Unidades 1 e 2 Flashcards

1
Q

OLIVEIRA, Roberto Cardoso de Oliveira. O trabalho do antropólogo

O que envolve “estar lá” e “estar aqui” na pesquisa antropológica para Cardoso de Oliveira?

A

ESTAR AQUI:
Faculdade do pensamento, diálogo com os pares, leituras, análises, 2ª Refração

Deslocamento geográfico ou subjetivo

ESTAR LÁ:
Olhar e ouvir disciplinados, entrevistas, interação, observação, participação, notas de campo, 1ª Refração.

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Q

OLIVEIRA, Roberto Cardoso de Oliveira. O trabalho do antropólogo

Como operam a percepção e o pensamento nessas duas fases da pesquisa?

A

O Olhar e o Ouvir seriam parte da primeira etapa ,enquanto o Escrever seria parte inerente da segunda.
Devemos entender, assim, por Escrever o ato exercitado por excelência no gabinete, cujas características o singularizam de forma marcante, sobretudo quando o comparamos com o que se escreve no campo , seja ao fazermos nosso diário, seja nas anotações que rabiscamos em nossas cadernetas. E se tomarmos ainda Geertz por referência vemos que, na maneira pela qual ele encaminha suas reflexões, é o Escrever “estando aqui”, portanto fora da situação de campo, que cumpre sua mais alta função cognitiva.

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3
Q

OLIVEIRA, Roberto Cardoso de Oliveira. O trabalho do antropólogo

Faça um exercício de imaginação. Traduza essa operação para a clínica psicológica.

A

Essa comparação com a clínica psicológica se dá no esforço em compreender aquilo que é observado na clínica e o que é vivenciado “lá fora” pelo paciente.

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4
Q

OLIVEIRA, Roberto Cardoso de Oliveira. O trabalho do antropólogo

O que o autor fala sobre os dois processos de refração que ocorrem na pesquisa antropológica?

A

Cardoso aponta que a primeira experiência do pesquisador de campo (ou no campo) esteja na domesticação teórica de seu olhar. Isso porque a partir do momento em que nos sentimos preparados para a investigação empírica, o objeto sobre o qual dirigimos o nosso olhar já foi previamente alterado pelo próprio modo de visualizá-lo. Seja qual for esse objeto, ele não escapa de ser apreendido pelo esquema conceitual da disciplina formadora de nossa maneira de ver a realidade.
Esse esquema conceitual disciplinadamente apreendido durante o nosso itinerário acadêmico( daí o termo disciplina para as matérias que estudamos), funciona como uma espécie de prisma por meio do qual a realidade observada sofre um processo de refração - se me é permitida a imagem. É certo que isso não é exclusivo do Olhar, uma vez que está presente em todo processo de conhecimento, envolvendo, portanto, todos aqueles atos cognitivos, que mencionei, em seu conjunto. Mas é certamente no Olhar que essa refração pode ser mais bem compreendida. A própria imagem óptica - refração - chama atenção para isso.

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5
Q

OLIVEIRA, Roberto Cardoso de Oliveira. O trabalho do antropólogo

O que é observação participante e o que é relativização e como ambas se interligam?

A

Observação participante: significa dizer que o pesquisador assume um papel perfeitamente digerível pela sociedade observada, a ponto de viabilizar uma aceitação senão ótima pelos membros daquela sociedade, pelo menos afável, de modo a não impedir a necessária interação.

Relativização: reconhecer outros pontos de vista culturais como legítimos e originais. Uma forma de evitarmos ser etnocêntricos.

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6
Q

OLIVEIRA, Roberto Cardoso de Oliveira. O trabalho do antropólogo

Descreva a observação participante : estar lá e estar aqui

A

Estar lá (Percepção): Olhar e Ouvir disciplinados.
Estar Aqui (Pensamento): Escrever orientado pela memória e
intersubjetividade com pares.
Olhar e Ouvir: 1a Refração.
Escrever: 2a refração.

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7
Q

OLIVEIRA, Roberto Cardoso de Oliveira. O trabalho do antropólogo

OLHAR, na observação participante

A

Olhar: Funciona como um prisma por meio do

qual a realidade é observada (1a refração).

