Sistema Gastrointestinal Flashcards
Considerações gerais sobre o trato gastrointestinal
- estrutura oca
- vai desde a cavidade oral até ao ânus
- composto por 6 segmentos distintos (esófago, estômago, intestino delgado, cólon, reto e ânus)
- cada componente apresenta funções únicas (complementares e integradas)
- regula o consumo, processamento e absorção dos nutrientes ingeridos
- regula a remoção dos resíduos da alimentação
Características Esófago
• desenvolve-se e torna-se reconhecível a partir da terceira semana de gestação
• tubo muscular oco e distensível que vai desde a epiglote à junção
gastroesofágica
• doenças adquiridas são muito variáveis
- cancros altamente letais
- sensação de ardência permanente
–>crónica e incapacitante
–>desconfortável em situações pontuais
Tipos de esofagite
Esofagite Química
Esofagite de Refluxo
Esofagite Química
• corresponde à inflamação do esôfago provocada quando a mucosa escamosa estratificada do esófago é danificada por vários agentes químicos como:
-álcool, ácidos e bases corrosivos, líquidos quentes e fumo do
tabaco
-comprimidos que se alojam e dissolvem no esófago (deve-se
beber bastante água quando se ingere comprimidos)
•causa dor e disfagia (dificuldade de glutição)
•hemorragia ou perfurações podem ocorrer em casos graves
Esofagite de Refluxo
- Conhecida como a doença de refluxo gastroesofágico e é causa mais comum de esofagite.
- Na junção do esôfago com o estômago existe um anel muscular (esfíncter esofágico inferior) que impede que os alimentos voltem do estômago pelo mesmo caminho por onde entraram. Por algum motivo, esse esfíncter torna-se mais fraco e pode não conter mais os conteúdos estomacais no local certo. Assim, há um refluxo gástrico.
- O epitélio escamoso estratificado do esófago é resistente à abrasão provocada pelos alimentos mas é sensível ao ácido. Havendo refluxo o ácido do estomago chega ao esófago causando irritação.
- Refluxo biliar do duodeno pode exacerbar o dano
Condições que diminuem o tónus do EEI
- consumo de álcool e tabaco
- obesidade
- depressão do sistema nervoso central
- gravidez
- hérnia do hiato
- atraso no esvaziamento gástrico
- aumento do volume gástrico
Características clínicas de quem tem esofagite
•mais comum em adultos com mais de 40 anos( mas também ocorrem em bebés e crianças)
•sintomas clínicos mais comuns são vários como p.e.
- disfagia
- azia (pirose)
- regurgitação do conteúdo gástrico ácido
• raramente, pode estar associada a ataques de dores fortes no peito (e acabar por ser confundida com patologia cardíaca)
• pode ser tratada com inibidores da bomba de protões (PPIs) ou antagonistas do recetor da histamina H2
- reduzem a acidez gástrica e aliviam os sintomas
• o dano histológico tende a aumentar com a duração da doença podendo surgir complicações como: ulceração esofágica, hematemese, melena e esófago de Barrett
Hérnia do Hiato
- consiste na passagem de parte de órgãos abdominais (geralmente estômago) para dentro do tórax.
- a cavidade torácica está separada da cavidade abdominal por um músculo – o diafragma. Nesse músculo existe um orifício, o hiato, por onde passa o esófago. Quanto esse orifício alarga, a pressão abdominal “empurra” o conteúdo abdominal para dentro do tórax, formando-se assim a hérnia de hiato.
- há separação dos pilares diafragmáticos e protrusão do estômago no tórax
- pode ter origem congénita ou ser adquirida
- é sintomática em menos de 10% dos adultos
- sintomas incluem azia e regurgitação de suco gástrico
Características Estômago
- alvo frequente de distúrbios patológicos
- inflamações e neoplasias a são particularmente comuns
- nos EUA, doenças relacionadas com o ácido gástrico representam cerca de 1/3 de todo o gasto com saúde em doenças do trato GI!
- cancro gástrico continua a ser uma das principais causas de morte
Gastrite Aguda
- processo inflamatório transiente da mucosa
- pode ser assintomática ou causar vários graus de dor epigástrica, náusea e vómitos
- em casos mais graves pode ocorrer:
- -> erosão da mucosa
- -> ulceração
- -> hemorragia
- -> hematémese (saída de sangue pela boca)
- -> melena (fezes mt escuas)
- -> perda massiva de sangue (raro)
Mecanismos de proteção da mucosa gástrica
• O lúmen gástrico é extremamente acídico (pH = 1-2,5) o que é favorável para o processo digestivo já que se torna um agente antissético e um agente desnaturante das proteínas da dieta
• No entanto, o pH muito ácido tem potencial de danificar a mucosa
• Por isso, existem vários mecanismos que protegem a mucosa como:
- mucinas: que consistem em glicoproteínas secretadas pelas células foveolares que formam uma fina camada de muco o que constitui uma barreira física de proteção do epitélio contra os alimentos e impede uma difusão rápida dos iões H+ até à mucosa;
- o pH neutro na camada de mucinas: o bicarbonato de sódio intervém mantendo o pH quase neutro o que neutraliza os iões H+;
- o grande aporte vascular da mucosa gástrica: o que no caso de ácido atingir essa região permite uma remoção rápida e eficiente do mesmo.
Desequilíbrios nos mecanismos de proteção da mucosa
- síntese reduzida de mucina: que é uma consequência natural do envelhecimento e que aumenta a suscetibilidade a gastrite
- consumo de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs): que interferem com a citoproteção normal providenciada pelas prostaglandinas, reduzindo da secreção de bicarbonato
- infeção com H. pylori: que causa inibição dos transportadores de bicarbonato pelos iões amónio
- ingestão de ácidos ou bases fortes (suicídio ou acidente)
- consumo de álcool
- radioterapia
- inibidores mitóticos: como a quimioterapia, falhas na regeneração epitelial ( pq a mucosa gástrica é substituída a cada 2-6 dias!)
Gastrite Crónica
• os sintomas são normalmente menos graves mas mais
persistentes do que os da gastrite aguda
- náuseas
- desconforto na região abdominal superior
- vómitos
- hematemese é incomum
• principal causa é a infeção com H. pylori
• gastrite autoimune representa menos de 10% dos
casos
Gastrite associada a H. pylori
- é um tipo de gastrite crónica
- bacilos espirais ou curvos estão presentes nas biópsias gástricas
- H. pylori está presente em 90% dos indivíduos com gastrite crónica que afeta o antro
- H. pylori desempenha também um papel importante noutras doenças gástricas e duodenais como úlceras pépticas e cancro gástrico
Características da H. pylori
- flagelos: que permitem à bactéria ter mobilidade no muco viscoso
- urease: origina amónia a partir da ureia endógena o que aumenta o pH gástrico local
- adesinas: que aumentam a adesão bacteriana à superfície das células foveolares
- toxinas: tais como CagA que podem estar envolvidas no desenvolvimento de úlceras ou cancro