RCP Flashcards
Qual o principal fator envolvido em um melhor prognóstico de um paciente em PCR?
Rapidez no início das manobras de RCP.
Quais as três fases da PCR, quanto tempo elas duram geralmente e quais as medidas críticas em cada uma delas?
Fase elétrica: Primeiros 4-5 mins. Geralmente o paciente está em FV. Desfibrilação imediata e RCP de alta qualidade se fazem necessárias para otimizar a sobrevivência.
Fase hemodinâmica: Entre 4-10 mins. Representa a depleção dos substratos. Desfibrilação e RCP de alta qualidade ainda são medidas críticas nos pacientes dessa fase.
Fase metabólica: Após 10 mins de PCR. Representada por acidose e disfunção celular graves. Se não houver RCE, as chances de sobreviver caem drasticamente. O tto é primariamente baseado em cuidados pós-parada cardíaca, incluindo hipotermia terapêutica.
Explique as teorias que tentam explicar o porque das compressões torácicas causarem circulação do sangue.
Teoria da “bomba cardíaca”: afirma que a compressão simultânea dos ventrículos direito e esquerdo entre o esterno e a coluna vertebral cria um gradiente de pressão entre o ventrículo e a aorta.
Teoria da “bomba torácica”: propõe que mais importante que o momento da compressão torácica, é o momento da descompressão, por induzir o fluxo de sangue para o coração, aumentando a pré-carga e levando à perfusão das artérias coronárias. O importante é que essa descompressão ocorra de maneira completa. Ela ainda sugere que a perfusão cerebral ocorre tanto na sístole (compressão) quanto na diástole quando o retorno da caixa torácica à sua posição original é total (descompressão).
OBS.: A teoria da bomba cardíaca afirma que: como consequência da manobra de compressão, a pressão lateral pleural e as pressões arterial e venosa
intratorácica devem ser diferentes; a pressão
arterial intratorácica deve ser igual à pressão extra
torácica e a pressão venosa intratorácica deve ser
maior que a extratorácica (devido às válvulas e
provável colapso venoso). Dessa maneira, seria criado
um gradiente arterial-venoso periférico, resultando
em fluxo sanguíneo adiante, com o ventrículo
se enchendo durante a descompressão.
Complete os espaços a seguir: Compressões acima de ______ aumentam a chance de inadequada profundidade torácica, e profundidade acima de _____ está associada ao aumento de lesões intratorácicas; portanto, a AHA preconiza ______ compressões por minuto com profundidade de _____. Contudo, por mais perfeita que seja a compressão, ela vai gerar no máximo ____ do débito cardíaco fisiológico, que é o necessário para perfundir adequadamente coração, rins e cérebro.
- 120/min
- 6 cm
- 100 a 120
- 5 a 6 cm
- 1/3
Como deve ser a ventilação de um paciente tanto quando este estiver com via aérea avançada ou na ausência dela?
- Via aérea avançada: uma ventilação a cada 6 segundos assíncronas às compressões.
- Sem via aérea avançada: A cada 30 compressões, deve ser feito 2 ventilações.
Indique qual a energia (Joules) que deve ser aplicada nos pacientes em PCR nas seguintes situações:
- Aparelho monofásico
- Aparelho bifásico
- Aparelho desconhecido.
- Monofásico: 360J
- Bifásico: 120-200J (Dependendo do fabricante)
- Carga máxima
Indique onde estão localizadas as pás nas seguintes posições: anteroapical, anteroposterior e posteroapical.
- Posição anteroapical: uma pá é colocada em ápice cardíaco e a outra pá é colocada em região infraclavicular direita. É a posição adequada para pacientes em posição supina.
- Posição anteroposterior: uma pá adesiva é colocada
em região paraesternal esquerda e a outra pá é
colocada em região infraescapular esquerda. - Posição posteroapical: uma pá adesiva é colocada
em região precordial e a outra pá é colocada em região infraescapular esquerda.
Indique verdadeiro ou falso quanto as precauções necessárias no momento de desfibrilar um paciente:
( ) Secar o paciente, caso ele esteja molhado, bem como retirá-lo de uma superfície condutora de eletricidade.
( ) Interromper a ventilação e o fornecimento de oxigênio e retirar todos os objetos metálicos e ‘‘patches’’ de medicações do paciente para prevenir possíveis queimaduras e incêndio.
( ) Em pacientes com grande quantidade de pêlos se faz necessário realizar uma rápida tricotomia para garantir adequado contato entre as pás e a pele.
( ) Garantir que o gel condutor de uma pá se mantenha a mais de 5 cm de distância da outra pá. Em pacientes com marca-passo, é preciso manter pelo menos 12,5 cm de distância entre as pás e o dispositivo.
( ) Executar duas ventilações de resgate de modo a garantir reserva de oxigênio para o tempo que receberá a desfibrilação.
V V V V F - A desfibrilação em pacientes com ritmo chocável é prioridade total.