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8
Q

OLIVEIRA, Roberto Cardoso de Oliveira. O trabalho do antropólogo

OUVIR na observação participante

A

Ouvir
Estar preparado para eliminar todos os ruídos que lhe pareçam insignificantes, que não
façam nenhum sentido no corpus teórico de sua disciplina.

O ouvir nos ajuda a entender os sentidos e as significações dos fenômenos. Buscamos explicações, dadas pelos próprios membros da comunidade investigada.

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9
Q

OLIVEIRA, Roberto Cardoso de Oliveira. O trabalho do antropólogo

ESCREVER na Observação Participante.

A

Escrever
- Cumpre a mais alta função cognitiva, pois envolve trazer os fatos observados (vistos e ouvidos) para o
plano do discurso.
- Envolve uma comunidade de comunicação e de argumentação (pares, coletivo ou disciplina).
- Na escrita, o que realizamos é uma interpretação balizada pelas categorias ou pelos conceitos básicos constitutivos
da disciplina.

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10
Q

OLIVEIRA, Roberto Cardoso de Oliveira. O trabalho do antropólogo

O que é a segunda refração?

A

2a refração: “Escrever faz com que os dados sofram uma nova refração. O processo de escrever (ou
inscrever) as observações no discurso da disciplina está contaminado pelo contexto de “estar aqui” (pelos
congressos, pela pesquisa de biblioteca)”.

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11
Q

OLIVEIRA, Roberto Cardoso de Oliveira. O trabalho do antropólogo

Quais os limites no exercício do antropólogo?

A
  • Limite pessoal
  • Limite ético
  • Relacionamentos sexuais-afetivos
  • O perigo da conversão ou encantamento
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12
Q

OLIVEIRA, Roberto Cardoso de Oliveira. O trabalho do antropólogo

O que o autor fala sobre fusão de horizontes a partir da escuta e sobre a escolha entre
o Eu e o Nós na escrita?

A
  • Transformar o “informante” em “interlocutor”; o “objeto” em “sujeito”. Estabelece-se uma relação dialógica.
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13
Q

BIZERRIL, José. O Vínculo Etnográfico: Intersubjetividade e coautoria na Pesquisa Qualitativa.

Descreva a antropologia realista (que tem como nome principal Malinowski), a qual o autor descreve como sendo o modelo hegemônico de antropologia até os anos 1960-70.

A

Antropologia Realista:
- Crença na neutralidade
- Observação: em detrimento da interpretação
Escrita realista: a escrita etnográfica clássica investe na construção da posição do etnógrafo como observador privilegiado
- Apelo as capacidades empáticas do antropólogo, embora, na prática, haviam limites não revelados
A escrita etnográfica correspondente a esse modelo, segundo o autor, baseia-se em convenções literárias realistas, em que um universo coerente é representado com um cenário institucional em primeiro plano contra um pano de fundo cultural, e o pesquisador aparece como sujeito neutro do conhecimento. Seguindo a análise de Clifford (1998), esse foi o modelo hegemônico até os anos 60 e 70, quando autores hermeneuticamente sensíveis, como Geertz, reformularam o conceito de cultura com base em referencial semiótico e, assim, repensaram a tarefa da antropologia como de natureza eminentemente
interpretativa, análoga a uma tradução (GEERTZ, 1989).

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14
Q

BIZERRIL, José. O Vínculo Etnográfico: Intersubjetividade e coautoria na Pesquisa Qualitativa.

Agora aponte as principais características da Antropologia Pós-Moderna e suas propostas e inovações em relação ao modelo tradicional.

A

Após a década de 1980;
Etnografia com proposta dialética e polifônica;
Explicitação das condições contextuais em que as informações são obtidas. Registro das diferenças entre os pontos de vista dos nativos e etnógrafo;
Reflexão crítica acerca da textualidade etnográfica.
Identificação das convenções literárias e estratégias retóricas de autoridade científica do método tradicional;
Fenomenologia e corpo. Reflexão sobre experiência corpórea do antropólogo no campo. O polo da “participação” na prática da observação participante é mais valorizada.
Exploração de outros sentidos além da visão e uso de metáforas sensoriais
Foco em “Fazer com” e “Vivenciar junto”.
Alternância entre aproximação e distanciamento na prática etnográfica. Há momentos para observação, para reflexão solitária, para interação e para envolvimento, sem que haja fórmula preestabelecida de sua aplicação.

