RDC 12 de 2001 são...
▪︎Coliformes a 45º (termo que equivale a "coliformes termotolerantes" ou "coliformes fecais"), ▪︎Clostridium perfringens, ▪︎Staphylococcus aureus, ▪︎Pseudomonas aeruginosa e ▪︎Vibrio parahaemolyticus.
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No processo de avaliação microbiológica dos alimentos, alguns microrganismos específicos devem ser pesquisados mais atentamente, de modo que alguns deles não podem estar presentes nem mesmo em baixas concentrações, pelo fato de representarem risco à saúde humana. Qual a importância do grupo coliforme e como é dividido?
Os coliformes são relevantes para o controle microbiológico da água e dos alimentos é que elas são boas marcadoras de contaminação fecal e indicadoras das condições de higiene. Na análise da qualidade da água, por exemplo, as bactérias do grupo coliforme são amplamente empregadas para verificar a potabilidade. Os coliformes podem ser classificados em: coliformes totais e coliformes termotolerantes. • Os coliformes totais são enterobactérias Gram-negativas, podendo ser aeróbias ou anaeróbias e não produtoras de esporos. As bactérias deste grupo são capazes de fermentar a lactose produzindo gás a 35ºC no período de 24 a 48 horas. Esta última característica em particular oferece a base para os testes tradicionais empregados na identificação dos coliformes totais. •Já os coliformes termotolerantes, também conhecidos como coliformes fecais, são bactérias que se diferenciam dos coliformes totais por serem capazes de fermentar lactose e produzir gás à temperatura de aproximadamente 45ºC em 24 horas.
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O que são bactérias heterotróficas? Qual sua importância na análise de água?
São consideradas bactérias heterotróficas todas aquelas que se alimentam de matéria orgânica oriunda de outros seres vivos, sendo que, a maioria delas não é patogênica. No entanto, algumas são capazes de causar doenças em humanos, sobretudo em indivíduos imunossuprimidos. Por este motivo, a análise de bactérias heterotróficas na água se torna muito importante, sendo que a presença de altas concentrações dessas bactérias pode estar associada a falhas no processo de tratamento de água ou a algum fator que esteja proporcionando contaminação pós-tratamento, como caixas d'água mal higienizadas, corrosão ou presença de biofilmes nas tubulações. A contagem de bactérias heterotróficas é útil para determinar a qualidade bacteriológica da água de uma forma geral. Essa análise pode ser feita através da técnica de *spread plate*, espalhando-se a solução de forma uniforme para facilitar a contagem das bactérias que crescem na placa. A Portaria nº 2.914, de 12 de dezembro de 2011, que dspõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, estabelece parâmetros de potabilidade em relação às bactérias heterotróficas. **A contagem de bactérias heterotróficas deve ser realizada em 20% (vinte por cento) das amostras mensais para análise de coliformes totais nos sistemas de distribuição (reservatório e rede). **Alterações bruscas ou acima do usual na contagem de bactérias heterotróficas devem ser investigadas para identificação de irregularidade e providências devem ser adotadas para o restabelecimento da integridade do sistema de distribuição (reservatório e rede), recomendando-se que não se ultrapasse o limite de 500 UFC/mL.
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Existem diversos tipos de metodologias diferentes que podem ser aplicadas para as análises microbiológicas da água e dos alimentos. Quais os métodos quantitativos e qualitativos?
Métodos quantitativos: • Método do Número mais provável (NMP): este método propõe verificar o número mais provável de um determinado microrganismo alvo presente em uma amostra. A técnica consiste em colocar alíquotas da amostra em diferentes tubos contendo um meio específico e seletivo. Espera-se, deste modo, que o número de tubos que apresentarem crescimento do microrganismo, ou não, correlacione-se com o número de microrganismos presentes na amostra. Esta relação é verificada através de uma tabela já estabelecida a partir de cálculos de probabilidade que permitem, assim, verificar o número mais provável de microrganismos baseado nas quantidades de tubos "positivos" e "negativos" encontrados no teste. • Técnicas por contagem de unidades formadoras de colônia (UFC): trata-se de um método menos sensível que a técnica de NMP, mas oferece a vantagem de utilizar menos material e espaço para sua execução. Estas técnicas baseiam-se no pressuposto de que cada célula bacteriana, quando fixada em um meio de cultura sólido propício, irá originar uma colônia individual e visível. a. Pour Plate – Semeadura em profundidade b. Spread Plate – Semeadura em superfície Métodos qualitativos: Os métodos qualitativos procuram identificar a presença ou ausência de um microrganismo alvo baseando-se em suas características e propriedades, não se preocupando em estabelecer quantidade. Os métodos qualitativos, de um modo geral, utilizam uma etapa de enriquecimento, seguida do isolamento do microrganismo em meio sólido. • Enriquecimento: o enriquecimento consiste em possibilitar o desenvolvimento de microrganismos presentes em uma amostra, que muitas vezes estão em quantidades pequenas e naturalmente não detectáveis. Com esta etapa esses microrganismos podem se desenvolver e, deste modo, serem detectados e identificados. • Isolamento em meio sólido: esta etapa consiste na utilização de meios seletivos que favorecem o crescimento de microrganismos alvo. Esta etapa é seguida da confirmação que consiste na avaliação das características específicas do microrganismo que se está investigando para determinar a sua identidade.
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As bactérias possuem algumas estruturas próprias que lhes conferem algumas vantagens biológicas ou aumentam sua virulência. Quais poderiam ser citadas?
As bactérias são microrganismos compostos por uma única célula procariótica. Quanto à morfologia, elas podem variar de tamanho, forma e arranjo. • Quanto à forma, os cocos são esféricos, os bacilos são cilíndricos, os vibriões têm forma de vírgula (curvas) e as bactérias espiraladas podem ser espirilos ou espiroquetas. • Em relação ao arranjo, os estafilococos se agrupam como cachos de uvas, os estreptococos formam correntes, as Neisserias se organizam aos pares (diplococos). Também existem outras formas de arranjo menos comuns, como tétrade (agrupamento de 4 cocos) e sarcina (agrupamento de 8 cocos em forma cúbica). As bactérias possuem algumas estruturas próprias que lhes conferem algumas vantagens biológicas ou aumentam sua virulência. Uma dessas estruturas é o flagelo, que é um filamento externo que auxilia na movimentação desses microrganismos. Fímbrias ou pili são filamentos mais curtos que os flagelos, que promovem aderência da célula bacteriana e transferência de material genético durante o processo de conjugação entre bactérias. A parede celular é constituída por peptideoglicano e tem como função oferecer proteção contra a lise osmótica e conferir rigidez à célula bacteriana. A cápsula é uma estrutura localizada externamente à parede celular, é constituída por polissacarídeo e/ou polipeptídeo, protege a célula bacteriana da desidratação, auxilia no processo de aderência a superfícies e oferece proteção à fagocitose. Pode-se dizer, então, que a cápsula é um fator de virulência, pois bactérias encapsuladas são mais virulentas que as que não possuem cápsula.
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Os cocos Gram-positivos de maior importância clínica são os Staphylococcus e os Streptococcus, contudo, também englobam os Micrococcus e os Enterococcus. A respeito dos Staphylococcus, quais as principais características desse gênero?
• Staphylococcus são cocos Gram-positivos anaeróbicos facultativos (capazes de crescer aerobicamente e anaerobicamente). As espécies de Staphylococcus são imóveis, não formadoras de esporos e catalase positivas. A prova da catalase é o método utilizado na diferenciação entre Staphylococcus (positiva) e Streptococcus (negativa). • Elas também são capazes de crescer em meios contendo NaCl a 6,5%, são resistentes à bacitracina e suscetíveis à furazolidona. **O principal Staphylococcus de importância clínica é Staphylococcus aureus. Coloniza 20 a 40% dos adultos, sendo encontrado principalmente em narinas anteriores. **Staphylococcus saprophyticus causa infecções urinárias agudas, sobretudo em mulheres jovens, saudáveis e sexualmente ativas.
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Os cocos Gram-positivos de maior importância clínica são os Staphylococcus e os Streptococcus, contudo, também englobam os Micrococcus e os Enterococcus. A respeito dos Staphylococcus, como é realizado o isolamento e identificação? Como diferenciar de Micrococcus?
O processo de identificação de estafilococos inicia-se pela avaliação de sua morfologia após coloração de Gram. Eles são vistos ao microscópio como cocos isolados, aos pares ou agrupados em "cachos de uva". Eles podem ser incubados em ágar sangue de carneirote meio, onde as colônias de estafilococos apresentam crescimento rápido após 24 h de incubação, com aspecto liso e convexo e coloração que varia de branco-porcelana a cinza. ■ No caso de S. aureus, as colônias podem apresentar-se amareladas e causar hemólise no meio ■ Espécies de Micrococcus também podem crescer em ágar sangue de carneiro, porém seu crescimento é mais lento em comparação aos Staphylococcus (48 horas de incubação são geralmente necessárias para se identificar sua morfologia). As colônias de Micrococcus são opacas e marcadamente convexas. Os Micrococcus geralmente são organismos comensais que vivem na pele, embora possam ser patógenos oportunistas, particularmente em indivíduos imunocomprometidos. Eles são cocos Gram-positivos, catalase positivos, oxidase positivos, indol negativos e citrato negativos. Uma forma de diferenciar Staphylococcus spp de Micrococcus spp é através de testes de resistência à furazolidona e à bacitracina. A primeira prova para identificação dos Staphylococcus é a prova da catalase, que para este gênero deve ser POSITIVA. Micrococcus também apresentam reação positiva para catalase. O resultado negativo, na maioria das vezes, aponta para Streptococcus spp, mas também ocorre para Enterococcus spp. O segundo teste importante para o gênero Staphylococcus é a prova da coagulase, que irá dividir os estafilococos em dois grupos: Staphylococcus aureus (coagulase positivo) e Staphylococcus coagulase negativos.
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Os cocos Gram-positivos de maior importância clínica são os Staphylococcus e os Streptococcus, contudo, também englobam os Micrococcus e os Enterococcus. A respeito dos Streptococcus, quais as principais características desse gênero? Qual a importância clínica?
