Questões Flashcards
Treinar o conhecimento em gastroenterologia
No início da quarta semana,o fígado e a vesícula biliar aparecem como um crescimento ventral, o divertículo hepático, que surge na porção distal do intestino anterior. Sobre o fígado e a vesícula biliar, assinale a alternativa correta
a) O fígado se forma a partir de um anexo dos brotos pancreáticos dorsais, anexo este formado por células endodérmicas, na porção cranial do intestino médio
b) O divertículo se estende para o septo transverso, aumenta rapidamente e se divide em duas porções. A porção cranial maior será o fígado primitivo e a caudal menor será a vesícula biliar
c) O fígado cresce muito lentamente e só preenche grande parte da cavidade abdominal no fim da 20ª semana, formando a hérnia hepática. Neste período acontece sua segmentação funcional
d) O aparelho biliar extra-hepático encontra-se obstruído por células mesenquimais (em torno da sexta semana) e assim permanece até a formação e estruturação completa de todo sistema digestório
Resposta correta: letra B
Letra A – incorreta: o fígado se forma a partir de um broto da porção mais caudal do intestino anterior
Letra C – incorreta: o divertículo hepático cresce rapidamente e se divide em duas porções, entre as camadas do mesentério ventral, ocupando grande parte da cavidade abdominal superior entre a quinta e décima semana
Letra D – incorreta: a via biliar extra-hepática torna-se canalizada da quinta à sexta semana de desenvolvimento
No embrião, o intestino primitivo se estrutura durante a quarta semana, momento em que há o dobramento do embrião, e as pregas cefálica, caudal e laterais incorporam a porção dorsal da vesícula umbilical. Da porção distal do intestino anterior forma-se o estômago. Sobre este órgão analise as frases abaixo:
I) Durante a quarta semana aparece uma dilatação como um alargamento fusiforme que logo aumenta e amplia ventrodorsalmente
II) A rotação do estômago é um fenômeno advindo do alargamento do mesentério e órgãos adjacentes, além do crescimento de suas paredes
III) A curvatura maior do estômago em desenvolvimento é dada pelo rápido crescimento da sua borda dorsal em relação à sua borda ventral
Estão CORRETAS as afirmativas:
a) I, II e III
b) I e II
c) I e III
d) II e III
Resposta correta: letra A
Sobre a parede abdominal marque a alternativa INCORRETA:
a) A porção muscular do abdome é formada por 4 músculos que estão na parede ântero-lateral do abdome: oblíquo externo, oblíquo interno, transverso do abdome e reto do abdome.
b) A parede do abdome recebe uma musculatura que vem desde a pare anterior, passa pela lateral e abraça a região posterior. Essa musculatura é considerada ântero-latero-posterior, e dispõe-se em estojos através de suas fáscias, que se prendem aos ossos, formando aponeuroses. Elas vão formar na região mediana do corpo a linha alba que divide o abdome em lados direito e esquerdo.
c) No meio da linha alba há o anel umbilical, um defeito na linha alba através do qual os vasos umbilicais do feto passam para o cordão umbilical e a partir dele para a placenta. Todas as lâminas da parede abdominal ântero-lateral fundem-se no umbigo.
d) No corte transverso, na região acima da cicatriz umbilical, temos o músculo transverso cuja fáscia se divide em duas lâminas, uma abaixo e outra acima do reto abdominal, o abraçando. Já a fáscia do oblíquo interno passa abaixo do músculo reto abdominal.
Resposta: letra B – Acima da cicatriz umbilical, a fáscia do músculo transverso do abdome passa abaixo do músculo reto abdominal, enquanto que a fáscia do músculo oblíquo interno se divide em duas lâminas, uma que passa abaixo e outra que passa acima do músculo reto abdominal.
Sobre o intestino marque a alternativa INCORRETA:
a) As alças intestinais jejunoileais se iniciam na flexura duodenojejunal. O jejuno e o íleo se encontram totalmente em posição intraperitoneal e se dispõe em numerosas alças fixadas pelo mesentério.
b) A veia mesentérica inferior drena o jejuno e o íleo, e se une à veia esplênica para formar a veia porta do fígado.
c) A inervação simpática do jejuno é feita a partir do gânglio mesentérico superior.
d) No intestino grosso, o conteúdo fluido, originado do íleo, ganha mais consistência devido á absorção de água. Com a subsequente colonização por bactérias considera-se esse processo como a formação das fezes.