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15
Q

BIZERRIL, José. O Vínculo Etnográfico: Intersubjetividade e coautoria na Pesquisa Qualitativa.

Para Geertz o antropólogo se torna um intérprete privilegiado. Porque? Como isso seria possível?

A

Baseado na polêmica publicação do diário de campo de Malinowski (1997), assinalou que um antropólogo não precisava ser dotado de sensibilidade extraordinária. Como contraproposta, afirmou que uma estratégia de investigação centrada na análise dos sistemas simbólicos “garante” ao antropólogo o acesso ao ponto de vista do nativo. Geertz (1998) ainda acrescentou, no seu argumento em defesa de posição intelectual, que, em função da influência da cultura sobre a constituição da identidade, não é possível ao antropólogo sentir-se como nativo. Logo, o “método da empatia”, como o denomina, só pode falar do próprio pesquisador. Geertz (1998) define empatia como uma capacidade extraordinária, quase paranormal, de pensar e sentir-se como se fosse um nativo.

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16
Q

BIZERRIL, José. O Vínculo Etnográfico: Intersubjetividade e coautoria na Pesquisa Qualitativa.

O que Bizerril fala sobre empatia e como sua proposta diverge do que Geertz entende por empatia?

A

Sua estratégia interpretativa relega a segundo plano a relação entre qualidade da etnografia e a conjunção de circunstâncias fortuitas e incontroláveis, de vínculos interpessoais entre o antropólogo e seus nativos e minimiza o comprometimento existencial do antropólogo.
Para Geertz, em função influência da cultura sobre a constituição da identidade, não é possível ao antropólogo sentir-se como nativo. Logo, o “método da empatia”, como o denomina, só pode falar do próprio pesquisador. (…) Geertz (1998) define empatia como uma capacidade extraordinária, quase paranormal, de pensar e sentir-se como se fosse um nativo.
A generalização de Geertz acerca da impossibilidade da empatia determina a posição do antropólogo como sujeito ocidental e a do nativo, um tipo “exótico” de sujeito, com base em referência ocidental. Generaliza uma situação metropolitana de pesquisa antropológica, com lugares mais ou menos fixos para o antropólogo e o nativo. Em outras palavras, todo o argumento torna-se problemático se entendemos que as posições de pesquisador e nativo
podem ser ocupadas por inúmeros tipos de sujeitos no mundo contemporâneo e que a distância social e cultural entre eles varia.

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17
Q

BIZERRIL, José. O Vínculo Etnográfico: Intersubjetividade e coautoria na Pesquisa Qualitativa.

O que se pode deduzir do texto de Bizerril acerca da “posição de fala” do pesquisador acerca do conhecimento produzido? O que o autor quer dizer com conhecimento pós-colonial?

A

Sugere-se não assumir de forma acrítica a posição do sujeito ocidental do conhecimento, mas integrar a reflexão sobre as múltiplas posições de sujeito que são acionadas pelos contextos sociais, culturais e históricos que enquadram as reflexões acadêmicas em problemas e anseios da sociedade mais ampla.

O antropólogo é um ser humano em um universo intersubjetivo.
A importância das relações humanas como constitutivas da possibilidade de pesquisa qualitativa; A repercussão da experiência de campo sobre a subjetividade do pesquisador
Limites éticos. 1. Legitimidade dos laços emocionais; 2. O risco e a tentação de tornar-se nativo.
Postura epistemológica. Criar espaço para o subalterno falar = contribuição ao diálogo intercultural.
Experiência “iniciática”. “A prática etnográfica deve ser tanto um espaço para rever a pertinência da teoria e produzir novas teorias quanto um espaço em que o etnógrafo pode ter a oportunidade de revisão completa, como sujeito” (BIZERRIL, 2004; 160).

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18
Q

BIZERRIL, José. O Vínculo Etnográfico: Intersubjetividade e coautoria na Pesquisa Qualitativa.

O que é vínculo etnográfico para Bizerril e o que tal vínculo se relaciona com a Psicologia se realizarmos um exercício de tradução entre Psicologia e Antropologia?

