127 - Hemoglobinopatias Flashcards

1
Q

Quais os distúrbios genéticos mais comuns do mundo?

A

As Talassémias, com quase 200 milhões de afetados mundialmente.

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2
Q

Qual a hemoglobinopatia estrutural mais comum?

A

Drepanocitose.

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3
Q

4 manifestações clínicas das hemoglobinopatias?

A

1 - Anemia Hemolítica
2 - Eritrocitose
3 - Cianose
4 - Complicações vaso-oclusivas

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4
Q

O que são hemoglobinopatias?

A

Distúrbios que afetam ESTRUTURA, FUNÇÃO ou PRODUÇÃO da Hb.

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5
Q

Qual a composição das diversas hemoglobinas - i.e., HbA, HbA2, HbF?

A

HbA: α2β2 (alfa e beta, os maiores, logo têm de ser dos adultos)*
HbF: α2γ2 (cadeia gama, no alfabeto o G vem mesmo antes do F)*
HbA2: α2δ2 (delta, que é o que sobra)*

*Pseudo-mnemónicas!

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6
Q

Qual a estrutura da hemoglobina? Qual a composição do grupo heme?

A

1 Hb = 4 globulinas

Cada globulina tem um grupo heme, composto de um anel de protoporfirina IX e de uma molécula de ferro FERROSO (Fe2+).

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7
Q

Onde se localizam os genes das globulinas α e β? E quandos aminoácidos as compõem?

A

A globulina α tem dois loci no cromossoma 16 (141 aa).

A globulina β tem um loci no cromossoma 11 (146 aa).

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8
Q

Quais são as propriedades da molécula de hemoglobina mais afetadas nas hemoglobinopatias?

A

1) A sua solubilidade*
2) A ligação reversível de O2

O tetrâmero de Hb é altamente SOLÚVEL (!!!), sendo que cadeias de globulina individuais são insolúveis - se não pareadas, precipitam e lesam a células, podendo mesmo causar apoptose.

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9
Q

O que é o efeito de Bohr?

A

É a capacidade da Hb de libertar mais O2 para os tecidos em pH baixo* (iões H+ têm ação estabilizadora sobre desoxiglobina).

*Lógica da batata: se um tecido for metabolicamente muito ativo (e portanto, produz mais CO2 com pH mais baixo), existe uma maior necessidade de aporte de O2, ou seja, a Hb terá que ter MENOR afinidade pelo O2.

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10
Q

Quais a diferença entre as HbA e HbF na sua afinidade pelo 2,3-PBG?

A

HbA tem uma afinidade razoavelmente ALTA pelo 2,3-PBG.

HbF NÃO SE LIGA ao 2,3-PBG, logo tem MAIOR afinidade por O2.

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11
Q

Qual é o efeito de 2,3-PBG na sua ligação à hemoglobina?

A

2,3-PBG é a principal molécula que altera a afinidade da Hb pelo O2, diminuido-a.

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12
Q

Como se manifesta a expansão maciça da MO na β-talassémia (dizer 2)?

A

1) Hiperplasia medular do maxilar e do osso frontal (face de esquilo típica nas crianças)
2) Invasão cortical do osso com atraso acentuado do crescimento, o que leva a adelgaçamento e fraturas patológicas dos ossos longos e vértebras.

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13
Q

4 consequências do recrutamento de recursos calóricos para sustentar eritropoiese?

A

1 - Inanição
2 - Suscetibilidade a infeções
3 - Disfunção endócrina
4 - Morte na 1ª década de vida (casos graves)

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14
Q

4 consequências de transfusões crónicas de GV em doentes com β-talassémia:

A

1 - Melhoram aporte de O2
2 - Surprimem eritropoiese ineficaz excessiva
3 - Prolongam sobrevida

MAS!
4 - Existem EAs inevitáveis como a SOBRECARGA DE FERRO, fatal pelos 30 anos de idade.

