Lingua Portuguesa Interpretação de texto Flashcards
- (FGV / MEC / Documentador)
Atentado à Democracia Um relatório da Associação Nacional de Jornais (ANJ) revelou que, nos últimos doze meses, foram registrados no Brasil 31 casos de violação à liberdade de imprensa. Destes, dezesseis são decorrentes de sentença judicial – em geral, proferida por juízes de primeira instância. Trata-se de uma anomalia e de uma temeridade. Anomalia porque há muito o Judiciário tem mostrado seu compromisso com a defesa da liberdade de imprensa e do livre pensamento, que é princípio fundamental dos regimes democráticos e cláusula pétrea da Constituição. A derrubada, pelo Supremo Tribunal Federal, da Lei de Imprensa, instrumento de intimidação criado no regime militar, é só um exemplo recente dessa convicção. Assim,
um juiz que, de forma monocrática, decide impor a censura a um veículo passa a constituir
uma aberração dentro do poder que ele representa. A frequência com que esse tipo de atitude tem se repetido é uma ameaça aos valores democráticos do país e tem como consequência prática e deletéria o prejuízo do interesse público, já que se priva a sociedade do direito à informação.
Os dois adjetivos que são adequados ao texto lido são:
a) informativo e narrativo;
b) narrativo e normativo;
c) normativo e descritivo;
d) descritivo e argumentativo;
e) argumentativo e informativo.
Gabarito: E
O texto lido deve ser caracterizado como ‘argumentativo/informativo’. Podemos observar
no texto trechos de caráter informativo como, por exemplo, “Um relatório da Associação
Nacional de Jornais (ANJ) revelou que, nos últimos doze meses, foram registrados no Brasil 31
casos de violação à liberdade de imprensa. Destes, dezesseis são decorrentes de sentença
judicial – em geral, proferida por juízes de primeira instância. Trata-se de uma anomalia e de
uma temeridade” e trechos de caráter argumentativo: “Trata-se de uma anomalia e de uma
temeridade. Anomalia porque há muito o Judiciário tem mostrado seu compromisso com a defesa
da liberdade de imprensa e do livre pensamento, que é princípio fundamental dos regimes
democráticos e cláusula pétrea da Constituição.”
- (FGV / COMPANHIA DOCAS – SP / Advogado)
Perda de oportunidades no trabalho
As empresas vinculadas ao setor de petróleo no Brasil treinaram e formaram mais de 80 mil profissionais desde 2007, em um programa de qualificação que abrange do nível básico a cursos de pós-graduação. Mesmo assim, não conseguiram atender a toda a demanda de pessoal qualificado identificada pelo setor. A exemplo do petróleo, vários outros ramos de atividade industrial, da construção ou de serviços têm se envolvido diretamente na formação e treinamento de profissionais que não estão disponíveis no mercado. Nem por isso os índices de desemprego se tornaram irrelevantes no país. Há muitas pessoas que permanecem sem ocupação por serem inabilitadas às vagas e aos cargos que o mercado oferece. São numerosas oportunidades perdidas que se multiplicarão se a economia brasileira continuar com seu impulso de crescimento e a qualidade da educação permanecer baixa. Afinal, a dificuldade de se formar e qualificar profissionais na velocidade que o mercado hoje demanda se deve, em grande parte, às deficiências do sistema de ensino brasileiro.
Um enorme contingente de jovens deixa as escolas ainda com falta de capacidade de aprender. O ensino técnico profissionalizante, com honrosas exceções, passou anos sem sintonia com o mundo real. A escassez de profissionais qualificados vem forçando uma transformação nesse sistema de ensino, e algumas iniciativas inovadoras começam a apresentar resultados, o que pode motivar a reprodução dessa experiência pelo país inteiro. No caso do Estado do Rio, merecem atenção os chamados Centros de Vocação Tecnológica, mais voltados para jovens da região metropolitana.
Esses centros se diferem do ensino técnico convencional porque ministram cursos de curta duração (de dois meses a um ano, essencialmente) e buscam atender a demandas específicas de grupos de empresas localizadas em suas proximidades. Os planos das autoridades responsáveis por esses centros são de ampliar o número de vagas para 54 mil alunos ainda este ano.
O ensino técnico profissionalizante de fato precisa hoje correr contra o relógio, pois, se persistir a falta de pessoal qualificado, as oportunidades acabam definitivamente perdidas pela desistência dos potenciais empregadores. Mas, simultaneamente a essa premência de curto prazo, espera-se que a cadeia de ensino no país, da pré-escola à universidade, acelere ou implante programas que possibilitem um substancial salto de qualidade. Educadores já contam com ferramentas pedagógicas e tecnológicas que facilitam essa aceleração. O ensino a distância, mais acessível graças às telecomunicações e aos recursos da informática, pode romper barreiras que antes impediam a universalização de um sistema educacional de boa qualidade.
O aproveitamento das oportunidades que estão surgindo é valioso porque, além da realização pessoal na vida profissional, é um atalho para melhora dos níveis de renda e de bem-estar de fatias cada vez maiores da população brasileira. Ao lado dos indicadores macroeconômicos, precisamos acompanhar os referentes ao sistema de ensino em geral e, especificamente, os relativos ao ensino profissionalizante. Sem melhorar a educação pública, milhões continuarão prisioneiros do assistencialismo, e as empresas, desassistidas.
O texto classifica-se como:
a) descritivo;
b) narrativo;
c) dissertativo expositivo;
d) dissertativo argumentativo;
e) descritivo-narrativo.