A

Vinculo etnográfico: “por analogia à terminologia utilizada na discussão da área clínica de psicologia, em que o estabelecimento de aliança, pacto ou relação de cooperação e confiança entre o etnógrafo e seus colaboradores nativos é indispensável para que ocorra a pesquisa”. (BIZERRIL, 2004; 158)

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19
Q

LARAIA, Roque de Barros. 2a Parte: Como opera a cultura.

Explique porque a cultura funciona como uma lente através da qual vemos o mundo, usando os conceitos de padrão cultural e de herança cultural.

A

“A cultura é como uma lente através da qual o homem vê o mundo” (Ruth Benedict, O crisântemo e a espada)
HERANÇA CULTURAL: O modo de ver o mundo, as apreciações de ordem moral e valorativa, os diferentes comportamentos sociais e mesmo as posturas corporais são assim produtos de uma herança cultural, ou seja, o resultado da operação de uma determinada cultura”.
PADRÃO CULTURAL: “Indivíduos de culturas diferentes podem ser facilmente identificados por uma série de características, tais como o modo de agir, vestir, caminhar, comer, sem mencionar a evidência das diferenças linguísticas.
Exemplo: rir

20
Q

LARAIA, Roque de Barros. 2a Parte: Como opera a cultura.

O autor afirma que “mesmo as posturas corporais são assim produtos de uma herança cultural”. Explique a relação entre corpo e cultura para Laraia.

A

Dentro de uma mesma cultura, a utilização do corpo é diferenciada em função do sexo (e papéis, expectativas e performances esperadas).

  • A utilização do corpo (…) “depende de um aprendizado e este consiste na cópia de padrões que fazem parte da herança cultural do grupo”.
  • Apatia cultural: os africanos removidos violentamente do seu continente, muitos foram os suicídios praticados, e outros acabavam sendo mortos pelo mal que foi denominado de banzo. Traduzido como saudade, o banzo é de fato uma forma de morte decorrente da apatia.
  • O poder simbólico sobre o corpo: exemplo- morte e feitiçaria, o corpo reage com a certeza de que foi enfeitiçado.
  • Doenças psicossomáticas- são fortemente influenciadas pelos padrões culturais.
  • A cultura também é capaz de provocar curas de doenças, reais ou imaginárias. Estas curas ocorrem quando existe a fé do doente na eficácia do remédio ou no poder dos agentes culturais.
21
Q

LARAIA, Roque de Barros. 2a Parte: Como opera a cultura.

O que é apatia cultural?

A

Apatia cultural: os africanos removidos violentamente do seu continente, muitos foram os suicídios praticados, e outros acabavam sendo mortos pelo mal que foi denominado de banzo. Traduzido como saudade, o banzo é de fato uma forma de morte decorrente da apatia.
Comecemos pela reação oposta ao etnocentrismo, que é a apatia. Em lugar da superestima dos valores de sua própria sociedade, numa dada situação de crise os membros de uma cultura abandonam a crença nesses valores e, consequentemente, perdem a motivação que os mantém unidos e vivos. Diversos exemplos dramáticos deste tipo de comportamento anômico são encontrados em nossa própria história.

22
Q

LARAIA, Roque de Barros. 2a Parte: Como opera a cultura.

Explique a seguinte afirmação: “A participação do indivíduo em sua cultura é sempre
limitada; nenhuma pessoa é capaz de participar de todos os elementos de sua cultura”.

A

Qualquer que seja a sociedade, não existe a possibilidade de um indivíduo dominar todos os aspectos de sua cultura. Este fato é tão verdadeiro nas sociedades complexas com um alto grau de especialização, quanto nas simples, onde a especialização refere-se apenas às determinadas pelas diferenças de sexo e de idade.

23
Q

LARAIA, Roque de Barros. 2a Parte: Como opera a cultura.

Como devemos avaliar a coerência de um hábito cultural, segundo Laraia?

A

A coerência de um hábito cultural somente pode ser analisada a partir do sistema a que pertence.
As explicações encontradas pelos membros das diversas sociedades humanas, portanto, são lógicas e encontram a sua coerência dentro do próprio sistema”

24
Q

O QUE É CULTURA? (Laraia)

A

É UM CONJUNTO DE PADRÕES CULTURAIS

TEIA SIMBÓLICA: Toda ação humana é uma ação simbólica. A cultura é dinâmica e fragmentada.

