Medicina de Emergências - USP Flashcards
Qual a principal etiologia da PCR?
IAM.
Qual o principal fator envolvido em um melhor prognóstico de um paciente em PCR?
Rapidez no início das manobras de RCP.
Quais as três fases da PCR, quanto tempo elas duram geralmente e quais as medidas críticas em cada uma delas?
Fase elétrica: Primeiros 4-5 mins. Geralmente o paciente está em FV. Desfibrilação imediata e RCP de alta qualidade se fazem necessárias para otimizar a sobrevivência.
Fase hemodinâmica: Entre 4-10 mins. Representa a depleção dos substratos. Desfibrilação e RCP de alta qualidade ainda são medidas críticas nos pacientes dessa fase.
Fase metabólica: Após 10 mins de PCR. Representada por acidose e disfunção celular graves. Se não houver RCE, as chances de sobreviver caem drasticamente. O tto é primariamente baseado em cuidados pós-parada cardíaca, incluindo hipotermia terapêutica.
Sobre a epidemiologia da PCR, indique V ou F.
1) Cada minuto de um rítmo chocável sem desfibrílação diminui em a chance de sobrevivência em 10%.
2) A sobrevida média de pacientes adultos com PCR-ExH é aproximadamente 30%.
1) V
2) F. É de 7%.
A FV ocorre por excitação desorganizada de alta frequência. O objetivo da desfibrilação interromper a fibrilação e restaurar o ritmo sincronizado a partir do foco sinusal. Existem 3 teorias que tentam explicar esse fenômeno. Explique-as.
1) Teoria clássica: o campo elétrico produzido estimularia todo o miocárdio, incluindo vários estados de repolarização e refratariedade. Foi expandida ao considerar que se uma região do miocárdio apenas fosse despolarizada e retomasse a sincronização, esta poderia se espalhar, retomando o ritmo normal do coração.
2) O choque estenderia uniformemente o período refratário do tecido capturado, aumentando a duração do potencial de ação, removendo a “memórià’ das ondas fibrilatórias e resultando em recuperação do ritmo normal.
3) O choque deve ser capaz de impedir a progressão das frentes de ativação e alcançar um gradiente de potencial suficiente em todo o miocárdio, de modo a não permitir os fenômenos de reentrada que causam a arritmia.
Dispositivos de compressão mecânica (DCM) não se mostraram superiores ou inferiores em relação às compressões manuais, e seu uso de rotina não é recomendado. Quais são as indicações ao uso desses dispositivos?
Indicações formais:
- Pouca disponibilidade de profissionais
- RCP associada a hipotermia
- RCP prolongada
- RCP durante transporte (nesses casos, os DCM se mostraram mais seguros e capazes de manter melhor qualidade de compressão torácica).
- RCP na sala de angiografia
- RCP durante preparo para ECPR
Outras:
- Ambientes estreitos e de difícil acesso
- Pacientes de alto risco se apresentando
com choque cardiogênico.
Explique as teorias que tentam explicar o porque das compressões torácicas causarem circulação do sangue.
Teoria da “bomba cardíaca”: afirma que a compressão simultânea dos ventrículos direito e esquerdo entre o esterno e a coluna vertebral cria um gradiente de pressão entre o ventrículo e a aorta.
Teoria da “bomba torácica”: propõe que mais importante que o momento da compressão torácica, é o momento da descompressão, por induzir o fluxo de sangue para o coração, aumentando a pré-carga e levando à perfusão das artérias coronárias. O importante é que essa descompressão ocorra de maneira completa. Ela ainda sugere que a perfusão cerebral ocorre tanto na sístole (compressão) quanto na diástole quando o retorno da caixa torácica à sua posição original é total (descompressão).
OBS.: A teoria da bomba cardíaca afirma que: como consequência da manobra de compressão, a pressão lateral pleural e as pressões arterial e venosa intratorácica devem ser diferentes; a pressão arterial intratorácica deve ser igual à pressão extra torácica e a pressão venosa intratorácica deve ser maior que a extratorácica (devido às válvulas e provável colapso venoso). Dessa maneira, seria criado um gradiente arterial-venoso periférico, resultando em fluxo sanguíneo adiante, com o ventrículo se enchendo durante a descompressão.
Complete os espaços a seguir: Compressões acima de __ aumentam a chance de inadequada profundidade torácica, e profundidade acima de __ está associada ao aumento de lesões intratorácicas; portanto, a AHA preconiza ___ compressões por minuto com profundidade de __. Contudo, por mais perfeita que seja a compressão, ela vai gerar no máximo ___ do débito cardíaco fisiológico, que é o necessário para perfundir adequadamente coração, rins e cérebro.