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15
Q

3 causas de aumento da afinidade da Hb ao O2 (deslocamento ESQUERDO da curva de dissociação):

A

1 - ↓ CO2 (↑ pH)
2 - ↓ 2,3-BPG
3 - ↓ Temperatura

Outras: Methemoglobina, Hb Yakima, intoxicação CO.

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16
Q

3 causas de diminuição da afinidade da Hb ao O2 (deslocamento DIREITO da curva de dissociação):

A

1 - ↑ CO2 (↓ pH)
2 - ↑ 2,3-BPG
3 - ↑ Temperatura

Outras: Hb Kansas

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17
Q

A partir de que IG passa o feto a produzir Hb adulta?

A

A partir das 38 semanas, a produção de Hb pelo feto é quase exclusivamente do tipo adulto.

*A síntese da HbF inicia por volta das 10/11 semanas IG.

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18
Q

Fetos e RN necessitam de que tipo de globina?

A

De α-globina, mas não de β!

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19
Q

Qual é o fator de transcrição que tem papel importante na transição de HbF para HbA? Isto tem importância em termos de abordagem terapêutica?

A

Fator Bcl11a.

A prevenção ou reversão parcial deste switch pode ser uma estratégia eficaz nas Hbpatias das cadeias β.

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20
Q

É possível manter a produção de HbF na vida pós-natal? Se sim, porque mecanismo?

A

É, em pequenas quantidades!
Existem precursores eritroides imaturos comprometidos ( BFU-e) que são clones de GV - as células F, que mantêm esta capacidade de produção.

O recrutamento destas células ocorre especialmente em caso de stresses eritroides profundos.

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21
Q

3 stresses eritróides marcantes:

A

1 - Anemias hemolíticas GRAVES
2 - Transplante de MO
3 - QT por carcinoma

Outras: Anemia falciforme, Talassémia α/Síndrome de talassémia β, Persistência Hereditária de Hb Fetal (PHHF), Displasia medular

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22
Q

Que sugere esta tríade?

Talassémia α + deficiência mental + mielodisplasia

A

Mutações na via ATRX.

Mnemónica: O macho α (α-globina) de 16 anos (cromossoma 16), tem 4 fêmeas (4 loci) atrás dele porque tem ATRaXão fatal (via ATRX).

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23
Q

Qual é a função de PEHA (proteína estabilizadora da α Hb)?

A

Permite o folding e a solubilidade da globina α.
De outra forma, esta desnatura com facilidade e forma precipitados insolúveis.

A variação de PEHA em termos de quantidade e/ou funcionalidade pode explicar variabilidade clínica em sujeitos com mutações talassémicas hereditárias idênticas.

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24
Q

Em que consistem as Hbpatias estruturais? Que subgrupos existem?

A

Consistem em mutações que alteram a sequência de aminoácidos, com alteração das propriedades físicas/químicas e consequente disfunção da Hb.

a. Polimerização anormal: HbS - síndrome falciforme
b. Alteração da afinidade pelo O2
c. Hb que oxidam rapidamente/alteração da solubilidade
i. Hb instáveis
ii. Methemoglobinémia hereditária

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25
Q

Em que consistem as talassémias? Que subgrupos existem?

A

Comprometimento na produção ou tradução do mRNA das globinas, com biossíntese deficiente das mesmas.

Talassemias α e β.

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26
Q

O que são variantes talassémias?

A

Subgrupo de Hbpatias que apresenta caraterísticas comuns às talassémias e às Hbpatias estruturais.

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27
Q

Onde são as Hbpatias mais comuns? Porque motivo?

A

São comuns onde a malária é endémica.
Isto reflete seleção natural por GVs anormais, uma vez que são inóspitos para os parasitas.

*Nota:
Crianças com α-talassémia são MAIS suscetíveis a P. vivax não letal, mas estão PROTEGIDAS contra P. falciparum, a forma mais letal.

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28
Q

Como é a hereditariedade das Hbpatias?

A

São traços autossómicos co-dominantes.