UM CONTEXTO…
“Algo dentro do qual os sistemas entrelaçados de
signos interpretáveis (símbolos) podem ser descritos de forma inteligível.”

PÚBLICA
“Embora uma ideação, não existe na cabeça de alguém; embora não- física, não é uma identidade oculta”

25
Q

O QUE NÃO É CULTURA? (Laraia)

A

UMA REALIDADE SUPERORGÂNICA
Concepção biológica que vê na cultura um
organismo vivo, com fronteiras bem definidas.

UM PADRÃO BRUTO DE ACONTECIMENTOS
Concepção estatística e sociologizante da cultura.

OU OBJETIVA OU SUBJETIVA
Concepções que visam explicar a objetividade e
subjetividade da cultura como excludentes.

A MERA IMAGINAÇÃO DAS PESSAOS
Concepção mentalista de cultura que se limita as
estruturas mentais.

26
Q

LARAIA, Roque de Barros. 2a Parte: Como opera a cultura.

Como funcionam os sistemas de classificação de uma cultura.

A

Que todas as sociedades humanas dispõem de um sistema de classificação para o mundo natural parece não haver mais dúvida, mas é importante reafirmar que esses sistemas
divergem entre si porque a natureza não tem meios de determinar ao homem um só tipo taxionômico. Por isso o morcego é muitas vezes colocado numa mesma categoria
com as aves, da mesma forma que a baleia é vulgarmente considerada um peixe. No norte de Goiás, uma dona de pensão nos afirmou que o “rato era um inseto impertinente”. Constatamos, então, que como inseto eram classificados todos os seres vivos que perturbam o mundo doméstico.
Finalmente, entender a lógica de um sistema cultural depende da compreensão das categorias constituídas pelo mesmo. Como categorias entendemos, como Mauss, “esses princípios de juízos e raciocínios … constantemente presentes na linguagem, sem que estejam necessariamente explícitas, elas existem ordinariamente, sobretudo sob a forma de
hábitos diretrizes da consciência, elas próprias inconscientes.

27
Q

LARAIA, Roque de Barros. 2a Parte: Como opera a cultura.

O ritmo da mudança cultural pode ser afetado por um acontecimento repentino, como a pandemia da COVID-19? Como?

A

Sim. Existem dois tipos de mudança cultural: uma que é interna, resultante da dinâmica do próprio sistema cultural, e uma segunda que é o resultado do contato de um sistema cultural com um outro.
O ritmo, porém, pode ser alterado por eventos históricos tais como uma catástrofe, uma grande inovação tecnológica ou uma dramática situação de contato. A pandemia de Covid-19 é um exemplo de como esse ritmo pode ser afetado quando trouxe o isolamento e a dinâmica social foi enormemente prejudicada.

28
Q

LARAIA, Roque de Barros. 2a Parte: Como opera a cultura.

Como você explica a seguinte frase? “Cada sistema cultural está sempre em mudança. Entender esta dinâmica é importante para atenuar o choque entre as gerações e evitar comportamentos preconceituosos”.

A

Cada sistema cultural está sempre em mudança. Entender esta dinâmica é importante para atenuar o choque entre as gerações e evitar comportamentos preconceituosos. Da mesma forma que é fundamental para a humanidade a compreensão das diferenças entre povos de culturas diferentes, é necessário saber entender as diferenças que ocorrem dentro do mesmo sistema. Este é o único procedimento que prepara o homem para enfrentar serenamente este constante e admirável mundo novo do porvir. (Explicar isso…)

29
Q

BARTH, Fredrik. A análise da cultura nas sociedades complexas.

Por que para Barth o termo “cultura” foi usado erroneamente por correntes antropológicas como o funcionalismo e o estruturalismo. Por que tal conceito é ambivalente se usado da forma como usado por tais correntes?

