Meio natural e meio técnico Flashcards
Períodos.
São pedaços de tempo definidos por características que interagem e asseguram o movimento do todo.
Essa interação se faz segundo uma organização, um controle que assegura uma reprodução ordenada das características gerais.
A falência da organização, suplantada pela evolução de um ou de diversos fatores, que desmantela a harmonia do conjunto, determina a ruptura e marca a entrada em um novo período.
Sucessão de meios geográficos no Brasil.
Ao longo da história da organização do território brasileiro, três grandes momentos poderiam ser indentificados:
1) os meios “naturais”;
2) os meios técnicos;
4) o meio técnico-científico-informacional.
Período dos meios “naturais”.
É marcado pelos tempos lentos da natureza comandando as ações humanas.
A união era dada pela natureza, e a presença humana buscava adaptar-se aos sistemas naturais.
Nesse período pré-técnico, a escassez era a dos instrumentos artificiais necessários ao domínio desse mundo natural.
Período dos meios técnicos.
A mecanização seletiva do território exige a identificação de subperíodos.
As técnicas pré-máquina e depois as técnicas da máquina na produção definem o Brasil como um arquipélago da mecanização incompleta.
Com a incorporação das máquinas ao território (ferrovias, portos, telégrafo) surge o meio técnico da circulação mecanizada e da industrialização balbuciante, caracterizado pela formação da Região Concentrada.
No pós-guerra ocorre a intregração nacional pela construção de estradas, pela continuação do estabelecimento das ferrovias e por uma nova industrialização. Dá-se uma integração do território e do mercado, com hegemonia paulista.
Período do meio técnico-científico.
Se deu durante os anos 70.
Caracterizou-se por uma revolução das telecomunicações.
É nesse momento que o meio técnico realmente se difunde.
Período do meio técnico-científico-informacional.
Esse novo meio geográfico permanece circusncrito a algumas áreas.
Com a globalização, informação e finanças passam a configurar a nova geografia, distinguindo os lugares segundo a presença ou escassez destas.
Com o meio técnico-científico-informacional, agravam-se as diferenças regionais e aumenta a importância da Região Concentrada, com a hegemonia paulista, e também a partir da ocupação de áreas periféricas com produções modernas.
Relativismo de denominações como “natural” e “pré-técnico”.
Os pedaços da crosta terrestre utilizados pelos grupos humanos para desenvolver sua base material nos rimórdios da história constituem o que se chama meio natural (ou pré-técnico).
Contudo, como toda ação supõe uma técnica, a ideia de meio geográfico não pode ser desvinculada dessa noção de técnica. Daí o relativismo das denominações.
Os meios naturais.
A precariedade ou pobreza das técnicas disponíveis consituía o corpo do homem como principal agente de transformação tanto na produção como no enfrentamento das distâncias.
A natureza ainda triunfa e o homem se adapta. Era um período de acomodação e morosidade na relação com o meio.
Assentamentos humanos no período de meios naturais.
Fundavam-se na ofertas da natureza, e as localizações economicas resultavam da combinação entre as necessidades de cada produto e as condições naturais preexistentes.
O caso do Recôncavo Baiano e do Nordeste açucareiro ilustra esse tipo de relações nos séculos XVI, XVII e XVIII.
Movimento da sociedade durante o período de meios técnicos.
O movimento da sociedade e a trasnformação dos conteúdos e funções dos lugares podem ser entendidos pelas sucessivas divisões territoriais do trabalho.
A produção em cada lugar é o motor do processo, porque transforma as relações do todo e cria novas vinculações entre as áreas.
Distribuído no território ao sabor do trabalho morto (dos lugares já organizados para uma dada produção), o trabalho vivo organiza-se sob novas formas de produção e circulação. Uma nova divisão territorial do trabalho se impõe à preexistente.
Desenvolvimento urbano brasileiro no período de meios técnicos.
Em um primeiro momento, as aglomerações resultaram da instalação dos serviços de governo.
O desenvolvimento urbano era uma consequência imadiata da combinação e dois fatores principais: a localização do poder político-administrativo e a centralização correspondente dos agentes e das atividades econôicas.
Exemplos: Salvador, Recife, Rio de Janeiro.
Interiorização do povoamento.
Foi devida, de um lado, à mineração e, de outro, à criação de gado nas fazendas.
Principais áreas de criação de gado.
1) Os sertões do Norte e do Nordeste - que abasteciam a zona agrícola do litoral
2) A zona de minareção, Minas Gerais - que contava com melhores condições técnicas
3) Os campos do Sul - que serviam à produção de couro e charque.