Isto significa que heterozigotos compostos que herdem um alelo mutante diferente de cada progenitor exibe caraterísticas de ambos (p.e, β-talassémia falciforme).

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29
Q

Em que tipo de Hbs interferem mutações da cadeia α? E da cadeia β?

A

Mutações da cadeia α interefem na formação de HbF, HbA e HbA2.

Mutações da cadeia β interferem na formação de HbA.

Nota:

  • HbF:α2γ2
  • HbA: α2β2
  • HbA2: α2δ2
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30
Q

Quando é que alterações da cadeia α se tornam sintomáticas? E da cadeia β?

A

Alterações da cadeia α são sintomáticas in utero e no período pós-natal (!!).

Alterações da cadeia β tornam-se sintomáticas apenas a partir dos 3-9 meses, quando a HbA substitui em grande parte da HbF.

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31
Q

Quais são os exames que permitem a deteção e caraterização de Hbpatias?

Qual é a nova técnica que tem cada vez mais uso e porquê?

A

Técnicas eletroforéticas.

  • pH de 8.6 em acetato de celulose (triagem inicial)
  • pH de 6.1 em agar (deteta outras variantes de Hb)

A espetroscopia de massa tem vindo a substituir a eletroforese porque existem variantes eletroforeticamente silenciosas.

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32
Q

Além da eletroforese, que outros testes existem para as Hbpatias?

A

Técnicas de quantifcação do perfil de Hb e testes específicos.

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33
Q

Que informação nos podem dar as técnicas de quantificação de perfil de Hb?
Em que situações podem ser úteis?

A

↑ HbA2: Traço talassémico β
↓ HbA2: Deficiência de Ferro
↑ HbF: PHHF, algumas síndromes talassémicas β, stress eritróide ou displasia medular

Outras situações em que pode ser necessária: traço falciforme, sindrómes talassémicas falciformes, doença da HbSC, monitorização da tx de exsanguineotransfusão para reduzir % de HbS circulant.

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34
Q

Quais são os testes específicos para avaliação da Hb e qual a sua utilidade?

A
Ensaios funcionais para falciformização, afinidade O2 ou solubilidade.
# Teste de solubilidade falciforme
# Precipitação em isopropanolol ou após aquecimento a 50ºC (Hb instáveis)
# Quantificação da P50 (pressão parcial de O2 para SatO2 Hb 50%)
# Determinação da % carboxihemoglobina e methemoglobina

Algumas variantes de Hbpatias podem co-migrar com HbA ou HbS, e nestes casos a avaliação eletroforética é considerada incompleta.

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35
Q

Qual é a anormalidade genética na síndrome falciforme?

Qual a sua consequência?

A

Mutação de um gene da globina β, com substituição do 6º a.a. de ácido glutâmico para valina (6Glu -> Val).

Isto faz com que haja uma polimerização reversível da Hb quando desoxigenada, com formação de rede de polímeros fibrosos (Gv adquire forma de foice - falciformização).
Os GVs tornam-se rígidos, desidratados (inluxo de Ca e extravasamento de K)e há aumento da viscosidade.

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36
Q

As alterações dos GVs na síndrome falciforme condicionam que tipo de fenómenos fisiopatológicos? Dizer 2.

A
  1. Vasoclusão microvascular - domina quadro clínico
    - Isquémia tecidular
    - Dor aguda
    - Lesão orgânica gradual (baço, SNC, articulações, osso, fígado, rins, pulmões)
  2. Destruição prematura dos GVs
    - Anemia
    - Icterícia
    - Litíase
    - Úlceras pernas
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37
Q

Qual a epidemiologia de HbS (USA)?

A

Em negros americanos:

  • 8% são heterozigotos
  • 1/400 são homozigotos
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38
Q

Manifestações clínicas da anemia falciforme (3 principais + outras). Qual é a mais comum?

A
  1. Anemia Hemolítica
  2. Granulocitose
  3. Crises Álgicas (a MAIS comum!)