- 120/min
- 6 cm
- 100 a 120
- 5 a 6 cm
- 1/3
Os Dispositivos de feedback mostram informações em tempo real, através de sinais visuais e/ou sonoros. Quais as recomendações para seu uso?
Como um adjunto para o treinamento de RCP, pois não existem ainda evidências confiáveis de benefício no atendimento a pacientes em PCR.
O dispositivo de limiar de impedância (DLI) é uma
válvula com sensor de pressão que é acoplada ao
tubo endotraqueal, ao dispositivo supraglótico ou
à máscara facial, a qual limita a entrada de
ar nos pulmões durante a descompressão, aumentando a pressão intratorácica negativa gerada pelo retorno da parede torácica e, assim, melhorando
o retomo venoso e o débito cardíaco durante a RCP. Quais suas indicações de uso?
Não há recomendação para o seu uso de rotina, visto que não foi encontrado benefício em relação à RCP convencional.
Apesar disso, seu uso combinado com dispositivos de compressão - descompressão ativa parece ter algum benefício em relação a RCP convencional no que diz respeito ao aumento da chance de RCE e à sobrevivência em 24 h. Assim, o DLI é uma alternativa razoável à RCP convencional se houver o equipamento e a equipe treinada disponível.
Indique qual a energia (Joules) que deve ser aplicada nos pacientes em PCR nas seguintes situações:
- Aparelho monofásico
- Aparelho bifásico
- Aparelho desconhecido.
- Monofásico: 360J
- Bifásico: 120-200J (Dependendo do fabricante)
- Carga máxima
Como deve ser a ventilação de um paciente tanto quando este estiver com via aérea avançada ou na ausência dela?
- Via aérea avançada: uma ventilação a cada 6 segundos assíncronas às compressões.
- Sem via aérea avançada: A cada 30 compressões, deve ser feito 2 ventilações.
Indique verdadeiro ou falso quanto as precauções necessárias no momento de desfibrilar um paciente:
( ) Secar o paciente, caso ele esteja molhado, bem como retirá-lo de uma superfície condutora de eletricidade.
( ) Interromper a ventilação e o fornecimento de oxigênio e retirar todos os objetos metálicos e ‘‘patches’’ de medicações do paciente para prevenir possíveis queimaduras e incêndio.
( ) Em pacientes com grande quantidade de pêlos se faz necessário realizar uma rápida tricotomia para garantir adequado contato entre as pás e a pele.
( ) Garantir que o gel condutor de uma pá se mantenha a mais de 5 cm de distância da outra pá. Em pacientes com marca-passo, é preciso manter pelo menos 12,5 cm de distância entre as pás e o dispositivo.
( ) Executar duas ventilações de resgate de modo a garantir reserva de oxigênio para o tempo que receberá a desfibrilação.
V V V V F - A desfibrilação em pacientes com ritmo chocável é prioridade total.
Ao acessar a via aérea de um paciente em parada
respiratória com pulso presente ou de pacientes
com necessidade de ventilação, é necessário realizar
primeiramente manobras que possam abrir ___ de maneira adequada. Se houver história de trauma associado é recomendado que se realize a manobra ___, pois permite a abertura da via aérea mantendo a cervical estável em posição neutra.
Se não houver história de trauma, pode ser realizada a manobra ___ que consiste na _______.
- A via aérea
- “jaw thrust” (elevação da mandíbula)
- “head tilt-chin”
- Elevação do queixo e extensão da cabeça
Obstrução de via aérea é causa frequente de parada respiratória. Nesses casos, qual medida se torna imperativa no manejo dos pacientes?
Aspiração ou retirada do fator obstrutivo.
Descreva a o passo-a-passo da ventilação boca-a-boca/boca-máscara.
Para realizar a manobra:
- Coloque -se lateralmente à vítima.
- Abra a via aérea com a manobra de “head tilt-chin lift”.
- Gentilmente oclua a cavidade nasal com o polegar
e o indicador em um movimento de pinça. Isso previne escape de ar.
- Após inspiração profunda, coloque os lábios sobre os lábios da vítima, selando qualquer escape de ar, e expire vigorosamente.
- Retire os lábios da vitima e permita a expiração
passiva do paciente.
Descreva a o passo-a-passo da ventilação bolsa-valva-máscara.
- Coloque-se atrás da vítima.
- Com o indicador e o polegar, forma-se um C
sob a máscara, e com o restante dos dedos abaixo
da mandíbula, forma-se um E, acoplando a máscara ao rosto. - Pressione a bolsa vagarosamente e permita o retorno passivo à posição neutra inicial. Tanto a BVM quanto uma via aérea avançada podem ser utilizadas na oxigenação e ventilação de pacientes em PCR intra e extra-hospitalar (classe 11B; nível C). Um estudo randomizado comparando BVM com intubação orotra
qual (IOT) durante a RCP de pacientes em PCR-ExH não conseguiu mostrar inferioridade ou superioridade do uso da BVM em relação à IOT, mas sugere tendência à equivalência.
