Matéria para o teste Flashcards

1
Q

Distingue racionalismo de empirismo.

A

O racionalismo defende que a fonte do conhecimento é a razão
porque só a razão apresenta conhecimentos claros e distintos, os
quais preenchem duas características. universalidade (pois são
iguais em qualquer situação) e necessidade (porque não podem ser
de outra maneira).
O racionalismo ao defender ideias inatas atribui-lhe dois
conceitos: clareza e distinção. Clareza porque a ideia se apresenta
ao espírito ou à razão sem qualquer dúvida. Distinção porque a ideia
se apresenta diferente de qualquer outra. Se a razão não pensar a
ideia com estas duas características não é inata.
O conhecimento resulta de um encadeamento de ideias em que
é sempre criada uma conclusão a partir de uma ideia original.
Exemplo: Se eu pensar muna ideia (Deus) penso ao mesmo tempo
características que lhe são inerentes, ou seja, deduzo da primeira
ideia outras ideias que estão de acordo com a primeira ideia.
A realidade é aquilo que eu penso que ela é e não aquilo que ela
é em si mesma. Logo, a realidade só existe se eu a pensar.
O empirismo defende que a fonte da razão é a experiência. Não
nega a existência de ideias inatas, acontece é que elas não têm
qualquer validade. Por isso, efetivamente não existem, para existir
uma ideia é necessário que exista uma impressão correspondente.
Qualquer ideia simples ou complexa (a rosa e o seu cheiro) resulta
sempre de uma impressão ou de experiência. A razão nasce como
uma folha em branco na qual a experiência vai marcando caracteres.
Assim, o empirismo é limitado por duas características:
extensão porque se limita à experiência e certeza porque só
compreendemos os conhecimentos que podem ser experimentados.

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Q

Quais são as duas possibilidades sobre o conhecimento? Explica-as.

A

O dogmatismo defende que o sujeito conhece o objeto de um
modo absoluto não percebendo que o conhecimento é uma relação
limitada entre sujeito e objeto. Quando não percebe a limitação desta
relação acredita que os objetos são conhecidos na sua totalidade.
Este dogmatismo não deve existir na filosofia porque a filosofia faz
um exame crítico de qualquer conhecimento fornecido pelos
sentidos. O dogmatismo considera que é possível chegar à certeza e
à verdade não possuindo espírito crítico e a crítica prévia deve por
sempre em causa qualquer conhecimento principalmente o
conhecimento crítico.
O dogmatismo é a atitude filosófica que parte da aceitação da
existência de uma verdade, no sentido corrente, é uma atitude pela
qual nos ligamos a um dogma ponto de doutrina estabelecido por
autoridade) de maneira passiva. É uma atitude passiva, na medida
em que aceita o que vê tal como é e parte da aceitação das coisas
tal como nos são apresentadas, de forma acrítica.
4
Em filosofia, dogmatismo é doutrina que defende que o homem
é capaz de alcançar verdades, certezas absolutas, não dando
importância aos factos ou argumentos que possam pôr em dúvida
este princípio.
O dogmatismo ingénuo é aquele que acredita que é possível
conhecer a realidade tal como ela é sem colocar o problema de que
o conhecimento é uma relação entre sujeito e objeto. É um
dogmatismo que não critica as informações dadas pelos sentidos.
Desde a Antiguidade existem filósofos dogmáticos,
como Parmênides, Platão e Aristóteles são filósofos dogmáticos.
O ceticismo nega qualquer tipo de conhecimento porque o
sujeito consegue conhecer de um modo rigoroso o objeto.
O ceticismo parte do pressuposto que não aceita a possibilidade
de o ser humano alcançar a verdade (certezas). Pode também ser
considerado, a doutrina, segundo qual pratica a dúvida e a
indagação. O termo ceticismo deriva do grego e significa “
investigação“, “reflecção” e “dúvida“. Ceticismo é portanto uma
atitude de dúvida e de desconfiança face às nossas possibilidades de
conhecer a verdade.
De acordo com os céticos não se pode conhecer o real em si
mesmo (a realidade é incognoscível), portanto é necessário
suspender os juízos sobre este e reduzi-lo ao plano fenomenológico,
apenas à descrição. O ceticismo é assim uma oposição ao
dogmatismo.

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3
Q

Explica os vários tipos de ceticismo.

