Retalhos Cutâneos Flashcards

1
Q

Qual a definição de retalho cutâneo?

A

É uma unidade constituída por pele + tecido subcutâneo + pedículo vascular (responsável por sua nutrição). RETALHO = RETADO (tem sua própria vascularização).

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2
Q

Quando é que o retalho cutâneo recebe prioridade (optamos utilizá-lo)?

A

1) Quando outros métodos menos complexos falham (como enxerto cutâneo, ou sutura).
2) Quando o aspecto estético e funcional representam maior importância.
3) Quando existe a presença de feridas com exposição de estruturas profundas.

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3
Q

Como é que os retalhos são classificados?

A

1) CONSTITUIÇÃO: simples ou composto
2) VASCULARIZAÇÃO: ao acaso ou axial

3) LOCALIZAÇÃO DA ÁREA RECEPTORA EM RELAÇÃO À DOADORA:
- Retalhos de vizinhança
> Deslizamento ou avanço
> Rotação
> Transposição: retalho de Limberg e a zetaplastia
> Interpolação
- Retalhos a distância

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4
Q

Quais são as indicações para o uso de RETALHOS CUTÂNEOS?

A

1) Cobertura de áreas cruentas ou substituição de áreas cicatriciais que exijam melhor resultado estético e funcional.
2) Cobertura/Proteção de troncos nervos e grandes vasos sanguíneos.
3) Cobertura de proeminências ósseas sujeitas a pressão
4) Cobertura de estruturas com vascularização deficiente (ex: osso sem periósteo, cartilagem sem pericôndrio, tendão sem peritendão, nervos e áreas submetidas à radioterapia.
5) Reconstrução de áreas nobres (lábios, nariz, pálpebras e pavilhão auricular)

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5
Q

Defina Zetaplastia e fale suas indicações.

A

Técnica na qual dois retalhos triangulares são transpostos. O “Z” pode ser único ou múltiplo.

1) Alongamento de cicatrizes retráteis
2) Mudança do sentido de uma cicatriz em relação às linhas de força do local
3) Correção de defeitos congênicos: fissura labiopalatina, sindactilias, bridas amnióticas, epicanto.

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6
Q

Qual a contraindicação para o uso de retalhos cutâneos?

A

Insuficiência vascular da área doadora.

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7
Q

Quais são as possíveis complicações nos retalhos cutâneos?

A

1) Infecção
2) Hematoma
3) Necrose de ponta
4) Insuficiência vascular
5) Sutura sob tensão ou torção do pedículo
6) Utilização de um retalho menor que a área a ser coberta
7) Cuidados pós-operatórios inadequados (imobilização insuficiência; compressão do pedículo pelo curativo).

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8
Q

O que devemos atentar para no pós-operatório do retalho cutâneo.

A
  • Cor (da pele e do sangue)
  • Se há sangramento
  • Realizar testes de viabilidade: angiografia, fluorescência, temperatura.
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9
Q

Após a colocação do retalho, quais são as características da pele implantada?

A
  • Cor + textura normais
  • Glândulas sebáceas e pêlos normais. As sudoríparas demoras mais de surgir, pois dependem da regeneração nervosa.
  • Diminuição da espessura
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10
Q

Qual a definição de enxertos cutâneos?

A

É uma unidade constituída por um fragmento de pele (epiderme + derme), que é retirado de uma área doadora e transplantado para uma área receptora. SEPARADO COMPLETAMENTE DO SEU PEDÍCULO VASCULAR! Ele torna-se dependente de um novo suprimento sanguíneo, que se desenvolverá a partir do leito receptor.

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11
Q

Como são classificados os enxertos cutâneos?

A

Mnemônico FECO:
- FORMA:
> estampilha: pele parcial colocada como selo. Feita com mão livre + bisturi. Os fragmentos de pele ficam irregulares (é um método ultrapassado)
> malha: pele parcial obtida através de aparelhos e depois expandida (vira uma rede). É usado em feridas muito extensas.
> tiras: pele parcial que é obtida através de aparelhos, como o dermátomo/facas manuais

  • ESPESSURA:
    > pele total: pega a epiderme e a derme toda
    > pele parcial: pega a epiderme e parte da derme
  • COMPOSIÇÃO:
    > Simples
    > Composto
  • ORIGEM:
    > Autoenxerto: obtido do mesmo indivíduo
    > Isoenxerto
    > Heteroenxerto: obtido de outra espécie (porco/rã). Mais comum em queimados.
    > Homoenxerto: obtido de um indivíduo diferente, mas da mesma espécie.
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12
Q

Quais são os principais sítios doadores para enxerto de pele parcial?