A maioria dos estreptococos são negativos para oxidase e catalase, e muitos são anaeróbios facultativos (capazes de crescer aerobicamente e anaerobicamente). As espécies de importância clínica são homofermentadoras, produzindo ácido lático como resultado da fermentação da glicose. As espécies de estreptococos são classificadas com base em suas propriedades hemolíticas. As espécies alfa-hemolíticas (α) causam hemólise parcial, formando uma cor esverdeada no ágar sangue. As espécies beta-hemolíticas (ß) causam ruptura completa dos eritrócitos, formando amplas áreas claras ao redor das colônias bacterianas no ágar sangue. As espécies gama-hemolíticas (γ) não causam hemólise. Sendo que, os estreptococos beta-hemolíticos são subclassificados pelo agrupamento de Lancefield. No cenário clínico, os grupos mais importantes são o grupo de estreptococos alfa-hemolíticos S. pneumoniae (também chamado de pneumococo) e Streptococcus viridans, além dos estreptococos betahemolíticos dos grupos Lancefield A e B. Dentre os estreptococos, o Streptococcus pneumoniae é o que mais causa doenças invasivas graves em humanos (pneumonia, meningite, bacteremia). Essa espécie pode possuir cápsula, sendo este o seu principal fator de patogenicidade, pois protege o pneumococo da fagocitose e do reconhecimento pelo sistema imune. Outra espécie importante de estreptococos é o S. pyogenes, pertencente ao grupo A de Lancefield. Essa espécie é β-hemolítica e apresenta diversos fatores de virulência. Causam doenças como faringites, infecções respiratórias, endocardites, meningites, erisipela, impetigo e artrites. Algumas cepas são produtoras de estreptolisina O, que é uma toxina hemolítica e oxigênio-lábil que pode levar a casos de febre reumática e escarlatina.
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Os cocos Gram-positivos de maior importância clínica são os Staphylococcus e os Streptococcus, contudo, também englobam os Micrococcus e os Enterococcus. A respeito dos Streptococcus, como é realizado o isolamento e identificação?
O cultivo de estreptococos exige meios enriquecidos, sendo que algumas cepas dependem da presença de CO2 para crescer. Em relação ao pneumococo, seu cultivo deve ser realizado em meios como o ágar sangue, ágar chocolate, ágar Müeller-Hinton e outros. Além da identificação pela coloração de Gram, vários testes podem ser realizados para auxiliar na identificação das diferentes espécies de estrepetococos de importância clínica, como hemólise, bacitracina, optoquina, PYR, entre outros. Apenas o Streptococcus pneumoniae apresenta positividade para o teste da bile solubilidade e sensibilidade à optoquina, diferenciando-o dos outros estreptococos de relevância clínica. **Os estreptococos com relevância clínica são homofermentadores.
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Como diferenciar Staphylococcus de Streptococcus?
1. Análise da morfologia após coloração de Gram. 2. Inoculação em ágar sangue de carneiro (5% de tensão de CO2). • Colônias de Staphylococcus são maiores, convexas, com coloração que varia do branco-porcelana ao amarelo, causando ou não hemólise; • Colônias de Streptococcus são menores (puntiformes), apresentando halos de hemólise total (beta) ou parcial (alfa) ou nenhuma (gama). 3. Prova da catalase: Staphylococcus geralmente são positivos, enquanto Streptococcus são negativos.
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O que é a proteína M e qual sua relevância clínica?
A proteína de superfície denominada proteína M é um fator de virulência produzido por algumas espécies de estreptococos (incluindo S. pyogenes). Além de favorecer a aderência do microrganismo ao meio, a proteína M também é capaz de inibir a fagocitose e degradar o fator C3b do sistema do complemento (prevenindo o processo de opsonização). Uma reação cruzada entre a proteína M e proteínas do hospedeiro (como a miosina e a queratina) presentes no tecido cardíaco humano levam ao desenvolvimento de um processo inflamatório. Anticorpos produzidos contra a proteína M passam a reagir contra o tecido cardíaco, levando a um quadro de febre reumática.
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Enterococos tambem são cocos Gram-positivos. Quais suas características?
Enterococos são cocos Gram-positivos que geralmente ocorrem em pares (diplococos) ou cadeias curtas e são difíceis de distinguir dos estreptococos apenas por características morfológicas. Duas espécies são organismos comensais comuns no intestino humano: E. faecalis e E. faecium. Os enterococos são organismos anaeróbicos facultativos. Embora não sejam capazes de formar esporos, os enterococos são tolerantes a uma ampla gama de condições ambientais: temperaturas extremas, pH e altas concentrações de cloreto de sódio. Os enterococos normalmente exibem hemólise gama no ágar sangue. As infecções do trato urinário podem ser tratadas especificamente com nitrofurantoína, mesmo nos casos de resistência à vancomicina.
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Neisseria é um grande gênero de bactérias que coloniza as superfícies mucosas de muitos animais. Quais suas principais características e qual sua relevância clínica?
São microrganismos Gram-NEGATIVOS, aeróbios, imóveis, esporulados e apresentam-se sob a forma de diplococos. Dentre as espécies patogênicas, destacam-se N. meningitidis (também chamado de meningococo, é uma das causas mais comuns de meningite bacteriana e o agente causador da septicemia meningocócica) e N. gonorrhoeae (também chamado gonococco, causa gonorreia). Todas as espécies de Neisseria de relevância clínica são positivas para a catalase e oxidase.
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Quais as particularidades no cultivo de Neisseria?
■ O gonococo é muito sensível à temperatura e atmosfera de CO2 e, frequentemente, um pequeno número de organismos está presente no material clínico. Quando a amostra é enviada ao laboratório, ela precisa ser transportada de maneira a preservar a viabilidade do microrganismo. Recomendações: • N. gonorrhoreae é sensível a variações de temperatura acima de 37ºC ou abaixo de 35ºC, de modo que a amostra não pode ser refrigerada ou mantida acima dos 37°C. • Para cultura do microrganismo, recomenda-se ágar chocolate enriquecido com suplemento de l-cisteína, NAD e vitaminas (Isovitalex ou similar). • Incubar em jarra com umidade (bola de algodão e água estéril) e CO2 a 5% (jarra com vela ou estufa de CO2). ■ N. meningitidis não é tão fastidiosa quanto a N. gonorrhoeae. O material clínico, após coletado, deve ser transportado ao laboratório clínico rapidamente, protegido de ambientes secos e variações de temperatura, especialmente frias. Recomendações: • Transportar em ambientes úmidos, com CO2, evitando variações de temperatura. • N. meningitidis cresce bem em ágar sangue, mas por precaução, deve-se semear também em ágar chocolate. • Incubar em jarra com umidade (bola de algodão e água estéril) e CO2 (jarra com vela ou gerador de CO2).
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Quais as principais características do gênero Enterobacter? Quais seus principais representantes?
Enterobacteriaceae é uma grande família de bactérias Gram-negativas que inclui Salmonella, Escherichia coli, Klebsiella, Shigella, Enterobacter, Citrobacter e Proteus. As enterobactérias são bacilos (forma cilíndrica) e não formadoras de esporos. Elas geralmente formam colônias cinzas de médio a grande porte no ágar-sangue, embora algumas possam expressar pigmentos. A maioria tem muitos flagelos usados para se movimentar, além de fímbrias peritríquias, envolvidas na adesão das células bacterianas aos seus hospedeiros. As espécies de enterobactérias são anaeróbias facultativas, que fermentam açúcar para produzir ácido lático e vários outros produtos finais. A maioria também reduz o nitrato em nitrito, embora existam exceções. As reações da catalase variam entre essas bactérias. Salmonella e Shigella são patógenos importantes porque produzem endotoxinas que residem na parede celular e são liberadas quando a célula morre e a parede celular se desintegra. Alguns membros das Enterobacteriaceae produzem endotoxinas que, quando liberadas na corrente sanguínea após a lise celular, causam uma resposta inflamatória e vasodilatadora sistêmica, conhecida como choque endotóxico, que pode ser fatal. A identificação das espécies de enterobactérias é muito complexa e envolve vários testes. Contudo, o que as provas mais costumam perguntar são as características da Salmonella. Então, lembrem-se que as Salmonellas são LACTOSE NEGATIVAS e por este motivo produzem colônias INCOLORES em meios que avaliam a fermentação de lactose, como o ágar MacConkey e o próprio ágar Salmonella-Shigella, no qual também irão apresentar colônias com centro negro, devido à produção de gás sulfídrico, ou sulfeto de hidrogênio (H2S).
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Quais os principais Bastonetes Gram-Negativos Não Fermentadores? Quais suas características?
Bacilos Gram-negativos não fermentadores (BNFs), como Pseudomonas aeruginosa, Acinetobacter baumannii e Stenotrophomonas maltophilia, são importantes patógenos nosocomiais que contribuem significativamente para a morbimortalidade. Os BNFs são microrganismos aeróbios, não esporulados e não fermentadores de carboidratos, realizando sua degradação através da via oxidativa. A identificação laboratorial desse grupo de bactérias é extremamente complexa e representa um desafio para os laboratórios de microbiologia. **No meio base para Oxidação e Fermentação (OF), quando o microrganismo é assacarolítico (não fermentador) o resultado se apresenta na forma de um tubo (aberto e fechado) com coloração inalterada (verde).
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Em relação aos Bacilos Curvos ou Espiralados, qual sua Importância Clínica?
• Campylobacter coli/jejuni - Gastroenterite • Helicobacter pylori - Gastrite, úlcera péptica, câncer gástrico • Leptospira spp. - Leptospirose • Treponema pallidum - Sífilis • Vibrio spp. - Cólera, gastroenterite (Maioria esta presente na água e alimentos). ■ Campylobacter é um gênero de bactérias Gram-negativas móveis (flagelos) que se apresentam em forma de vírgula ou "S". O principal reservatório natural da bactéria é o frango. Os seres humanos podem contrair a doença por ingerir alimentos contaminados com espécies de Campylobacter. Outra fonte de infecção é o contato com animais infectados, que frequentemente são portadores assintomáticos de Campylobacter. C. jejuni e C. coli sao as mais comuns causadoras de doenças em humanos. C. jejuni é uma das principais causas de doenças bacterianas transmitidas por alimentos em muitos países desenvolvidos. As espécies de Campylobacter geralmente sobrevivem em ambientes com baixo oxigênio (são microaerofílicas). Quando exposto ao oxigênio atmosférico, C. jejuni é capaz de mudar para uma forma de cocos. Eles são positivos para os testes de oxidase e catalase. Campylobacter spp. são não fermentadores e são melhor cultivados a 42°C. A sobrevivência à temperatura ambiente é baixa, mas eles podem sobreviver por um curto período de tempo em temperaturas de refrigeração. A bactéria morre lentamente a temperaturas baixas e é sensível ao calor, sendo que as células são destruídas a temperaturas acima de 48°C. ■ A cólera é uma infecção diarreica aguda extremamente virulenta causada pela ingestão de alimentos ou água contaminada com a bactéria Vibrio cholerae. A maioria das pessoas infectadas com V. cholerae não apresenta sintomas, embora as bactérias estejam presentes nas fezes por 1 a 10 dias após a infecção e sejam lançadas de volta ao ambiente, podendo infectar outras pessoas. Entre as pessoas que desenvolvem sintomas, a maioria apresenta quadros leves ou moderados, enquanto uma minoria desenvolve diarreia aquosa aguda com desidratação grave, que pode levar à morte em poucas horas se não for tratada.
