Medieval Flashcards
Para conhecermos a filosofia de Agostinho é importante saber a sua vida: Influências filosóficas, pagãs e religiosas
Influência filosófica: Cícero - filósofo eclético que considerava que o cerne da filosofia era buscar pela felicidade, a vida feliz.
Influências pagãs:
- Estudioso de Maniqueísmo -> A realidade/mundo é dividida em dois princípios: O Bem e o Mal (ambos igualmente potentes, um não é mais poderoso do que outro como é no Cristianismo). Estes dois princípios antagónicos lutaram para ver quem domina a realidade como um todo -> na narrativa maniqueísta no final dos tempos, um deles irá dominar mas ainda não sabemos qual.
- Estudioso de Platão -> é conhecimento como o grande sintetizador entre a tradição platónica e a doutrina cristã
- Religião Cristã (contexto séc.IV) -> Acredita na divindade representada como uma portadora da sabedoria verdade na imaginação popular -> Cristo não é um salvador cuja representação é o sofrimento na cruz -> a palavra de Deus, é sabedoria -> aproximação da filosofia helénica
Doutrina da Salvação - Confie na palavra, pois será salvo pelo amor de Deus (CREDO UT INTELLIGAM - Creia para entender)
Agostinho concilia a Razão com a Fé. Existe um possível equilíbrio e são partes complementares, pois todo o conhecimento implica conhecimentos prévios; A fé informa o conhecimento prévio fundamental; Todo o conhecimento implica fé. A fé já está em nós, basta crer para conhecer.
Doutrina da Salvação - Criação
A criação do mundo, do Reino dos Homens é uma ação pura e exclusiva à bondade de Deus - é um ato de bondade inquestionável de Deus. Se Deus fez a criação, criou o tempo. O tempo é eterno, com início (criação), meio - reino dos homens, fim - salvação para o reino dos céus.
-> Não existe antes da criação
-> Não existe amor, é uma tentativa imperfeita do inteligível. Tal como, encontramos em Platão que o mundo sensível é uma cópia imperfeita do mundo inteligível. O perfeito é só inteligível. Nós buscamos o amor perfeito no reino dos homens, o amor verdadeiro é o amor que de Deus.
-> O mal não é algo natural à vida, como no maniqueísmo, o mal é ausência de Deus. O mal não pode ser obra de Deus, pois seria contraditório. A criação do mundo é uma obra de Deus e de bondade do mesmo, não pode existir mal. Por isso, onde Deus não está, o mal se espalha.
-> Agostinho considera que existe livre arbítrio -> um indivíduo não quer receber o amor de Deus, não recebe -> está fechada para Deus, não se converte, não recebe o amor. Logo, está mais propenso ao mal.
A filosofia pode servir a teologia
Agostinho acredita que o pensamento racional era compatível com a verdade revelada por Deus. Ele procura resolver o problema da felicidade: o Homem só tem razão para filosofar se for para atingir a felicidade/beatitude (como em Platão o Homem é feliz quando alcança a verdade Última, o mundo inteligível) através da Episteme) por meio da fé e não do intelecto.
Conciliar a fé e a razão
Agostinho vende o ceticismo aprofundado, que se, duvida, no ato de duvidar, tenho a consciência de mim mesmo como aquele que duvida
Teoria do conhecimento - 1a certeza fundamental
O homem é um animal, mortal e racional - um ser pensante em quem o pensamento não se confunde com a matéria (“o Homem como uma alma que serve um corpo). Esta união entre alma e corpo, criada por Deus não pode ser uma coisa má ou que remeta ao mal.
Corpo e Alma
A alma é hierarquicamente superior ao corpo porque tende a um fim que está para além da ordem natural, tende a Deus, que é o seu princípio e a sua Verdade.
Tipos de conhecimento
1- Conhecimento mutável, temporal e não necessário -> provem dos órgãos dos sentidos
2- Conhecimento das verdades imutáveis e eternas, portanto necessário -> provém da iluminação divina
Isto porque, se o homem é tão mutável quanto as coisas percecionadas pelos nossos sentidos, o conhecimento das verdades imutáveis e necessárias é possível, por sua vez, porque as ideias, as verdades estão presentes no nosso intelecto e Deus concede-nos a graça de iluminá-las para que as possamos conhecer.