A
> Braços
> Abdome
> Dorso
> Nádegas
> Face medial da coxa
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13
Q

Quais são os principais sítios doadores para o enxerto de pele total?

A
> Regiões pré/pós-auricular
> Região supraclavicular
> Parte medial dos braços
> Parte lateral do tórax
> Parte inferior do abdome
> Virilha
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14
Q

Quais são as fases de integração do enxerto?

A

1) Embebição plasmática: deixar o enxerto embebido em soro fisiológico. Aumenta de peso.
2) Inosculação: quando se estabelecem novas conexões vasculares entre o enxerto e o leito receptor.
3) Neovascularização: indução da angiogênese com formação de novos capilares.

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15
Q

Quais são as indicações para a utilização de enxertos cutâneos?

A

1) Nos casos que não for possível o tratamento de uma área cruenta com sutura primária
2) Reparação de áreas bem vascularizadas
3) Reparação de áreas onde o tecido não permita mobilização ou não tenha tecido suficiente para realização de retalho
4) Cobertura de feridas extensas

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16
Q

Qual a contraindicação absoluta para a colocação de enxertos cutâneos?

A

Insuficiência vascular do leito receptor.

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17
Q

Quais as complicações para a colocação de enxerto?

A

1) Hematoma –> enxerto em malha evita isso
2) Seroma –> acúmulo de líquido semelhante a plasma entre o enxerto e o leito do receptor
3) Infecção
4) Mobilização ou deslizamento do transplante (áreas curvas e circulares)
5) Insuficiência vascular:
> Enxerto muito espesso
> Má avaliação pré-operatória
> Sutura com muita tensão

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18
Q

Compare contração primária e secundária de enxertos cutâneos.

A

Contração primária é a redução do tamanho do enxerto após ele ser removido do doador. O enxerto de pele total sofre MAIS contração primária do que o de pele parcial. Isso porque o de pele total possui maior número de células.

Contração secundária é a redução do tamanho do enxerto devido a maior quantidade de miofibroblastos, que tracionam as bordas da ferida em direção ao centro e, portanto, diminuem a área receptora, o que origina retrações. O de pele total possui MENOR contração secundária, pois possui maior espessura, e consequentemente acelera o ciclo de vida dos miofibroblastos da área receptora. Nesse caso ele perde sua função rapidamente.

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19
Q

Quando é que é ideal usar o enxerto de pele total/parcial?

A

PELE TOTAL: ideal para o rosto e áreas nobres (é mais estético).

PELE PARCIAL: se reepiteliza, já que não removemos a derme completamente. Dessa forma tem uma maior disponibilidade/tamanho, sendo mais usado em feridas largas. Ele também se adere mais facilmente ao leito receptor, sendo utilizado em feridas pouco vascularizadas.

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20
Q

Explique o curativo de Brown.

A

É uma gaze suturada em cima do enxerto, realizando uma leve compressão, para que todas as camadas da pele sejam vascularizadas. É usado para enxerto de pele total.

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21
Q

Defina lipoma e diga onde geralmente eles são encontrados.

A

É um tumor benigno de tecido adiposo/partes moles que pode surgir em qualquer lugar do corpo. Porém, geralmente surge na parte superior do tronco (ex: cabeça, pescoço, ombros e costas).

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22
Q

Quais são as características do lipoma?

A

> Tamanho variável
Normalmente é indolor
Indistinguível da gordura normal
Móvel
Liso ou lobulado
Encapsulado (por tecido fibroso inespecífico) ou não-encapsulado
Pouco vascularizado
Único (podendo ser múltiplo no caso de lipomatose - mais comum em homens)
Localização habitual: subcutâneo (intramuscular, gastrointestinal, retroperitoneal, intraósseo, intra-lingual, mediastinal, intra-articular.

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23
Q

Qual o tratamento definitivo de lipoma?

A

Remoção cirúrgica

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24
Q

Qual a histologia dos lipomas?