A

Em vez de tentarmos fazer com que nossas teorias dêem conta do que efetivamente encontramos, somos levados a escolher algum padrão claro e delimitado em meio a esse cenário confuso e a aplicar nossa engenhosidade para salvar o holismo (funcionalista) por meio da construção de isomorfismos e inversões (estruturalistas) desse padrão escolhido ao acaso, como se ele codificasse um encadeamento mais profundo.
Esse tipo de olhar serve para que os autores consigam evitar todos os aspectos problemáticos do mundo que nos cerca; reafirmam silenciosamente o pressuposto de que a cultura apresenta uma coerência lógica generalizada, sem explorar a extensão e a natureza dessa coerência. Por mais que se multipliquem, relatos de campo desse tipo deixam intocados os axiomas sobre cultura que herdamos.

30
Q

BARTH, Fredrik. A análise da cultura nas sociedades complexas.

Segundo Barth, podemos usar o conceito de cultura de maneira crítica em sociedades complexas. Como? Qual o conjunto de asserções que o autor levanta para contrastar com noções herdadas a respeito de cultura? (Ver a sessão “Reconceptualizando a cultura)

A
  1. Todo significado é uma relação entre um signo e um observador, e não alguma
    coisa sacramentada em uma expressão cultural particular”.
    Ou seja, devemos: olhar para a ligação entre qualquer meio de expressão e a pessoa que usa ou responde a esse meio.
    Dar mais atenção ao contexto e a práxis.
  2. Em relação à população, a cultura é distributiva; compartilhada por alguns e não por outros. Assim, não pode ser definida como o fazia Goodenough, como o que você precisa saber para ser membro de uma determinada sociedade; e, ao contrário do que propunham os etnometodólogos, não pode ser elucidada sistematicamente a partir de um informante, através de quadros de referência lingüís ticos. As estruturas mais significativas da cultura - ou seja, aquelas que mais consequências sistemáticas têm para os atos e relações das pessoas talvez não estejam em suas formas, mas sim em sua distribuição e padrões de não-compartilhamento.
  3. Os atores estão (sempre e essencialmente) posicionados.Ou seja, há posicionamentos culturais diversos e todas as visões individuais são parciais. Vivemos nossas vidas com a consciência em um horizonte que não abrange a totalidade da sociedade, das instituições e das forças que nos atingem.
  4. Eventos são o resultado do jogo entre a causalidade material e a interação social, e consequentemente sempre se distanciam das intenções dos atores individuais. Ou seja, devemos integrar nossas discussões sobre símbolos e significados
    com discussões sobre trabalho, mercado, dinâmica política, bens materiais. Objetividade e subjetividade.
    Ex: Pandemia da Covid-19.
31
Q

BARTH, Fredrik. A análise da cultura nas sociedades complexas.

Qual a diferença de interpretação entre Geertz e Barth acerca da tecnonímia (chamar os pais e avós, quando nascem os primogênitos, de pai de x, avô de y)? O que essa diferença de interpretação nos revela sobre as concepções de ambos autores acerca do que pensam sobre a antropologia, a etnografia e a cultura?

A

Nesse trabalho, Geertz interpreta a tecnonímia como um dentre uma série de padrões culturais através dos quais os balineses constroem a noção de pessoa (personbood) e representam uns aos outros como contemporâneos estereotipados, companhei ros abstratos e anônimos que evitam encontros próximos entre os seus respectivos “eus” (selves) singulares e inseridos na temporalidade. Tentei discretamente sugerir essa interpretação ao pequeno círculo de pessoas que tinha como interlocutores em Bali. A incompreensão inicial deles rapidamente transformou-se em uma segura tentativa de explicar como as coisas realmente são. Passaram a mostrar-me como, ao contrário do que sugerira, eles empregam esse costume para lisonjear os orgulhosos pais e avós quando nasce o primeiro filho, destacando esse evento pessoal, que naquele momento tem para essas pessoas grande importância. Mais tarde, usar esse home servirá para evocar esse tempo feliz e criar um sentimento de camaradagem através da relembrança conjunta.
Eu ainda aceitaria como razoavelmente plausível o argumento de que a prática generalizada dessas mudanças de nome torna um tanto opacas as biografias completas de pessoas públicas distantes e genealogicamente superiores, fazendo com que seja mais difícil apreender essas biografias. Mas o “significado” dessa prática, o que ela expressa na relação social na qual é efetivamente empregada, e a orientação que o oposto do revela para nós, pessoas de fora, são de modo geral que sugere a interpretação de Geertz, feita a partir de um ponto de vista externo. Voltando à afirmativa inicial dessa discussão: só se pode estar razoavelmente seguro de ter entendido corretamente um significado quando se presta muita atenção às pistas relativas ao contexto, à práxis, à intenção comunicativa e à interpretação; só isso nos permite entrar experimentalmente no mundo que eles constróem.