Resposta: letra D – A veia mesentérica superior drena o jejuno e o íleo, e se une a veia esplênica para formar a veia porta. A veia mesentérica inferior drena o cólon esquerdo, sigmoide e reto superior e é tributária da veia esplênica.
Marque a alternativa INCORRETA sobre vias biliares.
a) As vias biliares iniciam-se nos canalículos biliares, condutos sem revestimento epitelial próprio, formados pelos pólos apicais de hepatócitos adjacentes.
b) Os ductos biliares interlobulares seguem o seu trajeto, juntamente com os vasos sanguíneos componentes da tríade de Glisson, e se unem, finalmente para formar os ductos hepáticos direito e esquerdo.
c) Na região da porta do fígado, os ductos hepáticos direito e esquerdo unem-se formando o ducto hepático comum, que já é considerado uma parte das vias biliares extra-hepáticas.
d) O ducto hepático comum continua o seu trajeto como ducto cístico que penetra na cabeça do pâncreas, onde se funde ao ducto pancreático.
Resposta: letra D – o ducto hepático comum continua como ducto colédoco após a junção do ducto cístico, e penetra na cabeça do pâncreas fundindo-se ao ducto pancreático
Um homem assintomático chega ao ambulatório com os seguintes resultados de exames: HBsAg negativo, Anti-HBc total positivo, Anti-HBs positivo, HBeAg negativo, Anti-HBe positivo, PCR-HBV positivo e transaminases normais. Qual seria a interpretação do caso e qual a respectiva conduta a ser adotada?
a) Vacinação prévia contra hepatite B – alta ambulatorial.
b) Perfil característico de infecção oculta pelo HBV – acompanhamento ambulatorial contínuo.
c) Provável erro laboratorial – solicitação de novo PCRHBV.
d) Perfil característico de hepatite crônica pelo HBV com mutação pré-core – biópsia hepática e tratamento antiviral.
Resposta: letra B
Alternativa A – incorreto – anti-HBS positivo geralmente indica a presença de anticorpos protetores contra o vírus HBV, porém a presença de um PCR positivo significa material viral presente, embora não signifique atividade viral.
Alternativa C – incorreto – suspeita-se de qualquer erro laboratorial habitualmente quando os achados do exame não condizem com a clínica. Neste caso, a hepatite B oculta pode ser assintomática e, portanto, esse achado laboratorial pode ser possível
Alternativa D – incorreto – para indicar tratamento é necessário a quantificação da carga viral e a verificação de presença da atividade inflamatória / hepatite em atividade
Paciente de dezesseis anos, do sexo masculino, apresenta sorologia para hepatite B com os seguintes resultados: HBsAg = negativo; Anti-HBs = reagente; Anti-HBc IgG = reagente; Anti-HBc IgM = negativo. Isso significa que esse paciente apresenta:
a) doença, com infecção aguda pelo vírus da hepatite B.
b) imunidade, por infecção pelo vírus da hepatite B.
c) fase de convalescença, devido à infecção recente pelo vírus da hepatite B.
d) imunidade, por resposta vacinal.
Resposta: letra B
Paciente de 50 anos portador de cirrose por álcool dá entrada com hematêmese há 3 horas. Ao exame, observa-se flapping e macicez móvel de decúbito presente. O paciente não faz uso de medicações. A endoscopia digestiva alta revela sangramento por varizes de esôfago tratado com ligadura elástica. Qual conduta está indicada e apresenta real benefício para esse caso?
a) ceftriaxona 1 g/dia, via intravenosa, durante 7 dias.
b) espironolactona 100mg/dia, via oral
c) colocação do Shunt Portosistêmico Transjugular Intra-hepático (TIPS)
d) transfusão de plasma fresco congelado
Resposta: letra A – o ceftriaxone é utilizado como profilaxia de PBE em pacientes com hepatopatia crônica e ascite que evoluem com hemorragia digestiva alta.
Letra B – incorreta – em pacientes com descompensação da hepatopatia e hemorragia digestiva alta, os diuréticos devem ser suspensos
Letra C – o TIPS é utilizado em pacientes com cirrose hepática e hipertensão portal, com sangramento que não cessa após terapia endoscópica e está relacionado a uma maior incidência de encefalopatia hepática.