Outras: microenfartes esplénicos repetidos, crise de sequestro esplénico, oclusão de vasos da retina, necrose papilar renal, necrose renal disseminada, isquémia óssea e articular, síndrome mão-pé, AVC, priapismo, úlceras crónicas das pernas.
+ Síndrome Torácica Aguda!

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39
Q

Caraterísticas da anemia hemolítica na anemia falciforme.

A
  • Ht 15-30%
  • Reticulose significativa!

Um aumento do Ht e diminuição da reticulose são benéficos, mesmo à custa de um aumento de viscosidade sanguínea (reticulócitos aderem aos vasos).

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40
Q

Como varia a granulocitose na anemia falciforme?

A

Flutua substancial e imprevisivelmente, durante e entre crises dolorosas, episódios infecciosos ou outras doenças.

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41
Q

O que são crises álgicas?

A

São a manifestação mais comum da anemia falciforme, causados pela vaso-oclusão em estruturas musculo-esqueléticas e tecido conjuntivo.

Episódios recorrentes e intermitentes de:

  • Dor aguda em qualquer parte do corpo
  • Hipersensibilidade
  • Febre
  • Taquicardia
  • Ansiedade

Podem durar de algumas horas a 2 semanas

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42
Q

Fatores desencadeantes de crises álgicas.

A
F-A-T-I-C-H-A
Febre
Exercício excessivo
Temperatura (alterações abruptas)
Infeção
Contraste (produtos hipertónicos)
Hipóxia
Ansiedade
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43
Q

Com que se relacionam as crises álgicas repetidas que exigem internamento?

A

As crises repetidas, quando >3/ano, correlacionam-se com ↓ da sobrevida no adulto.

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44
Q

Diferenças entre microenfartes esplénicos repetidos e crise de enfarte esplénico

A

Microenfartes esplénicos

  • Frequente 18-36 meses de vida
  • ↑ suscetibilidade a infeções (Pneumococos)

Crise de enfarte esplénico

  • Obstrução venosa aguda do baço
  • RARA no início da infância
  • Pode ser necessária esplenectomia ou transfusão de emergência
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45
Q

Necrose papilar renal vs Necrose renal disseminada

A

Necrose papilar renal
- SEMPRE acompanhada de isostenúria

Necrose renal disseminada

  • CAUSA TARDIA COMUM DE MORTE!
  • (IR em adultos)
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46
Q

Em que pode resultar a isquémia óssea e articular?

A
  • Necrose ASSÉTICA (++ cabeças do úmero ou fémur)
  • Artropatia crónica
  • Suscetibilidade a OSTEOMIELITE por Salmonella.
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47
Q

Porque ocorre a síndrome mão-pé?

A

Enfartes dolorosos repetidos dos dedos e dactilite.

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48
Q

Em que faixa etária são mais comuns os AVC na anemia falciforme?

A

Nas crianças! Um pequeno subgrupo sofre episódios repetidos.

Nos adultos é frequentemente hemorrágico.

49
Q

Qual é uma complicação frequente do priapismo?

A

Impotência sexual permanente.

50
Q

Porque ocorre a síndrome torácica aguda?

Quais são as afeções subjacentes mais comuns?

A

Falciformação in situ nos pulmões, com dor e disfunção pulmonar temporária.

Enfarte e pneumonia são as afeções mais comuns.

51
Q

Manifestações clínicas da síndrome torácica aguda.

A
  • Dor torácica
  • Taquipneia
  • Febre
  • Tosse
  • Dessaturação ARTERIAL O2 (se for muito grave, promove falciformização maciça).
52
Q

DDX síndrome torácica aguda

A
Pneumonia
Embolia Pulmonar
Enfarte e embolia da medula óssea
Isquémia do miocárdio
Enfarte pulmonar (in situ)
53
Q

O que ocorre com episódios repetidos de síndrome torácica aguda? Porquê?

A

↓ sobrevida!

As crises pulmonares crónicas/agudas levam a HTP e COR PULMONALE, que é uma CAUSA DE MORTE cada vez MAIS COMUM.