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O que são micobactérias e como podem ser classificadas?
São microrganismos álcool-ácido resistentes e não podem ser corados pela coloração de Gram. Micobactérias são aeróbicas e imóveis, exceto pela espécie Mycobacterium marinum, possuem forma bacilar ou ligeiramente curva. A maioria das espécies de Mycobacterium, incluindo as espécies clinicamente relevantes, pode ser cultivada em ágar sangue. No entanto, algumas espécies crescem muito lentamente devido a ciclos reprodutivos extremamente longos, tornando a cultura laboratorial um processo lento. Inclusive, podem colonizar seus hospedeiros sem que estes apresentem sinais e sintomas da infecção (TB latente). As micobactérias podem ser classificadas em vários grupos para fins de diagnóstico e tratamento: • Complexo M. tuberculosis: pode causar tuberculose (M. tuberculosis, M. bovis, M. africanum e M. microti); • M. leprae: causa hanseníase; • Micobactérias não tuberculosas (MNT): todas as outras micobactérias, que podem causar doença pulmonar semelhante à tuberculose, linfadenite, doença de pele ou doença disseminada.
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Como a tuberculose é diagnosticada?
A tuberculose (TB) é uma doença infecciosa causada pelo Mycobacterium tuberculosis, afeta principalmente os pulmões, porém também pode acometer outras partes do corpo. A tuberculose se espalha pelo ar quando as pessoas que têm a doença ativa nos pulmões emitem gotículas de saliva ao tossir, falar ou cuspir. O método de escolha para diagnóstico da tuberculose é a baciloscopia (exame direto para pesquisa de Bacilo Álcool Ácido Resistente – BAAR). No caso da forma pulmonar da doença, a amostra de escolha é o escarro. Culturas do microrganismo também podem ser realizadas em casos de pacientes com suspeita de tuberculose, mas com baciloscopia negativa (paucibacilares) ou em casos de dificuldade de coleta da amostra (crianças). A baciloscopia também pode ser realizada em outras amostras, como lavado brônquico, lavado gástrico, urina, líquor, líquido pleural e biópsias. Para a realização da baciloscopia, deve-se confeccionar lâminas e corá-las pelo método de ZiehlNeelsen. **De acordo com o Ministério da Saúde, a prova tuberculínica é indicada para investigação da infecção latente pelo M. tuberculosis em adultos e na investigação da infecção latente e de TB doença em crianças. Podendo também ser utilizada em estudos epidemiológicos.
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Quais as particularidades do Staphylococcus aureus?
Staphylococcus aureus é um coco Gram-positivo, fermentador do manitol em ágar manitol salgado, catalase e coagulase positivo.
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A respeito do estudo dos fungos, as micoses podem ser dos tipos superficial, cutânea, subcutânea ou profunda (sistêmica). Descreva. 1
A micologia envolve o estudo dos fungos, sobretudo os que podem causar doenças em humanos e podem se apresentar sob as seguintes formas morfológicas: • Leveduras: geralmente unicelulares; • Bolores ou fungos filamentosos: multicelulares; • Dimórficos: fungos que podem se apresentar sob a forma de leveduras ou bolores, dependendo da temperatura, de condições nutricionais e do teor de CO2. Micoses são doenças causadas por fungos. As micoses podem ser dos tipos superficial, cutânea, subcutânea ou profunda (sistêmica). ■ Micoses superficiais • Dermatofitoses As dermatofitoses (tineas) são infecções causadas por fungos (Microsporum spp., Trichophyton spp. e Epidermophyton floccosum) que se limitam às camadas superficiais queratinizadas da pele, pelos e unhas. São popularmente chamadas de epinge ou frieira, e causam muito prurido. A micose também pode acometer tecidos subcutâneos em indivíduos imunodeprimidos. Os dermatófitos mais frequentes no Brasil são T. rubrum, T.mentagrophytes e M. canis. O contágio se dá através de contato direto com animais ou indivíduos infectados, ou solo contaminado. No laboratório, amostras de pele, unhas ou cabelo podem ser cultivadas em ágar Sabouraud dextrose (ASD). ■ Micoses subcutâneas e profundas • Esporotricose A esporotricose é uma micose subcutânea decorrente da contaminação de uma ferida na pele pelo fungo Sporothrix schenckii. No local de inoculação forma-se uma lesão ulcerada e ocorre o comprometimento da drenagem linfática da região, formando-se gomas no trajeto. Tem-se como a forma clínica mais frequente a chamada linfangítica nodular ascendente, sendo que as formas disseminadas ocorrem mais frequentemente em indivíduos com AIDS. Como amostra, pode-se utilizar o aspirado das lesões gomosas ou tecido subcutâneo, que podem ser analisados ao microscópio. Sporothrix schenckii é um fungo dimórfico (forma filamentosa- ASD e forma leveduriforme- meio rico em sangue). • Paracoccidioidomicose (blastomicose sul-americana) A paracoccidioidomicose é considerada uma doença granulomatosa crônica, causada por fungos do complexo Paracoccidioides (P.brasiliensis e P.lutzii), que apresentam manifestações clínicas variadas (formas localizadas e disseminadas-mau prognóstico). A micose pode afetar vários órgãos e tecidos, incluindo SNC. Existe ainda uma forma clínica conhecida como paracoccidioidomicose-infecção, na qual o indivíduo é assintomático. A infecção se dá a partir da inalação do fungo presente em solos contaminados e a paracoccidioidomicose se assemelha a quadros de tuberculose. O diagnóstico laboratorial pode ser realizado a partir de raspado de lesão e mucosa, secreção do trato respiratório, aspirado de linfonodos ou tecido obtido por biópsia. Pode-se realizar exame direto com KOH a 20% ou cultura do fungo, que é dimórfico. • Histoplasmose A histoplasmose é uma doença causada pelo fungo Histoplasma capsulatum (forma localizada ou generalizada). A micose afeta primariamente o sistema retículoendotelial, sendo que a histoplasmose primária acomete o sistema respiratório e a histoplasmose progressiva afeta mucosas, fígado, baço, medula óssea, linfonodos, etc. Trata-se de uma doença com bom prognóstico em indivíduos imunocompetentes, mas pode assumir uma forma mais grave (disseminada) em pacientes com AIDS. A infecção ocorre a partir da inalação de esporos oriundos do solo contaminado por fezes de morcegos e galinhas. Amostras de secreção podem ser utilizadas para exame microscópico direto (sem coloração) ou corado por Giemsa. É um fungo dimórfico, do qual pode ser cultivada a forma filamentosa ou leveduriforme, obtida a partir de repique em meio rico.
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A respeito do estudo dos fungos, as micoses podem ser dos tipos superficial, cutânea, subcutânea ou profunda (sistêmica). Descreva. 2
■ Micoses oportunistas • Candidíase Espécies de Candida (incluindo Candida albicans) fazem parte da microbiota normal de várias partes do corpo. Contudo, em indivíduos imunossuprimidos pode levar a candidíase (micose oportunista), que pode apresentar manifestações clínicas variadas. Quadros de infecções agudas e crônicas podem se manifestar com lesões na pele, unhas, boca, faringe, sistemas broncopulmonar e intestinal e região perianal. Mais raramente, o indivíduo pode desenvolver meningite, endocardite, fungemia e infecções em outros locais. A amostra que será utilizada para o diagnóstico da candidíase depende da manifestação clínica do paciente. Fragmentos de pele e unhas podem ser examinados com solução de KOH a 20%. Material de mucosa e secreção do trato respiratório podem ser examinados pela coloração de Gram. A cultura é realizada entre 25°C e 37ºC e a Candida sp. cresce rapidamente. • Criptococose A criptococose é uma doença adquirida a partir da inalação de fungos Cryptococcus neoformans encapsulados presentes no solo contaminado. Trata-se de uma infecção subaguda ou crônica que acomete inicialmente os pulmões, podendo avançar para o SNC e atingir as meninges, além de outros tecidos, como a pele. Em homens, deve-se colher uma amostra de urina obtida após massagem prostática, uma vez que a próstata é o órgão de reserva do fungo. Por se tratar de um fungo capsulado, é obrigatório o uso de tinta nanquim. A cultura pode ser realizada em ASD ou outro meio que não contenha cicloheximida. Provas bioquímicas, como o teste da urease e auxanograma, são empregados na identificação do gênero e espécie. • Aspergilose A aspergilose é uma doença causada pela inalação de esporos de Aspergillus fumigatus (espécie mais comum). Em indivíduos imunocompetentes, podem surgir lesões localizadas em regiões como pés, unhas, olhos, canal auditivo, ou ainda a forma bronco-pulmonar alérgica (tendem à forma disseminada da doença). Aspergillus fumigatus pode ser cultivado em ASD. • Fusariose As espécies de Fusarium que mais frequentemente causam infecções em humanos são: Fusarium solani, F. oxysporum, F. chamydosporum e F. verticillioides (F. moniliforme). A infecção pode ocorrer pela inalação de esporos ou ainda pela inoculação direta do fungo em feridas. Os quadros clínicos da infecção por Fusarium são variados, acometendo principalmente pacientes com neoplasias, nos quais pode levar a comprometimento generalizado. Outros quadros associados a espécies do gênero Fusarium são ceratites (inflamações da córnea) e onicomicoses (micoses de unha). Para investigação localizada utiliza-se o raspado, ja para quadros sistêmicos, a amostra de sangue é adequada para realização da cultura. • Zigomicose (Mucormicose) Fungos da classe dos Zigomicetos não costumam causar problemas a indivíduos imunocompetentes. Mas quando seus esporos são inalados por indivíduos imunocomprometidos, pode levar a uma infecção grave, de evolução rápida e potencialmente fatal, que pode afetar o tecido subcutâneo, os seios paranasais, o pulmão e os vasos sanguíneos, levando a embolia no SNC ou trombose. FUNGOS NO GERAL: Identificação--> exame com KOH a 20% ou cultura em ASD, seguida por identificação por microscopia.
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Existem 2 principais tipos de Exames micológicos de interesse médico, quais são eles? Quais os métodos para o teste de suscetibilidade a drogas antifúngicas?