A

Adipócitos. Ele pode ser misto também:

  • Fibrolipoma
  • Angiolipoma
  • Lipoblastoma - (são raros, embriológico, mais comum em crianças).
  • Hibernomas - (raros, embriológico, mais como um crianças)
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25
Q

Qual a indicação para exérese de lipoma?

A
  • Tumores sintomáticos (que levem a dor ou desconforto)
  • Questões estéticas
  • Aliviar a ansiedade relativa ao diagnóstico
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26
Q

Quais são as contraindicações absolutas da exérese de lipoma?

A
  • Tumores com risco aumentado de malignidade sem resultado prévio de biopsia.
    > maior que 5 cm de diâmetro
    > Presença de calcificações
    > Invasão de estruturas próximas e/ou profundas
    > Crescimento rápido
    > Local de alto risco como pernas ou ombros
  • Indivíduo não cooperativo.
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27
Q

Na dúvida diagnóstica de um lipoma, o que devemos fazer? E em suspeita de malignidade?

A

1) Solicitar exames de imagem (USG com doppler ou RNM).

2) Proceder com biópsia da lesão.

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28
Q

Quais são as complicações comuns na exérese de um lipoma?

A
  • Recidiva
  • Infecção cirúrgica (celulite, fasciite)
  • Equimose
  • Hematoma
  • Seroma

Mesmo sendo “comuns” ainda são raros.

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29
Q

Quais são as complicações raras na exérese de lipoma?

A
  • Lesão de nervos e vasos próximos
  • Deformidade permanente secundária à remoção de uma lesão grande
  • Fibrose excessiva com deformidade estética ou contratura
  • Lesão muscular
  • Embolia gordurosa
  • Periostite
  • Osteomielite
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30
Q

Existe desaparecimento espontâneo de um lipoma?

A

Não, ele pode aparecer mais quando o paciente emagrece.

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31
Q

Existe tratamento medicamentoso para lipoma?

A

Não, o tratamento é cirúrgico.

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32
Q

Existe urgência na retirada do lipoma?

A

Não, não há urgência e não há necessidade de um preparo especial - é só colher a história de sangramentos, etc. É um procedimento simples.

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33
Q

Existe reecidiva do lipoma?

A

É incomum.

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34
Q

Qual a principal característica de malignidade que podemos observar no caso de dúvida se é lipoma ou não?

A

Crescimento rápido, em 1 mês.

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35
Q

Defina o que são cistos epidermoides.

A

São lesões benignas resultantes da proliferação de células epidérmicas produtoras de queratina no interior da derme por oclusão do folículo pilossebáceo. Ele é preenchido por queratina ou resíduos de lipídios.

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36
Q

O cisto epidermoide é conhecido equivocadamente pela população como o que?

A

Cisto sebáceo. É um erro pois o cisto epidermoide é revestido por epitélio semelhante ao da pele (estratificado e queratinizante), e não contém sebo.

37
Q

Quais são as principais características do cisto epidermoide?

A
  • Apresentam formato arredondado
  • Geralmente são elevados e com limites precisos
  • São moles ou firmes
  • Móveis em relação aos planos profundos
  • Apresentam crescimento lento
  • Únicos
  • Locais: face, pescoço, parte superior do tronco, dorso, couro cabeludo, orelhas (na pele “oleosa”).
38
Q

Como é formado um cisto epidermoide?

A

Temos um epitélio estratificado, queratinizado - células da epiderme se deslocam em profundidade em direção a um folículo piloso e secretam queratina no seu interior (aroma característico, secreção pardacenta).

39
Q

Alguns cistos epidermoides apresentam um ponto central que representa o que?

A

Representam o orifício pilossebáceo obstruído que, à expressão do cisto, elimina material queratinoso.

40
Q

Quais são as apresentações clínicas do cisto epidermóide? O que fazemos com cada um deles?

A

1) Quiescente (assintomático - sem infecção ou inflamação). Se fosse sintomático que se tornou assintomático é recomendada a excisão cirúrgica do cisto + sua cápsula
2) Inflamado: podem se resolver espontaneamente sem terapia, portanto o tratamento não é necessário. Aguardamos.
3) Infectado: IMPEDE a excisão, pois a cápsula pode estar rota ou mal delimitada. Nesse caso, é indicada a drenagem cirúrgica + antibioticoterapia. Se a cápsula for mantida, haverá reecidiva.