54
Q

Manifestações HbSC.

A

—- anemia hemolítica

+++ retinopatia e necrose asséticas dos ossos

55
Q

Manifestações clínicas do traço falciforme.

A

Geralmente é assintomático!

Anemia e crises álgicas são RARAS.
Hematúria indolor (raro mas muito típico), frequente em adolescentes do sexo masculino - consequência da necrose papilar.

56
Q

Qual é a tríade de suspeita de traço falciforme?

A

Anemia hemolítica + Morfologia GV + Episódios intermitentes de dor isquémica

57
Q

Qual a morfologia de GV em traço falciforme?

A

GV alongados e em forma de crescente; células alvo; GV nucleados.

58
Q

Como é confirmado o diagnóstico de traço falciforme?

A
  • Eletroforese Hb (!!!)
  • Testes de falciformização
  • Espectroscopia de massa
59
Q

5 fatores que aumentem a morbilidade e diminuam a sobrevida em doente com traço falciforme?

A

(1) 2º episódio torácico agudo; (2) > 3 crises álgicas/ano com necessidade de internamento; (3) História de sequestro esplénico; (4) Neutrofilia crónica; (5) Síndrome mão-pé

Tx de (1) e (2): hidroxiureia
Tx de (4) e (5): transplante
60
Q

Prevenção de complicações na S. Falciforme

A
  • Necessita de assitência contínua
  • Monitorização de desenvolvimento de retinopatia
  • Profilaxia Antibiótica em esplenectomizados (procedimentos dentários ou invasivos)
  • Reforço hídrico oral vigoroso
  • Vacinação precoce anti-pneumococos e anti-Haemophilus (menos eficácia em esplenectomizados)
61
Q

Prevenção de complicações na S. Falciforme em crianças que estão em risco ou já tiveram AVC.

A

Em risco: exsanguineotransfusão profilática

AP de AVC: programa de exsanguineotransfusão vigoroso durante 4-5 anos

62
Q

Como se faz o controlo das crises álgicas agudas no S. Falciforme?

A

Maioria é controlada no domicílio com hidratação e analgesia oral, com resolução em 7-10 dias.
SU é reservado para sintomas graves ou doenças concomitantes.

O2 apenas se apropriado. Transfusão sanguínea só em casos extremos (não diminui duração da crise).

63
Q

Como é feita a analgesia em S. Falciforme?

A

AGRESSIVAMENTE!

  • Morfina para dor severa;
  • Cetorolac para dor óssea;
  • Inalação de N2O para dor aguda.
64
Q

Qual é o teste usado para diagnóstico de crises álgicas agudas?

A

RASTEIRA!

Não existe nenhum teste definitivo para diagnóstico destas crises, mas a busca de causas subjacentes é imperativa.

65
Q

Qual o tratamento de síndrome torácica aguda?

A

Intervenções fundamentais:

  • O2 vigoroso!
  • Transfusão sanguínea para Htc > 30%

Outras:

  • Monitorizar hidratação para evitar EPA
  • Exsanguineotransfusão se Sat. O2<90%
66
Q

Qual a terapêutica de base para S. Falciforme?

A

Hidroxiureia, Decitabina, Transplante de MO.

67
Q

Quais os efeitos da Hidroxiureia?

A

É a base de tx para sintomas GRAVES.

Aumenta a HbF em poucos meses e pode aumentar a sobrevida (!).
Efeitos benéficos sobre: hidratação dos GV, adesão à parede vascular, supressão das contagens de granulócitos e reticulócitos.

68
Q

Quando se considera medicar com hidroxiureia?

A

Episódios repetidos de síndrome torácico agudo, >3 crises álgicas/ano com necessidade de hospitalização.

69
Q

Quando consideramos transplante da MO no S. Falciforme?

A

É uma cura definitiva apenas em crianças. Consideramos esta opção quando:

  • Crises repetidas no início da vida
  • Contagem elevada de neutrófilos
  • Síndrome mão-pé
70
Q

O que causam as Hb instáveis?