A

O ceticismo absoluto ou radical nega qualquer tipo de
conhecimento porque o sujeito nunca conhece o objeto. O fundador
desta corrente chama-se Pirro, daí muitas vezes usar-se o nome
ceticismo Pirrónico – significa que não há justificação suficiente para
as crenças. Assim sendo, como tudo conduz à dúvida, deve-se
suspender o juízo.
O ceticismo radical desconfia de tudo, e não confia em nenhuma
afirmação, tudo pode ser falso, e nada pode ser verdadeiro. Assim,
é preciso desenvolver um método investigativo mais profundo, que
deve ser testado não somente uma vez, como várias vezes. O
6
ceticismo radical pode ser prejudicial, ao passo que pode não chegar
a uma conclusão.
O ceticismo mitigado ou moderado estabelece não a
impossibilidade do conhecimento mas a impossibilidade de um
conhecimento rigoroso. Não se pode afirmar que um juízo é ou não
verdadeiro mas que é apenas provável. O ceticismo tem em si uma
contradição: ao afirmar que não existe conhecimento está a exprimir
um conhecimento, isto é, significa que ao mesmo tempo que nega a
sua possibilidade está a afirmar um conhecimento. O conhecimento
mitigado defende a probabilidade e não a verdade do conhecimento.
No entanto conceito de probabilidade pressupõe o de verdade porque
o provável é aquilo que se aproxima do verdadeiro. Se defende que
não era verdade também não pode haver probabilidade.
O ceticismo moderado tem como base algumas afirmações que
considera que podem ser verdadeiras. Mas também desenvolve um
método investigativo profundo. Contudo, consegue chegar a uma
conclusão sobre o objeto investigado com maior facilidade.
O ceticismo tem uma importância no desenvolvimento intelectual
porque ao adotar-se uma postura cética perante um problema,
procede-se de uma maneira mais cautelosa na compreensão desse
problema. Isto leva ao inconformismo que procura sempre novas
soluções. Cria também um espírito crítico e autónomo de modo a
purificar a verdade.

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4
Q

Identifica os 5 pontos da filosofia de descartes e explica-os.