OBS: e se romper? viva a natureza. Capsula mantida –> recidiva.

41
Q

Indicações para excisão do cisto epidermoide.

A

Cistos quiescentes (sem infecção ou inflamação)

42
Q

Quais são as contraindicações relativas para remoção do cisto epidermoide?

A
  • Distúrbios graves da coagulação

- Cisto infeccionado

43
Q

Quais são as complicações para cisto epidermoide?

A
  • Recidiva
  • Infecção
  • Hemorragia
44
Q

O que fazemos se recebemos um paciente com lesão de pele encaminhado pelo dermatologista?

A

1) É uma lesão benigna (ceratose, nevus), pré-maligna (queratose actínica), ou maligna (carcinoma, melanoma)?
2) Biópsia –> anatomia patológica
3) Fazemos uma biópsia incisional ou excisional. A excisional é para lesões pequenas, nas quais podemos remover tudo! A incisional é para lesões grandes, onde retiramos um pedaço da lesão e um pedaço da pele normal adjacente para comparação.

45
Q

O que fazemos quando o paciente chega com onicocriptose + paroníquia?

A
onicocriptose = unha encravada
paroníquia = infecção das dobras de tecido ao redor das unhas (cutícula)
  • Tratamento cirúrgico:
    1) anestia troncular (na base do dedo);
    2) cantotomia ou cantoplastia;
    3) remoção da paroníquia;
    4) prevenção.
46
Q

Defina abscesso cutâneo e cite suas manifestações clínicas.

A

Definição: coleção de pus localizada entre a derme e os tecidos cutâneos mais profundos.

Manifestações: nódulos eritematosos, dolorosos, endurecidos, flutuantes, frequentemente sobrepostos por uma pústula (que é o ponto de flutuação) e circundados por uma borda eritematosa.

47
Q

Qual a indicação para manejar abscesso cutâneo e quais suas contraindicações relativas?

A

-Indicação: a maioria dos pacientes com esse abscesso.
-Contraindicações relativas:
LOCAL: perirretal; mão; mama; adjacente a nervos vitais ou vasos sanguíneos; região cervical lateral ou anterior proveniente de cistos congênitos; no triângulo central da face (cantos da boca e ponte nasal).
FATORES DO PACIENTE: indivíduos com complicações de VA, dificuldade de manejo ventilatório ou risco de aspiração (atentar para sedação).
DISTÚRBIOS DA COAGULAÇÃO: devem ter sua condição base corrigida antes do procedimento.

48
Q

Quais são as possíveis complicações no manejo dos abscessos cutâneos?

A

Drenagem inadequada: aumento do abscesso, osteomielite, tenossinovite, tromboflebite séptica e fasciíte necrosante.
Drenagem excessiva: danos a estruturas adjacentes e bacteremia (quando a infecção/as bactérias migram).

49
Q

Quais são as bactérias presentes no tronco, na axila e no períneo respectivamente, que podem levar a complicações na drenagem excessiva do abscesso cutâneo?

A

TRONCO: flora bacteriana (Staphylococus aureas)

AXILA: gram negativas

PERÍNEO: Flora mista de gram negativos aeróbios e anaeróbios.

50
Q

Qual a diferença entre abcesso cutâneo e celulite?

A

A diferença está no centro. No centro do abcesso temos necrose. Na celulite não.

51
Q

O que devemos fazer quando o abscesso apresenta drenagem espontânea?

A

Como já existe um local de drenagem do pus, a conduta de expectante pode ser adotada.

52
Q

O que fazemos com abscessos grandes em locais de difícil anestesia local?

A

Levamos à sala operatória. Principalmente se foram > 5cm por palpação/USG.

53
Q

Quando é que devemos fazer antibioticoterapia em pacientes com abscessos?

A

1) Abscessos > ou = a 2 cm
2) Lesões múltiplas
3) Celulite extensa
4) Imunosupressão
5) Sinais sistêmicos de toxemia (febre>38C + hipotensão + taquicardia sustentada)
6) Resposta clínica inadequada à drenagem
7) Presença de dispositivo médico interno (ex: prótese articular, enxerto vascular ou marcapasso).
8) Alto risco de desfechos adversos com endocardite (história prévia de endocardite infecciosa, presença de prótese valvar, defeito cardíaco congênito não reparado ou disfunção valvular em coração transplantado).
9) Alto risco de transmissão de Staphylococcus aureus (ex: atletas e militares).