A

Estas Hbs precipitam formando corpos de inclusão que lesão a membrana do GV (corpúsculos de Heinz).

71
Q

Como é a hereditariedade de Hb instáveis?

A

RASTEIRA!

Na maioria dos casos, são devidas a mutações de novo, ocorrendo de modo esporádico.

72
Q

Que tipo de variantes tendem a ser as Hb instáveis sintomáticas?

A

Variantes β.

73
Q

Quais os 4 sinais/sintomas que nos levam a suspeitar de Hb instáveis?

A

1 - Anemia hemolítica não-imune
2- Icterícia
3 - Esplenomegalia
4 - Litíase biliar prematura

74
Q

Quais são os melhores testes de diagnóstico para Hb instáveis?
Quais fornecem um diagnóstico definitivo?

A

Deteção de corpúsculos de Heinz e teste de isopropanol ou de instabilidade com o calor.
Espetroscopia de massa ou análise direta de genes faz dx definitivo.

Uma eletroforese normal NÃO EXCLUI o dx!
Muitas variantes são eletroforeticamente silenciosas.

75
Q

Refira uma Hb de alta afinidade para O2 e suas manifestações clínicas.

A

Hb Yakima.

Os doentes costumam ser ASSINTOMÁTICOS.
Sinais indicadores são rubor ou pletora.
Em casos extremos (Htc 60-65%) surgem ssx de hiperviscosidade e fluxo sanguíneo lento (cefaleias, sonolência, tonturas).

76
Q

Qual o melhor teste de confirmação de Hbs instáveis de alta ou baixa afinidade para O2?

A

Quantificação da P50:

  • Desvio Esquerdo para alta afinidade
  • Desvio Direito para baixa afinidade
77
Q

Qual o tratamento nas Hbs instáveis de alta ou baixa afinidade para O2?

A

Hb Alta afinidade:

  • Flebotomia criteriosa (↓ viscosidade e ↑ fluxo sanguíneo)
  • O objetivo NÃO é restaurar níveis de Htc.

Hb Baixa afinidade:
NÃO necessita de tx específico.

78
Q

Quando suspeitar de methemoglobinémias?

A

Em indivíduos com sintomas de hipoxémia, com aspeto cianótico mas com PaO2 suficientemente alta para manter Hb totalmente saturada.

79
Q

Em homozigotos β-talassémia, o que acontece devido à acumulação de cadeias α não pareadas?

A

Formação de corpúsculos de inclusão altamente tóxicos que levam à morte de eritroblastos em desenvolvimento na MO.

80
Q

Quais são os tipos de mutações que causam β-talassémia mais comuns na via de expressão das globinas?

A

1 - Splicing do precursor de mRNA

2- Interrupção prematura da tradução do mRNA

81
Q

O que carateriza TODAS as formas de β-talassémia?

A

Hipocromia e Microcitose

82
Q

DDx Défice Ferro vs. Talassémia?

A
  • Ferro sérico e saturação de transferrina N ou ↑ (talassémia)
  • RDW N (talassémia)
83
Q

Padrão eletroforético de α- e β-talassémia?

A

α: Pode ser normal

β: ANORMAL

84
Q

O que domina o fenótipo clínico nas talassémias?

A

Acumulação não equilibrada de cadeias de globina.

85
Q

Porque ocorre anemia grave na talassémia β?

A

Hemólise periférica e Eritropoeiese ineficaz.

86
Q

4 manifestações clínicas de anemia hemolítica (homozigotos β-talassémia)?

A
  1. Hepatoesplenomegália
  2. Úlceras de perna
  3. Cálculos biliares
  4. ICC de alto débito
87
Q

4 consequências do recrutamento de recursos calóricos para sustentar eritropoeise (homozigotos β-talassémia)??