Gabarito: D
Gabarito (D)
O texto “Perda de oportunidades no trabalho” é predominantemente dissertativo-argumentativo. Trata-se de um texto bem definido tipologicamente, pois apresenta de forma bem estruturada introdução, desenvolvimento e conclusão. Nos dois primeiros parágrafos, observamos a presença de uma tese que tem como objetivo mostrar que, mesmo com as medidas tomadas para capacitar pessoal na área de petróleo, as oportunidades perdidas serão muitas se a qualidade da educação continuar baixa e se a economia continuar a crescer. Nos parágrafos seguintes, verificamos os argumentos utilizados para defender a tese proposta, principalmente no que tange às críticas ao ensino técnico profissionalizante do país. Por fim, no último parágrafo, destacamos a sugestão do autor para os problemas levantados no decorrer do texto.
- (FGV / COMPANHIA ÁGUAS E ESGOTOS – RN / Agente administrativo) O futuro das cidades é verde
Cada vez mais humanos vivem em cidades. Somos 3,3 bilhões de pessoas em áreas urbanas – o que corresponde a 51% da população mundial, contra 49% de habitantes de áreas rurais, segundo dados da ONU. Apesar da escalada das megalópoles ao longo do século XX, essa inversão ocorreu em escala global apenas em 2008. No Brasil, o fenômeno se consolidou já na década de 70. Hoje, apenas 16% dos 192 milhões de brasileiros vivem na zona rural, de acordo com o IBGE. Com tanta gente ocupando o mesmo espaço, agravam-se os problemas de saneamento, transporte e uso de recursos naturais, entre muitos outros. Como solucionar esses problemas é a pergunta do momento.
Durante o mês de março, o Brasil se transforma em sede de três eventos que pretendem respondê-la. A Conferência Internacional das Cidades Inovadoras (CICI2010) recebeu especialistas e prefeitos de diversas partes do mundo entre os dias 10 e 13, em Curitiba (PR). Na sequência, acontecem a Conferência Latino-Americana de Saneamento (Latinosan 2010), de 14 a 18 em Foz do Iguaçu (PR), e a Primeira Jornada Internacional sobre Energias Renováveis, Eficiência Energética e Poder Local, em Betim (MG), entre os dias 17 e 19. Um dos especialistas escalados para a CICI2010 é o americano Marc Weiss, presidente da organização Global Urban Development (Desenvolvimento Global Urbano). O gestor acredita que o principal desafio à nossa frente é gerar crescimento econômico sustentável e qualidade de vida para todos em todos os lugares. “Com uma combinação de inovação tecnológica e uma elevada eficiência, as cidades poderão gerar uma expansão substancial de negócios e empregos, o que vai culminar em comunidades mais saudáveis e em harmonia com os ciclos da natureza”, diz. O fato de eventos como esses acontecerem por aqui não é mera coincidência. O País vem se tornando protagonista no combate às mudanças climáticas, principalmente depois da Conferência do Clima da ONU (COP-15), realizada em dezembro em Copenhague, na Dinamarca.
Na ocasião, o governo brasileiro apresentou metas ambiciosas de redução de emissões de gases do efeito estufa, um dos grandes problemas gerados pela concentração de automóveis em centros urbanos. “O Brasil está se tornando um líder mundial no trabalho de estabelecer um novo e alto padrão de desenvolvimento urbano e industrial sustentável”, acredita Weiss. “O desenvolvimento sustentável é política de governo em algumas cidades, e não apenas um conjunto de medidas dirigidas a questões pontuais”, diz Laura Valente de Macedo, diretora regional para América Latina e Caribe do ICLEI Governos Locais pela Sustentabilidade. Ela cita Freiburg, Bonn (ambas na Alemanha), Malmö e Växjo (as duas na Suécia) como exemplos. “Entre suas muitas iniciativas, todas têm em comum a ênfase no uso de energias renováveis, como a solar, o biogás e a eólica”, afirma. Há quem esteja ousando ainda mais nesse desafio. O escritório Gale International está construindo – em parceria com a gigante de tecnologia Cisco – a cidade mais sustentável do mundo. Nova Songdo, na Coreia do Sul, deve ficar pronta em 2015 e contará com tecnologias que reduzem o consumo de energia e utilizam materiais naturais e reciclados.
Existem planos para construir mais 20 centros urbanos parecidos na China e na Índia nos próximos anos. Uma excelente oportunidade para o Brasil ter cidades que se aproximem desse sonho são os eventos esportivos que o País vai sediar nos próximos anos. Para receber a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, os organizadores tiveram de se submeter a uma série de medidas ambientais. Coleta seletiva do lixo, uso racional de água, economia de energia e transportes que usem combustível de forma racional são algumas delas. Mesmo que não houvesse essa obrigatoriedade, até lá já viveremos um outro tempo.
O Protocolo de Kyoto vence em 2012. Ou seja, o mundo terá uma nova política de emissões de gases estufa. No mesmo ano, acontece a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro – reedição da Rio-92. A bola está conosco.
(JULIÃO, André. Isto É, ed. 2105, março 2010. Com adaptações)
Quanto à sua tipologia, o texto deve ser classificado como:
a) narrativo;
b) descritivo;
c) injuntivo;
d) oratório;
e) dissertativo.
Gabarito: E
O texto O futuro das cidades é verde é dissertativo e predominantemente informativo. O
texto mostra que problemas com saneamento, transportes e uso de recursos humanos
aumentam à medida que também aumenta o número de humanos que vivem nas cidades.
Nos parágrafos de desenvolvimento observamos a existência de argumentos de autoridade
que dão credibilidade aos dados apresentados pelo autor, uma vez que todos são fornecidos
por órgãos ou por pessoas responsáveis pela veracidade dessas informações. Todo o
desenvolvimento desemboca na conclusão proposta pelo autor de que será uma grande
oportunidade de desenvolvimento sustentável para o Brasil quando o prazo do protocolo de
Kyoto vencer pois será no mesmo ano da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
ambiente e Desenvolvimento.