54
Q

Quando é que devemos coletar o material para cultura em um abscesso?

A

Somente se após a drenagem foi introduzida antibioticoterapia e o paciente tiver um dos critérios abaixo:

1) História de abscessos múltiplos ou recorrentes
2) Antibioticoterapia inicial falha
3) Infecção local (cisto pilonidal ou celulite extensa)
4) Sinais sistêmicos de infecção
5) Extremos de idade (crianças e idosos)
6) Comorbidades subjacentes (linfedema, malignidade, neutropenia, imunodeficiência, esplenectomia, diabetes)
7) Exposição especial: mordida de animal, lesão associada à água)
8) Presença de indicação para profilaxia contra endocardite infecciosa
9) Se padrões comunitários de suscetibilidade a S. aureus forem desconhecidos ou mudarem rapidamente.

55
Q

O que é o fechamento por segunda intensão?

A

Quando esperamos a ferida fechar sozinha. Geralmente fazemos isso quando não há tecido suficiente para fechar ou pode haver ainda acúmulo de pús.

56
Q

Como é a classificação de feridas?

A

1) Potencialmente contaminadas: trato GI, resp ou genitourinário em condições controladas e sem contaminação. Além disso, feridas ocorridas em ambiente doméstico.
2) Contaminadas: Violação das técnicas cirúrgicas; feridas traumáticas com >6 horas; quando se penetra TR, GI, GU com presença de infecção (ex: empiema de vesícula); feridas em contato com fezes, terra ou materiais altamente contaminantes).
3) Infectadas: sofreram invasão de microorganismos patogênicos causando infecção. Apresenta sinais inflamatórios.

57
Q

Defina fasciotomia e Síndrome compartimental.

A

FASCIOTOMIA: procedimento cirúrgico que consiste em realizar incisões na fáscia do músculo com o objetivo de tratar síndrome compartimental.

SÍNDROME COMPARTIMENTAL: Quando a pressão osteofascial do músculo aumenta, sendo suficiente para produzir isquemia e necrose subsequente. A lesão muscular geralmente se inicia após 4 horas de isquemia. A probabilidade dessa lesão ser irreversível é muito maior após 8 horas de isquemia.

58
Q

Quais são os dois mecanismos que podem causar a síndrome compartimental e quais são os locais mais acometidos?

A

Aumento da pressão por conta:
A) Do aumento do conteúdo no compartimento OU por redução do tamanho do compartimento.
Ex: trauma (fraturas e queimaduras), curativos muito apertados, hematoma pós-operatório e infiltração de fluidos intravenosos.

Locais: perna, antebraço, pé, mão, região glútea, coxa.

59
Q

Quais são as indicações para fasciotomia?

A

1) Tratar a síndrome compartimental.
Devemos suspeitar dela quando:
- Dor desproporcional aos achados clínicos
- Dor a movimentação passiva dos membros
- Dor à palpação do compartimento
- Pressão intracompartimental >30mmHg (medida pelo monitor de pressão intracompartimental).
- Edema tenso do compartimento
- 6 Ps clássicos: dor (pain), pressão, parestesia, paralisia, palidez, pulseless.
OBS: em pacientes que não conseguem expressar dor, o diagnóstico é feito pela suspeita clínica e medição da pressão do compartimento.

60
Q

Quais as contraindicações para fasciotomia?

A

Síndrome compartimental diagnosticada tardiamente. – Por exemplo: presença de sintomas durante 24-48 horas sem evidência de função muscular nos compartimentos afetados.

OBS: não existe um consenso de quando não realizar a fasciotomia. É preciso avaliar a viabilidade do membro, através de sinais como: coloração, pulso e paralisia.

61
Q

Quais são as complicações que podem ocorrer na fasciotomia?

A

1) Infecção pós-operatória
2) Sepse
3) Amputação do membro
4) Lesão de nervos ou vasos
5) Mioglobinúria –> insuficiência renal
6) Síndrome de reperfusão

62
Q

O que é síndrome de reperfusão?

