1.2 Lesão Hepatocelular (Hepatopatias Agudas) Flashcards
Características gerais de Síndrome Hepatocelular.
A síndrome hepatocelular é o conjunto de sinais e sintomas que surgem a partir de lesões de hepatócitos agudas ou crônicas (quadro com mais de 6 meses, a exemplo de cirrose hepática). As principais causas envolvem hepatites virais, hepatite alcóolica, hepatite isquêmica e lesão hepática por colestase.
Características gerais das principais condições etiológicas de Síndrome Hepatocelular.
- Hepatites virais: inflamação mononuclear (linfócitos e monócitos) com lesão em padrões panlobular e periportal, podendo aparecer padrões de necrose “em ponte”;
- Hepatite alcóolica: inflamação polimorfonuclear (neutrófilos) com lesão em padrão centrolobular, uma vez que é a região onde ocorre interações com maior intensidade entre álcool desidrogenase e CYP2E1;
- Hepatite isquêmica: inflamação polimorfonuclear com padrão centrolobular, uma vez que a região central é a mais vulnerável na árvore de irrigação;
- Lesão hepatocelular por colestase: represamento retrógrado e ingurgitamento dos ductos de Hering com extravasamento de bile, culminando em alteração discreta de transaminases.
Características gerais das Hepatites Virais.
- As hepatites virais são decorrentes de infecção por vírus das hepatites A, B, C, D e E, sendo a variante A mais comum em crianças e a B, mais comum em adultos.
- A apresentação clínica é trifásica, havendo a fase prodrômica (curta com sintomas gripais e gastrointestinais), fase ictérica (longa com icterícia, colúria e acolia fecal) e fase de convalescença (longa e de regressão da doença).
- Exames laboratoriais apontarão para elevação de transaminases em 10x com predomínio de ALT/TGP, icterícia à custa de BD e bilirrubinúria, sendo que a persistência de níveis elevados de bilirrubina é indicador de mau prognóstico.
- O tratamento é de suporte, exceto em casos de hepatite A aguda e de prevenção das complicações de hepatite B.
Características gerais de Hepatite Viral B Aguda.
- Único vírus de DNA;
- O diagnóstico é realizado através dos marcados sorológicos, tais como HBsAg, anti-HBc total e IgM, HBeAg, anti-HBe e anti-HBs;
- A transmissão é principalmente via sexual, porém também aparece nas vias perinatal (quando a mãe é HBeAg +) e/ou percutânea;
- O tratamento está mais associado às manifestações crônicas ou como prevenção de complicações, enquanto a profilaxia envolve vacina e imunoglobulina.
Descreva a história natural em curso dos marcadores sorológicos da hepatite B aguda.
- O primeiro marcador a aparecer é o HBsAg, definindo o período de soroconversão (do contágio até o aparecimento de HBsAg);
- Do período de soroconversão até o surgimento das fases clínicas da doença, evidencia-se a elevação de transaminases e anti-HBc, sendo que o anti-HBc IgG permanece indefinidamente no paciente (mesmo após sucesso terapêutico);
- Ainda na fase sintomática, pode-se manifestar o HBeAg (indicativo de replicação viral intensa e alta infectividade), sendo o mesmo reduzido com o aparecimento do anti-HBe;
- Com o surgimento do anti-HBs, inicia-se a fase de convalescença, marcando a queda do HBsAg e das transaminases.
Quais são as principais manifestações clínicas da hepatite B?
A maior parte dos pacientes permanece em quadro assintomático, sendo que apenas 30% manifestam icterícia. A respeito das manifestações extra-hepáticas, costumam aparecer em quadros crônicos e as mais comuns são: poliarterite nodosa (PAN), glomerulonefrite membranosa e acrodermatite papular (Gianotti-Crosti). Pode-se, ainda, evoluir em complicações tais como hepatite fulminante.
Como se manifesta a principal complicação para um quadro de hepatite B aguda?
A hepatite fulminante pode ser caracterizada a partir de uma encefalopatia que evoluiu em um período de oito semanas desde o início do quadro clínico hepático; diz-se que houve intensa necrose do parênquima hepático em função do rápido desaparecimento do HBV. Geralmente, está acompanhada de intensificação da icterícia e febre persistente, distúrbios de consciência e distúrbios eletrolíticos, além de altos títulos de IgM anti-HBc e redução das transaminases.
Como se dá a profilaxia da hepatite B?
- Pré-exposição: vacina para hepatite B (HB) com HBsAg recombinante, administrada em 3 doses (0, 1 e 6 meses), sendo em dose dupla e 4 doses se imunodeprimidos ou renais crônicos.
- Pós-exposição: vacina (HB) associada à imunoglobulina hiperimune (IGHAHB), com administração IM em dose única e em grupos musculares diferentes.
Características gerais de Hepatite Viral D.
- Vírus de RNA incompleto dependente de HBV, uma vez que necessita do envelope de HBsAg;
- Manifesta-se em coinfecção ou em superinfecção HBV-HDV, sendo que o primeiro se manifesta com IgM anti-HBc+, enquanto o segundo se manifesta com IgG anti-HBc+ e sabidamente piora o prognóstico, elevando o risco de hepatite fulminante;
- A transmissão, período de incubação, apresentação clínica, tratamento e profilaxia são semelhantes aos da hepatite B;
- O diagnóstico sorológico manifesta anti-HDV IgM+ e anti-HBsAg+, podendo apresentar também anti-LKM3+.
Características gerais de Hepatite Viral A.
- Acomete principalmente crianças e adolescentes e a principal via de transmissão é fecal-oral;
- Apresentação clínica costuma ser assintomática, sintomática clássica (fases prodrômica, ictérica e de convalescença; simula quadro gripal) ou colestática (compatível com obstrução biliar);
- Diagnóstico sorológico manifesta anti-HAV IgM+ e é necessário afastar os acometidos após hipótese diagnóstica (a partir de quadro clínico);
- Tratamento é sintomático e prognóstico é de imunidade permanente sem cronificação da doença;
- Profilaxias pré-exposição e pós-exposição envolvem imunoglobulina (aos menores de 1 ano de vida) e vacina (primeira dose aos 12 meses e segunda aos 18 meses).
Características gerais de Hepatite Viral E.
- Características são semelhantes à hepatite viral A;
- Costuma ocorrer em epidemias e regionalmente concentrada em África e Ásia;
- Em gestantes, costuma evoluir para hepatite fulminante.
Características gerais de Hepatite Viral C.
- Apresentação clínica costuma ser assintomática, raramente com icterícia;
- Diagnóstico sorológico é indicado anualmente para pacientes em coinfecção com HIV e grupos vulneráveis, manifestando-se anti-HCV+ e HCV-RNA por PCR.