Preparo pré-operatório, complicações em cirurgia, princípios de anestesia, hernias da parede abdominal Flashcards
O que é Síndrome de Compartimento abdominal (SCA)?
Disfunção e falencia de orgaos como consequencia de aumento da pressao intra-abdominal (PIA)
Como medir hipertensao intra-abdominal e SCA?
Medida da estimativa da pressao intravesical (forma indireta para saber a PIA)
PIA>12mmHg = hipertensao intra-abdominal PIA>=20mmHg = SCA
Sintomas oriundos da SCA:
- aumento da pressao de pico (inspiratoria) durante a ventilação mecanica
- hipoxemia
- hipercarbia (elevação da pressão do CO2 no sangue circulante)
- instabilidade hemodinamica
- oligúria
Como evitar no pré-operatorio a complicação de aumento da PIA ?
Administrar progressivamente ar em quantidade cada vez maiores durante 1 a 3 semanas antes da cirurgia (pneumoperitonio progressivo pré-operatorio)
O que é uma hernia incisional?
A hérnia incisional é um tipo de hérnia que acontece no local da cicatriz de uma cirurgia no abdome. Isso acontece por causa de uma tensão excessiva e uma cicatrização inadequada na parede abdominal. Devido ao corte dos músculos, a parede do abdome fica enfraquecida, e faz com que o intestino, ou qualquer outro órgão que esteja por baixo do local da incisão, tenha maior facilidade para se deslocar e pressionar o local da cicatriz, levando à formação de um pequeno inchaço nessa região.
Consequencias de uma hernia com perda de domicilio das visceras abdominais:
- Redução da PIA
- hipotonia do diafragma
- restrição respiratória
Presença de fezes em flanco e fossa iliaca. Cirurgia contaminada ou infectada?
Se tiver fezes + peritonite fecal = infectada (precisa estar associada a processos infecciosos-> mas nao é consenso nos livros)
Só fezes = contaminada
Antibioticoterapia em uma cirurgia contaminada:
Cefalosporina de 3ª geração + metronidazol profiláticos (nao terapeutico), com duração máxima de 24-48h pós-operatorio
Saída súbita de grande quantidade de secreção cor salmao (sero-hematica, “agua de carne”) pela ferida operatoria. O que é e possivel complicação?
Mistura de sangue do plano musculo-aponeurotico (está se rasgando aos poucos) + líquido ascitico (oriundo de inflamação peritoneal. ex:diverticulite aguda)
Evisceração (consequencia da deiscencia de ferida operatoria ou deiscencia aponeurotica= abertura de uma sutura ou de um tecido em cicatrização.)
OBS: fatores de risco para deiscencia: cirurgia de emergencia, obesidade, diabetes
Caracteristicas de infecção de sitio cirurgico:
Eritema e edema da ferida operatoria, com saida de secreção purulenta através da ferida (geralmente no 5-6 dias após a cirurgia, muito provável até 30 dias ou entao 1 ano se tiver implante de material sintetico)
Caracteristicas fistula intestinal:
Secreçao enterica ou fecal
Caracteristicas hematoma na parede abdominal:
Sangue se acumula no subcutaneo e coagula, nao extravasando em forma liquida. Ocorre edema da ferida, que apresenta cor azulada
Fatores de risco para infecção do sitio cirurgico (ISC):
- Grau de contaminação da cirurgia (contaminada e infectada infectam mais)
- classificação ASA>=3 (de alteração sistemica grave com limite funcional pra cima)
- tempo de cirurgia superior ao percentil 75 para a duração media do procedimento
OBS IMPORTANTE: antissepsia inadequada NÃO é o principal
Tipos de ISC e sintomas:
- ISC incisional superficial: pele e subcutaneo (febre, eritema e induração- endurecimento anormal de um tecido). Pode ser confirmada sem a presença de drenagem pela ferida!!