Letra D – a transfusão de plasma fresco congelado em pacientes com cirrose hepática e hipertensão portal que se encontram com hemorragia digestiva alta pode ser feita, mas não há nível de evidência quanto ao benefício da sua utilização.
Homem, 35 anos, procura o ambulatório de ensino com dor epigástrica pós-prandial de forte intensidade, acompanhada de náuseas e vômitos ao longo dos últimos seis meses. Relata perda de 10kg nesse período e fezes volumosas e amolecidas. Etilista diário de meia garrafa de aguardente e, pelo menos, cinco cervejas, desde os 13 anos de idade. Fora solicitada ecografia do abdome que revelou: colédoco com diâmetro de 1,8cm, vesícula biliar aumentada de volume e alongada, parênquima pancreático heterogêneo com ducto de Wirsung dilatado e com imagens ecogênicas no seu interior. Qual o diagnóstico mais provável?
a) Doença ulcerosa péptica
b) Neoplasia maligna do pâncreas
c) Pancreatite crônica
d) Pancreatite aguda biliar
Resposta: letra C – paciente jovem, etilista crônico de longa data, com quadro clínico de emagrecimento e alteração das fezes associado a alterações do parênquima pancreático sugerindo pancreatite crônica com possível insuficiência exócrina. A dilatação do colédoco e do ducto de Wirsung se deve a obstrução crônica por alterações do parênquima pancreático e calcificações.
Letra A – incorreta – a doença ulcerosa péptica não cursa com alterações pancreáticas ou dilatação das vias biliares
Letra B – incorreta – a neoplasia maligna do pâncreas acomete pacientes em idades mais avançada. A neoplasia maligna mais frequente do pâncreas é o adenocarcinoma pancreático, que se apresenta como massa ou nódulo hipodenso na tomografia computadorizada de abdome com contraste endovenoso e que acomete mais comumente a cabeça pancreática.
Letra D – incorreta – não foram identificados cálculos na vesícula biliar e a alteração do parênquima pancreático confirma a hipótese de pancreatite crônica, e não aguda.
Mulher, 58 anos, obesa, é admitida ao pronto-socorro com quadro de hematêmese havia três horas. Referia ainda dor epigástrica de caráter intermitente ao longo dos últimos três meses com piora nas últimas semanas. Estava usando diclofenaco potássico há cerca de três semanas por conta de uma dor no joelho esquerdo. Realizou endoscopia digestiva alta que evidenciou lesão ulcerada gástrica sangrante na grande curvatura do estômago. Fora realizado um tratamento esclerosante e prescrito omeprezol 40mg a cada 12 horas. Após 48 horas, sem novos sinais de sangramento e hemodinamicamente estável, a paciente recebe alta hospitalar.
O seguimento mais adequado para o caso é:
a) Suspender o diclofenaco, manter inibidor de bomba de prótons e repetir a endoscopia digestiva alta com biópsia da lesão e pesquisa de Helicobacter pylori.
b) Suspender o diclofenado, manter inibidor de bomba de prótons e acompanhar, trimestralmente, no ambulatório sem necessidade de endoscopia de controle.
c) Trocar o diclofenaco por celecoxibe, aumentar a dose do omeprazol e retornar ao pronto-socorro em caso de novo sangramento.
d) Suspender o diclofenaco, manter o uso do inibidor de bomba de prótons e realizar, ambulatorialmente, o teste respiratório para detecção de Helicobater pylori.
Resposta: letra A – paciente com dor abdominal crônica e úlcera gástrica com sangramento, (sinal de alarme), sendo necessário obrigatoriamente a biópsia da úlcera após o tratamento da hemorragia digestiva para descartar neoplasia maligna, além da pesquisa de H. pylori, que é uma das principais causas da doença ulcerosa e que deve, portanto, ser tratada.
Sobre a fisiopatologia da ascite em pacientes com hipertensão portal é INCORRETO afirmar:
a) a produção de óxido nítrico pelo endotélio leva a dilatação da circulação esplâncnica e extravasamento de líquido para a cavidade abdominal
b) A hipotensão pela perda de líquido para o terceiro espaço leva a ativação de baroceptores e do sistema renina-angiotensina, promovendo maior absorção de água e sódio pelos rins
c) O aumento da absorção de água e sódio pelos rins é responsável pela hipernatremia dilucional que ocorre em pacientes com hepatopatia e hipertensão portal
d) A hipoalbuminemia em pacientes com hepatopatia crônica leva a diminuição da pressão oncótica nos vasos sanguíneos, contribuindo para a formação da ascite
Resposta: letra C – a maior absorção sódio pelos rins promove um aumento do sódio total corporal, porém uma hiponatremia dilucional devido a maior absorção de água que ocorre de forma concomitante.