Ao acessar a via aérea de um paciente em parada
respiratória com pulso presente ou de pacientes
com necessidade de ventilação, é necessário realizar
primeiramente manobras que possam abrir _________ de maneira adequada. Se houver história de trauma associado é recomendado que se realize a manobra _________, pois permite a abertura da via aérea mantendo a cervical estável em posição neutra.
Se não houver história de trauma, pode ser realizada a manobra _________ que consiste na _____________________.
- A via aérea
- “jaw thrust” (elevação da mandíbula)
- “head tilt-chin”
- Elevação do queixo e extensão da cabeça
Obstrução de via aérea é causa frequente de parada respiratória. Nesses casos, qual medida se torna imperativa no manejo dos pacientes?
Aspiração ou retirada do fator obstrutivo.
Descreva a o passo-a-passo da ventilação boca-a-boca/boca-máscara.
Para realizar a manobra:
- Coloque -se lateralmente à vítima.
- Abra a via aérea com a manobra de “head tilt-chin lift”.
- Gentilmente oclua a cavidade nasal com o polegar
e o indicador em um movimento de pinça. Isso previne escape de ar.
- Após inspiração profunda, coloque os lábios sobre os lábios da vítima, selando qualquer escape de ar, e expire vigorosamente.
- Retire os lábios da vitima e permita a expiração
passiva do paciente.
Descreva a o passo-a-passo da ventilação bolsa-valva-máscara.
- Coloque-se atrás da vítima.
- Com o indicador e o polegar, forma-se um C
sob a máscara, e com o restante dos dedos abaixo
da mandíbula, forma-se um E, acoplando a máscara ao rosto. - Pressione a bolsa vagarosamente e permita o retorno passivo à posição neutra inicial. Tanto a BVM quanto uma via aérea avançada podem ser utilizadas na oxigenação e ventilação de pacientes em PCR intra e extra-hospitalar (classe 11B; nível C). Um estudo randomizado comparando BVM com intubação orotra
qual (IOT) durante a RCP de pacientes em PCR-ExH não conseguiu mostrar inferioridade ou superioridade do uso da BVM em relação à IOT, mas sugere tendência à equivalência.
A via aérea avançada não deve ser prioridade no atendimento de uma PCR. Além disso, a literatura é conflitante quanto ao uso dessa ferramenta, alguns estudos até sugerem pior desfecho neurológico e menor chance de sobrevida nos pacientes submetidos à colocação de uma via aérea avançada no APH. Contudo, existe uma indicação absoluta para IOT na PCR, qual é?
- Ventilação ineficiente com BVM.
OBS.: Havendo a decisão da equipe pela intubação orotraqueal, esta deve ser realizada sem a interrupção das compressões torácicas.
Adrenalina: Mecanismo de ação, Possíveis efeitos colaterais, indicação e dose.
Mecanismo: Nos receptores alfa ela atua causando vasoconstrição da musculatura lisa vascular periférica, o que aumenta tanto a perfusão coronariana quanto a cerebral.
Efeitos colaterais: Alguns dos efeitos colaterais estão relacionados a sua ação nos receptores beta, que
podem causar aumento do trabalho cardíaco e consequentemente da demanda por oxigênio.
Indicação: Em ritmos não chocáveis (atividade elétrica sem pulso e assistolia), independentemente do ambiente intra ou extra-hospitalar, a administração precoce está associada ao aumento da chance de RCE, da sobrevivência a alta hospitalar e do melhor desfecho neurológico. Entretanto, em ritmos chocáveis (FV e TV sp ), o nível de evidência é menor, e os estudos apresentaram resultados conflitantes. Cada minuto de PCR sem a administração de vasopressores diminui em 4% a chance de RCE.
Dose: 1 mg, endovenoso, a cada 3 a 5 minutos.
Vasopressina: Mecanismo de ação e evidências quanto ao seu uso.
Mecanismo de ação: Age nos receptores V 1 das células da musculatura lisa, causando vasoconstrição periférica, coronariana e renal. Aumenta a perfusão orgânica sem os efeitos beta-adrenérgicos deletérios da adrenalina.
Evidências quanto ao uso: Viu-se que ela não apresentou benefício, comparada à adrenalina, em relação à RCE e à sobrevivência a alta hospitalar, além de ser uma droga com um custo maior. A combinação de adrenalina com vasopressina também não se mostrou benéfica comparada à adrenalina isolada; assim, essa droga foi removida do algoritmo do suporte avançado de vida.
Quanto aos corticosteróides na PCR, quais as evidências em relação ao seu uso?