A

A sua filosofia apresenta cinco pontos:
1 - Método
2 - Dúvida
3 - Cogito
4 - Existência de Deus
5 - Teoria do erro e as três substâncias
1- Em relação ao método segue-se a Teoria matemática
porque só aquilo que é matemático apresenta um carácter evidente.
O método segue quatro regras:
evidência - que consiste em nunca aceitar como verdadeira uma
coisa que a razão não entenda como evidente. Significa que qualquer
coisa que seja duvidosa deve ser rejeitada.
análise – que consiste em dividir cada conhecimento em partes
até ao máximo possível para melhor compreender. Só passa de uma
parte a outra quando a anterior for compreendida.
síntese – que consiste em conduzir por ordem o pensamento
dos objetos, começando pelos mais simples e mais fáceis de
conhecer para passar para os mais complexos, porque existe uma
ordem entre eles.
8
enumeração ou revisão – que consiste em fazer revisões tão
completas que se tenha a certeza de nada esquecer.
Estas quatro regras levam a duas operações da razão: a
intuição e a dedução.
Pela intuição adquirem-se direta e imediatamente as noções
mais simples, evidentes e indubitáveis ( por exemplo: a noção de
quadrado).
A dedução resulta do encadeamento de intuições que ao
relacionar as intuições parte de princípios evidentes até às
consequências necessárias. Por exemplo ao intuir um quadrado
deduz-se que só pode ter quatro lados e quatro ângulos retos e que
não se pode confundir com qualquer outra figura geométrica.
2- A segunda característica do pensamento Cartesiano é a
dúvida. A dúvida tem como objetivo por em causa todas as crenças
que sejam minimamente incertas. Fica fora da dúvida a fé e a
revelação divina. A dúvida é posta ao serviço da verdade, colocando
tudo em causa para encontrar princípios fundamentais e
indubitáveis. A dúvida existe por cinco razões:
- primeiro por pôr em causa os preconceitos adquiridos sem
fundamento na infância
- segundo porque os sentidos enganam e não se pode confiar
naquilo que engana mesmo que seja uma só vez
9
- terceiro porque não conseguimos distinguir o estar acordado
do estar a dormir e, por isso, a realidade pode ser uma ilusão
- quarto porque alguns seres humanos enganam-se nas
demonstrações matemáticas
- e por fim, porque pode existir um Deus enganador que nos
ilude a respeito da verdade fazendo com que estejamos sempre
enganados. Este Deus enganador só será destruído quando for
provada a existência de Deus.
A dúvida tem três características :
- metódica e provisória – é usada como método para chegar
à verdade e é abandonada quando esta é encontrada
- hiperbólica – rejeita como se fosse falsa qualquer
conhecimento duvidoso
- radical – põe em causa todo o conhecimento, indo até às suas
raízes
3- A terceira característica do pensamento Cartesiano é o cogito.
Descartes ao ter consciência de que duvida também tem
consciência de que é alguma coisa que pensa, enquanto ser que
pensa e que duvida tem consciência da sua existência. Mesmo que
exista um ser maligno nunca o pode enganar, se ele pensar que é
uma que existe, por isso, o pensamento confirma a existência
(penso, logo existo).
É uma afirmação evidente e indubitável obtida por intuição, a
priori, e que servirá de base a todas as afirmações verdadeiras. O
cogito é, assim, o critério de verdade que consiste na sua clareza e
distinção. A clareza diz respeito à presença da ideia do espírito e a
distinção diz respeito à separação de uma ideia em relação às outras.
Portanto, há pelo menos uma certeza de que não posso duvidar: a
minha própria existência. Deste modo, a natureza do sujeito
consiste no pensamento.
O pensamento de Descartes surgiu da dúvida absoluta. O filósofo
francês queria chegar ao conhecimento absoluto e, para tal, era
preciso duvidar de tudo o que já estava posto.
A única coisa que ele não podia duvidar era da própria dúvida e,
consequentemente, do seu pensamento. Assim surgiu a máxima
do Penso, logo existo. Se eu duvido de tudo, o meu pensamento
existe e, se ele existe, eu também existo.
10
Provas da existência de Deus
As ideias podem ser de três tipos:
- adventícias, que têm origem na cultura, aquelas que nos
chegam a partir dos sentidos.
- factícias – que têm origem na imaginação, são provenientes
da nossa imaginação, uma combinação de imagens fornecidas pelos
sentidos e retidas na memória cuja combinação nos permite
representar (imaginar) coisas que nunca vimos.
- inatas – são claras e distintas, entre as quais se encontra a
ideia de ser perfeito. A ideia de ser perfeito serve de ponto de partida
para as provas da existência de Deus.
Estas ideias nascidas connosco, são como que a marca do
criador no ser criado à sua imagem e semelhança.
Estas ideias inatas, claras e distintas, não são inventadas por nós
mas produzidas pelo entendimento sem recurso à experiência. Elas
subsistem no nosso ser, em algum lugar profundo da nossa mente,
e somos nós que temos liberdade de as pensar ou não. Representam
as essências verdadeiras, imutáveis e eternas, razão pela qual
servem de fundamento a todo o saber científico.
1ª prova – na ideia de ser perfeito estão contidas todas as
perfeições. A existência é uma delas, ou seja, o facto de existir é
inerente à ideia de Deus, de tal modo que, se Deus é pensado como
perfeito, não pode ser pensado como não existente. Este argumento
chama-se ontológico.
2ª prova – parte da ideia de ser perfeito que está no espírito
humano e que não pode ser causada pelo sujeito pensante porque
este sendo finito não pode ser a causa do infinito. Se a ideia de ser
perfeito está no espírito humano é porque o ser que possui essa ideia
a colocou lá. Filosoficamente o menos não cria o mais. É o próprio
ser perfeito a causa originária da ideia de perfeição. A este
argumento chama-se marca impressa.
3º prova – baseia-se no princípio da causalidade: pergunta-se
qual é a causa da existência do homem. Essa causa não é o próprio
homem, porque se o fosse e podendo ter dado a si mesmo a
perfeição não faz sentido tê-la atribuído a outro ser. O sujeito
11
pensante não se conserva a si mesmo, por isso, precisa de um ser
que o conserve e que seja princípio de toda a realidade.
A teoria do erro e das três substâncias
O erro só existe por causa de a vontade dar consentimento a
juízos que não são claros e evidentes usando mal a liberdade.
Portanto, quando não se compreende uma coisa não se deve acertar
a sua verdade.
Existem três tipos de substâncias que são claras e evidentes e
que podem ser pensadas:
- 1ª substância pensante – o atributo é o pensamento
- 2ª substância pensante – o atributo é a matéria/extensão
- 3ª substância pensante – o atributo é a perfeição
As principais ideias ideias verdadeiras das quais são deduzidas
as restantes são: pensamento, Deus e matéria.
O pensamento Cartesiano está sujeito a um círculo Cartesiano:
por um lado é o facto de ser clara e distinta a ideia que temos de
Deus que nos garante a verdade de que Deus existe; por outro lado
só Deus pode garantir a verdade e a objetividade das ideias claras e
distintas incluindo a ideia do próprio Deus.