A
  1. Inanicação
  2. Suscetibilidade a infeções
  3. Disfunção endócrina
  4. Morte na 1ª década de vida
88
Q

Qual é o principal efeito adverso das transfusões crónicas de GVs (homozigotos β-talassémia)?

A

Sobrecarga de ferro, fatal pelos 30 anos de idade.

89
Q

Na hereditariedade da β-talassémia, o que ocorre quando existem alelos associados a defeitos mais leves de síntese e co-herança de um traço α-talassémico?

A

Reduz a gravidade clínica, por ↓ da globina em excesso.

90
Q

Exemplos de heterogeneidade clínica na talassémia-β major, talassémia β intermédia e talassémia β-minor (/traço β-talassémico)?

A

Doentes com talassémia-β major e intermédia são SINTOMÁTICOS. Enquanto que os major precisam de transporte transfusional sobreviver, os intermérdios podem não precisar e apresentam um fenótipo mais leve.
Doentes com traço β-talassémico são ASSINTOMÁTICOS.

91
Q

Quando é estabelecido o diagnóstico de talassémia-β major e qual é o quadro clínico que levanta suspeita?

A

O diagnóstico é estabelecido na INFÂNCIA.
Levanta suspeita Anemia grave + Sinais típicos de eritropoeiese ineficaz (hepatoesplenomegália, microcitose acentuada, esfregaço sanguíneo caraterístico, níveis elevados de HbF/HbA2/ambas).

92
Q

Tratamento na talassémia-β major?

A

1) Tx hipertransfusional crónica para Htc>27-30% (para suprimir eritropoiese);
2) Esplenectomia se necessidades transfusionais anuais aumentarem>50%;
3) Vacinação antipneumocócica antes de esplenectomia;
4) Ácido fólico;
5) Monitorizar infeções, úlceras pernas, e doenças do trato biliar.

93
Q

O que pode ocorrer na talassémia-β major devido à sobrecarga de ferro derivada da tx transfusional?

A

Deficiências Endócrinas.

implica avaliação endocrinológica precoce nestes doentes

94
Q

Qual é o quadro clínico que levanta suspeita de talassémia-β intermédia? Qual a principal diferença para de talassémia-β major?

A

Os estigmas encontrados são semelhantes aos da de talassémia-β major, mas estes doentes podem sobreviver sem terapia transfusional crónica.

95
Q

Tratamento na de talassémia-β intermédia?

A

Alguns doentes beneficiam de esplenectomia.

Expansão do eritron pode causar absorção excessiva de ferro da dieta e hemossiderose, mesmo sem transfusão!
Lembrar que diversos fatores podem agravar a anemia (infeção, puberdade, esplenomegália, hiperesplenismo…).

96
Q

Que achados fazem diagnóstico de talassémia-β minor/traço β-talassémico?

A
  • Microcitose acentuada e hipocromia com células em alvo;
  • Anemia mínima ou discreta (raramente Htc<30%)
  • Classicamente, ↑ HbA2.
    Existem formas em que HbA2 está N e HbF N/↑.
97
Q

Tratamento de β-talassémia minor?

A

Evitar uso empírico de Fe!

Aconselhamento genético.

98
Q

Quais são as 4 α-talassémias clássicas?

A

1) Traço α-talassémico 2 (αα/-α)
2) Traço α-talassémico 1 (αα/– ou -α/-α)
3) Doença HbH (α-/–)
4) HbBarts com hidrópsia fetal (–/–)

(Nota: existem formas de α-talassémia SEM deleção)

99
Q

Manifestações clínicas dos traços α-talassémicos 2 e 1.

A

TαT2: portadores silenciosos e assintomáticos
TαT1: semelhante à β-talassémia minor (hipocromia e microcitose - assintomáticos!)

Habitualmente SEM anemia.

100
Q

Quais os tipos de deleções no traço α-talassémico 1?

A

Trans (-α/-α), como homozigotia para TαT2. COMUM.

Cis (αα/–). RARA.

101
Q

Existe produção de HbA na Doença HbH (α-/–)?

A

Sim, mas apenas 25-30% do normal.