■ Exame microscópico de amostras • O exame microscópico direto com hidróxido de potássio (KOH) a 20% é utilizado quando a amostra consiste em pele, pelos, unha, tecidos obtidos por biópsia, exsudatos espessos ou outros materiais densos. Uma gota de solução de KOH a 20% é colocada sobre uma lâmina, seguida pela adição da amostra e, por fim, de uma lamínula. A preparação deve ser aquecida sobre o bico de Bunsen e examinada ao microscópio após 20 minutos. • O exame microscópico direto com tinta nanquim (tinta da China) é utilizado para análise de amostras de líquido cefalorraquidiano, secreções ou exsudatos e destina-se à observação de leveduras capsuladas de Cryptococcus. A tinta forma um fundo negro e evidencia o fungo. Para realização dessa técnica deve-se primeiramente centrifugar a amostra, a seguir deve-se adicionar uma gota da tinta nanquim e uma gota do sedimento da amostra em uma lâmina e cobrir com uma lamínula, seguida da análise ao microscópio. O exame microscópico com coloração pelo método de Gram é usado para diferenciar fungos de outros elementos presentes nas amostras de urina, fezes e secreções. A técnica não tem utilidade na identificação específica desses microrganismos, uma vez que todos os fungos são Gram-positivos. O exame microscópico com coloração panótica (Giemsa, Leishman ou Wright) é utilizado para a investigação do fungo Histoplasma capsulatum. ■ Cultura de amostras biológicas para isolamento de fungos Amostras biológicas podem ser processadas e cultivadas para investigação do agente etiológico. A escolha do meio de cultura se baseia na suspeita clínica do tipo de fungo e amostra utilizada. O ideal é que a amostra seja semeada em 2 tubos, que posteriormente serão incubados a uma temperatura de 30°C, exceto quando se suspeita de algum fungo dimórfico, quando um dos tubos deverá ser incubado a 35°C. O meio de cultura mais comumente utilizado na investigação micológica é o ágar Sabouraud dextrose (ASD) que permite o crescimento de praticamente todos os fungos. Geralmente acrescenta-se um antibiótico ao meio para impedir o crescimento de bactérias, sendo o mais empregado o cloranfenicol, por ser resistente à autoclavação. Agar batata pode ser utilizado no isolamento ou subcultivo de fungos dermatófitos. E meios enriquecidos, como o ágar infusão de cérebro-coração (BHI), podem ser empregados para o crescimento mais rápido de fungos dimórficos de crescimento lento (> 15 dias). ** Existem três métodos para realizar o teste de suscetibilidade a drogas antifúngicas padronizados: diluição em caldo, disco-difusão e triagem por ágar de resistência aos azóis para Aspergillus. ** O exame direto no diagnóstico micológico dificilmente permite a identificação do gênero ou da espécie do fungo encontrado em determinado material, tornando necessário o cultivo em meios artificiais.
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Quais são os vírus de importância clínica?
• Adenovírus respiratório • Vírus Epstein-Barr: Agente etiológico da mononucleose infecciosa, é transmitido a partir da saliva. • Vírus da hepatite A: Transmissão é fecal-oral, geralmente através da ingestão de alimentos ou água potável contaminada com fezes infectadas. Existe vacina. • Vírus da hepatite B: Além de causar hepatite, pode levar à cirrose e carcinoma hepatocelular. Sua transmissão se dá a partir do contato com fluidos corporais (via sexual ou transmissão vertical). Existe vacina. • Vírus da hepatite C: O VHC causa a hepatite C e alguns tipos de câncer, como carcinoma hepatocelular e linfomas. A transmissão ocorre através do contato sexual ou pelo contato com o sangue de indivíduos contaminados (compartilhamento de agulhas). • Herpesvírus: Os vírus herpes simples 1 e 2 (HSV-1 e HSV-2) são dois membros da família Herpesviridae humana altamente prevalentes entre seres humanos. O HSV-1 causa a herpes oral e pode ser transmitido pelo contato com a saliva de indivíduos portadores. Já o HSV-2 causa a herpes genital e é transmitido por via sexual ou por transmissão vertical. • HIV: Espécies de lentivírus (um subgrupo de retrovírus) que infectam seres humanos. Com o tempo, causam a síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS). A transmissão ocorre por contato sexual, contato com o sangue de indivíduos contaminados e por transmissão vertical. • Vírus Influenza: É responsável por infecções respiratórias em todo o mundo, representando alta morbidade e mortalidade, sobretudo em crianças e idosos. Três gêneros deste vírus infectam humanos, conhecidos como Influenza A, B e C. A transmissão se dá pelo contato com indivíduos infectados, principalmente por gotículas de saliva. • Vírus do sarampo: O vírus causa sarampo, uma infecção do sistema respiratório transmitida pelo ar, que se espalha facilmente através da tosse e espirros de pessoas infectadas. Existe vacina. • Papilomavírus humano (HPV): A infecção pode ser assintomática ou resultar em verrugas ou lesões pré-cancerosas. Essas lesões aumentam o risco de câncer de colo do útero, vulva, vagina, pênis, ânus, boca ou garganta. Como medida preventiva, existem vacinas contra o HPV. • Parainfluenza humano (HPIVs): São uma importante causa de hospitalização de crianças por doenças respiratórias. A transmissão se dá através do contato com pessoas contaminadas, principalmente com secreções respiratórias (espirro, tosse). • Vírus Sincicial Respiratório humano (HRSV): Causa infecções respiratórias através do contato com indivíduos infectados. Como o vírus é onipresente em todas as partes do mundo, é difícil evitar a infecção. • Rubéola: Vírus de transmissão respiratória. O quadro mais grave de infecção por rubéola se dá quando uma mulher se infecta nas primeiras semanas de gestação, o que pode atingir o feto, causando rubéola congênita ou aborto. A infecção fora do período gestacional costuma ser leve, não causando maiores complicações. • Dengue: Doença tropical transmitida por mosquitos (fêmeas de Aedes aegypti). Em alguns casos, a doença evolui para febre hemorrágica da dengue, resultando em trombocitopenia e consequente hemorragia. O vírus da dengue pertence ao gênero Flavivírus e é classificado como uma arbovirose (doença causada por arbovírus). As arboviroses englobam doenças transmitidas por artrópodes (insetos e aracnídeos) e incluem o vírus da dengue, Zika vírus, febre chikungunya e febre amarela. • Coronavírus: Causam infecções do trato respiratório que podem ser leves (como um resfriado comum) ou graves e até letais, como bronquite, pneumonia, SARS, MERS e COVID-19. A transmissão entre pessoas ocorre principalmente por meio de contatos próximos, através de gotículas de saliva ou secreção nasal quando uma pessoa infectada tosse ou espirra. O método padrão para o diagnóstico de COVID-19 é a reação em cadeia da polimerase em tempo real com transcrição reversa (rRT-PCR) a partir de uma amostra de swab nasofaríngeo.
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O que é nefron e quais estruturas o formam?
O néfron é a unidade estrutural e funcional do rim, sendo que cada rim humano adulto contém cerca de 1 milhão de néfrons. Cada néfron é formado por um corpúsculo renal e um túbulo renal. O corpúsculo renal é onde a filtração do sangue se inicia e ele é formado pelo glomérulo (que é um aglomerado de capilares) e pela cápsula de Bowman (que é formada por células renais que envolvem o glomérulo). O túbulo renal, por sua vez, pode ser dividido em túbulo contorcido proximal, alça de Henle (formada pelos ramos descendente e ascendente), túbulo contorcido distal e ductos coletores.
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A formação da urina ocorre através dos mecanismos de filtração, reabsorção, secreção e excreção. Descreva.
■ Filtração: Ocorre no corpúsculo renal, sendo que apenas partículas pequenas, como água, glicose e sais iônicos atravessarem, enquanto bloqueia proteínas grandes e células como as hemácias. O produto do processo de filtração é chamado de filtrado. Após a filtração, o filtrado passa através do túbulo contorcido proximal, da alça de Henle, do túbulo contorcido distal e de uma série de dutos coletores para formar a urina. ■ Reabsorção tubular: é o processo pelo qual os solutos e a água são removidos do filtrado e transportados para o sangue. 55% da água é reabsorvida no túbulo proximal. A glicose, quando em níveis plasmáticos normais, é completamente reabsorvida no túbulo proximal. No entanto, um nível plasmático de glicose de aproximadamente 160 mg/dL é suficiente para promover a glucosúria (sinal clínico do diabetes mellitus). Por sua vez, os aminoácidos são reabsorvidos por transportadores dependentes de sódio no túbulo proximal. Exemplos de substâncias reabsorvidas: água, sódio, bicarbonato, glicose e aminoácidos. ■ Secreção - é o inverso da reabsorção: as moléculas são transportadas do capilar peritubular através do líquido intersticial, depois através dos túbulos renais para o filtrado. Exemplos de substâncias secretadas: hidrogênio, amônia, potássio e ácido úrico. ■ Excreção: A última etapa no processamento do filtrado, onde o filtrado sai do néfron e é transportado através do ducto coletor, e depois para os ureteres, onde passa a ser chamado de urina. Além de transportar o filtrado, o ducto coletor também participa da reabsorção. Após deixar os rins através do ureter, a urina chega à bexiga e, finalmente, à uretra, por onde é eliminada do corpo. ** Excreção = Filtração - Reabsorção + Secreção
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A coleta da amostra de urina deve ser realizada em recipientes limpos, secos e, preferencialmente, descartáveis e esterilizados. Quais são os tipos de amostra de urina?
● Amostra aleatória ● Primeira urina da manhã ● Amostra de jejum: deve-se coletar a segunda urina do dia, enquanto o paciente ainda está em jejum. Este tipo de amostra visa eliminar a interferência de alimentos e é utilizada para monitorização da glicosúria em pacientes diabéticos. ● Amostra duas horas pós-prandial: utilizado na monitoração de pacientes diabéticos) ● Amostra do teste de tolerância à glicose: A amostra é coletada concomitantemente às amostras de sangue do teste oral de tolerância à glicose (TOTG). ● Amostra de urina 24 horas: Também chamada de amostra de urina cronometrada). Um parâmetro analisado na amostra de urina de 24 horas é o volume urinário por minuto = Volume total ÷ 1440. ● Amostra de urina cateterizada ● Amostra de urina de jato médio com assepsia ● Punção suprapúbica: procedimento no qual se insere uma agulha na região do abdômen até alcançar a bexiga para obter uma amostra de urina totalmente livre de contaminação. ● Amostra para prostatite: Realizase a coleta em 3 frascos estéreis: no primeiro frasco colhe-se o primeiro jato da urina; no segundo frasco colhe-se o jato médio; a seguir procede-se com uma massagem prostática para eliminação do líquido prostático juntamente com terceira porção da urina, que deve ser colhida no terceiro frasco. As três amostras são destinadas à urocultura. ● Amostra pediátrica: coletores infantis **A ureia é o maior constituinte sólido da urina, representando mais de 50% do total de sólidos. **Sempre que possível, a coleta deve ser realizada no laboratório, visando diminuir a probabilidade de contaminação da amostra e evitar o transporte em condições inadequadas. **A retenção urinária torna a amostra mais concentrada, o que diminui as chances de se obter um resultado falso-negativo.
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Como pode ser realizado o armazenamento da urina após coleta? Qual o tempo limite?