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5
Q

Identifica e explica os tipos ou modos de conhecimento em Hume.

A

Os tipos ou modos de conhecimento são:
- relações de ideias
- questões de facto
As relações de ideias têm um carácter evidente, são proposições
necessárias baseando-se no princípio da contradição (nega-los
implica entrar em contradição). São conhecimentos deste tipo as
proposições matemáticas e todos os conhecimentos dos quais não
pode haver qualquer oposição. Por exemplo: o todo é maior do que
cada uma das partes. As relações de ideias são sempre verdadeiras
e necessárias enquanto que as questões de facto são contingentes
porque podem ser verdadeiras ou falsas e nega-las não implica
contradição. Afirmar a existência de um facto e afirmar o seu
contraditório é equivalente. Por exemplo, dizer que o sol não vai
nascer amanhã, nada nos garante que isso seja impossível, ou seja,
não é contraditório pensar uma coisa e o seu contrário. O mesmo
não acontece com as equações matemáticas.
As relações de ideias são conhecimentos a priori (anteriores e
independentes da experiência) e puramente racionais; a sua verdade
é logicamente necessária (é assim e não pode ser de outro modo,
sob pena de autocontradição) e delas podemos ter a certeza
absoluta; baseiam-se no raciocínio dedutivo. As verdades da lógica,
da matemática e da geometria são relações de ideias. Apesar de
seguras, as relações de ideias não nos dão qualquer informação
sobre o que se passa no mundo.
As questões de facto são conhecimentos a posteriori
(adquiridos através da experiência); a sua verdade é logicamente
contingente (è assim, mas pode ser de um outro modo, sem risco de
contradição) e delas nunca podemos ter certeza absoluta; baseiamse no raciocínio indutivo. Os conhecimentos das ciências naturais e
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das ciências humanas são questões de facto. Só as questões de facto
nos dizem como são e como acontecem as coisas no mundo.

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6
Q

Quais são os 3 princípios das nossas ideias?

A

As nossas ideias baseiam-se em três princípios que permitem
associá-las:
- semelhança – as ideias remetem para outras ideias originais,
um rosto desenhado remete para o original;
- contiguidade no tempo e no espaço – as ideias estão sempre
relacionadas no tempo e no espaço em que uma lava a outra, por
exemplo, a sala de aula remete para alunos, cadeiras, professores;
- causalidade – as ideias relacionam-se com causa-efeito, por
exemplo, se puser uma panela ao lume com água espera-se que ela
ferve.
Na relação causa-efeito baseiam-se os nossos raciocínios acerca
dos factos porque é com base nas impressões causadas pelos factos
que conhecemos a relação causa-efeito. O que significa que só temos
conhecimentos relativos a impressões ou factos passados. Não
temos conhecimentos de factos futuros, porque no futuro tudo é
contingente, ou seja, esperamos que no futuro aquilo que aconteceu
no passado mas não é uma necessidade absoluta ou uma conexão
necessária. Quer dizer que se acredita que um efeito resulta de uma
causa mas a conexão necessária entre causa e efeito, no futuro não
é claramente percecionada. A única coisa que percebemos é que
entre dois fenómenos se verifica uma conjunção constante (um deles
ocorre sempre a seguir ao outro). Isto leva-nos a pensar que há uma
conexão necessária, o que é um erro para Hume. Assim, o nosso
conhecimento acerca dos factos futuros não é rigoroso, trata-se
apenas de uma probabilidade. Isto não significa que no futuro o fogo
não queimará, mas essa ideia baseia-se apenas num fundamento
psicológico que é o hábito ou o costume. É o hábito pelo qual vemos
um facto suceder ao outro, que nos leva a supor que será sempre
assim.