Dois estudos mostraram benefício na associação de adrenalina-corticoide-vasopressina (ACV) quando comparada a placebo ou a uso de adrenalina somente. A dose utilizada nesses estudos foi de 20 U de
vasopressina e 1 mg de adrenalina a cada ciclo por 5
ciclos, sendo administrada apenas adrenalina nos
demais ciclos. Além disso, foram administra dos 40
mg de metilprednisolona no primeiro ciclo. Quatro
horas após a RCE, em pacientes que se mantinham
em choque, uma dose de 300 mg de hidrocortisona/
dia foi administrada por 7 dias, sendo que em pacientes com suspeita de infarto agudo do miocárdio essa duração foi reduzida para 3 dias ou menos. A evidência do uso de corticoterapia sem a associação
com vasopressina-adrenalina é conflitante. Por outro lado, o uso de ECV seguido de hidrocortisona pode ser considerado, apesar de ainda não haver evidência para a sua recomendação de rotina.
Antiarrítmicos: Recomendações quanto ao uso e evidências de benefício.
Atualmente, não há recomendações ou indicações
para o uso de antiarrítmicos na assistolia ou AESP,
sendo reservado o seu uso para os ritmos de para
da FV e TVsp. A evidência hoje é de que os antiarrítmicos são benéficos no aumento da chance de RCE e da sobrevivência à admissão hospitalar.
Amiodarona: Qual o mecanismo de ação, em qual momento da RCP está indicada e qual a dose?
Age nos canais de potássio, sódio e cálcio, mas também possui propriedades de bloqueio alfa e beta. A amiodarona promove vaso dilatação arterial periférica e coronariana. Está indicada em pacientes que apresentam FV ou TVsp após a desfibrilação inicial ter falhado. Deve ser usada na dose de 300 mg endovenosa, em bolus, seguida por 150 mg, se necessário.
Lidocaína: Quando está indicado o seu uso?
Em um estudo randomizado, a lidocaína se mostrou menos eficaz que a amiodarona em pacientes
em PCR-ExH, quando o desfeceho considerado
foi a sobrevivência à admissão hospitalar. Dessa maneira, é considerada pela AHA uma droga de segunda linha e deve ser usada na indisponibilidade da amiodarona.
Sulfato de magnésio: Quando está indicado, em qual momento do manejo e em qual dose?
O sulfato de magnésio se provou eficaz na resolução
da TV polimórfica. A maioria dos casos é autolimitada,
mas nos casos infrequentes de TV polimórfica
sustentada, é indicada a desfibrilação, seguida de um
bolus de 1 a 2 g IV de sulfato de magnésio em 10 mL de soro glicosado 5% (SG 5%) administrado em 1 minuto.
Bicarbonato de sódio: Quais são os cenários em que seu uso está indicado?
PCR por hipercalemia, acidose metabólica ou intoxicação por antidepressivos tricíclicos.
O ultrassom point-ofcare (POCUS) tem se tornado uma ferramenta cada vez mais utilizada em pacientes em PCR facilidade e rapidez na identificação de causas reversíveis de parada como TEP, tamponamento cardíaco e pneumotórax hipertensivo. Contudo, foi criado o protocolo CASA (Cardiac Arrest Sonographic
Assessment) para avaliar, com alto rendimento, as causas de parada cardiorrespiratória reversíveis
na AESP. Explique em que consiste o exame CASA.
Consiste em 3 avaliações que devem obrigatoriamente ser realizadas em menos de 10 segundos:
- A primeira avaliação visa à identificação de tamponamento cardíaco (p. ex., derrame pericárdico
com colapso diastólico do ventrículo direito).
- A segunda avaliação visa identificar tromboembolismo pulmonar, verificando principalmente a dilatação do ventrículo direito em comparação com o ventrículo esquerdo menor.
- A terceira avaliação visa identificar a presença
ou ausência de atividade mecânica cardíaca. A ausência de atividade se correlaciona a pior desfecho
e a uma taxa de sobrevivência à alta hospitalar de
0% a 0,6%. Entretanto, se houver atividade mecânica
cardíaca, recomenda -se nova checagem de pulso, aferição de pressão arterial e início de vasopressores.
Medidas adjuvantes que podem ser realizados concomitantes à RCP na região anterior do tórax: a presença de pneumotórax hipertensivo, e, se houver suspeita, aneurisma de aorta abdominal roto pelo FAST.
Qual a melhor maneira de monitorizar as compressões torácicas de alta qualidade? Quais parâmetro utilizados?
O dióxido de carbono ao final da expiração é um
parâmetro que indica de maneira confiável o débito
cardíaco durante a PCR, o que o torna a melhor maneira de monitorizar as compressões torácicas
de alta qualidade. Valores de capnografia acima de 10
mmHg são almejados durante a compressão torácica. O retorno da circulação espontânea é esperado após elevação brusca para valores acima de 35-40 mmHg de ETCO2.
Em qual situação podemos ter ausência de pulso palpável com aumento do ETCO2 mesmo na ausência de das compressões?
Pacientes com atividade elétrica sem pulso mas com atividade mecânica cardíaca (“pseudo-AESP”) podem
ter um fluxo pulsátil que, no entanto, pode não ser detectado à palpação. Nesses casos, o ETCO2 pode estar aumentado mesmo na ausência das compressões.