A

É uma complicação que podemos ver pós uma fasciotomia.
Um longo período de isquemia leva a alteração no metabolismo mitocondrial com produção de radicais livres e influxo de cálcio pelas células. Uma vez que a vascularização seja restaurada o sangue acidificado e hipercalêmico pode levar a complicações como arritimias e insuficiência renal.

63
Q

Qual o objetivo de um debridamento?

A
  • Controle bacteriano impedindo sua proliferação e/ou o preparo para a intervenção cirúrgica.
  • É o fator isolado mais importante no tratamento da ferida contaminada.
64
Q

Quais são as formas que as queimaduras podem ser classificadas?

A

1) Conforme mecanismo que provocou a injúria.
- Térmica
- Por exposição ao frio intenso
- Química
- Elétrica
- Por radiação
- Por inalação
- Por fricção

2) Quanto à profundidade da pele que é atingida.
- Superficial ou Epidérmica (1o grau)
- Espessura parcial (2o grau)
> Superficial
>Profunda
- Espessura total (3o grau)
- Carbonização (4o grau)

65
Q

Explique os tipos de queimadura em relação a profundidade.

A
  • Superficial ou Epidérmica (1o grau): pele avermelhada, seca e com ardor, que fica branca quando pressionada
  • Espessura parcial (2o grau)
    > Superficial: lesão avermelhada e dolorosa, atinge desde epiderme até a derme papilar, com formação de bolhas, apresentando exsudato.
    >Profunda: lesão esbranquiçada até avermelhada, dolorosa apenas à pressão. Acomete desde a epiderme até a derme reticular, com lesão em tecido glandular e capilar, com presença de exsudação e bolhas.
  • Espessura total (3o grau): lesão de coloração esbranquiçada à escurecida, atinge derme totalmente e tecido subcutâneo, geralmente é indolor.
  • Carbonização (4o grau): atinge musculatura , osso e orgãos subjacentes.
66
Q

Quais são as zonas de lesão tecidual?

A

1) zona de coagulação: parte central onde aconteceu destruição tecidual máxima. Zona necrótica sem possibilidade de reparação tecidual.
2) zona de estase: parte adjacente a central, as células foram lesadas mas de maneira reversível. Aporte de oxigênio imprescindível.
3) zona de hiperemia: lesão celular mínima com aumento do fluxo sanguíneo devido a reação inflamatória iniciada pela queimadura.

67
Q

Como é feita a estimativa de porcentagem de área corporal atingida por queimaduras? E o que fazemos com ela? Utilizamos qual fórmula?

A

Pela regra dos 9 (de Wallace)

  • 4,5% na cabeça
  • 4,5% braços
  • 18% tórax e dorso
  • 1% genitália
  • 9% pernas
  • Através do valor dessa estimativa, é realizado o cálculo para a necessidade da reposição volêmica. A fórmula de Parkland (ou Baxter) é mais utilizada para realização da reposição. Ela consiste em repor nas primeiras 24 horas, um valor 2 ml x Kg x %SCQ (2o e 3o grau) de solução Ringer Lactato.
  • Metade desse volume deve ser reposto logo nas primeiras 8 horas após o acidente, e a outra metade distribuída entre as 16 horas seguintes.
  • Após as primeiras 24 horas, o fluído fornecido deve ser ajustado com base em diurese alvo de 0,5 ml/kg/h para adultos e 1ml/kg/h para crianças com peso < 30 kg.
68
Q

Como realizamos o tratamento/curativo em queimaduras?

A

Após avaliar a extensão e profundidade + limpar os ferimentos + debridar –> iniciamos tratamento.
> Peças de roupas ou outros materiais são removidos por irrigação abundante
> O curativo consiste em tratamentos direcionados para a cicatrização rápida e indolor, e os mais utilizados nos principais centros são os com ANTIMICROBIANO TÓPICO.
> Os curativos podem ser sintéticos e biológicos como uma alternativa aos antimicrobianos.
> Queimaduras mais profundas exigem curativo e podem exigir profilaxia para tétano.

69
Q

Fale sobre a utilização da analgesia e/ou sedação em queimados.

A

Ajuda o tratamento do queimado além de dar conforto. Porém, deve-se tomar cuidado com as doses e com o tipo de medicamento utilizado, levando em conta o quadro geral do paciente e não só a queimadura.