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7
Q

As três substâncias a que Descartes tinha chegado como
verdadeiras porque eram claras e evidentes, vão ser negadas por
Hume. Como?

A

Em relação ao “Eu” que era para Descartes uma intuição
imediata e que permanecia imutável e indiferente das emoções e dos
actos psíquicos é negado por Hume porque só temos ideias das
impressões e entre elas verifica-se a mutabilidade. Portanto, não faz
sentido existir uma substância diferente das outras e independente
das impressões. Em relação ao “Mundo” as impressões são a única
realidade da qual temos uma certeza. Portanto, o mundo, que cria
as impressões, está interligado com elas. Portanto, não há um
mundo exterior independente das impressões. Afirmar a existência
de uma realidade que seja a causa das nossas impressões e ao
mesmo tempo distinto delas não faz sentido pois não temos
impressão de tal realidade. Em relação a “Deus”: se podemos
conceber uma realidade que existe e que não existe não faz sentido
porque ou é ou não é. Além disso, um ser que à partida está provado
sem qualquer recorrência às impressões não tem sentido porque só
temos impressões e conhecimentos à posterior. Também as causas
que provam em descartes a experiência de Deus são criticadas por
Hume uma vez que Deus não é objeto de qualquer impressão.
Portanto a ideia de Deus resulta de uma construção mental em que
se atribui a esse Deus as qualidades de bondade, sabedoria
omnipotência, etc.

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8
Q

Qual foi a conclusão de Hume?

A

A filosofia de Hume tem duas consequências: fenomenismo e
ceticismo.
No fenomenismo só conhecemos as perceções que se reduzem
aos fenómenos. Um fenómeno é aquilo que aparece ou que é exterior
(percebido pela razão).
O ceticismo, ou seja, a negação das realidades transcendentes é
um facto, porque elas necessitam de fundamentação. Como só se
encontra fundamento para os fenómenos (coisas empíricas) as
realidades metafísicas não têm fundamento. Portanto, o ceticismo é
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relativo às teorias metafísicas e é um ceticismo moderado porque as
nossas capacidades cognitivas são limitadas e temos queda para o
erro que significa que podemos estar a errar ao falar das realidades
metafísicas. Além disso, não podemos duvidar de tudo porque
seriamos céticos radicais e a vida era sem sentido.

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9
Q

O método indutivista segue três operações, quais são?

A

1ª Observação dos fenómenos, que deve ser neutra e imparcial.
Tudo deve ser registado com rigor
2ª Experimentação ou descoberta da relação entre os
fenómenos, ou seja, procurar relações entre os fenómenos
nomeadamente a relação causa-efeito
3ª Generalização da relação ou lei, a hipótese, depois de testada,
se for confirmada, passa a lei científica. Na base deste problema está
a indução, da qual a científica, depois de verificar uma relação de
causa-efeito legitima essa relação tornando-a em lei científica

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10
Q

Quais são as críticas ao indutivismo?

A

1- A observação não pode ser o ponto de partida do método
científico porque nunca é feita de um modo neutro e, por isso, o
contexto em que é feita interfere no resultado da ciência. Significa
que o contexto, os valores do cientista, os objetivos da ciência, etc.
influenciam o resultado.
2- O raciocínio indutivo não atribui rigor lógico às teorias
científicas porque aquilo que é válido nas circunstâncias observadas
pode não ser válido em todas as circunstâncias. Como a indução
exige um salto das observações particulares para conclusões gerais,
pode ou não ser válida porque a totalidade pode não ser adequar.

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11
Q

Explica o que é o problema da indução e como se pode resolver.