Crescimento das cidades.
O crescimento das cidades foi desigual devido às oscilações das economias regionais ou de seu papel político.
Formavam-se verdadeiros circuitos interiores, cada qual dominando uma dada extensão do território com os meios limitados de que dispunham.
Como essas aglomerações viviam sobretudo do comércio, a hierarquia entre eles dependia das relações com o estrangeiro. Mas ainda não havia uma integração.
Caráter hierárquico das cidades no período de meios técnicos.
Havia a inexistêcia de uma rede urbana verdadeiramente nacional, porém os intercâmbios limitados não ocultavam um caráter hierárquico.
Este estava essencialmente realizado no domínio da administração, que foi completamente centralizada até a República de 1889.
Essa centralização permaneceu graças à distribuição constitucional dos impostos, cuja arrecadação rendia grandes somas ao governo federal.
Primeiras indústrias brasileiras.
As primeiras ind;ustrias brasileiras não eram obrigatoriamente urbanas. Algumas dependiam diretamente de matérias-primas ou de fontes de energia que se encontravam fora das cidades.
A localização da produção mostra o papel preponderante da população. Em 1890, as mais numerosas e importantes fábricas estavam no Rio de Janeiro. Em 1920, a produção de São Paulo já ultrapassa a do Rio.
Imigração X Desenvolvimento industrial.
- Nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, a política oficial de imigração e colonização assinalou a forma de povoamento e trabalho;
- Em São Paulo, parte da imigração constituía uma mão-de-obra qualificada.
Os imigrantes eram portadores de um modelo de consumo que conheceram ou almejavam objter nos países de origem. Isso ajuda a explicar o desenvolvimento industrial.
Transição para a verdadeira integração nacional.
Para o conjunto do país, o período de transição situa-se entre o começo do século XX e a década de 1940.
É estabelecida em rede brasileira de cidades, com uma hierarquia nacional e com os primórdios da precedência do urbanismo interior sobre o urbanismo de fachada.
É simultaneamente o começo da integração nacional e o início da hegemonia de São Paulo, com o crescimento industrial do país e a formação de um esboço de mercado teritorial localizado no Centro-Sul.
Expansão da rede de integração X Diferenças regionais.
Até a década de 1940, a expansão da rede aumenta num rítmo importante, porém com profundas diferenças regionais.
É a região Sudeste (principalmente Minas Gerais e São Paulo) que apresenta as maiores expansões.
Desde o século XX a exportação de café foi um fator decisivo nesse processo, incorporando áreas tributárias como o Triângulo Mineiro e o norte do Paraná.
Uma topologia marcada por desconexões decorre de uma vida circunscrita às regiões, embora orientada para satisfazer a necessidades de matérias-primas além dos mares.
As especializações regionais em materias-primas de exportação garantiam sua vinculação aos portos e ao mundo. Mas a busca da integração nacional não era ainda um imperativo na construção dessas redes.
Incremento demográfico durante o período de meios técnicos.
O aumento populacional é significativo.
O incremento demográfico teve como consequência não só o aumento dos efetivos em cada região, mas também a redistribuição da população.
Houve um abandono do campo, com o aumento do número de cidades e de sua população.
Grade parte dos brasileiros do Norte e do Nordeste trocaram essas regiões pelas cidades do Sul.
Êxodo rural durante o período de meios técnicos.
É resultado muito menos da existência de emprego nas cidades que à persistência de uma estrutura agrária defeituosa na maior parte do território brasileiro.
Estrutura da propriedade.
Em 1960, quase 90% dos estabelecimentos rurais com menos de 100 hectares representavam 20% das superfícies, quase 45% com menos de 10 hectares reuniam 2,23% das superfícies, enquanto 0,98% das propriedades com mais de 1.000 hectares reuniam quase 40% da superfície total.
Tal estrutura favorece tanto a persistência da pobreza quando o abandono do campo.
Imigrantes para São Paulo.
O Estado de São Paulo começa a atrair migrantes de todo o país, mas sobretudo do Nordeste.
Somente na década de 1930 é que o número de imigrantes brasileiros para São Paulo ultrapassa o de estrangeiros.
Crescimento industrial intencional.
A partir de 1945-50 a indústria brasileira ganha novo ímpeto e São Paulo se afirma como grande matrópole fabril do país.
Milton Braga chama de crescimento industrial intencional para diferenciar do crescimento industrial não-intencional dos ano 30.