Após a coleta, a amostra deve ser entregue imediatamente ao laboratório. Caso não seja possível analisar a amostra até 2 horas após a coleta, ela deve ser refrigerada entre 2° e 8°C ou deve-se adicionar um conservante químico à urina, como timol, ácido bórico, formalina (formaldeído), tolueno, fluoreto de sódio ou fenol. A urina refrigerada tende a se tornar turva devido à precipitação de fosfatos, carbonatos e uratos amorfos, o que pode dificultar a visualização dos componentes da urina durante a microscopia. Além disso, amostras refrigeradas tendem a apresentar uma gravidade específica mais elevada. Por estes motivos, caso a amostra tenha sido refrigerada, deve-se permitir que ela retorne à temperatura ambiente antes de se proceder com as análises. ** O ácido ascórbico (vitamina C) interfere em várias reações nas tiras reagentes, principalmente nas reações de oxidação do sangue e glicose.
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O exame de urina rotina, também chamado de urina tipo I, EAS (Elementos Anormais do Sedimento) ou sumário de urina é dividido em três etapas: análise física, química e microscópico. Detalhe cada uma delas.
• Análise física: avalia cor, aspecto, odor e volume da amostra de urina; Principais causas de turvação de uma amostra de urina: bacteriúria, cristalúria ou piúria (leucócitos degradados - ou pus - na urina). Outros fatores patológicos que podem causar a turvação da urina são: presença de hemácias, fungos, células epiteliais não escamosas, linfa e lipídeos. Dentre as causas não patológicas de turvação da urina estão: presença de muco, células epiteliais escamosas, sêmen, espermatozoides, contaminação fecal, talco, cremes vaginais, fosfatos, carbonatos e uratos amorfos. Caso a turbidez de uma amostra de urina seja devida à presença de fosfatos, deve-se adicionar ácido acético diluído, que irá dissolver os fosfatos presentes na amostra. • Análise química: realizada com tira reagente, avalia pH, proteínas, glicose, cetonas, sangue, bilirrubina, urobilinogênio, nitritos, esterase leucocitária e gravidade específica; (amostra de urina homogeneizada, não centrifugada) Realizada com uma tira reagente padrão para teste de urina com almofadas quadradas impregnadas com produtos químicos que reagem com substâncias presentes na urina e produzem uma cor característica. Existem tiras tiras qualitativas (amostra positiva ou negativa para algum composto), e tiras semiquantitativas, que além de fornecer o resultado de uma reação como positivo ou negativo, também fornecem uma estimativa de um resultado quantitativo. A leitura dos resultados é realizada comparando as cores das almofadas com uma escala de cores fornecida pelo fabricante, não sendo necessário nenhum equipamento adicional. Os valores semiquantitativos são geralmente relatados como: - , 1+, 2+, 3+ e 4+. Alguns testes também podem ter seus resultados estimados em miligramas por decilitro. - O pH urinário normalmente está na faixa de 5,5 a 6,5. A primeira urina produzida pela manhã geralmente é mais ácida e a urina produzida após as refeições geralmente é mais alcalina (urato amorfo se forma em urina ácida, fosfato amorfo se forma em urina alcalina ou neutra). - A amostra recomendada para determinação de proteinúria é a urina de 24 horas. - Em casos de diabetes mellitus, a glicemia pode ultrapassar o limiar renal de reabsorção da glicose (160–180 mg/dL) e esta molécula passa a ser detectada na urina. A detecção de glicose por tiras reagentes é baseada na reação enzimática da glicose oxidase, mas sua detecção semiquantitativa também pode ser realizada pelo método de redução do cobre (reação de Benedict - se baseia na capacidade da glicose de reduzir o sulfato de cobre para óxido cuproso na presença de álcalis e calor). Falso negativo- ácido ascórbico. - O sangue pode estar presente na urina na forma de hemácias intactas (hematúria) ou como hemoglobina proveniente da destruição de hemácias (hemoglobinúria). A hematúria produz urina vermelha turva e a hemoglobinúria se manifesta na forma de uma amostra vermelha límpida. Testes químicos que detectam hemoglobina são a forma mais segura para determinar a presença de sangue em uma amostra de urina. Uma vez que o sangue foi detectado no exame químico, o exame microscópico deve ser usado para diferenciar hematúria de hemoglobinúria. - A presença de mioglobina na urina (mioglobinúria) pode ser causada por patologias associadas a danos musculares (rabdomiólise): coloração ppode variar de vermelha a marrom. Reações falso-negativas podem ocorrer na presença de ácido ascórbico (vitamina C). - Bilirrubina: exposição da amostra à luz, a presença de ácido ascórbico e altas concentrações de nitrito interferem negativamente na reação, levando a resultados falso-negativos. A confirmação da presença de bilirrubina na urina pode ser realizada através da adição de lugol forte à amostra. A formação de um anel verde entre a urina e o lugol indica a presença de bilirrubina. - Urobilinogênio: subproduto incolor da redução da bilirrubina. Níveis elevados de urobilinogênio urinário (> 1 mg/dL) podem indicar doença hepática e distúrbios hemolíticos. Baixos níveis de urobilinogênio na urina se correlacionam com a obstrução do ducto biliar e com o uso de antibióticos de amplo espectro (destruição da flora bacteriana intestinal). - Nitritos: método rápido de triagem para infecções do trato urinário (ITUs) causadas por bactérias redutoras de nitrato presente na urina em nitrito. O teste de nitrito se baseia na reação de Griess, que é um método de triagem rápida para possíveis infecções por bactérias entéricas (coliformes), mas não substitui o exame microscópico e a urocultura. Gravidade específica: A urina humana possui uma gravidade específica entre 1,003 e 1,035. Desvios destes valores podem estar associados a distúrbios do sistema urinário, sendo que valores inferiores a 1,003 podem ser um indicativo de que a urina foi diluída (adulterada). Além disso, valores de gravidade específica inferiores a 1.010 indicam que o paciente está hidratado e valores superiores a 1,020 indicam desidratação. A densidade (gravidade específica) é responsável pela avaliação da capacidade renal de reabsorção e concentração. Deve-se confirmar por outro método quando os valores forem próximos de 1000. **Proteinúria de Bence Jones** Indivíduos portadores de mieloma múltiplo possuem concentrações elevadas de cadeias leves de imunoglobulinas monoclonais (proteínas de Bence Jones) no plasma. Por ser de baixo peso molecular e estar presente em concentrações elevadas, é filtrada e excretada na urina. A proteína de Bence Jones coagula a uma temperatura de 40° a 60°C e se dissolve a 100°C. Assim sendo, na investigação desta proteína em uma amostra de urina, deve-se aquecer a amostra a 100°C (apresentará aspecto límpido), filtrar e esperar a temperatura baixar até 40°-60°C. O surgimento de turbidez na amostra anteriormente límpida é um indicativo da proteinúria de Bence Jones. • Exame microscópico: analisa o sedimento urinário (sedimentoscopia), avaliando a presença de materiais insolúveis presentes na urina, tais como hemácias, leucócitos, células epiteliais, bactérias, fungos, parasitas, espermatozoides, muco, cilindros, e cristais urinários. - O exame microscópico é utilizado para confirmar suspeitas levantadas durante os exames físico e químico. - Primeiramente, deve-se centrifugar um volume entre 10 e 15 ml de urina (tubo cônico) durante 5 minutos. Despreza-se o sobrenadante até restar 0,5 a 1,0 mL de amostra e ressuspende-se o precipitado no volume restante de sobrenadante. A seguir, coloca-se aproximadamente 20 μl da amostra ressuspendida em uma lâmina, cobre-se com uma lamínula e analisa-se ao microscópio (microscopia de campo claro) com iluminação reduzida, pois muitos constituintes do sedimento apresentam índice de refração semelhante ao da urina. - É importante que se utilize amostras frescas ou bem conservadas para a análise do sedimento urinário, e Caso a amostra tenha sido refrigerada, é aconselhável aquecê-la até a temperatura de 37oC antes da centrifugação, pois a refrigeração pode causar precipitação de urato e fosfato amorfo e de outros cristais não patológicos que podem prejudicar a visualização de outros sedimentos urinários. - Elementos como hemácias, leucócitos e cilindros hialinos se desintegram rapidamente, principalmente na urina alcalina (básica). Hemácias: Na urina muito concentrada as hemácias podem perder água para o meio e assumirem uma forma irregular, ou aparecerem crenadas. Já na urina diluída, as hemácias tendem a absorver água do meio, incharem e romperem (células fantasma). - Leucócitos: são maiores que as hemácias, sendo o neutrófilo o tipo de leucócito mais comumente encontrado no sedimento urinário. A identificação dos neutrófilos é mais fácil que a das hemácias, pois eles possuem grânulos e núcleos multilobulados. A piúria é considerada significativa quando maior ou igual a 10 leucócitos por microlitro (µl) ou milímetro cúbico (mm3), e pode ser detectada em casos de infecção ou inflamação do trato geniturinário. - Células epiteliais: achado comum no sedimento urinário, uma vez que são oriundas do próprio revestimento do trato geniturinário (Células epiteliais escamosas, Células epiteliais de transição (uroteliais) e Células epiteliais tubulares renais). ** Poliomavírus BK e transplante renal: Algumas células epiteliais tubulares renais ou células uroteliais podem apresentar inclusões virais como resultado da infecção pelo poliomavírus BK (BKV). Este vírus coloniza os rins e é altamente prevalente na população adulta saudável. Indivíduos imunocompetentes são, geralmente, assintomáticos. Contudo, em situações de imunossupressão (infecção por HIV, transplante renal ou medular) o indivíduo pode desenvolver nefropatia. A infecção por BKV é de fundamental importância no contexto do transplante renal, uma vez que a nefropatia pós-transplante renal pode fazer com que o receptor perca o enxerto. As células ETR ou uroteliais com inclusões virais são chamadas células Decoy e sua identificação é útil na prática clínica para realização do diagnóstico precoce da nefropatia pós-transplante renal decorrente da infecção por BKV. - Bactérias: A presença de bactérias pode ser sugestiva de infecção do trato urinário (ITU), sobretudo quando estão acompanhadas de leucócitos. As bactérias que são mais frequentemente associadas a ITU são as Enterobacteriaceae, que são cocos Gram-negativos. Mas Staphylococcus e Enterococcus também podem causar ITU. - Cilindros: estruturas formadas dentro da luz dos túbulos contorcidos distais e ductos coletores que têm como principal constituinte a proteína Tamm-Horsfall (muco tbm), a albumina e imunoglobulinas também podem fazer parte da matriz dos cilindros. Em situações de estresse e atividade física intensa, a excreção da proteína de Tamm-Horsfall aumenta, o que pode levar a um aumento na quantidade de cilindros hialinos na urina (pode causar diminuição do fluxo urinário por bloqueio físico). A análise dos cilindros deve ser feita rapidamente, pois eles se dissolvem muito rápido em urinas alcalinas. Para facilitar a identificação dos cilindros, podese empregar algumas técnicas de coloração que auxiliam na identificação dos seus componentes. Os cilindros de células epiteliais estão associados à destruição tubular, com consequente estase urinária, em conjunto com ruptura do revestimento tubular. Logo, eles possuem significado clínico. Os cilindros céreos se associam à estase urinária extrema, como em casos de insuficiência renal crônica. - Cristais: A maioria dos cristais urinários não tem relevância clínica. As baixas temperaturas favorecem o surgimento de cristais, assim sendo, urinas que foram deixadas em temperatura ambiente por muito tempo ou refrigeradas apresentarão maior incidência de cristais do que urinas recentes. Urinas com alta densidade terão mais cristais do que urinas de baixa densidade. Além disso, o pH é um fator importante na formação dos cristais, sendo que compostos orgânicos e iatrogênicos tendem a cristalizar mais na presença de urina ácida, enquanto que sais inorgânicos apresentam menor solubilidade em urinas neutras e alcalinas. É importante ressaltar que os cristais anormais são encontrados apenas em urinas ácidas. Amostras não conservadas apresentam redução de glicose e cetonas. aumento de nitrito, devido à proliferação de bactérias redutoras de nitrato. ESTUDAR CRISTAIS PDF 10, PG 47. Os cristais associados à doença hepática grave são tirosina, leucina e bilirrubina.