A

Hume fala do problema da indução defendendo que recorremos
à experiência porque há uma igualdade no modo como os fenómenos
ocorrem. Só que esta ocorrência por qualquer necessidade lógica. A
única ligação que nós temos entre os fenómenos é apenas por hábito,
uma vez que os vemos acontecer uns a seguir aos outros. Neste
sentido, a indução é apenas uma crença na qual os factos se repetem
da mesma maneira.
O problema da causalidade cruza-se, na proposta de Hume, com
um outro problema, o da indução. As inferências indutivas são a base
do nosso conhecimento sobre o mundo. Estarão elas justificadas?
Segundo Hume, não. Só poderíamos confiar na indução se
partíssemos do princípio de que a natureza é uniforme e regular, sem
lugar para imprevistos. Acontece que a nossa crença na regularidade
da natureza é ela própria fundada na indução. Estamos, pois,
encerrados numa petição de princípio, numa justificação circular que
nada justifica: todos os nossos argumentos indutivos pressupõe a
crença de que a natureza é regular, crença esta que, por sua vez, foi
construída com base em inferências indutivas. A ideia de que a
natureza é uniforme é uma verdade contingente, pois é
perfeitamente possível que a natureza não seja uniforme e que o
futuro não repita o passado. O exemplo do ornitorrinco é revelador
de que o número de observações que serve de base a uma indução
é logicamente independente da verdade da conclusão.
Para resolver o problema da indutividade, Popper nega o critério
da verificabilidade criando o critério da falsificabilidade na qual uma
teoria científica deve ser falsificada para poder ser científica.

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12
Q

Porque é que Popper nega a conceção indutivista?

A

Popper nega a conceção indutivista porque a ciência não pode
partir de observações para induzir conclusões porque a observação
20
pode estar condicionada pelos critérios do investigador. Por isso,
propõe o método conjectural (hipotético-dedutivo) ou seja, quanto
maior for a criatividade para formular teorias, mais cientifica pode
ser a conclusão. O critério da cientificidade é a sua falsificabilidade.

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13
Q

Quais são os 3 pontos da ciência de Popper?

A

1- Formulação da hipótese ou conjetura, que deve partir dum
problema
2- Dedução das consequências que é relacionar as hipóteses
para ver qual delas responde melhor ao problema
3- Experimentação que consiste em testar a hipótese e se o
resultado for válido chama-se teoria corroborada. Se a hipótese não
for valida chama-se teoria refutada.

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14
Q

Explica o critério da falsificabilidade.

A

Segundo o critério da verificabilidade, uma teoria é científica se
for possível verifica-la através da experiência. No entanto, uma vez
que os enunciados universais não são totalmente verificáveis, basta
que sejam confirmáveis a partir de alguns casos. Assim, por
exemplo, para que se possa considerar científica o enunciado “todos
os cisnes são brancos” bastaria encontrar alguns cisnes brancos para
o confirmar.
Segundo o critério da falsificabilidade um enunciado só é
científico se for falsificável. O teste experimental é usado para
encontrar experiências que neguem a hipótese. A hipótese é validada
se não forem encontrados factos que a neguem e será mais forte
quanto mais resistir à prova da falsificação. Quanto mais uma teoria
é falsificável, mais facilmente se descobre uma falha na investigação.
O que significa mais progresso científico.
O critério da falsificabilidade permite responder ao problema da
demonstração: as teorias científicas são o que são na medida em que
são falsificáveis, por exemplo, o enunciado “Deus existe” não pode
ser científico porque não pode ser falsificado.

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15
Q

Identifica e explica as críticas a Popper.

A

O critério da falsificação não é o processo mais usado entre
os cientistas porque, geralmente, procuram aquilo que confirma a
21
sua teoria rejeitando aquilo que a nega. Portanto, centram-se mais
na confirmação da teoria do que na refutação.
O processo de refutação ou falsificação não é o procedimento
mais comum entre os cientistas. Alguns autores defendem que a
atitude falsificacionista não corresponde exatamente àquela que os
cientistas demonstram na atividade científica.
2- A ciência não evolui mais por um processo de refutação.
As grandes teorias necessitam de ser confirmadas e não
abandonadas à primeira reputação encontrada, por exemplo, se
galileu tivesse desistido à primeira reputação não teria encontrado o
heliocentrismo.
Considerando a história da ciência, não parece que ela possa
evoluir por um processo assente nas refutações. Ao nível da história
da ciência encontramos episódios que parecem pôr em causa a
perspetiva falsificacionista e a ideia de que a ciência progride por
meio de conjeturas e refutações.

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16
Q

Explica a racionalidade científica e a questão da objetividade.