102
Q

Quais são as consequências de Doença HbH (α-/–) no feto e no adulto?

A

Feto: Acumula algumas cadeias γ não pareadas, formando HbBarts (γ4).

Adulto: Acumula cadeias β não pareadas, que são solúveis, formando HbH (β4).

103
Q

Fenótipo clínico mais grave na Doenças HbH (α-/–)?

A

É semelhante a β-talassémia intermédia, que causa uma anemia hemolítica moderadamente grave.
É comum estes doentes sobreviverem até meia idade sem necessidade de transfusão.

(Lembrar que HbH se comporta como Hb moderadamente instável)

104
Q

Consequências clínicas da HbBarts com hidrópsia fetal (–/–)?

A

Ausência total de globina α.
Excesso de globina γ forma tetrâmeros (γ4 - HbBarts) com ALTA afinidade para O2, levando a asfixia tecidual, edema (hidrópsia fetal), ICC e morte in útero.

105
Q

Tratamento no traço α-talassémico.

A

RASTEIRA!

Não é necessário tratamento, apenas aconselhamento genético.

106
Q

Tratamento na Doença de HbH.

A

Se houver anemia excessiva ou necessidade de transfusão, ESPLENECTOMIA.
Evitar fármacos oxidativos.

107
Q

Como prevenir síndromes talassémicas?

A

Diagnóstico pré-natal, por PCR do ADN fetal (amniocentese ou biópsia das vilosidades coriónicas).

108
Q

O que é a variante Hb Lepore?

A

α2(δβ)2
O gene δ encontra-se unido ao β, com síntese precária de Hb Lepore.

Fenótipo semelhante a β-talassémia, exceto que com 2-20% de Hb Lepore.

109
Q

O que é a variante HbE?

A

α2β2 (26Glu -> Lys)
Heterozigóticos: semelhante a traço de β-talassémia
Homozigóticos: anormalidades mais acentuadas, mas assintomáticos (hipocromia + microcitose)

Interação HbE com β-talassémia pode resultar em β-talassémia intermédia ou major.

110
Q

O que é a persistência hereditária de HbF?

A

Síntese contínua da HbF no adulto, sem efeitos deletérios mesmo quando toda a Hb produzida é HbF. RARO!

111
Q

Quais são as duas Hbpatias adquiridas mais importantes?

A

Methemoglobinémia e Intoxicação CO.

112
Q

Em que doentes pode ocorrer hemossiderose transfusional?

A

Nos que receberam >100 unidades de GV.

113
Q

O que se pode fazer para evitar hemossiderose transfusional?

A

Administrar quelantes de ferro a partir da 50ª transfusão.

114
Q

Quais as consequências clínicas da hemossiderose transfusional?

A

↑ferritina, com:

  • disfunção endócrina precoce;
  • cirrose;
  • miocardiopatia;
  • cardiotoxicidade, com pericardite precose, arritmias e IC, caso em que ocorre morte no prazo de 1 ano (frequentemente insidiosa!!).
115
Q

Quais são os quelantes de ferro usados e qual a sua via de administração?

A
  • DeferoxAmina (pArentéricA)

- DeferasinOx (Oral)

116
Q

É possível fazer manipulação de HbF com agentes citotóxicos na β-talassémia?

A

Hidroxiureia e Citarabina (agentes citotóxicos que ↑HbF) não demonstraram eficácia na β-talassémia.

117
Q

O que é uma crise aplásica?

A

Profunda cessação da atividade eritróide em doentes com anemias hemolíticas crónicas, associadas a queda rápida do hematócrito.

118
Q

Qual a causa e duração das crises aplásicas?

A

Geralmente, a causa é infeção pelo parvovírus B19 em criança, com duração de cerca de 1-2 semanas.

São raras em adultos e não sofrem recidiva frequente.

119
Q

Qual o tratamento de uma crise aplásica?

A

Monitorização Htc e contagem de reticulócitos.

Transfusão se anemia sintomática.