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Em relação a infecção do trato urinário (ITU), como é dividida? quais os fatores de risco? como pode ser diagnosticada?
Quando afeta o trato urinário inferior, é conhecida como cistite (infecção na bexiga) e, quando afeta o trato urinário superior, é conhecida como pielonefrite (infecção nos rins). A principal causa de ITU é a bactéria Escherichia coli, embora outras bactérias ou fungos também possam causar a doença. Dentre os fatores de risco para ITUs, pode-se citar: ser do sexo feminino (devido à anatomia do trato urinário), principalmente se sexualmente ativa, portador diabetes, obesidade e histórico familiar da doença. A E. coli uropatogênica intestinal é a causa de 80 a 85% das ITUs, com Staphylococcus saprophyticus sendo a causa em 5 a 10%. Mais raramente, as ITUs podem ser causadas por infecções virais ou fúngicas. As infecções do trato urinário devidas ao Staphylococcus aureus geralmente ocorrem secundárias a infecções oriundas do sangue. O padrão ouro para detectar bacteriúria é uma urocultura que geralmente é combinada com o teste de suscetibilidade a antibióticos, antibiograma. A amostra utilizada para realização de urocultura deve ser colhida após assepsia adequada da região genital, ou, alternativamente, pode-se utilizar amostra de urina colhida por cateter ou por punção suprapúbica. Essa amostra pode ser mantida em temperatura ambiente por até 2 horas antes de ser processada. Os meios de cultura mais comumente utilizados para urocultura são o Ágar MacConkey e o Ágar CLED. A cultura de urina é considerada positiva se mostrar uma contagem de colônias bacterianas maior ou igual a 105 unidades formadoras de colônias por mL (100.000 UFC/mL). **Urina ácida ou muito diluída pode mascarar os resultados da urocultura. Pacientes com quadros de neutropenia ou imunocomprometimento podem não apresentar leucócitos na urina, mesmo em casos de infecções urinárias.
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Qual a diferença entre exsudado e transudato?
O exsudado ode se apresentar na forma de um líquido claro ou se assemelhar ao pus. Quando ocorre uma lesão na pele, o exsudato extravasa dos vasos sanguíneos para os tecidos adjacentes. Este líquido é composto por soro, leucócitos e fibrina e pode ser liberado a partir lesões ou ainda de regiões com algum tipo de infecção ou inflamação. O transudato é um fluido extravascular que apresenta baixo teor proteico, baixa gravidade específica e baixa contagem de células nucleadas. Os principais tipos celulares presentes são células mononucleares: macrófagos, linfócitos e células mesoteliais. O transudato resulta do aumento da pressão hidrostática ou da diminuição da pressão oncótica no plasma. Logo, um transudato pode ser considerado como um ultrafiltrado do plasma sanguíneo. Resumindo: Os transudatos acontecem devido a distúrbios da pressão hidrostática ou da pressão oncótica, mas não por processos inflamatórios. Além disso, os transudatos apresentam um baixo teor proteico em comparação com exsudatos e, consequentemente, são mais claros. A diferenciação laboratorial entre transudatos e exsudatos é realizada por meio da determinação da gravidade específica do fluido, que se relaciona com o conteúdo proteico da amostra. Os níveis de lactato desidrogenase (LDH) ou o teste de Rivalta também podem ser empregados na diferenciação entre transudatos e exsudatos.
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Um parasita é um organismo que vive em um organismo hospedeiro e se nutre às custas dele. Existem três classes principais de parasitas que podem causar doenças em humanos: protozoários, helmintos e ectoparasitas. Quais as principais parasitoses causadas por protozoários?
Os protozoários são organismos microscópicos unicelulares que podem ter vida livre ou natureza parasitária. A transmissão de protozoários que vivem no intestino de uma pessoa para outra geralmente ocorre por uma via fecal-oral (como comida ou água contaminadas com fezes). Os protozoários que vivem no sangue ou tecido humano são transmitidos a outros seres humanos por um vetor artrópode (como através da picada de um mosquito ou mosca). ■ Doença de Chagas - Trypanosoma cruzi Os tripomastigotas de T. cruzi são o único estágio encontrado circulando no sangue humano ou LCR. No tecido, o parasita forma amastigotas. Os amastigotas de T. cruzi são morfologicamente indistinguíveis dos de Leishmania spp. A forma epimastigota não é observada em humanos, mas pode ser encontrada no intestino médio dos triatomíneos que ingeriram tripomastigotas de um hospedeiro infectado. As espécies comuns de vetores para tripanossomíase são insetos triatomíneos. A doença também pode ser transmitida através de transfusão de sangue, transplante de órgãos, ingestão de alimentos contaminados com os parasitas e transmissão vertical (da mãe para o feto). A invasão amastigota do músculo liso pode levar a megaesôfago, megacólon e cardiomiopatia dilatada. ■ Leishmanioses - Leishmania spp. A leishmaniose é uma doença causada por protozoários intracelulares obrigatórios do gênero Leishmania e transmitida por flebotomíneos. A forma promastigota metacíclica é encontrada no intestino médio dos hospedeiros intermediários flebotomíneos e a forma amastigota é encontrada nos macrófagos do hospedeiro mamífero. As diferentes espécies não são distinguíveis morfologicamente, mas é possível realizar a diferenciação através de análise de isoenzimas, técnicas moleculares ou anticorpos monoclonais. Os hospedeiros de Leishmania são mamíferos e os vetores da leishmaniose são fêmeas de mosquitos flebotomíneos. Promastigotas não são encontrados no tecido humano; esse estágio ocorre no intestino médio dos hospedeiros intermediários flebotomíneos. As infecções podem resultar em duas formas principais de doença, leishmaniose cutânea (ou tegumentar) e leishmaniose visceral (calazar). A leishmaniose cutânea (ou tegumentar) é caracterizada por uma ou mais lesões cutâneas que podem mudar de tamanho e aparência ao longo do tempo. Essas lesões têm a aparência de um vulcão, com uma borda elevada e uma cratera central, podendo ou não ser cobertas por crostas. As feridas podem ser indolores ou dolorosas. Algumas pessoas apresentam linfonodomegalia em regiões próximas das feridas. As pessoas com leishmaniose visceral geralmente apresentam febre, perda de peso, esplenomegalia e linfonodomegalia. Os pacientes podem apresentar pancitopenia (anemia, leucopenia e trombocitopenia). * teste intradérmico de Montenegro ** tratamento: Glucantime ■ Giardíase - Giardia lamblia Giardia lamblia é um protozoário flagelado. Os cistos maduros apresentam quatro núcleos, e os cistos imaturos apresentam apenas dois. Os trofozoítos de G. lamblia têm formato de pera e em amostras coradas, 2 núcleos grandes são geralmente visíveis. Os discos de sucção (usados para anexar ao epitélio da mucosa do hospedeiro), corpos medianos e flagelos (8) também podem ser vistos. Os sintomas incluem diarreia, dor abdominal, inchaço, náusea e vômito, além de má absorção. Transmissão fecal-oral. ■ Tricomoníase - Trichomonas vaginalis Trichomonas vaginalis é o protozoário patogênico mais comum em humanos nos países industrializados. Os trofozoítos de Trichomonas vaginalis são flagelados (5). Geralmente, infecção por T. vaginalis em mulheres é sintomática. O principal sintoma é a vaginite com secreção purulenta, que pode ser acompanhada por lesões na vulva e cérvix e dor abdominal. A infecção é frequentemente assintomática em homens. Existe transmissão venérea e vertical. ■ Amebíase - Entamoeba sp. Várias espécies de protozoários do gênero Entamoeba colonizam seres humanos, mas nem todas estão associadas a doenças. Entamoeba histolytica é uma ameba reconhecidamente patogênica, que se associa tanto a infecções intestinais quanto a infecções extraintestinais. Em eu interior pode ser observado eritrócitos internalizados (eritrofagocitose) e possuem 4 núcleos. • Entamoeba com cistos contendo oito núcleos, também chamada grupo coli. • Entamoeba de cistos com quatro núcleos, também chamada grupo hystolytica. A maioria das infecções restritas ao lúmen do intestino (amebíase luminal) é assintomática. A colite amebiana, ou amebíase intestinal invasiva, ocorre quando a mucosa é invadida. Os sintomas incluem disenteria grave e complicações associadas. Infecções crônicas graves podem levar a complicações adicionais, como peritonite, perfurações e formação de granulomas amebianos (ameboma). A infecção é transmitida pela ingestão da forma de cisto de Entamoeba histolytica (oral-fecal). ■ Toxoplasmose - Toxoplasma gondii O hospedeiro definitivo é o gato. O homem e outras espécies animais podem ser hospedeiros intermediários. A infecção por T. gondii em pessoas imunocompetentes é geralmente assintomática. O curso clínico é geralmente benigno e autolimitado; os sintomas geralmente desaparecem dentro de algumas semanas a meses. Pacientes imunodeficientes geralmente apresentam comprometimento do sistema nervoso central, podendo também apresentar retinocoroidite, pneumonite ou outra doença sistêmica. A toxoplasmose congênita resulta de uma infecção primária aguda adquirida pela mãe durante a gravidez (infecções congênitas graves com sequelas e natimortos). A incidência e a gravidade da toxoplasmose congênita variam com o trimestre gestacional em que a infecção foi adquirida e com o tratamento da mãe pode reduzir a incidência de infecção congênita e sequelas no bebê. Muitos bebês com infecção subclínica ao nascer desenvolvem subsequentemente sinais ou sintomas de toxoplasmose congênita. Demonstração do parasita na forma de taquizoíto em esfregaços de líquido amniótico, líquor ou lavado brônquio-alveolar corados pelo método de Giemsa. A doença é atualmente considerada incurável e o tratamento só é recomendado em casos agudos sintomáticos, de gestantes em fase aguda, toxoplasmose ocular ativa e em indivíduos imunocomprometidos com a doença sintomática. **Os trofozoítos de amebas são encontrados em fezes diarreicas, enquanto os cistos são encontrados em fezes formadas. ■ Criptosporidiose - Cryptosporidium spp. Cryptosporidium parvum (bovino - o gado é hospedeiro) e C. hominis (humano) são as principais causas de criptosporidiose humana. Os meios de contágio são: Ingestão ou inalação de oocistos presentes na água ou alimentos contaminados; autoinfecção. Tratamento sintomático para aliviar sintomas da diarreia e desidratação. ■ Malária - Plasmodium sp Hemoparasitas do gênero Plasmodium. São considerados os hospedeiros do Plasmodium os seres humanos e os mosquitos anofelinos, que também são os vetores do parasita. Os sintomas mais frequentes incluem febre e calafrios, que podem ser acompanhados de dor de cabeça, mialgias, artralgias, fraqueza, vômito e diarreia. As infecções causadas por P. falciparum têm maior probabilidade de evoluir para formas graves e potencialmente fatais, com envolvimento do sistema nervoso central (malária cerebral), insuficiência renal aguda, anemia grave ou síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA). As complicações da malária por P. vivax incluem esplenomegalia (que raramente evolui para ruptura esplênica), e as de P. malariae incluem síndrome nefrótica. Há medicamentos disponíveis para prevenção da malária para pessoas que viajam para áreas endêmicas. O diagnóstico clínico consiste em investigar se o paciente viajou ou mora em alguma região endêmica. O paciente pode apresentar anemia e esplenomegalia. Os exames parasitológicos visam à identificação das diferentes espécies do parasita no sangue, através de um esfregaço sanguíneo. O padrão-ouro para o diagnóstico de malária é o exame em gota espessa corado por Giemsa, mas esta técnica tem a desvantagem de dificultar a identificação da espécie de Plasmodium. Alternativamente, pode-se realizar um esfregaço sanguíneo em camada delgada, que deve ser fino e uniforme e corado por Giemsa ou Leishman. Para a aplicação desta técnica, deve-se colher o sangue durante ou logo após o acesso malárico. O tratamento recomendado para a malária é uma combinação de medicamentos antimaláricos, incluindo uma artemisinina. O segundo medicamento pode ser mefloquina, lumefantrina ou sulfadoxina/pirimetamina. Quinina pode ser usada juntamente com doxiciclina se uma artemisinina não estiver disponível.