A

O objetivo da ciência é encontrar modelos que sejam cada vez
mais aptos a explicar os fenómenos, permitindo o seu controlo. Se
este controlo existir, existe a previsibilidade. A ciência progride em
direção a um fim que é a explicação dos fenómenos que pode não
ser alcançado. Neste sentido nenhuma teoria mesmo corroborada é
definitivamente verdadeira. A verdade é que a ciência avança por
tentativas e erros: parte de problemas, propõe conjeturas, elimina
erros, descobre novos problemas. Há uma comparação entre a
evolução da ciência e a evolução das espécies: aquelas que melhor
resistem à adaptação são as melhores porque explicam os
fenómenos. As menos aptas desaparecem.
A crítica é o critério racional que Popper propõe para o progresso
científico e que permitirá eliminar erros e fazer avançar a ciência em
direção à verdade. Através da crítica o cientista vai à procura do erro
para o eliminar. Popper considera que não pode ser definido um
critério de verdade (a ciência será apenas verosímil) encarando o
procedimento correto que nos leva à verdade: esse procedimento é
o da eliminação do erro. Eliminando os erros impede-se que a ciência
22
estagne. Já com uma atitude crítica será possível a ciência avançar
encontrando teorias cade vez melhores.
Para Popper a ciência resulta de uma hipótese que deve ser posta
à prova, procurando falsificá-la. Neste sentido, qualquer hipótese,
sendo falsificável, é sempre possível substituí-la por outra. Portanto,
Popper considera que uma melhor teoria significa um passo em
frente em direção à verdade. No entanto, isto não significa que
atingimos a verdade no sentido absoluto mas apenas que
conseguimos aproximar-nos dela. Daí a utilização da palavra
verossimilhança que no fundo representa o grau com que uma teoria
é capaz de dizer a verdade acerca de um fenómeno. As teorias são
mais ou menos verosímeis porque se aproximam mais ou menos da
verdade objetiva.

17
Q

Qual a diferença entre Popper e Kuhn?

A

Existe uma diferença entre Popper e Kuhn porque em Kuhn
não se procura a falsificação mas uma forma de resolver as
anomalias mantendo a teoria.

18
Q

Quais são os 6 passos da ciência em Kuhn?

A

1-Ciência normal – que acontece quando os cientistas acreditam
no mesmo paradigma. É a ciência que a maioria dos cientistas
pratica no seu dia-a-dia. É a ciência em que o paradigma é
encarado como um dado adquirido, que não deve ser
desafiado. A ciência normal articula e desenvolve o
paradigma. Kuhn descreve a ciência normal como a atividade
de resolver enigmas, dirigida pelas regras do paradigma.
Durante a atividade científica procede a reajustamentos e ao
aumento da abrangência e precisão do paradigma. Trata-se,
por esta razão, de uma atividade essencialmente cumulativa,
conservadora e, por conseguinte, pouco dada à inovação.
2-Anomalias – que são problemas a que o paradigma não
consegue responder
3-Crise – tomada de consciência que o paradigma é insuficiente
para explicar as anomalias. As crises são uma pré-condição
necessária para a emergência de novas teorias e paradigmas.
Começam a formar-se quando se dá um acumular de
anomalias que, pela sua quantidade, e grau, põem em causa
os fundamentos do paradigma. As anomalias levam a um
esforço suplementar, por parte da comunidade científica, para
tentar preservar a visão do mundo que o paradigma lhes
garante.
4-Ciência extraordinária – em que se debate o paradigma
vigente para mantê-lo ou trocá-lo. É a prática científica que
acontece à margem do paradigma dominante.
5-Revolução científica – mudança para um novo paradigma. A
revolução científica corresponde a uma mudança profunda nas
convicções e no trabalho dos cientistas. Trata-se de um
episódio não cumulativo, no qual a comunidade científica
abandona o caminho até então seguido a favor de outra
abordagem da sua disciplina, em geral incompatível com a
anterior, alterando-se a forma como olha para o mundo e
pratica ciência. As grandes mudanças no desenvolvimento
científico associadas a nomes como Copérnico, Newton,
Lavoisier ou Einstein são episódios que espelham revoluções
científicas. As alterações revolucionárias de uma dada tradição
científica são relativamente raras.
6-Novo paradigma – conjunto de regras ou leis científicas que
orienta a atividade

19
Q

Existem dois momentos fundamentais da ciência em Kuhn, quais são?

A
  • no período da ciência normal, no qual o cientista, sempre no
    mesmo paradigma, faz um estudo aprofundado dos fenómenos;
  • nas revoluções científicas aparecem novos paradigmas que
    obrigam a revoluções no modo de entender a ciência porque o
    paradigma anterior não consegue responder às questões.
20
Q

Quais são as críticas à conceção Kuhniana da ciência?