32
Q

BARTH, Fredrik. A análise da cultura nas sociedades complexas.

Cada corrente de padrões culturais é um
universo de discurso.
Devemos:

A

1) Caracterizar seus padrões mais destacados;
2) Mostrar como ela se produz e reproduz, e como mantem suas fronteiras;

3) Descobrir o que permite que haja coerência, deixando em aberto essa análise, para ser solucionada de
maneira empírica.

33
Q

BARTH, Fredrik. A análise da cultura nas sociedades complexas.

Quais as correntes de padrões culturais encontrados por Barth no Norte de Bali e como tais padrões se relacionam?

A

O Bali-hinduismo; o Islã; as aldeias Bali Aga; o setor moderno da educação e da política; e a construção das relações sociais baseada na feitiçaria; todas essas são correntes de padrões culturais do Norte de Bali.

Cada corrente de tradição cultural mostra um certo grau de coerência ao longo do tempo e pode ser reconhecida nos vários
contextos em que coexiste com outras em diferentes comunidades e regiões”.

34
Q

HALL, Stuart. Capítulo 1: A identidade em questão.

O que é sujeito do Iluminismo?

A

Estava baseado numa concepção da pessoa humana como um indivíduo totalmente centrado, unificado, dotado das capacidades de ação, de consciência e de ação, cujo “centro” consistia num núcleo interior, que emergia pela primeira vez quando o sujeito nascia e com ele se desenvolvia, ainda que permanecendo essencialmente o mesmo - continua ou “idêntico” a ele - ao longo da existência.

  • O centro essencial do eu era a identidade de uma pessoa.
  • Concepção individualista do sujeito e sua identidade.
35
Q

HALL, Stuart. Capítulo 1: A identidade em questão.

O que é sujeito sociológico?

A
  • Refletia a crescente complexidade do mundo moderno e a consciência de que este núcleo
    interior do sujeito não era autônomo e autosuficiente, mas era formado na relação com “outras pessoas importante para ele” , que mediavam para o sujeito os valores, sentidos e símbolos - a cultura - dos mundos que ele habitava.
  • Interacionistas simbólicos = concepção interativa da identidade e do eu.
  • A identidade é formada na interação entre eu e a sociedade.
  • O sujeito ainda tem um núcleo ou essência interior que é o “eu real”, mas este é formado e modificado num diálogo contínuo com os mundos culturais exteriores e as identidades que esses mundos oferecem.
36
Q

HALL, Stuart. Capítulo 1: A identidade em questão.

O que é sujeito pós-moderno?

A
  • Conceituado como não tendo uma identidade fixa, essencial ou permanente.
  • A identidade torna-se uma “celebração móvel”: formada e transformada continuamente em relação às formas pelas quais somos representados ou interpelados nos sistemas culturais que nos rodeiam. É definida historicamente, e não biologicamente.
  • O sujeito assume identidades diferentes em diferentes momentos, identidades que não são unificadas ao redor de um eu coerente. Dentro de nós há identidades contraditórias, empurrando em diferentes direções, e perceber como nossas identificações estão sendo continuamente deslocadas.
  • Fluido, fragmentado.
37
Q

HALL, Stuart. Capítulo 1: A identidade em questão.

Compare os três tipos de sujeitos indicados nas perguntas acima, dando ênfase às consequências de estarmos vivendo o sujeito pós-moderno cada vez mais.

A

Sujeito do iluminismo, tende a nascer e permanecer essencialmente o mesmo, com pouca liberdade para mudança de identidade.

Sujeito sociológico tem a identidade formada pela interação entre o eu e a sociedade.

Sujeito pós-moderno tem a identidade formada e transformada, continuamente, de acordo com os sistemas e padrões culturais que o rodeiam e, como ele é bombardeado por muita informação diariamente, essa mudança tende a ser mais dinâmica do que os sujeitos anteriores.