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Um parasita é um organismo que vive em um organismo hospedeiro e se nutre às custas dele. Existem três classes principais de parasitas que podem causar doenças em humanos: protozoários, helmintos e ectoparasitas. Quais as principais parasitoses causadas por helmintos?
Helmintos são grandes organismos multicelulares que geralmente são visíveis a olho nu na fase adulta. Como os protozoários, os helmintos podem ser de vida livre ou de natureza parasitária. Na sua forma adulta, os helmintos não podem se multiplicar nos seres humanos. Existem três filos principais de helmintos que são parasitas humanos: ■ Platelmintos (Filo Platyhelminthes): incluem os trematódeos (como o Schistosoma) e os cestoides (como as Taenias); ■ Acantocéfalos (Filo Acanthocephala): as formas adultas de helmintos residem no trato gastrointestinal (Moniliformis). Acredita-se que os acantocéfalos sejam intermediários entre os cestoides e os nematódeos. As infecções humanas por parasitas do filo Acanthocephala são raras. ■ Nematódeos (Filo Nematoda): as formas adultas desses helmintos podem residir no trato gastrointestinal, no sangue, no sistema linfático ou nos tecidos subcutâneos (Ex: Ascaris). Os estados imaturos (larvais) também podem causar doenças através da infecção de vários tecidos do corpo. Alguns autores consideram que os helmintos também incluem os segmentados (anelídeos), contudo, os únicos que apresentam relevância clínica são as sanguessugas. Deve-se ressaltar, no entanto, que estes organismos não são normalmente considerados parasitas. • Esquistossomose - Schistosoma mansoni: Ao contrário de outros trematódeos, que são hermafroditos, Schistosoma spp. são dióicos (indivíduos de sexos separados). Apesar da variedade de espécies existentes dentro do gênero Schistosoma, o S. mansoni é a única espécie encontrada no Brasil. Hospedeiros intermediários são caramujos dos gêneros Biomphalaria (caramujo). Os sintomas da esquistossomose não são causados pelos próprios vermes, mas pela reação do organismo aos ovos. A doença é transmitida pelo contato com água doce contaminada com cercárias de Schistosoma sp. • Fasciolíase - Fasciola hepatica: Os trematódeos Fasciola hepatica e Fasciola gigantica são grandes helmintos hepáticos, encontrados principalmente em ruminantes domésticos e selvagens (seu principal hospedeiro definitivo), mas também são agentes causais da fasciolíase em humanos. Os vermes adultos residem nos ductos biliares do fígado no hospedeiro definitivo. Penetra caracol e libera a cercaria também é a transmissão ocorre através da ingestão de metacercárias presentes na água e verduras contaminadas. • Teníase e cisticercose - Taenia sp. Os agentes etiológicos da teníase são os cestoides Taenia saginata (tênia bovina) e T. solium (tênia suína). A característica mais importante da teníase causada por Taenia solium é o risco de desenvolvimento de cisticercose. A cisticercose é uma infecção tecidual parasitária causada pela forma larval de Taenia solium através da ingestão acidental de ovos viáveis de Taenia solium (como se fosse o hospeiro intermediário). Essas larvas podem infectar o cérebro, músculo, olhos ou outro tecido e são uma das principais causas de convulsões em adultos de países subdesenvolvidos. • Himenolepíase - Hymenolepis nana A himenolepíase é causada pelo cestoide Hymenolepis nana e sua transmissão ocorre pela via fecal-oral ou por ingestão acidental de um inseto contendo larvas cisticercoides do parasito. A oncosfera tem seis ganchos. • Ascaridíase - Ascaris lumbricoides: Conhecidos popularmente como lombrigas. Embora infecções maciças em crianças possam causar prejuízo no crescimento devido à desnutrição, os vermes adultos geralmente não causam sintomas agudos. Uma alta parasitemia pode causar dor abdominal e obstrução intestinal, e potencial perfuração em infecções de intensidade muito alta. A migração de vermes adultos pode causar oclusão sintomática do trato biliar, apendicite ou expulsão nasofaríngea. Os ovos férteis e inférteis de Ascaris lumbricoides são eliminados nas fezes do hospedeiro infectado. Os ovos férteis são arredondados e possuem uma casca grossa com uma membrana externa mamilomada que é frequentemente corada de marrom pela bile. • Enterobíase - Enterobius vermicularis Conhecido como oxiúro, os seres humanos são considerados o único hospedeiro. Os machos adultos têm uma cauda fortemente curvada; as fêmeas possuem uma cauda longa e pontiaguda. Em ambos os sexos, existem expansões cefálicas. A enterobíase é frequentemente assintomática. O sintoma mais típico é o prurido perianal, principalmente à noite, o que pode levar a escoriações e infecções bacterianas. O contágio acontece pela infecção de ovos de Enterobius vermicularis presentes na poeira ou nos alimentos. A enterobíase pode ser diagnosticada pelo método da fita adesiva ou método de Graham, com posterior análise ao microscópio, especialmente pela manhã, antes da primeira evacuação do paciente. Os ovos de Enterobius vermicularis alongados a ovais e ligeiramente achatados em um lado. Eles costumam ser parcialmente embrionados quando eliminados. • Estrongiloidíase - Strongyloides stercoralis (larvas filarióides) A estrongiloidíase é transmitida através da penetração direta da pele humana por larvas infectantes. O sinal inicial de estrongiloidíase aguda, quando presente, é uma erupção cutânea eritematosa prurítica localizada no local da penetração da pele. Os pacientes podem desenvolver irritação traqueal e tosse seca à medida que as larvas migram dos pulmões para a traqueia. Depois que as larvas são engolidas pelo trato gastrointestinal, os pacientes podem apresentar diarreia, constipação, dor abdominal e anorexia. A migração subcutânea de larvas filarioides no ciclo autoinfeccioso, ou "larva currens", apresentase como uma erupção maculopapular ou urticariforme serpiginosa recorrente ao longo das nádegas, períneo e coxas devido à autoinfecção repetida. As larvas rabditoides podem ser encontradas nas fezes, pois os ovos se embrionam e eclodem na mucosa do intestino delgado do hospedeiro. • Ancilostomíase - Ancilostomídeos (Ancylostoma duodenale e Necator americanus) O contagio acontece atraves de Infecção intestinal causada principalmente pelos nematodas Ancylostoma duodenale, Necator americanus. As larvas filarioides destes agentes são capazes de penetrar a pele. O A. duodenale é capaz de infectar o hospedeiro pelas vias oral ou transcutânea. O N. americanus infecta mais comumente por via oral. As infecções intestinais por ancilostomídeos são geralmente assintomáticas. Contudo, a ligação dos vermes à parede intestinal pode estimular dor abdominal, náusea e anorexia. A anemia por deficiência de ferro causada pela perda de sangue no local da inserção intestinal de vermes adultos pode ocorrer em infecções mais graves, alem de sangue oculto nas fezes. Os ovos de Ancylostoma e Necator não podem ser diferenciados microscopicamente. • Tricuríase - Trichuris trichiura Os machos adultos de Trichuris trichiura têm extremidade posterior enrolada e as fêmeas adultas têm uma extremidade posterior reta. Ambos os sexos têm uma extremidade anterior longa, semelhante a um chicote. Frequentemente assintomático. A doença geralmente se dissemina quando as pessoas ingerem alimentos ou água que contém os ovos de helmintos Trichuris trichiura. Os ovos de Trichuris trichiura têm forma de barril, com casca grossa, possuem opérculos em ambas as extremidades e são desembrionados quando eliminados nas fezes. • Filariose linfática - Wuchereria bancrofti Também chamada de elefantíase e a transmissão se dá unicamente pela transmissão de larvas infectantes através da picada do inseto vetor (Culex quinquefasciatus) contaminado (larva L3). Enquanto manifestações graves não se desenvolvem na maioria das infecções, a filariose linfática é uma doença que tem o potencial de ser altamente desfiguradora e incapacitante. A característica clínica mais proeminente é o desenvolvimento de linfedema grave dos membros (elefantíase) e ocasionalmente da genitália (hidrocele) devido à disfunção dos vasos linfáticos. Diagnóstico: Pesquisa de microfilárias no sangue periférico, preferencialmente colhido durante o período noturno, e emprego da técnica de gota espessa.