A

A incomensurabilidade dos paradigmas implica a impossibilidade
de os avaliar com objetividade. Como cada paradigma responde a
uma maneira própria, a cada problema, são modos distintos de
entender esse problema. Não há comparação ou diálogo entre os
paradigmas. Por isso, uma das acusações a Kuhn é a de ser
relativista. Khun rejeitou a crítica, considerando-a injusta e redutora.
Todavia, não há dúvida de que algumas das suas afirmações a
propósito do progresso científico parecem aproximar Kuhn da
tentação relativista. Se os paradigmas são incomensuráveis, se não
podemos comparar paradigmas nem concluir que um é superior ao
outro, se não podemos estar certos de que nos aproximamos da
verdade, o que nos resta? Para alguns, apenas o relativismo.
A segunda crítica assenta no critério de adesão a um novo
paradigma que é comparada a uma conversão religiosa, porque é
uma questão quase de fé, crença, por isso, muitos consideram esta
teoria irracional.

21
Q

Quais são os fatores que interferem na atividade científica

A

Todas as pessoas aceitam que a ciência é uma sucessão de
conhecimentos que progridem em direção à verdade ou objetividade.
26
Os instrumentos de conhecimento menos rigorosos são substituídos
por outros que permitem o avanço da ciência. Neste contexto, existe
sempre o problema da objetividade que pode ser condicionada por
três fatores: nas sociedades atuais a investigação depende de
instituições políticas e económicas. As instituições políticas controlam
a ciência conforme os valores que defendem e as instituições
económicas controlam conforme aquilo que dá dinheiro. Assim
existem três fatores que influenciam o cientista:
Ideológicos – ideologia política, religiosa ou ética define aquilo
que o cientista vai investigar.
Económicos – a investigação depende de financiamento. Se
uma investigação interessa, porque vai dar lucro é financiada. Se não
interessa não o é.
estéticos – investiga-se aquilo que está de acordo com a cultura
do País.
Admitir que estes fatores influenciam a atividade científica é o
mesmo que admitir que ela só existe dentro de um contexto histórico
e cultural, e, portanto, é sempre uma atividade de grande interesse.

22
Q

O que é a objetividade científica?

A

Objetividade científica representa a cautela dos cientistas para
que não haja erros de modo a que a ciência quando atinja o seu
objetivo sirva para todas e não se prenda a peculiaridades pessoais.
A objetividade científica:
- é um valor que todos os cientistas perseguem
- possibilidade de escrever os fenómenos factualmente
- é uma atividade isenta

23
Q

Quais foram as respostas de Popper e Kuhn ao problema da

objetividade?

A

Em Popper, o cientista é um sujeito ativo, criativo e crítico
dependendo dos seus ideais, valores e princípios. Apesar disto, as
teorias quando são corroboradas são uma leitura objetiva da
realidade. Quando uma teoria é objetiva quer dizer que ela explica
27
os fenómenos com mais qualidade. O conhecimento científico é uma
leitura objetiva dos fenómenos e é sempre a melhor possível.
Em Kuhn, o conhecimento científico é dependente de quem o
produz e do contexto em que é produzido. Além disso, está sempre
dependente do paradigma que orienta a ciência. Os fatores
históricos, sociológicos e psicológicos interferem no paradigma, que
é escolhido por processos objetivos e subjetivos.
A teoria de Popper e Kuhn põem causa a objetividade científica.
O facto de a ciência ser uma atividade puramente racional e imparcial
criou o mito cientismo, ou seja, a ciência consegue responder a todos
os problemas e dúvidas humanas.
Com a evolução da ciência moderna que se baseia na relatividade
de Einstein e no princípio da incerteza de Heinsenberg, a ideia da
ciência como conhecimento objetivo é posta em causa. Assim, a
ciência passa a de objetiva a subjetiva (depende da aceitação por
parte da comunidade científica); a ciência passa a não ser neutra
porque é condicionada às circunstâncias históricas, económicas, etc.;
não existe uma ciência verdadeira e universal, existem apenas
verdades dependentes dos paradigmas e a verdade torna-se mais ou
menos plausível. O conhecimento científico passa a ser apenas um
dos modos de interpretar a realidade.