70
Q

Qual a função do tratamento para queimados?

A

1) Proteger o epitélio danificado, minimizar a colonização bacteriana e fúngica e providenciar imobilização para manter a posição funcional adequada.
2) Minimizar as perdas de calor por evaporação e agressão pelo frio
3) Providenciar conforto à ferida dolorosa

71
Q

Verdadeiro ou falso:

Queimaduras de primeiro grau ou de segundo grau superficial com epitélio intacto necessitam de antibióticos tópicos.

A

FALSO- NÃO NECESSITAM

Queimaduras de primeiro grau ou de segundo grau superficial com epitélio intacto NÃO necessitam de antibióticos tópicos.

72
Q

Todos os pacientes que sofreram queimadura elétrica devem ter qual reposição volêmica?

A

4ml x kg x %SCQ

73
Q

Verdadeiro ou falso:

Uma sonda nasogástrica deve ser colocada em pacientes com queimaduras leve ou moderadas > 30% de superfície corporal.

A

FALSO -
Uma sonda nasogástrica deve ser colocada em pacientes com queimaduras MODERADAS à GRAVES > 20% de superfície corporal.

OBS: uma combinação do mecanismo de queimadura, profundidade de queimadura, extensão e localização anatômica auxilia a determinar a gravidade geral da queimadura (leve, moderada e grave).

74
Q

Verdadeiro ou Falso:

Devemos manter a via área e fornecer oxigênio suplementar em pacientes com queimaduras graves.

A

VERDADEIRO

Devemos manter a via área e fornecer oxigênio suplementar em pacientes com queimaduras graves.

75
Q

Quando é que devemos indicar a transferência do paciente queimado para centro de queimados?

A

1) Queimaduras de espessura parcial em > 10% de superfície corporal.
2) Queimaduras de espessura parcial ou total em áreas mais sensíveis (face, olhos, genitália, períneo, articulações, mãos e pés).
3) Queimaduras de espessura total d qualquer tamanho em qualquer faixa etária.
4) Queimaduras químicas e elétricas significantes
5) Lesões por inalação
6) Pacientes com doenças preexistentes
7) Crianças que estão em hospitais sem profissionais qualificados ou equipamento apropriados para seu tratamento.

76
Q

Quando é indicado a escarotomia? Como ela é feita?

A

Quando a pele perder suas características normais, diminuindo a complacência daquela região, associado a um edema extensos na região, podendo alterar o fluxo sanguíneo do local, tanto venoso quanto arterial.

A escarotomia é feita a partir de incisões com bisturi ou eletrocautério, o que reduzirá a pressão intra compartimental, evitando danos mais graves.

77
Q

Qual a definição de queimadura?

A

Lesão dos tecidos orgânicos, com destruição de revestimento epitelial, a partir de um agente externo.

78
Q

Quando é que consideramos um paciente, GRANDE QUEIMADO?

A
  • Queimaduras 2º grau > 20 % em adultos ou > 15% em crianças
  • Queimaduras 3º grau > 10% em adultos ou >5% em crianças
  • Queimaduras de 2º ou 3º grau atingindo o períneo
  • Queimaduras de 3º grau atingindo face, pé, mão, pescoço ou axila
  • Lesão inalatória, politrauma, TCE, choque, insuficiencia renal, hepática ou cardíaca; infecção grave, distúrbio de coagulação
79
Q

Quais são os cuidados necessários para cada tipo de queimadura?

A

Superficial (1º grau)

  • Evitar exposição solar
  • Tratamento tópico diário à base de pomadas enzimáticas após higiene local com água e sabão neutro.
  • Cura: 3 a 6 dias.

Superficial de espessura parcial (2º grau superficial)

  • Desbridamento das bolhas rotas
  • Preservação das bolhas intactas
  • Curativo oclusivo à base de pomadas enzimáticas, Adaptic, Zobec e Atadura Crepom ou Surgifix. Caso apresente sinais de infecção utiliza-se a sulfadiazina de prata.
  • Cura: 7 a 21 dias.