38
Q

HALL, Stuart. Capítulo 1: A identidade em questão.

Reúna os argumentos do autor sobre a crise de identidade no mundo contemporâneo e suas causas e busque dar exemplos atuais.

A

À medida em que os sistemas de significação e representação cultural se multiplicam, somos confrontados por uma multiplicidade desconcertante e cambiante de identidades possíveis, com cada uma das quais poderíamos nos identificar - ao menos temporariamente.
Um exemplo disso são pessoas formadas em diversas áreas profissionais, que não se identificam com um tema apenas e acabam construindo diferentes identidades em variados campos de atuação, multifacetados.

39
Q

HALL, Stuart. Capítulo 1: A identidade em questão.

Discuta a dimensão conflitiva e política das identidades contemporâneas, segundo o autor.

A

Nós, pessoas comuns, estamos transformando a era da informação = Estouro de criatividade e presença midiática;

  • Por um lado, há uma incitação à criatividade pessoal, a excentricidade e a procura constante da diferença;
  • Por outro lado, há uma captura pelos tentáculos do mercado. Pessoas e suas produções se tornam mercadorias.
40
Q

A CULTURA É UM CONJUNTO DE…

A

… padrões (ou tradições) culturais.
“Cada uma delas exibe uma agregação empírica de certos elementos e formam conjuntos de características coexistentes
que tendem a persistir ao longo do tempo.

41
Q

As pessoas participam de universos de discursos múltiplos, mais ou menos——
constroem mundo diferentes, parciais e simultâneos, nos quais ——– “.

Um exemplo disso é…

A

As pessoas participam de universos de discursos múltiplos, mais ou menos DISCREPANTES
discrepantes; constroem mundo diferentes, parciais e simultâneos, nos quais se MOVIMENTAM”.

Ex: Professor multilíngue, com influência da ciência internacionalizada participante de inspirações modernas, mas também
praticante da feitiçaria tradicional de Bali

42
Q

REFORMULANDO O CONCEITO DE CULTURA

O que seria o Objetivo e o Subjetivo?

A
Objetivo e Subjetivo: "A realidade de
todas as pessoas é composta de
construções culturais, sustentadas de modo
eficaz tanto pelo mútuo consentimento
quanto por suas causas materiais
inevitáveis".
43
Q

É possível mostrar de forma razoável que muito do que os membros de um ———
consideram como dados naturais é meramente um reflexo —————-“.

  • “Essas pessoas, contudo, bem como qualquer um de nós, necessariamente agem e reagem de acordo com———-, impregnando-o com o resultado de suas ——-.
A

É possível mostrar de forma razoável que muito do que os membros de um DETERMINADO GRUPO
determinado grupo consideram como dados naturais é meramente um reflexo DE SEUS PRÓPRIOS PRESSUPOSTOS”.

  • “Essas pessoas, contudo, bem como qualquer um de nós, necessariamente agem e reagem de acordo com SUA PERCEPÇÃO DO MUNDO, impregnando-o com o resultado de suas PRÓPRIAS CONSTRUÇÕES.
44
Q

Análise de culturas complexas. Qual é a proposta?

A
  • Renovar o conceito de cultura, que em suas versões antiquadas expressa holismo, integração e unidade.
  • Trabalhar substantivamente, explorando o grau e tipos de conexão verificados no domínio da cultura. A
    teoria e os conceitos devem se testados na analise da vida real.
45
Q

Por que os indivíduos participam diferente em sua cultura?

A

A participação do indivíduo em sua cultura é sempre limitada; nenhuma pessoa é capaz de participar de todos os
elementos de sua cultura.

Qualquer que seja a sociedade, não existe a possibilidade de um indivíduo dominar todos os aspectos de sua
cultura.

46
Q

Existem dois tipos de mudança cultural…. quais são?

A

Existem dois tipos de mudança cultural: uma que é interna, resultante da dinâmica
do próprio sistema cultural,

e uma segunda que é o resultado do contato de um sistema cultural com um outro.”

“O ritmo, porém, pode ser alterado por eventos históricos tais como uma catástrofe, uma grande inovação
tecnológica ou uma dramática situação de contato”.