A via aérea avançada não deve ser prioridade no atendimento de uma PCR. Além disso, a literatura é conflitante quanto ao uso dessa ferramenta, alguns estudos até sugerem pior desfecho neurológico e menor chance de sobrevida nos pacientes submetidos à colocação de uma via aérea avançada no APH. Contudo, existe uma indicação absoluta para IOT na PCR, qual é?
- Ventilação ineficiente com BVM.
OBS.: Havendo a decisão da equipe pela intubação orotraqueal, esta deve ser realizada sem a interrupção das compressões torácicas.
Adrenalina: Mecanismo de ação, Possíveis efeitos colaterais, indicação e dose.
Nos receptores alfa ela atua causando vasoconstrição da musculatura lisa vascular periférica, o que aumenta tanto a perfusão coronariana quanto a cerebral. Efeitos colaterais Alguns dos efeitos colaterais estão relacionados a sua ação nos receptores beta, quepodem causar aumento do trabalho cardíaco e consequentemente da demanda por oxigênio.Indicação_ Em ritmos não chocáveis (atividade elétrica sem pulso e assistolia), independentemente do ambiente intra ou extra-hospitalar, a administração precoce está associada ao aumento da chance de RCE, da sobrevivência a alta hospitalar e do melhor desfecho neurológico. Entretanto, em ritmos chocáveis (FV e TV sp ), o nível de evidência é menor, e os estudos apresentaram resultados conflitantes. Cada minuto de PCR sem a administração de vasopressores diminui em 4% a chance de RCE.Dose_ 1 mg, endovenoso, a cada 3 a 5 minutos_
Vasopressina: Mecanismo de ação e evidências quanto ao seu uso.
Mecanismo de ação: Age nos receptores V 1 das células da musculatura lisa, causando vasoconstrição periférica, coronariana e renal. Aumenta a perfusão orgânica sem os efeitos beta-adrenérgicos deletérios da adrenalina.
Evidências quanto ao uso: Viu-se que ela não apresentou benefício, comparada à adrenalina, em relação à RCE e à sobrevivência a alta hospitalar, além de ser uma droga com um custo maior. A combinação de adrenalina com vasopressina também não se mostrou benéfica comparada à adrenalina isolada; assim, essa droga foi removida do algoritmo do suporte avançado de vida.
Quanto aos corticosteróides na PCR, quais as evidências em relação ao seu uso?
Dois estudos mostraram benefício na associação de adrenalina-corticoide-vasopressina (ACV) quando comparada a placebo ou a uso de adrenalina somente. A dose utilizada nesses estudos foi de 20 U de
vasopressina e 1 mg de adrenalina a cada ciclo por 5
ciclos, sendo administrada apenas adrenalina nos
demais ciclos. Além disso, foram administra dos 40
mg de metilprednisolona no primeiro ciclo. Quatro
horas após a RCE, em pacientes que se mantinham
em choque, uma dose de 300 mg de hidrocortisona/
dia foi administrada por 7 dias, sendo que em pacientes com suspeita de infarto agudo do miocárdio essa duração foi reduzida para 3 dias ou menos. A evidência do uso de corticoterapia sem a associação
com vasopressina-adrenalina é conflitante. Por outro lado, o uso de ECV seguido de hidrocortisona pode ser considerado, apesar de ainda não haver evidência para a sua recomendação de rotina.
Antiarrítmicos: Recomendações quanto ao uso e evidências de benefício.
Atualmente, não há recomendações ou indicações
para o uso de antiarrítmicos na assistolia ou AESP,
sendo reservado o seu uso para os ritmos de para
da FV e TVsp. A evidência hoje é de que os antiarrítmicos são benéficos no aumento da chance de RCE e da sobrevivência à admissão hospitalar.
Amiodarona: Qual o mecanismo de ação, em qual momento da RCP está indicada e qual a dose?
Age nos canais de potássio, sódio e cálcio, mas também possui propriedades de bloqueio alfa e beta. A amiodarona promove vaso dilatação arterial periférica e coronariana. Está indicada em pacientes que apresentam FV ou TVsp após a desfibrilação inicial ter falhado. Deve ser usada na dose de 300 mg endovenosa, em bolus, seguida por 150 mg, se necessário.
Lidocaína: Quando está indicado o seu uso?
Em um estudo randomizado, a lidocaína se mostrou menos eficaz que a amiodarona em pacientes
em PCR-ExH, quando o desfeceho considerado
foi a sobrevivência à admissão hospitalar. Dessa maneira, é considerada pela AHA uma droga de segunda linha e deve ser usada na indisponibilidade da amiodarona.