Desta forma, as ideias não são inatas, mas estão presentes (na nossa interioridade) em nós como reflexos da verdade divina, como um presente, que Deus nos oferece. Consequentemente, se o Homem foi criado à imagem de Deus, temos uma presença de Verdade dentro de nós (mas não a Verdade Absoluta, esta pertence a Deus) -> A presença de verdade, que é, simultaneamente, ausência de verdade absoluta, torna o homem um ser inquieto que busca pela verdade, que procura a luz divina
Como se prova a existência de Deus a partir do pensamento humano?
A mente - a razão particular que tem acesso ao mundo inteligível inclui as verdades imutáveis e absolutas, superiores a ela própria -> existe a Verdade imutável absoluta e transcendente -> que é Deus. O homem conhece as causalidades de Deus que as imana sistematicamente, Deus dá ao homem conhecer o inteligível e a verdade (com o objetivo de os fazer compreender e assimilar).
Deus e o Tempo
Deus está fora do tempo - é sempre presente
O mundo foi criado junto com o tempo e não no tempo - Antes do mundo ser criado, não havia tempo e por esta razão, Deus é eterno, presente e externo ao tempo.
Agostinho e o Nada
A matéria e todas as coisas são provenientes de Deus -> Deus é eterno, omnipresente e não existe nada que o anteceda. É impossível Deus ter criado algo mau ou negativo (como as trevas ou o silêncio), pois a criação foi um ato de pura bondade.
Agostinho aceita que Deus criou o mundo a partir do Nada, porque nada antecede a Deus - significando assim, que então, ele criou o mundo e o Nada a partir do Nada Absoluto.
As coisas negativas não são criações de Deus, são antes “consequências” das suas criações e contrários. -> Deus não quis criar o silêncio, a ausência de barulho é que é o criou. O Nada é a ausência de Ser.
Corpos
Compostos por:
1 - Sensação (corpo animado)
2- Razão (que julga)
3- Mente
UNO (BEM SUPREMO) COMO DEUS
“Aquilo que nada excede”
Nenhuma coisa é superior -> é o princípio superior que a razão pode chegar quando analisa o “ato de conhecer”
1- Visão corpórea -> sentido
2- Visão espiritual -> Razão
3- Visão intelectual -> Mente
1+2= Sentidos externos + Sentidos Internos
Olfato, tato, paladar + Imaginação e memória (é a parte inferior da mente. Pois, visa a relação do homem com o mundo corpóreo através da perceção sensível e fornece juízos (julga) sobre o que é adquirido pelos sentidos
»»>Criamos através das relações entre corpos (com os sentidos externos) uma imagem de uma representação de algo que está fora de nós, o sentido comum
3= parte superior da mente que tem acesso a um universo de inteligíveis( ideias inatas e impressas na mente humana pela intervenção divina)
Agostinho e a Cristianização das ideias de Platão
Como atingir o mundo inteligível/Reino dos Céus?
Mundo sensível -> Reino dos Homens
Mundo inteligível -> Reino dos Céus (onde as almas que merecem vão)
Razão, busca pelo conhecimento verdadeiro (processo de reminisciência)/ Conversão, entrega ao amor de Deus, meditando, orando e salvação pela fé
Teologia e Ciência
Ambos partem de princípios que não são explicados -> são aceites e assentidos. Na ciência caracterizamos teorias com princípios auto evidentes, na teologia existem dogmas. Para a aceitação de dogmas, devemos utilizar a razão para os compreendermos e organizá-los. Ambos usam a razão, a razão tem um papel de conciliar com a fé para conhecer -> aceitamos primeiro para depois conhecer. Porém, não é pela vertente intelectual, é pela aceitação de Deus que chegamos à Verdade Absoluta ao Uno/Bem supremo com o auxilio do Nous. O amor de Cristo é superior a tudo. Deus é o intelecto.
Beatitude - a serenidade trazida à alma pela contemplação divina