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Um parasita é um organismo que vive em um organismo hospedeiro e se nutre às custas dele. Existem três classes principais de parasitas que podem causar doenças em humanos: protozoários, helmintos e ectoparasitas. Quais as principais parasitoses causadas por ectoparasitas?
O termo ectoparasita se refere a organismos como carrapatos, pulgas, piolhos e ácaros que se ligam ou penetram na pele e permanecem no local por períodos relativamente longos. ■ Escabiose humana (sarna) - Sarcoptes scabiei Os ácaros penetram na camada superior da pele, mas não abaixo do estrato córneo. As lesões aparecem como pequenas linhas elevadas em forma de serpentina. Se uma pessoa já teve escabiose antes, ela se sensibilizou a ácaros e os sintomas geralmente ocorrem muito mais cedo. Os ácaros que se enterram sob a pele causam erupções cutâneas e o sintoma mais comum da escabiose é o prurido intenso, especialmente à noite e frequentemente em grande parte do corpo. Uma forma mais grave de escabiose, mais comum entre as pessoas imunocomprometidas ou idosas, é a escabiose crostosa (sarna norueguesa). As complicações devidas à infestação geralmente são causadas por infecções bacterianas secundárias. A escabiose é mais frequentemente transmitida durante longos períodos de contato direto da pele com uma pessoa infectada (pelo menos 10 minutos), como na convivência ou durante uma relação sexual. Diagnóstico: Aderência de fita gomada sobre as crostas e posterior análise ao microscópio. ■ Ftiríase - Pthirus pubis ão achatados dorsoventralmente, sendo muito mais amplos em comparação aos piolhos da cabeça e do corpo. O segundo e terceiro par pernas têm grandes garras modificadas com projeções em forma de polegar, usadas para agarrar as hastes dos pelos. As ninfas se assemelham aos adultos, mas são menores. Existem três estágios ninfais no ciclo de vida de P. pubis. Adultos e ninfas precisam de sangue humano para sobreviver e são encontrados apenas no hospedeiro humano. Embora sejam mais comumente encontrados nas regiões pubiana e perianal, também podem ser encontrados nas axilas, bigodes e pelos do peito. A maioria dos casos de infestações é assintomática. Quando há sintomas, eles incluem uma sensação de cócegas (algo se movendo nos pelos), coceira (reação alérgica à saliva do piolho) e irritação. São transmitidos por contato sexual. Ovo - ninfa - adulto. ■ Pediculose - Pediculus humanus Piolho humano de cabeça e corpo. Ovo - ninfa - adulto. Na ocorrência de sintomas, eles podem incluir uma sensação de cócegas, coceira e irritação. A infecção bacteriana secundária pode ser uma complicação. Os piolhos do corpo podem servir como vetores para Rickettsia prowazekii (tifo epidêmico), Bartonella quintana (febre das trincheiras) e Borrelia recurrentis (febre recorrente transmitida por piolhos). O Pediculus pode ser distinguido dos piolhos púbicos (Pthirus pubis) por serem mais compridos do que largos. ■ Tungíase - Tunga penetrans O agente causador da tungíase é a pulga Tunga penetrans, popularmente conhecida como bichode-pé. O processo de escavação inicial pelas fêmeas grávidas geralmente é indolor. É caracterizada por um ponto preto no centro de uma lesão vermelha inchada, cercada por um halo branco. Sintomas como prurido e irritação geralmente começam a surgir à medida que as fêmeas se desenvolvem para o estado ingurgitado. A inflamação e a ulceração podem se tornar graves. Infecções bacterianas secundárias, incluindo tétano e gangrena, podem coocorrer com a tungíase. A doença é autolimitada, pelo menos quando a exposição não é constante, e o manejo é restrito à remoção do parasita. Para evitar infecções secundárias, recomenda-se a aplicação de um antimicrobiano de uso tópico após a extração da(s) pulga(s).
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O exame parasitológico de fezes (EPF) é um exame barato, de fácil execução e não invasivo. Fezes frescas (sem conservantes) devem ser entregues ao laboratório imediatamente após a evacuação. Alternativamente, as fezes podem ser conservadas a uma temperatura de 5°C a 10°C, ou pela adição de alguma substância conservante. Os conservantes mais utilizados são...
As fezes devem ser homogeneizadas com o conservante, na proporção de 1 parte de fezes para 3 partes de conservante. • Formol (formalina) 10%: conservação de ovos ou larvas de helmintos e cistos e oocistos de protozoários por mais de um mês; • MIF (mertiolato ou mercurocromo, iodo e formol): conservação de ovos e larvas de helmintos, cistos e oocistos de protozoários; • SAF (acetato de sódio, ácido acético e formol): conservação e coloração de cistos e trofozoítos em fezes formadas ou diarreicas (usado para diagnóstico de amebas e Giardia pelo método da hematoxilina férrica). *Não é possível conservar trofozoítos de Giardia e ameba em formol ou MIF. O conservante indicado para estes parasitas é o SAF. **O SAF substitui o fixador Schaudinn (bicloreto de mercúrio), que apesar de poder ser usado para conservação da amostra de fezes para realização do método de hematoxilina férrica e diagnóstico de amebas e Giardia, é extremamente tóxico e seu uso deve ser evitado.
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Uma forma de aumentar a sensibilidade do EPF é a partir da realização de coletas de amostras múltiplas, geralmente realizadas em 3 dias alternados. Em relação à fase analítica do EPF, ela pode ser realizada por vários métodos de EPF, a depender da suspeita clínica, por isso é importante que o médico especifique no pedido de qual parasita que ele está suspeitando. No exame macroscópico das fezes (realizado com fezes frescas), o analista deve observar a consistência das fezes, o odor e a presença de elementos anormais (sangue, muco, vermes ou partes de vermes). Já o exame microscópico é utilizado para identificação de ovos ou larvas de helmintos; ou cistos, trofozoítos ou oocistos de protozoários. Nos métodos quantitativos realiza-se a contagem dos ovos nas fezes, para estimar o nível de parasitemia (ex: método de Kato-Katz, melhor diagnóstico parasitológico para concentração de ovos de helmintos). Por outro lado, os métodos qualitativos (mais utilizados) são empregados apenas na detecção das formas parasitárias, sem quantificá-las. Os método mais utilizado no laboratório clínico é o de sedimentação espontânea (Hoffman, Pons e Janer ou método de Lutz), pois se trata de um método de execução simples (Sedimentação espontânea). - Método de MIFC: centrifugação da amostra. Na fase pós-analítica do EPF algumas observações devem ser levadas em consideração para elaboração do laudo. Todos os parasitas visualizados, patogênicos ou não, devem ser relatados através do seu nome científico (gênero e espécie, se possível), assim como as formas parasitárias (ovo, larva, cisto, trofozoíto, oocisto, verme adulto). Também deve-se relatar a consistência das fezes e os métodos utilizados nas fases pré-analítica e analítica. ** o método da fita gomada (Graham) é usado para detectar ovos de E. vermicularis e Taenia sp, cujos ovos são raramente encontrados nas fezes, mas frequentemente na região perianal. A coleta deve ser realizada pela manhã antes de se realizar assepsia na região perianal ou evacuar.
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O que é o exame parasitológico de sangue e como pode ser realizado?
O exame parasitológico de sangue pode ser utilizado para diagnosticar doenças causadas por hemoparasitas em sua fase aguda, como a doença de Chagas, a malária e a filariose linfática. Esse tipo de exame consiste, basicamente, em analisar ao microscópio uma gota de sangue do paciente que foi colocada sobre uma lâmina. A partir da amostra de sangue coletada pode-se realizar a busca pelo parasita vivo (método direto) ou fixado e corado, a partir da análise de um esfregado delgado, também chamado de "gota estirada", ou um esfregaço espesso, também chamado de "gota espessa". ■ Método direto O exame direto ou a fresco permite a visualização dos parasitas vivos em movimento. Ele é realizado a partir de uma gota de sangue que é espalhada em uma lâmina, que é coberta por uma lamínula e depois analisada ao microscópio. Este processo deve ser feito rapidamente, antes que a coagulação ocorra. Se for preciso retardar o processo de coagulação, pode-se adicionar uma ou duas gotas de solução salina ao sangue. ■ Esfregaços Para a realização do exame parasitológico de sangue pode-se confeccionar dois tipos de esfregaços, o esfregaço em camada delgada (identificar a forma e espécie de vários hemoparasitas, pois é possível a visualização de forma nítida) e o esfregaço em gota espessa (é mais fácil detectar os parasitas, mas a identificação da espécie é mais difícil. ).
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Além dos exames parasitológicos, as amostras de fezes também podem ser utilizadas para avaliação dos chamados índices coprológicos. O que são esses índices? De exemplos.
São exames destinados a investigar situações de saúde geralmente relacionadas com o sistema digestivo. Durante os 3 dias que antecedem a coleta da amostra deve-se evitar o uso de produtos como laxantes, supositórios, antiácidos, talco, entre outros. • Gordura fecal O teste de dosagem de gordura fecal determina a quantidade de gordura em uma amostra de fezes. Trata-se de um teste diagnóstico para condições que cursam com má absorção de gordura (como insuficiência pancreática ou doença de Whipple) e, consequentemente, levam ao excesso de gordura nas fezes (esteatorreia). • Sangue oculto Normalmente, o sangue é eliminado em pequenas quantidades que só podem ser detectadas por meio de reações químicas usadas nos testes laboratoriais para detecção de sangue oculto nas fezes. Existem dois métodos principais para detecção de sangue oculto nas fezes, que são projetados para detectar a hemoglobina. Cada um dos dois tipos de métodos (método imunoquímico e método de guaiaco) tem como alvo uma parte diferente da molécula de hemoglobina. Nos casos de testes positivos, exames adicionais podem ser necessários para determinar a origem do sangramento, uma vez que o teste de sangue oculto nas fezes só pode detectar a presença ou ausência de sangue, sem conseguir determinar o que está causando o sangramento. Um dos testes que pode ser solicitado para melhor examinar o cólon é a colonoscopia. * Os leucócitos não são normalmente encontrados nas fezes na ausência de infecção ou outros processos inflamatórios. Logo, a leucocitose fecal é uma resposta à infecção por microrganismos que invadem o tecido ou produzem toxinas. O teste é realizado a partir de exame microscópico direto após coloração por lugol. Quanto maior o número de leucócitos fecais, maior a probabilidade de que um patógeno invasivo como Salmonella ou Shigella esteja presente.