Sobre a análise do líquido ascítico, assinale a alternativa CORRETA:
a) Em paciente com albumina sérica = 3,2 g/dl e albumina do líquido ascítico = 2,2 g/dl, a provável etiologia da ascite é hipertensão portal
b) A contagem de leucócitos no líquido ascítico com polimorfonucleares acima de 250 células/mm3 indica peritonite bacteriana secundária
c) Os agentes bacterianos isolados no líquido ascítico mais frequentemente associados a peritonite bacteriana espontanea são provenientes da flora intestinal, sendo constituídos por bactérias anaeróbias em cerca de 70% dos casos, o que torna o intestino a mais provável fonte para as infecções espontâneas do cirrótico
d) Na ascite, a concentração de neutrófilos têm correlação inversa com a concentração de glicose
Resposta: letra D – células e bactérias consomem a glicose presente no líquido ascítico; assim, quanto maior a celularidade do líquido, menor a quantidade de glicose.
Letra A – incorreta – O GASA é a diferença entre a albumina sérica e a albumina presente no líquido ascítico. Quando o GASA é menor que 1.1, a provável etiologia da ascite não é a hipertensão portal, podendo haver outras causas (carcinomatose, tuberculose peritoneal, entre outros).
Letra B – incorreta - A contagem de leucócitos no líquido ascítico com polimorfonucleares acima de 250 células/mm3 indica peritonite bacteriana espontânea. Em geral, a peritonite bacteriana secundária (causada por foco infeccioso intra abdominal) cursa com grandes elevações de leucócitos na ascite (maior do que 500 neutrófilos/mm3)
Letra C - Os agentes bacterianos isolados no líquido ascítico mais frequentemente associados a peritonite bacteriana espontânea são provenientes da flora intestinal, sendo constituídos por bactérias gram negativas em cerca de 70% dos casos.
Qual situação clínica é a mais frequente complicação em pacientes com litíase biliar?
a) cálculo assintomático;;
b) cálculo impactado no ducto cístico, causando coleciste aguda
c) cálculo no ducto cístico comprimindo o ducto biliar ou fornando uma fistula até ela, causando síndrome de Mirizzi;
d) cálculo impactado no ducto biliar distal, causando icterícia, dor do tipo biliar e risco de colangite ascendente ou pancreatite biliar aguda.
Resposta: letra B – a colecistite aguda, causada por cálculo que obstrui o ducto cístico, é a complicação mais comum da litíase biliar.
Letra A: incorreta – cálculo assintomático é uma situação comum porém não caracteriza complicação da litíase biliar
Letras C e d: incorretas – a síndrome de Mirizzi e a coledocolitíase não são complicações mais frequentes do que a colecistite aguda litiásica.
Um paciente acometido com doença ácido-péptica pode apresentar as seguintes manifestações clínicas abaixo, EXCETO:
a) sangramento gastrointestinal agudo ou crônico, acompanhado de queda do hematócrito
b) úlcera gástrica de Cameron
c) hematêmese, melena ou enterorragia
d) anemia perniciosa
Resposta: letra B – a úlcera gástrica de Cameron ocorre em pacientes com hérnia de hiato. Esse tipo de úlcera se localiza na porção herniada do estômago, geralmente no fundo gástrico junto ao pinçamento diafragmático, e não tem relação com doença ácido-péptica.
Na patogênese da úlcera péptica, ocorre um desequilíbrio entre fatores de agressão e de proteção da mucosa. Quais dos medicamentos abaixo utilizados para tratamento de úlcera duodenal atua como agente protetor da mucosa?
a) pantoprazol
b) cimetidina
c) hidróxido de alumínio-magnésio
d) sucralfato
Resposta: letra D – o sucralfato apresenta atividade antiulcerosa através da formação de um complexo com as proteínas mucosas adjacentes à úlcera, que constitui uma barreira protetora contra a agressão do ácido gástrico, a pepsina e os sais biliares