- ISC incisional profunda: músculos ou fascias (febre, eritema, induração, drenagem de secreção e crepitação)
- ISC de órgãos e cavidades: órgãos ou cavidades-principalmente a abdominal- (sepse, íleo-sindrome de oclusao intestinal- e imagens demonstrando coleções)
OBS: diagnóstico é clinico, nao precisa de cultura microbiana
OBS2: ISC nao é causa frequente de obitos em UTI (pneumonia associada a ventilação mecanica sim)
Síndrome extrapiramidal, sintomas e medicações que desencadeiam:
- Discinesia, distonia, hipertonia, acinesia e acatisia (inquietação) ex: visao desviada para cima, rigidez muscular, pescoço fixo
- Antieméticos (ondansetrona, bromoprida e metoclopramida), antiparkinsonianos e neurolépticos
Efeitos colaterais do rocurônio:
Fraqueza da musculatura da via aerea superior, obstrução da via aerea, fraqueza muscular incomoda
Efeitos colaterais do propofol:
Hipotensao, depressao respiratoria e dor no local da injeção
Efeitos colaterais do fentanil:
Hipotensao, depressao respiratoria ou apneia e gerar nauseas e vomitos pós-operatorio, alem de retenção urinaria e prurido
Efeitos colaterais do tramadol:
Nausea, vomito, vertigem e cefaleia
Efeitos colaterais do midazolam:
Vasodilatação, redução do DC e possivel depressao respiratoria
Warfarin (antagonista da vitamina K, inibindo fatores como protrombina e a coagulação) e perioperatório:
Suspender warfarin 5 dias antes da cirurgia e iniciar anticoagulação com drogas de meia vida mais curta (heparina nao fracionada-suspender 6h antes da cirurgia- ou heparina de baixo peso molecular-suspender 24h antes da cirurgia)
OBS: é aconselhavel medir INR (relação entre o tempo de protrombina do doente e um valor padrão do tempo de protrombina) no dia da cirurgia para garantir que o efeito do warfarin já foi embora
Sintomas de intoxicação por anestesicos locais (ex:lidocaina):
SINTOMAS PRECOCES: Gosto metalico na boca, visao dupla (borramento visual), zumbido, ansiedade, dormencia perioral, parestesia da lingua, tontura.
SINTOMAS MÉDIOS: excitação (agitação, nervosismo e paranoia) seguida de depressao do SNC (fala arrastada, sonolencia, desorientação e perda da consciencia). Depois crises convulsivas tonico-clonicas.
SINTOMAS TARDIOS: alterações cardiovasculares- pode excitar e depois inibir ou entao ja inibir direto (bradicardia, hipotensao, taquicardia ventricular, fibrilação ventricular ou BAV-> progridem para arritmias ventriculares e assistolia)
OBS: NAUSEAS E VOMITOS NAO
Idoso com hernia inguinal assintomatica ou minimamente sintomatica. Conduta:
Apenas acompanhamento (watchful waiting ou espera vigilante) até aparecer sintomas (muito bom principalmente em idosos)
OBS: NAO se aplica a mulheres e pacientes portadores de hernia femoral (risco maior de encarceramento-o intestino apresenta uma dobra que fica presa na hérnia e por conta disso, a hérnia bloqueia a passagem do intestino- e estrangulamento-conteúdo herniário fica estrangulado, comprometendo o fluxo sanguíneo e podendo levar a isquemia e gangrena)
OBS2: ficar atento a sinais que possam gerar aumento da PIA (ex: prostatismo e constipação)
Avaliação pre-operatoria em pacientes com menos de 45 anos, sem comorbidades e que irao fazer herniorrafia inguinal (baixo risco cardiovascular):
Nao solicitar nenhum exame
Idosa, 70 anos, sem comorbidades e com capacidade funcional normal, quer operar para catarata. Risco cardiovascular:
Pode ser operada, pois nao apresenta nenhuma variavel do Indice de Risco Cardiaco Revisado (IRCR). Além disso, a cirurgia é de baixo risco cardiovascular. Portanto, nao precisa fazer teste provocativo de isquemia miocardica. Devemos solicitar hemograma, plaquetas, glicemia, eletrolitos, nitrogenio ureico e creatinina. Além de rx de torax em maiores de 70 anos
OBS: sem fatores IRCR já poderia liberar para a cirurgia. A capacidade funcional normal indica >=4 METS->equivalente metabolico
Variáveis no Indice de Risco Cardiaco Revisado (IRCR) = Indice de Lee:
São consideradas variáveis no IRCR, cada uma valendo um ponto:
-Cirurgias de alto risco (vascular, intraperitoneal ou torácica).