Profunda de espessura parcial (2º grau profundo)

  • Medidas anteriores
  • Inspeção meticulosa quanto à evolução para 3º grau
  • Cura: 3 a 6 semanas

Espessura total (3º grau)

  • Desbridamento de Tecido Desvitalizado
  • Curativos biológicos
  • Enxertos homólogos
  • Enxertos heterólogos
  • Membranas amnióticas
  • Peles sintéticas
  • Enxertia Autógeno Precoce

Face

  • Curativo de exposição
  • Enxertia de pele total, precoce e prioritária
  • Genitália
  • Sondagem vesical
  • Curativo de exposição
  • Remoção precoce da escara
  • Enxertia precoce, preferencialmente de pele total

Mão

  • Curativo em posição de função
  • Enxertia precoce e de pele total ou retalhos
  • Fisioterapia
80
Q

Definia debridamento e diga sua finalidade.

A

É a remoção de tecidos mortos, desvitalizados ou contaminados, assim como qualquer corpo estanho do leito da ferida, até a exposição de tecido saudável circundante, propiciando condições fisiológicas para cicatrização.

Tem a finalidade de restaurar a base da ferida e da matriz extracelular e obter tecido viável.

81
Q

Como é feita a classificação de feridas quando ao grau de contaminação?

A

1) Limpa: não traumáticas, sem processo inflamatório
2) Potencialmente contaminada: com tempo inferior a 6 horas entre o trauma e o atendimento, sem contaminação significativa.
3) Contaminada: com tempo maior que 6 horas entre o trauma e o atendimento, sem sinais de infecção.
4) Infectada: intensa reação inflamatória e destruição de tecidos, podendo conter pús.

82
Q

Quais são os tipos de debridamento?

A

1) Cirúrgico (seletivo e efetivo. Dispendioso e exige profissional especializado).
2) Mecânico: (fricção com gaze + irrigação e lavagem em jato).
3) Enzimático: (colagenase, papaína). Os médicos colocam as enzimas diferentes do autolítico, que o próprio corpo produz.
4) Autolítico: (utiliza as enzimas do próprio organismo). São usados curativos úmidos (hidrogeis). É um processo lento, porém seletivo. Até porque o corpo não vai atuar sobre a região saudável.

OBS: ainda tem o biológico: coloca bicho em cima da ferida. Larvas criadas em laboratórios. Comem a área necrosada.

83
Q

Quais são as indicações de debridamento?

A

1) Escaras, corpos estranhos e necrose excessiva.
2) Feridas traumáticas
3) Feridas infectadas
4) Quando há necessidade de um processo de limpeza da ferida rápido, seletivo, para identificação e diferenciação entre os tecidos viáveis dos não viáveis.

84
Q

Quais são as contraindicações relativas para o debridamento?

A

Se limpos, tecidos nobres como a dura, a fáscia e o tendão não devem ser removidos pois podem sobrevier mesmo desvitalizados.

85
Q

Quais são as contraindicações absolutas para o debridamento?

A

1) Paciente portador de ferida isquêmica seca e doença terminal.
2) Coagulopatias ou terapia anticoagulante
3) Má definição na viabilidade do tecido

86
Q

Cite as complicações que podem ocorrer no debridamento.

A

1) sangramento local
2) dor se analgesia inadequada
3) repercussões sistêmicas pelo risco de sepse da ferida infectada

87
Q

Quando é indicado a antibioticoterapia no debridamento?

A

1) Feridas penetrantes em espaço articular ou associadas a fraturas
2) Feridas grosseiramente contaminadas
3) Feridas corto-contusas extensas
4) Quando o debridamento adequando não é satisfatório ou foi tardio
5) Em lesões sujeitas a infecções por clostrídios
6) Ferimentos mesmo moderadamente contaminados quando associados a fatores locais ou sistêmicos que comprometam a resistência do paciente
7) Paciente sujeitos a endocardite
8) Paciente com próteses (ortopédicas, cardíacas).

88
Q

Quando é indicado a profilaxia antitetânica no debridamento?

A

FERIDAS COM:

1) Fratura exposta
2) Penetração profunda (>1cm)
3) Feridas contendo tecido desvitalizado
4) Feridas resultantes de projétil
5) Feridas por queimaduras
6) Feridas contendo corpos estranhos
7) Feridas complicadas por infecções piogênicas
8) Feridas contaminadas

Utilizamos 0,5 ml dT, IM no momento

89
Q

Quando devemos realizar a profilaxia antirrábica no debridamento?

A

Em casos de mordeduras por mamíferos possivelmente infectados.