-Doença coronariana isquemica (IAM prévio- clinico ou onda Q patologica no ECG; angina ou uso frequente de nitrato sublingual; revascularização miocardica previa, MAS COM PRESENÇA ATUAL DE ANGINA; teste provocativo de isquemia positivo- só é solicitado qnd METS<4 - ergometrico ou ecocardiografia com estresse farmacologico).
OBS: somente pacientes com 2 ou mais pontos IRCR necessitam de avaliação da capacidade funcional (METS).
OBS2: idade pode ser fator de risco coronariano
- Insuficiência cardíaca (dispneia cardiogenica, historia de edema agudo de pulmao, presença de B3 ou estertores pulmonares, radiografia de tórax com edema de pulmão)
- Doença cerebrovascular (história de AVE ou AIT).
- Diabetes mellitus em uso de insulina.
- Doença renal crônica, com creatinina >2mg/dl
Classificação ASA:
ASA I é utilizado para pessoas saudáveis, sem doenças crônicas ou graves e que não adotam comportamentos de risco, como fumar e consumir álcool em excesso
ASA II classifica indivíduos com patologias sistêmicas leves a moderadas. Inclui tabagistas, etilistas sociais , IMC 30-40 (obesidade), HAS bem controlada, diabetes sem complicação vascular, anemia, gestação.
ASA III revela uma doença sistêmica grave, que envolve limitações, porém não incapacita o paciente.
ex: angina estavel, hipertensao arterial nao controlada, revascularização com uso de stent há mais de 3 meses, IAM ha mais de 3 meses, redução moderada da FE e marcapasso implantado; consumo excessivo/dependencia alcoolica, obesidade mórbida (IMC>40); diabetes nao controlada ou com complicação vascular, DPOC, DRC em dialise
ASA IV assinala patologia incapacitante que é uma ameaça constante a vida
ex: angina instavel, DPOC agudizado, IAM<3 meses, lesao renal aguda
ASA V é usado para identificar um paciente terminal, que provavelmente não sobreviverá por mais de 24 horas com ou sem a cirurgia
ex: rotura de aneurisma aortico, hemorragia intracerebral com efeito de massa, politrauma, isquemia intestinal na vigencia de patologia cardiaca significativa ou de disfunção sistemica de multiplos orgaos
ASA VI indica a operação para uma pessoa que teve morte encefálica, e terá os órgãos retirados para doação
OBS: Já os procedimentos cirúrgicos de emergência devem ser marcados com a letra E. Por exemplo: ASA IIIE.
Paciente em uso de AAS e betabloqueador que vai ser submetido a cirurgia de endarterectomia carotidea:
Manter AAS e betabloqueador
Uso de corticoesteroide no perioperatorio (lembrar da supressao cronica do eixo hipotalamo-hipofise-adrenal e do ACTH e da importancia do cortisol para o estresse metabolico operatorio):
Doses de prednisona entre 5-20mg por um periodo >= 3 semanas:
ESTRESSE CIRURGICO MAIOR: Administração de 100 mg de hidrocortisona antes da indução anestesica, com doses de reposição regulares (50 mg de 8h/8h por 48-72h). Após isso, volta a terapia oral.
ESTRESSE CIRURGICO MODERADO: 25-75 mg de hidrocortisona antes da indução anestesica, com doses de reposição regulares (25 mg de 8h/8h por 24-48h). Após isso, volta a terapia oral.
ESTRESSE CIRURGICO MENORES: nao necessita de reposição
Como identificar disturbios de hemostasia antes de uma cirurgia:
Anamnese, com relato de sangramentos anormais e prolongados no passado após minimas intervenções cirurgicas (ex: doença de Von Willebrand)
OBS: individuo sem historico de sangramento anormal, assintomatico e com testes alterados, devemos suspeitar de erro laboratorial/falso-positivo
Espirometria pode ser utilizada para estimar risco de complicações pulmonares em quais situações?
Asmáticos, DPOC, tabagistas, cirurgia toracica e cirurgia de andar superior do abdomen.
Exames pre-operatorios pacientes ASA I valem por quanto tempo?
4 meses, caso estejam normais